Jeferson Miola: Versão de heroísmo do general é empulhação que falsifica a história

Tempo de leitura: 3 min

Versão de heroísmo do general é empulhação que falsifica a história

Por Jeferson Miola, em seu blog

A mídia encampou a versão diversionista do heroísmo dos militares, agora incensados como salvadores da democracia.

A versão farsesca foi editorializada, e padroniza a abordagem enviesada de analistas e colunistas de TV, jornais, portais e mídias sociais – infelizmente, inclusive de alguns veículos da mídia contra-hegemônica.

Em editorial tão burlesco quanto reunião de condomínio [Marx e Freire Gomes, 19/3], a Folha de São Paulo invocou Karl Marx para louvar o general Freire Gomes como um daqueles “grandes homens, os gênios, os heróis [que] fazem a história”.

Para este jornal que colaborou com a ditadura de 21 anos instalada com o golpe de 31 de março de 1964, o ex-comandante do Exército “teve coragem e papel decisivo na preservação da democracia no país. A atuação é digna de registro em futuros livros de história”, registrou com ufanismo.

A postura editorial da Folha é apenas um sintoma do acordo nefasto construído entre o governo Lula, a PGR e o STF com as cúpulas das Forças Armadas para delimitar a responsabilidade pelos atentados à democracia a Bolsonaro e a um punhado de oficiais descartáveis e, com isso, preservar a instituição militar.

O ministro da Defesa e porta-voz da caserna Múcio Monteiro celebra o êxito da estratégia diversionista: “agora a suspeição tem nome, saiu do CNPJ [das Forças Armadas] para os CPFs [de “alguns” indivíduos fardados]”.

Para sedimentar essa versão salvacionista sobre os vilões fardados que passaram os últimos anos acossando a democracia, tanto a mídia, a PF como o judiciário repetem o famigerado método lavajatista: definido qual é o objetivo estratégico da “narrativa”, seguem o itinerário até chegar no alvo.

Os depoimentos prestados à PF pelos ex-comandantes Freire Gomes, do Exército, e Baptista Júnior, da Aeronáutica, mais se parecem com delações premiadas combinadas para corroborar os elementos que levam à versão dos acontecimentos que se pretende tornar oficial. Bem fiel ao estilo Lava Jato.

As justificativas daqueles oficiais não se sustentam a um escrutínio minimamente diligente. As contradições entre os depoimentos deles e a realidade deveriam ser, pelo menos, levadas em conta pela PF e STF, mas são providencialmente deixadas de lado.

Nem é necessário discorrer muito sobre o envolvimento pessoal dos dois comandantes na conspiração; está tudo fartamente descrito e documentado.

O general Freire Gomes, por exemplo, hoje incensado como legalista, teve toda trajetória no comando do Exército comprometida com a mecânica do golpe, que foi uma diretriz institucional das cúpulas das três Forças.

Basta relembrar que o general Freire Gomes, assim como o almirante Almir Garnier e o brigadeiro Baptista Júnior, também se insubordinou e abandonou o posto de comando do Exército para não ter de bater continência ao eleito soberanamente pelo povo brasileiro para ser o comandante supremo das Forças Armadas – o presidente Lula.

E foi o general Freire Gomes que, no seu penúltimo dia à frente do Exército, em 29 de dezembro de 2022, impediu que o acampamento da família militar com outros criminosos no QG do Exército fosse desmontado, para deixar a bomba armada que veio a explodir no 8 de janeiro de 2023.

A versão de heroísmo do general é empulhação que falsifica a história.

O auto-engano oficial sobre os acontecimentos ofende o direito do povo brasileiro à memória, à verdade e à justiça, e mantém a débil democracia do Brasil em permanente ameaça de repetição de golpes e rupturas institucionais pelos mesmos atores de sempre.

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Zé Maria

General Freire Gomes, ex-Comandante do Exército,
e General Paulo Sérgio, ex-Ministro da Defesa, com
o então Presidente Bolsonaro, Capitão do Exército.

De acordo com o Ministro do STF, Alexandre de Moraes,
houve “Arranjo de Dinâmica Golpista” no Primeiro Escalão
do Governo do Capitão Jair Bolsonaro (2019-2022).

https://tinyurl.com/yc65y8xk

Zé Maria

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Nova Cúpula do União Brasil [fruto da Fusão de 2 Partidos Políticos,
DEM e PSL], Eleita na Esteira de uma Briga Política Fatricida, marcada
por Dossiês e Supostas Ameaças de Morte, discute um ‘Day After’
para o Partido, o que inclui a Possibilidade de rever a participação
no governo Lula (PT).

[Reportagem: Wendal Carmo | CartaCapital]

A troca no comando da legenda criada em 2021 a partir da fusão entre Democratas e PSL está prevista para acontecer em junho, mas pode ser antecipada para este mês.

A articulação envolve o afastamento de Luciano Bivar (ex-PSL/PE)
da presidência, sob a acusação de perseguir o advogado Antonio
de Rueda, novo dirigente partidário, e seus familiares.

A avaliação feita a CartaCapital por parlamentares da Sigla é que,
com o fortalecimento da ala ligada ao antigo DEM – que inclui Nomes
Simpáticos ao Bolsonarismo, a Exemplo do Governador Ronaldo Caiado,
de Goiás [e outros de Raiz Anti-Lulopetista como o Casal Paranaense
Sergio e Rosângela Moro (“Cônjes”)] – há a necessidade de definição
da Posição Ideológica [SIC] da Sigla.

