Jeferson Miola: Aumenta isolamento de Bolsonaro e aprofunda a crise de legitimidade do governo militar

Tempo de leitura: 3 min
Charge: Aroeira (@arocartum)

O isolamento de Bolsonaro e a crise de legitimidade do governo militar

Por Jeferson Miola, em seu blog

O encontro de Bolsonaro com missões diplomáticas estrangeiras [18/7] funcionou como sinal de alerta para o mundo sobre os propósitos antidemocráticos dele e das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

O estapafúrdio evento acelerou a conjuntura e provocou a repulsa de governos, lideranças e instituições internacionais. E provocou, também, muitas reações domésticas; com exceção, claro, dos notórios colaboracionistas do fascismo Arthur Lira e Augusto Aras.

Parece ter chegado ao fim a conveniência e a eficácia de Bolsonaro e do governo militar para a continuidade da guerra de pilhagem e roubo das riquezas e da soberania nacional que os capitais nacionais e estrangeiros promovem desde a derrubada farsesca da presidente Dilma.

Esta que é, aliás, uma guerra de ocupação para a devastação do Brasil. E a força ocupante do nosso território, no entanto, não é nenhuma potência estrangeira, mas o próprio Exército brasileiro – o “braço forte e a mão amiga” que afiança e executa este projeto de destruição e barbárie.

O governo dos EUA deixou claro que Bolsonaro e os militares passaram a atrapalhar os negócios e os interesses geopolíticos da potência imperial no Brasil e, por extensão, no continente.

Autoridades do governo Biden hoje condenam as ameaças antidemocráticas publicamente e de modo surpreendentemente peremptório.

As “instruções” da metrópole imperial repercutiram fortemente nos meios empresariais e financeiros do Brasil.

Nos últimos dias, frações significativas das oligarquias dominantes – inclusive alguns setores da lúmpen-burguesia extremista e doentiamente antipetista – passaram a se descolar do governo.

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O manifesto em defesa da democracia representa a retirada de apoio e de engajamento orgânico de setores centrais do grande capital a Bolsonaro e ao governo militar.

A escalada fascista-militar e autoritária não interessa nem mesmo ao grande capital que vem se refestelando como nunca na apropriação do butim desta guerra de ocupação, saqueio e roubo.

A ruptura institucional parece ser, neste sentido, uma linha divisória, pois gera um ambiente duvidoso e de instabilidade crítica para a acumulação capitalista no Brasil.

A ampliação do isolamento do Bolsonaro, há tempos considerado um pária internacional, é acompanhada, também, do aprofundamento da crise de legitimidade do governo militar.

Neste cenário de rejeição acentuada do governo e do Bolsonaro, a eleição do ex-presidente Lula no primeiro turno é uma hipótese bastante realista.

Ainda que empresários, lideranças de direita e das altas finanças ressalvem que a defesa da democracia não significa apoio automático a Lula, o fato concreto é que o movimento em defesa da democracia consolida Lula como o fator vital para a restauração democrática e para a reconstrução do país.

A 66 dias da eleição de 2 de outubro, está evidenciada a inviabilidade de qualquer opção da mal-apelidada “terceira via”.

Lula será beneficiário do voto útil, realidade que bloqueará o crescimento de candidaturas sem-votos da direita tradicional, assim como causará a desidratação da candidatura de Ciro Gomes, hoje com cerca de 7 a 9% de intenções de voto.

A vitória da chapa Lula/Alckmin já no primeiro turno é um antídoto fundamental contra as ameaças antidemocráticas e golpistas de Bolsonaro e dos militares conspiradores, que não desistirão de causar caos, tumulto e violência.

Mas esta vitória do Lula não significará, automaticamente, o fim do pesadelo fascista e, tampouco, a reconversão definitiva das classes dominantes à democracia.

Como mostra nossa história de golpes e rupturas, para as elites a democracia tem valor meramente instrumental – pode ser descartada e violada a qualquer momento, sempre que considerarem seus interesses ameaçados.

O governo Lula/Alckmin será eleito no contexto de uma eleição complexa e imponderável.

A ampla mobilização popular é o fator decisivo e crucial para garantir-se a realização da eleição e a vitória da chapa Lula/Alckmin no primeiro turno.

E será fundamental para assegurar a posse e, principalmente, a sustentação do governo eleito, que sofrerá uma oposição selvagem da extrema-direita no Congresso e na sociedade.

