PCO compara ação da Apeoesp à dos pelegos na ditadura

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Perci Marra, via Facebook

Nota aos professores e à imprensa

Sobre o golpe e as mentiras da presidente da APEOESP

Exigimos respeito à soberania da assembléia geral e repudiamos a tentativa de barrar a luta dos professores contra o governo inimigo da educação

No último dia 10 de maio, a presidente da APEOESP, Profa. Maria Izabel Azevedo Noronha, emitiu Nota à imprensa da APEOESP, para apresentar sua versão sobre os lamentáveis episódios ocorridos na Avenida Paulista, na tarde daquela sexta-feira, quando milhares de professores foram testemunhas oculares (do que foi mostrado por imagens de TV, fotografias etc.) da saída da presidente do Sindicato e de outros diretores dessa entidade escoltados por um forte aparato da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a mesma PM que nessa data e em inúmeras oportunidades, sob o comando do mesmo governo, reprimiu com brutal violência as manifestações de professores, outras categorias de trabalhadores e estudantes que se mobilizam contra a política criminosa do governo tucano de destruir a Educação, a Saúde e todos os demais serviços públicos em benefício de grandes monopólios capitalistas e das suas máfias políticas que controlam o Estado.

Como podem atestar os milhares de presentes, as imagens, fotos etc., a saída da direção sob proteção da PM tucana se deu após a própria presidente da APEOESP encerrar a assembleia da categoria, com milhares de professores presentes, na qual a proposta da presidente e de quase toda a diretoria da APEOESP, de pôr fim à greve dos professores, sem o atendimento de quaisquer de suas reivindicações fundamentais, foi fragorosamente derrotada.

Ao invés de acatar a decisão da maioria, como é dever de uma direção sindical, que de modo algum pode se colocar acima da soberania das assembleias dos trabalhadores, a presidente anunciou como resultado a sua vontade e da maioria da diretoria: o fim da greve. E, de imediato, se recusou a acatar recursos nossos e de centenas de professores, no sentido de refazer a votação e dar prosseguimento à assembleia; mandou desligar o som e se refugiou de forma sorrateira dentro do caminhão de som, onde ficou aguardando até a chegada da “escolta” da Polícia Militar, se recusando a ouvir os clamores de milhares de professores inconformados com seu ato ditatorial.

Na sua Nota, como na assembleia, a presidente afirma que em “uma reunião de negociação entre o Secretário da Educação e a APEOESP… houve compromisso de atendimento de alguns pontos da pauta”. A realidade, no entanto, é outra.

A diretoria chamou a volta ao trabalho sem que o governo alterasse sua miserável proposta salarial de dar o que foi considerado por toda categoria uma “esmola”: cerca de R$ 0,20 de reajuste no valor da hora aula.

A diretoria propôs o fim da greve e o encerramento da mobilização quando o governo mantém sua posição de descumprir a Lei Federal 11.738 que manda reduzir a jornada do professor, estabelecendo 1/3 de jornada em atividades extraclasse.

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A proposta do governo do PSDB endossada pela diretoria também não prevê nenhuma mudança real na situação de verdadeira escravidão dos quase 50 mil professores “categoria O”, que não têm direito a faltas médicas, licença gestantes de 6 seis meses e vão continuar condenados a uma “quarentena” (que a diretoria diz que o governo vai reduzir para 40 dias) na qual estão terão que ficar desempregados, depois de prestarem serviços até mesmo por anos ou décadas para o estudantado paulista.

A diretoria impôs esta proposta inaceitável (e por isso mesmo recusada pela esmagadora maioria dos professsores presentes à assembleia) na forma de um “compromisso”, sem que nem mesmo haja nada assinado pelo governo.

Isto tudo no momento em que a greve desfrutava de um amplo apoio da população que já não aguenta mais a política neoliberal de destruição do ensino público e demais serviços públicos em favor dos tubarões privados desses setores.

A força da greve impulsionada pela base da categoria (comandos) contra a vontade da maioria da burocracia sindical petista aprofundava a crise no governo estadual, o que, inclusive, forçou o governo a uma “negociação”, diferentemente de anos anteriores em que o mesmo se recusou até mesmo a receber a direção do sindicato.

Distorcendo os fatos e deixando de atacar o governo inimigo da Educação e da população trabalhadora, a presidente da APEOESP, dispara sua ira contra os milhares de professores que se rebelaram contra o golpe dado na categoria, chegando a insultar os que se opuseram à sua conduta antidemocrática, ou seja, a maioria, com argumentos típicos da direita, como os de que os manifestantes provocaram “tumulto” ou ainda que “estavam embriagados e alterados”.

Rejeitamos também a identificação do nosso partido e da corrente sindical de oposição Educadores em Luta com o PSTU (corrente que há mais de uma década integra a diretoria da APEOESP). O intuito desta identificação é nos colocar juntos com os que foram contra a greve desde o início.

Isso é uma completa falsificação dos fatos porque os professores sabem que fomos não apenas os proponentes da greve, como os que efetivamente lutaram junto com milhares de professores da base da categoria para que esta acontecesse diante do corpo mole da diretoria da APEOESP.

Como faziam os pelegos interventores da ditadura militar, a presidente acusa em sua Nota os milhares de opositores que entre outras coisas gritavam “que papelão, ‘Bebel’ vai sair de camburão!” de serem de fora da categoria e de serem arregimentados por “grupos minoritários”, entre eles o nosso partido, o Partido da Causa Operária – PCO, cujos militantes, professores da rede estadual impulsionam a organização da corrente Educadores em Luta, de oposição à diretoria da APEOESP.

Por certo que nossos militantes estiveram junto com milhares de professores na linha de frente do protesto contra o golpe dado pela diretoria.

Em nada concordamos com a traição de entregar a luta da categoria para o governo tucano sem o atendimento de nenhuma das reivindicações centrais dos professores. Não apoiamos o desrespeito às decisões da assembleia. Não concordamos com ditadura nos sindicatos em que burocratas agem como se fossem donos das entidades e dos destinos dos trabalhadores e abrem mão da sua obrigação de defender o salário e o emprego dos seus “representados”. Não aceitamos que sindicalistas sejam “protegidos” das legitimas manifestações dos trabalhadores pela Polícia que mata trabalhadores e reprime suas lutas.

Estivemos juntos com os professores que foram – e continuarão indo – ao Sindicato para protestar contra tais golpes e exigir a retomada da mobilização, a convocação de uma nova assembleia geral da categoria, para reorganizar a mobilização pela conquistas das reivindicações dos professores.

Não aceitaremos as ameaças, as calúnias e tentativas de semear confusão, dividir os professores e bloquear suas lutas, venham de onde vier.

São Paulo, 12 de maio de 2013.

Antônio Carlos Silva

Professor de Matemática, Efetivo da Rede Estadual de São Paulo

Membro da Direção Nacional do PCO e da Coordenação de Educadores em Luta

Leia também:

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Pedro Toledo: Uma crítica à atuação da Apeoesp na greve

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