Entenda a Briga no União Brasil

O incêndio em duas casas no litoral de Pernambuco, na última
segunda-feira, representou o ponto mais alto da treta envolvendo
caciques da legenda.

As residências pertecem a Rueda e sua irmã, Maria Emília, que
também é tesoureira do União.

O entrevero se arrasta desde 2021, quando o partido foi criado, e tem
como pano de fundo uma disputa pelos rumos da agremiação que
coloca Rueda e Bivar em lados opostos.

Antes de se tornarem adversários, contudo, ambos chegaram a dividir
a direção do Sport Recife, time de futebol local.

O momento determinante para o afastamento foi uma reunião do partido,
em agosto de 2023, na qual o atual presidente da sigla teria xingado ACM
Neto, aos gritos.

O dirigente era presidente do DEM antes da fusão e contrário à aproximação
do partido ao governo Lula.

Antes disso, Rueda já havia iniciado a articulação com caciques da sigla
que estavam insatisfeitos com as decisões do parlamentar à frente do
União e se uniram para antecipar a troca no comando do partido.

Na véspera da convenção para escolher o novo presidente da agremiação,
Bivar convocou jornalistas para uma coletiva de imprensa, ampliando
o clima de tensão.

Na ocasião, ele chamou o correligionário de “covarde” e disse ter “graves
denúncias” sobre o correligionário, mas não apresentou nenhuma prova.

De acordo com o jornal O Globo, a guerra de bastidores entre os dois chegou
até mesmo a envolver uma suposta ameaça de morte.

O líder da bancada na Câmara, Elmar Nascimento (BA), anunciou a cerca
de 20 colegas que Bivar havia tentado intimidar Rueda.

A colegas, o parlamentar baiano ainda afirmou ter ouvido a gravação de
uma conversa entre os dois dirigentes na qual Bivar teria repetido que
sabia onde Rueda morava, além de citar a rotina da família dele.

Os ânimos dos dirigentes partidários, que pareciam estar pacificados,
se inflamaram após o incêndio. A defesa de Rueda diz que o crime tem
motivações políticas e acionou o Supremo Tribunal Federal; Bivar, por
sua vez, nega as acusações.

No mais recente episódio da crise, a Executiva nacional aceitou uma
denúncia contra o atual presidente do União, abrindo caminho para
sua expulsão. Foram 17 votos favoráveis à medida – o deputado agora
tem 72 horas para se defender das acusações que incluem “violência
política de gênero” e uso do partido para perseguir adversários.

Com a mudança na cúpula do União, espera-se que as negociações
– antes centralizadas em Bivar e no senador Davi Alcolumbre (AP) –
passem a contar com a participação de outros atores políticos, como
o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, eleito vice-presidente do partido.

“A relação se mantém a mesma, apesar do que se especula.
Não há mudanças nesse ponto”, pontuou o senador Efraim Filho (PB),
líder da bancada na Casa Alta.
“As mudanças que fizemos representam apenas um caminho para
o diálogo, a coesão e a democracia interna”.

Sob reserva, lideranças também ponderam que uma eventual mudança na
relação com o Planalto pode atrapalhar os planos de Elmar Nascimento (BA)
em se cacifar na corrida pela presidência da Câmara e enfraquecer o poder
de barganha do partido em negociações importantes na agenda legislativa.

Uma eventual correção de rota também deve passar pela possibilidade de
o União lançar Caiado à presidência da República em 2026.

Esse ponto, contudo, deve voltar a acirrar o clima interno no partido,
uma vez que a ideia de lançar um nome próprio é vista com ressalvas
por integrantes da sigla.

O assunto deve ser discutido após as eleições municipais, segundo
contaram integrantes do partido à reportagem.

“Nós vamos começar a sentar para discutir política.
A pauta mais imediata são as eleições municipais.
Esse é o foco. E aí vamos começar a falar de política”,
sustenta ACM Neto, ao dizer que “não adianta querer
atropelar as coisas”.

Íntegra da Reportagem:
https://www.cartacapital.com.br/politica/como-a-guerra-interna-do-uniao-brasil-afeta-a-relacao-entre-a-sigla-e-o-planalto/
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Zé Maria

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O Problema dessa Interpretação Militar Estratégica “Diversionista”
encampada pela Imprensa Fascista e Neoliberal, de que “agora
a suspeição tem nome, saiu do CNPJ [das Forças Armadas]
para os CPFs [de ‘alguns1 indivíduos fardados]”, é que o Golpe
Contra o Resultado das Eleições Presidenciais de 2022 foi
comprovadamente Tramado por toda a Cúpula das Forças
Armadas no Governo do Capitão do Exército, Jair Bolsonaro,
ou seja, o Chefe Supremo das Forças Armadas junto com o
então Ministro da Defesa, um General, e os Comandantes
Militares das Três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica),
além de outros Oficiais de Alta Patente também Membros
do Governo do Presidente Bolsonaro (2019-2022), então
Candidato à Reeleição que, na realidade, pretendia ilegal e
autocraticamente se perpetuar no Poder Executivo Central,
subjugando as Instituições e os demais Poderes da República,
com o Auxílio Prestimoso de toda a Cúpula Militar, inclusive
os Oficiais Generais Comandantes das Regiões Militares [*]
– notadamente a do Planalto (11ª), com a Colaboração das
Demais que sustentaram os Acampamentos nos Quartéis –
do Exército Brasileiro.

*[(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3213.htm)]
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