Plínio de Arruda Sampaio elogia STF e diz que efeito do mensalão sobre o PT “será devastador”
Tempo de leitura: 4 minpor Luiz Carlos Azenha
Plínio de Arruda Sampaio não é candidato a nada, mas está bombando nas redes sociais. Mais especificamente, no Facebook.
Na verdade, o ex-candidato do PSOL ao Planalto só entrou no Facebook no mês passado, em 25 de setembro.
Mas, antes disso, já frequentava a rede social através de memes produzidos por simpatizantes, distribuindo agulhadas a granel:


Em outras palavras, o Plínio comenta deu grande resultado.
Mas há outros motivos para a felicidade do líder psolista. Ele fez a campanha de 2006 denunciando o escândalo do mensalão e agora, com a possível condenação do núcleo político do PT no primeiro mandato de Lula — o ex-ministro José Dirceu, o presidente do partido José Genoíno e o tesoureiro Delúbio Soares — Plínio acredita que terá suas denúncias confirmadas.
“Estou achando estupendamente bom. O Supremo tá dando demonstração de ser um tribunal de altíssimo padrão jurídico e de altíssimo padrão ético”, afirma.
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E mais: “Estou extremamente contente e entusiasmado. Com o presidente [Ayres Britto], que está presidindo com equilíbrio, com energia e competência únicas e com os ministros, especialmente com o Joaquim Barboisa, que é um espetáculo”.
“Para o PT acho que ele [o julgamento] pode ser devastador, porque vai ficar provado que ali era um bando de malandros, que o partido degenerou completamente”, acrescenta.
Mas haveria outras consequências, inclusive pedagógicas:
Primeiro, “o público está aprendendo quais são os seus direitos, quais são os seus deveres. É uma aula. Segundo, ele está entusiasmado de ver que o PSOL é sério, não tem nenhum compromisso com o governo e tá trabalhando muito bem”.
Plínio atribui o fato de o julgamento acontecer em período eleitoral a uma “coincidência” e acha que, eventualmente, o STF também vai condenar os políticos do PSDB ligados ao mensalão original, gestado pelos tucanos em Minas Gerais.
“O PSOL tá animadíssimo, nosso leitmotiv nessa campanha é isso”, afirmou.
Pela primeira vez o partido poderá eleger o prefeito de uma capital — Edmilson Rodrigues, em Belém, em aliança com o PCdoB e o PSTU –, além de ter chances de chegar ao segundo turno no Rio de Janeiro, com Marcelo Freixo.
Apesar das críticas ao PT, Plínio faz vários elogios ao governo Dilma, mas nunca à política econômica.
Ele julga o crescimento do PIB baseado no consumo e no endividamento insustentável: o dinheiro que entra na economia brasileira “é fruto do contraditório da crise econômica”. Os grandes capitais, segundo Plínio, estariam vagando pelo mundo em busca de melhor rentabilidade, garantida no Brasil por causa dos juros ainda acima das taxas de outros países.
Em vez de aplicar os frutos da bonança “em educação, saúde, infraestrutura”, afirma Plínio, no modelo adotado pelo governo Dilma “você joga [o dinheiro] para a população comprar bobagem”.
A ascensão social, argumenta, “é uma ilusão total”.
Ao comprar um bem associado às classes B e A — “bem de prestígio”, diz Plínio — a população acredita que está ascendendo, mas “no dia em que ela tá levando esse computador para casa, o filho dela está estudando numa escola que não ensina e ela [a população], se não tem um plano de saúde — e a imensa maioria não tem — vai tomar um pega quando estiver doente. Ou então vai ter de ir ao SUS e esperar um mês, dois meses, cinco meses e até um ano para fazer uma cirurgia”.
Segundo Plínio, quando houver alívio da crise financeira internacional o capital que hoje irriga o Brasil “volta em 24 horas” para seu lugar de origem.
“Aí a Dilma vai ficar com o mico, vai ter de arrochar salário, de segurar o crédito, de criar milhões de desempregados”, diz ele.
O ex-candidato do PSOL, hoje observador político, avalia Dilma como mais séria, mais responsável, e “mais cuidadosa com as coisas do povo” do que o ex-presidente Lula.
Não vê perspectiva para os tucanos nas eleições presidenciais de 2014.
“Serra não é um bom candidato, nunca foi”, avalia.
Sobre o futuro candidato do PSOL, especula: “Acho que esse Freixo tem alguma chance, né?”
Mas é realista: “Acho que ainda estamos muito longe de ter uma possibilidade real. Nós não estamos no páreo. Estamos acumulando forças”.
Por isso, ainda que o núcleo político do mensalão comece a ser condenado hoje no STF, Plínio não vê liderança capaz de rivalizar com o ex-presidente.
Em 2014, segundo Plínio é “ou Lula ou quem ele indicar”.
Clique abaixo para ouvir a entrevista completa, da qual o texto que você acaba de ler é apenas reprodução parcial e imperfeita:
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