Igor Felippe: Aos vencedores, juros; aos perdedores, tomates

Tempo de leitura: 2 min

por Igor Felippe Santos, colunista do Escrevinhador

O governo Dilma Rousseff cedeu à pressão dos bancos, da mídia e do PSDB e aumentou os juros. O Banco Central elevou em 0,25% a taxa Selic, que chegou a 7,50% ao ano, na última quarta-feira (17).

Em mais uma disputa política, governo se acovardou e optou por atender os interesses do grande capital internacional e da fração da burguesia associada.

Essa luta tinha, de um lado, os interesses econômicos dos portadores de títulos da dívida pública, remunerados pela taxa Selic, e os objetivos políticos do PSDB nas eleições do próximo ano, que estão por trás da “crise do tomate”.

Ficaram contra o aumento dos juros as forças sociais que compõem a frente neodesenvolvimentista em torno governo, como as frações da burguesia, como a indústria, e a classe trabalhadora, que realizou protestos em todo o pais por meio das centrais sindicais.

O desfecho dessa disputa foi mais um ato de covardia e falta de compromisso do governo com os setores que sustentam o projeto em curso, em benefício daqueles que defendem o neoliberalismo.

A opção do Banco Central por aumentar os juros, que contraria as medidas tomadas para estimular a economia, pode sacrificar o crescimento neste ano, prejudicando a burguesia industrial e a classe trabalhadora. Além disso, representa uma derrota ideológica, porque legitima o discurso do controle da inflação como a questão central da política econômica, em vez do crescimento, do consumo, do trabalho e dos salários.

Sem crescimento, o governo enfrentará dificuldades para manter a unidade política e a composição de frações de classes sociais em torno do neodesenvolvimentismo.

Não há condições de manter os lucros da burguesia industrial, os aumentos de salários dos trabalhadores e as políticas sociais para os mais pobres sem crescimento da economia, que caracterizam esse modelo econômico.

Por não ter enfrentado os interesses dos setores que se contrapõem a essa aliança de classes, o governo será obrigado a cortar na própria carne. Se não conseguir contemplar as forças que compõem essa ampla coalizão, terá que fazer opções que ameaçam a sua conflituosa unidade.

Assim, cresce a possibilidade de defecções e rompimentos dessa grande frente política e econômica organizada em torno do governo, o que beneficiará a principal expressão política do projeto neoliberal, o PSDB, nas eleições de 2014.

Um dos sintomas desse quadro de instabilidade é a movimentação de Eduardo Campos (PSB), que tem ganhado força justamente pela falta de respostas da economia às medidas do governo para o crescimento econômico.

Por isso, o capital financeiro e o PSDB foram os vencedores da disputa das últimas semanas. Já o governo Dilma, que tem se limitado a gerenciar a frente neodesenvolvimentista e as políticas sociais construídas pelo presidente Lula, precisa aprofundar as mudanças para ampliar o horizonte político do projeto em curso, saindo das armadilhas impostas pelas forças que querem a retomada do neoliberalismo no Brasil.

Ao vencedores, os juros; aos perdedores, os tomates.

Igor Felippe Santos é jornalista, editor da Página do MST, pertence ao conselho político do jornal “Brasil de Fato” e ao conselho do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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renato

Japão esta pedindo pelo amor de Buda, que as pessoas
consumam e façam lambança, para aumentar inflação, lá
é negativa.
Será que não dá para importar a Urubóloga e a Globo para
lá, com um pouco de tomate- kumato, e tomate chûchû.
Ajudem o Japão a gastar. O Japão só economizou, parece
que aprenderam com o LULINHA PAZ E AMOR.

bento

Quando vejo o governo do pt ceder só lembro de duas coisas…

– Aquela atriz que dizia ter medo do pt no poder ( e que agora deveria ser a garota propaganda do partido )…

– E a musica do pt em sua primeira campanha ( sem medo de ser feliz )…

e o pt ficou com medo…

assalariado.

Atenção, navegantes. Afora as entre safras e sua quebras, não se apavorem, marquem nos seus calendarios de parede. Uns 15 dias antes da próxima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), mês que vem, a burguesia capitalista e seus lacaios especialistas, vão dar um outro jeito de especular com as mercadorias e tudo mais, para pressionar os dados inflacionários.

Advinhem para que, e para quem?

Essa é uma das táticas, cartas marcadas, um vício politico economico de sobrevivencia ideologica que os donos do capital, de tempos em tempos, fazem para recuperar suas margens de lucros e suas rendas rentistas. Ainda da tempo de o governo sair da posição de quatro. Vou aproveitar e pedir para os ‘legisladores do povo’, encaminharem uma proposta de lei, de modo que, em todas as cidades média e grandes, se façam a reforma agraria no cinturão verde destas.