Leia também:

Kotscho, sobre a entrevista de Lula ao Uol: ‘Banho de esperança num país em depressão profunda. Há luz no final do túnel’; vídeo

‘Carta aos Brasileiros’ em defesa da democracia e respeito ao resultado das eleições. Leia a íntegra, você pode assinar

Grupo Práxis: Manifesto em defesa da educação, do ensino e da pesquisa pública no Brasil

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Zé Maria

GOVERNO FAZ DISPAROS EM MASSA COM DINHEIRO PÚBLICO

Às vésperas das eleições, Governo Bolsonaro contrata,
por R$ 84,2 Milhões, Empresa que irá disparar quase
2 Bilhões de Mensagens para os Celulares d@s brasileir@s

A População Brasileira totaliza 212 milhões de pessoas.
São, portanto, quase 10 mensagens, em média, para
cada brasileiro ou brasileira, considerando até mesmo
bebês.

A Contratação foi feita via Ministério da Economia.

https://sintrajufe.org.br/ultimas-noticias-detalhe/as-vesperas-das-eleicoes-governo-contrata-por-r-842-milhoes-empresa-que-ira-disparar-quase-2-bilhoes-de-mensagens-para-os-celulares-dos-brasileiros-e-brasileiras/

José do Brasil

Os comadantes militares devem estar revendo suas táticas e estratégias. Não merecem confiança. Não vão ceder de bandeja o poder conquistado com o seu cavalo de troia (Bozo):
https://bananasnews.noblogs.org/post/2022/07/29/bananas-traicoeiras-a-arte-da-dissimulacao-militar/

Zé Maria

Crimes de Lesa-Humanidade da Ditadura Militar
são Imprescritíveis e Insuscetíveis de Anistia.

Grupo de Trabalho Justiça de Transição – GTJT
da 2ª Câmara Criminal do MPF (2CCR/MPF)
denuncia ex-oficial do Exército Brasileiro por
Sequestro e Assassinato de Estudante e
militante do PCB durante a Ditadura Militar.

Ismael de Jesus ficou em Cárcere Privado
por cerca de 30 dias no então 10° Batalhão
de Caçadores de Goiânia onde foi Torturado
e sumariamente Executado

De acordo com o relatório final da Comissão Estadual da Memória, Verdade e
Justiça José Porfírio de Souza, umas das fontes que também embasou a
denúncia, no dia 12 de julho de 1972 o ex-oficial e sua equipe detiveram Ismael
ao sair do trabalho sem amparo de qualquer ordem judicial ou prática flagrante
de crime e o conduziu, forçosamente, ao então 10° Batalhão de Caçadores de
Goiânia, hoje o atual 42º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMTz).

Segundo as investigações, a vítima foi privada de sua liberdade e torturada
por quase um mês, sendo posteriormente assassinada pelos agentes do Estado.

Na época, a morte fora dada como suicídio por meio da Alteração da Cena do Crime
e, com a ajuda de médicos legistas, pela Inserção de Informações Falsas no
Laudo Necrológico de Ismael de Jesus Silva.

A vítima nasceu em 12 de agosto de 1953, na cidade de Palmelo, em Goiás. Foi
estudante secundarista do Colégio Estadual Professor Pedro Gomes (CEPPG),
em Goiânia, e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), identificado sob o
codinome de “Olavo”.

À época dos fatos, sua atuação concentrava-se na administração da biblioteca
local do PCB, cujo acervo ficava na sua residência, em Goiânia.

Em maio de 1972, o Exército Brasileiro e o Departamento de Polícia Federal
em Goiás (DPF/GO) monitoraram a conferência municipal do PCB, realizada
dia 21 daquele mês, na capital, tomando conhecimento do resultado de todas
as deliberações que deram origem à nova composição do comitê municipal,
para o qual o Ismael Silva fora eleito.

De posse dessas informações, a PF desencadeou, em meados de julho de 1972,
uma operação para desmantelar o PCB em Goiás.
Na ocasião, ao menos 8 Pessoas do Comitê Municipal do Partido em Goiânia
foram Sequestradas pelos Agentes da Repressão e mantidas sob Cárcere Privado nas Dependências da Polícia Federal e do Exército Sem Prévia Expedição
de Mandado Judicial.

Conforme o Procurador do GTJT/2CCR/MPF em Goiás, autor da Denúncia,
e com fundamento em interpretação consolidada pelo “jus cogens”,
as Ações Criminosas foram cometidas no contexto de um Ataque Sistemático
e Generalizado Contra a População Brasileira, motivo pelo qual devem elas ser classificadas como Crimes de Lesa-Humanidade para todos os fins de direito, sendo, nessa qualidade,
Imprescritíveis e Insuscetíveis de Anistia.

