Santayana: A conta em sangue de Gaza jamais será resgatada

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por Mauro Santayana, em seu blog

(Hoje em Dia) – Confrontado com a tragédia humanitária em Gaza, o Secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou que o conflito entre Israel e o Hamas precisa ter fim, e que a ONU está disposta, “pela última vez”, a ajudar na reconstrução da área.

Na região, as coisas funcionam assim: Israel destrói o que quer, quando quer, e depois o mundo paga a conta, até o próximo ciclo de destruição – reconstrução – destruição.

A conta em sangue de Gaza, que chegava, anteontem, a mais de 1.900 palestinos mortos, sendo 1.380 não combatentes, entre eles 423 crianças, e a milhares de feridos, é incalculavelmente cara, e, como outros massacres históricos contra a população civil, jamais poderá ser resgatada.

Além do preço em vidas, dor, assistência médica de emergência, cuidados com pessoas que ficarão paraplégicas, tetraplégicas, e que precisarão de atenção pelo resto de suas vidas, há, ainda, o custo da reconstrução física do que está sendo arrasado pelas armas e bombas israelenses.

Há uma semana, a ONU calculava que cerca de 12.000 casas e apartamentos já tinham sido destruídos, com um prejuízo de 4.5 bilhões de dólares, mas avaliações palestinas, que incluem estradas, escolas, hospitais e outras instalações, chegam a 6 bilhões de dólares.

Segundo Mahir Al-Tabaa, Presidente da Câmara Comercial e Industrial de Gaza, 350 indústrias teriam sido bombardeadas, incluindo 50 fábricas essenciais para a sobrevivência da população.

Israel recebe todos os anos, bilhões de dólares em ajuda norte-americana. Se fossem condenados a devolver à Organização das Nações Unidas – e o Brasil, como país membro, e contribuinte, poderia trabalhar nesse sentido – o dinheiro que a ONU irá gastar para reerguer o que destruíram, talvez, embora seja improvável, os dirigentes israelenses viessem a pensar duas vezes antes realizar novos ataques.

Mesmo contando com o apoio dos EUA, Israel sentiria, digamos, ao menos, no bolso, a dimensão da destruição que está promovendo em Gaza.

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E caso se recusasse a devolver esses recursos – como têm feito, desrespeitando, historicamente, as resoluções da ONU, organização que possibilitou-lhe a existência – a conta poderia ser apresentada aos EUA, que está armando Tel Aviv permanentemente, mesmo depois de iniciado o conflito.

Caso isso ainda não fosse possível, poderiam ser adotadas sanções e retaliações comerciais. Em último caso, o Israel seria, ao menos, moralmente, mais uma vez, condenado, por seus atos, pela maioria da humanidade.

Enquanto nos indagamos quem pagará a conta de Gaza, o que muitos palestinos se perguntam, nas tréguas intermitentes, seguidas da retomada da violência – e depois de três agressões sionistas nos últimos seis anos – não é se poderão reconstruir suas casas, mas se seus filhos conseguirão, agora ou nos próximos anos, sobreviver à próxima bomba, ou a uma nova invasão israelense.

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