Janio de Freitas alerta: Se não for conduzido pelo governo Dilma, o “ajuste” será feito na base do mais puro e duro neoliberalismo

Tempo de leitura: 3 min

RSF_Dilma_Paraiba_Foto_Roberto_Stuckert_Filho_10

Em 4 de setembro, Campina Grande-PB, a presidenta Dilma Rousseff (PT), durante entrega chaves de moradias do Minha Casa Minha Vida. Foto: Ricardo Stuckert/ Secom/PR

Hoje tem amanhãs

Se não for conduzido pelo atual governo, o “ajuste” será feito na base do mais puro e duro neoliberalismo

17/09/2015  02h00

JANIO DE FREITAS, na Folha de S. Paulo

As crises atraem todo o pensamento para elas, e não para o que, nelas, mais importa: o seu amanhã, os desdobramentos que persistem, historicamente, no mau hábito de fugir a todo controle. É o que estamos vendo, no impeachment sim ou não, no “ajuste” sim ou não. Como se as crises institucionais desde a morte de Getúlio, e seus desdobramentos sempre para pior, nada ensinassem para o futuro que são os nossos dias.

Políticos rasos são imediatistas. Logo, os políticos brasileiros só pensam em sua conveniência imediata. Esta é origem da tese de impeachment. A “desconstrução” que Aécio não conseguiu fazer na disputa eleitoral quer, agora, levar a oposição a obtê-la por outro meio. Sem risco, porque um novo fracasso estaria isentado de qualquer consequência funesta. A permissividade vigente na política brasileira garante.

Não se dá o mesmo com os movimentos reivindicatórios, tipo Movimento dos Sem-Terra, o dos Sem-Teto, a CUT, movimentos de professores e universitários, de funcionários públicos, enfim, aquilo tudo que muitos chamam de “a esquerda”. Ser contrários ao “ajuste” arrochante é óbvio, para eles. Mas até onde? –eis a dificuldade além do óbvio e do imediato.

O “ajuste” será com Dilma ou será com outro. Será, é ponto pacífico: no mundo político não se vislumbra segmento algum capaz de se elevar para impor correções econômicas não arrochantes. A rejeição prática e absoluta ao “ajuste” de Dilma/Levy confunde-se com o impeachment, ainda que sem tal intenção. Já é assim, e as manifestações programadas tendem a dar a esse embaralhamento evidência e força influentes.

Também por isso, mas não sobretudo por isso, Dilma impôs às duras discussões sobre cortes no Orçamento, contra a quase indiferença na equipe econômica, certa imunidade de vários programas à tesoura. Como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, assim depois destacados, entre outros, pelo próprio Levy.

Se não conduzido pelo atual governo, o “ajuste” será no mais puro e duro neoliberalismo. Caso o governo ficasse com o PMDB, estaria minado por uma falta de quadros próprios que o obrigaria a sujeitar-se às exigências direitistas do PSDB. O PMDB de hoje é numeroso e vazio. Mercantilista e vazio. Amorfo e vazio.

Caso o governo ficasse com o PSDB, por uma eleição precipitada, contaria com serviços bem pagos do PMDB, como foram os do PFL no governo precedente dos peessedebistas. Para o “ajuste” de retorno ao Brasil que começara a deixar-se superar, aos 500 anos de história.

A escolha dos movimentos reivindicatórios é óbvia? Não. É de sua índole e de sua sobrevivência que combatam o “ajuste” de Dilma. Na concepção de comando e tática desses movimentos, está sempre a ideia de que as chamadas lutas sociais e o estrato político-social que comanda o país são entidades à parte. Cada qual sabe de si e cuida de como enfrentar o outro. Fora dessa concepção, os movimentos caem na perplexidade emudecida a que o PT sucumbiu, diante do governo Lula –que em momento algum foi governo do PT.

Em qualquer destinação da crise, é muito provável o recrudescimento dos movimentos reivindicatórios organizados. Menos acirrados e duradouros, em um dos casos, e muito mais nos outros. Com que modos e até que ponto final, o Brasil está muito mudado para que se se tente imaginar. Sobre isso basta lembrar que os militares mostram-se muito mais civilizados do que os civis.

Leia também:

Mídia e oposição mentem sobre Hélio Bicudo: “Não participei da fundação do PT”

Gilmar Mendes dá piti no STF; veja o vídeo


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Leo V

Então para que um “Partido dos Trabalhadores” no governo? Para ser gestor de arrocho?