Pedidos – Na denúncia, o MPF pede a condenação do ex-oficial do exército pelos crimes de homicídio qualificado (art. 121, §2º, II, III e IV do Código Penal); sequestro e cárcere privado (art.148, §2º, do Código Penal); falsidade ideológica (art. 299, primeira parte, do Código Penal); e fraude processual (art. 347, parágrafo único, do Código Penal), todos c/c art. 29 (concurso de pessoas) do mesmo diploma legal.

Íntegra da denúncia e cota de oferecimento da denúncia
contendo a supressão de nomes e informações pessoais:

http://www.mpf.mp.br/go/sala-de-imprensa/docs/not2634%20-%20DENUNCIA%20COM%20SUPRESSAO%20ok.pdf

    Zé Maria

    O GTJT/MPF também solicitou Cumprimento à Decisão da Corte Interamericana
    de Direitos Humanos [CIDH/OEA] no “Caso Gomes Lund vs. Brasil” (Guerrilha
    do Araguaia) e com Fundamento no então Recente Relatório Produzido pela
    Comissão Nacional da Verdade [CNV], Documento que apontou 434 Pessoas
    como Vítimas de Morte ou Desaparecimento durante a Ditadura Militar (1964-85).

    Zé Maria

    07 de Dezembro de 2000 (Governo FHC)

    “Coronel Acusado de Tortura deixa Cargo em Ministério”
    Para ele, é “evidente” que há outros acusados trabalhando no Governo Federal

    [ Reportagem: Wilson Silveira | FSP | 07/12/2000 ]

    O coronel do Exército Rubens Robine Bizerril, acusado de tortura no dossiê “Brasil: Nunca Mais”, deixou ontem
    o cargo de coordenador de Planejamento e Segurança
    Pública do Ministério da Justiça [do Governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB)].

    Ele afirmou que é inocente e insinuou que existem Mais Acusados de Tortura no Governo.

    Bizerril, 65, disse que é funcionário da Abin (Agência
    Brasileira de Inteligência) e que estava cedido desde 96
    para o Ministério.
    O coronel disse que saiu do Exército em 82 e foi para o extinto SNI.

    Questionado se havia mais pessoas acusadas de tortura atuando no Governo, ele disse que era “evidente”.

    Depois se corrigiu, dizendo que era “natural” e “possível”
    e explicou:

    “O general Alberto Cardoso [Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)] não afirmou que 13%
    dos funcionários da Abin vieram do SNI? Então…”.

    Questionado se os acusados de tortura estavam entre esses 13%,
    ele respondeu:
    “Não digo nem que sim nem que não.
    Vocês (repórteres) ganham para isso”.

    Bizerril disse que conhecia pessoalmente o General Cardoso (“ele foi meu chefe”), mas que nunca disse a ele
    que era acusado de tortura:
    “Ele nunca me perguntou”.

    Bizerril trabalhou na Subsecretaria de Inteligência (vinculada à Presidência da República), que antecedeu
    a Abin.
    O coronel disse que não pediu formalmente o afastamento
    do cargo que ocupava até ontem.
    Disse que estava em férias quando soube que seu nome
    havia surgido na imprensa após a demissão do ex-tenente
    Carlos Alberto del Menezzi, Acusado de Tortura.

    Por isso, disse que colocou em prática uma idéia que já tinha,
    que foi encaminhar um pedido de licença-prêmio de três meses,
    a que tem direito.

    Com a licença, afirmou, perdeu automaticamente o cargo que exercia.

    Bizerril disse que não pediu demissão nem afastamento
    e que não vê razão nenhuma para isso, além de não estar
    “de mal com ninguém”.

    Afirmou que se aposenta aos 70 anos, por idade, e que até lá
    pretende continuar no Serviço Público.

    “Não me envergonho de nada do que fiz”, disse.

    Bizerril é acusado de envolvimento na tortura e na morte
    do Estudante Secundarista Ismael Silva de Jesus,
    em agosto de 72, nas dependências do 10º Batalhão
    de Caçadores de Goiânia -hoje 42º Batalhão de Infantaria Motorizada.

    Ele disse, ao deixar o Ministério da Justiça, que só viu Ismael
    depois de morto, no quarto de um sargento, com um fio
    de persiana enrolado no pescoço.

    O coronel, na época major da Brigada de Infantaria de Brasília
    e que foi chamado para conduzir um Inquérito Policial Militar
    em Goiânia, disse que Ismael não havia sido preso numa cela
    por falta de espaço.

    Segundo ele, haviam sido presas entre 40 e 50 pessoas,
    ‘acusadas’ de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro, então clandestino.

    Para Bizerril, não havia razão para duvidar da versão oficial,
    de que Ismael se suicidara por vergonha de ter sido preso.

    Íntegra:
    https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0712200006.htm

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