Abraços.

Urbano

A coisa está mais para juros e fumos. É a coisa que mais os pobres fazem: pagar um e levar o outro…

Fabio Passos

A “elite” branca e rica, que nao gosta de trabalhar e despreza o povo que produz, quer continuar mamando nas tetas do Estado. O PiG e o principal instrumento do poder economico para realizar o butim.
O governo mostrou fraqueza. Os rentistas parasitas vao pedir sempre mais.

Os trabalhadores precisam recuperar toda a riqueza roubada por estas oligarquias financeiras.

willian

Erro primário: comprar na alta.

Gildo Araújo

O governo Dilma Rousseff cedeu à pressão dos bancos, da mídia e do PSDB e aumentou os juros, ou seja, o culpado pelo aumento dos juros é o governo Dilma Roussef.

francisco pereira neto

Mas segundo a teoria do leitor deste blog, de alcunha xacal, a posição adotada pelo tucanoduardo (Eduardo Campos)é uma “estratégia” do Planalto para enfraquecer as oposições.
Papo tolo de alguém que se julga um analista político, especialista em estratégias políticas. E ainda comete a grosseria de me xingar.
O governo mostrou sua fragilidade perante os poderosos. Foi acuado, não sentiu o menor respeito aos seus eleitores e defensores das políticas que nós eleitores gostaríamos que ela defendesse. Nós não a elegemos para fazer gracejos para a corja rentista que infelicita esse país há muito tempo.
Dilma desde a posse já cedeu muito campo para a direita fascista. Foi lamber as botas da Folha e da Globo na vã idéia que conseguiria o apoio, ou no mínimo, a diminuição dos ataques ao seu governo. Não obteve o que desejava. E tome pau. Mas as distribuição de verbas para elas nas propagandas institucionais correm aos borbotões até hoje. Regulamentação da mídia? Nem pensar. A arma que ela nos deu, foi o controle remoto.
Está me passando uma sensação de impotência e resignação como chefe de estado.
É lamentável, mas a verdade é que com as oposições em fragalhos e apoiados pela grande mídia, começa colocar em xeque a sua capacidade de reagir.
Só fico imaginando se, ao invé do Lula, estive ela no auge do mensalão.

Gerson Carneiro

E me fez lembrar uma canção de um ex-plantador de tomates:

Eu JURO
Por mim mesmo, por Deus, por meu pai…

Lorota

Resolvi ser especulador. Comprei uma lavoura de 30 mil pés de tomate pagando a R$ 4,00 / Kg colhido e dentro da caixa de 25 kg. Pensei, vou vender a R$ 6,00 / Kg no Ceasa e ganho 50% fácil, fácil. O Ceasa que pagou a R$ 6,00 / Kg vende ao feirante a R$ 7,50 e o consumidor final paga a R$ 9,50. Todos ganham especulando. Resultado foi um desastre. O preço na feira livre vale R$ 3,50 / Kg com tendência de queda. Tive que vender a R$ 1,20 Kg. Perdi R$ 2,80 Kg x 5 Kg de tomate por pé x 30 mil pés, foi de R$ 420.000 o prejuízo com compra da lavoura. Fui à bancarrota. Apostei na mídia, Revista In-Veja, Globo, nos economistas Mailson e quadrilha, no PSBD e pisei tomate. Ai só choro. O previsto seria um lucro de R$ 300 mil e o realizado foi prejuízo de R$ 420 MIL

    Caracol

    Em compensação, prezado Lorota, no meu almoço de hoje tem um saladão de alface e muuuito tomate, tem molho à campanha com mais muuuito tomate, e logo mais à noite vou comer uma pizza com muuuuito molho de tomate que eu mesmo vou fazer.

    renato

    Boa caracol, pelo menos hoje podemos nos dar ao
    luxo de comermos tomate a qualquer preço.
    Tipos de tomates, aproveitem….
    Tomate-caqui
    Tomate-italiano
    Tomate-holandês
    Tomate-cereja ou tomate-cherry
    Tomate-chucha, ( nada a ver com a nossa, nem com XÙXÙ)
    Tomate “Sweet Grape”
    Tomate-san-marzano
    Tomate-ligúria
    Tomate-raf
    Tomate-kumato (esquisito este aqui, dá diarréia)
    Na minha vida inteira acho que comi uns dois tipos só.

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