O arrocho só será por fraqueza da classe trabalhadora, fraqueza essa que é produzida com ajudo de governos que vem da esquerda.

Janio de Freitas vive num mundo sem história, isto é sem futuro.

FrancoAtirador

.
.
UltraNeoLiberalismo da Qualidade Toyotal:
.
Discriminação Traduzida em Assédio Moral
.
Organizacional, no Ambiente de Trabalho.
.
(https://youtu.be/OA0AKYa74-U)
.
.

joao

Ah meu deus!! Tem gente que ainda não vê o neoliberalista pintado de vermelho!

Aceitem dilmavez: o pt não é mais um partido de esquerda. Já faz mais de uma década!

Andre

Realmente argumentar sobre o que seria se não fosse o que é tem um nome em inglês: wisthful thinking. Afinal depois da presidente dizer no final do ano passado que não faria ajuste e quem faria seriam os outros candidatos, podemos livremente fazer wisthful thinking sobre os próximos passos do ‘ajuste'(arrocho) do governo que ainda é o governo que existe e não o possivel governo que seria se não fosse.

O governo anuncia cortes no minha casa e minha vida e no finacimento da saúde; congela salários de funcionários público até agosto do ano que vêm (e na onda do Wisthful thinking: até agosto pode mudar de ideia e jogar para dezembro quem sabe); adia concursos públicos no próximo ano (mais wisthful thinking: seria para começar a contratar por OS’s agora que o STF liberou geral?).

Na onda do que pode ser se seria o que fosse: Segundo a coluna do diário do poder de Cláudio Humberto e nota no Jornal do comércio de pernambuco o governo estududa acabar com a Dedicação exclusiva – a gratificação por Dedicação Exclusiva responde por mais de 60% da remuneração bruta de um professor universitário.

Realmente, deve ser terrivel ‘um ajuste na base do mais puro e duro neoliberalismo’, ainda bem que temos um governo que se preocupa muito com os trabalhadores e os serviço público. (PS: isso é pura ironia) Fico imaginando o que seria pior: transformar servidores públicos legalmente em escravos ???

Messias Franca de Macedo

O CALOR DAS BRASAS GOLPISTAS JÁ PRODUZ MAIS DO QUE FUMAÇA!
– e que a honrada e nacionalista presidente Dilma Rousseff não se esqueça de convocar o honesto povo trabalhador brasileiro para bater na porta da “Corte Suprema”!
A presidente que vá confiando, apenas, nas decisões “técnicas” do STF da IMUNDA &$ [mega]corrupta Casa Grande irrecuperável!
Entenda

##################

Dilma vai ao STF se perder no TCU ou se processo de impeachment for aberto

A presidente Dilma Rousseff já instruiu seus ministros para que preparem uma estratégia de resistência jurídica no caso de uma derrota no TCU (Tribunal de Contas da União) ou se um processo de impeachment for instalado contra ela na Câmara dos Deputados. O governo vai apresentar recursos ao Supremo Tribunal Federal para manter a petista no comando do país o quanto for possível.

(…)

FONTE: http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/09/17/dilma-vai-ao-stf-se-perder-no-tcu-ou-se-processo-de-impeachment-for-aberto/

Lukas

Jamais vou entender porque governos de esquerda não colocam economistas de esquerda para comandar a economia quando tem uma crise. Quando tem dinheiro e este pode ser gasto a rodo, colocam um economista de esquerda pra gastar. Quando o dinheiro acaba e precisa de arrumar a casa, vão lá e buscam os neoliberais.

    João Vargas

    Ao chamar levy para comandar a economia , Dilma deu um tapa na esquerda que a reelegeu, agora que o golpe se aproxima, quem ela chamará para defendê-la? tô fora.

Messias Franca de Macedo

… Hoje, mais um golpe será dado pelo STF contra a nação!
Resta saber qual “supremo(a)” repetirá Ayres Britto no protagonismo da tragédia enquanto farsa!
O STF não irá finalizar o julgamento que trata da supressão do financiamento empresarial de campanha!
Corte Suprema?!…
Entenda

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

https://www.youtube.com/watch?v=kXLOjEzlCiU

STF segura ação cível do mensalão mineiro

Deixe seu comentário

Leia também