Henrique Fontana: É preciso pensar também na responsabilidade social
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Responsabilidades fiscais e sociais
por Henrique Fontana*, na Folha
O Executivo enviou ao Congresso Nacional uma alteração da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2014 que propõe o abatimento das despesas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e as desonerações tributárias da meta de superavit primário –a economia de recursos que o governo faz para o pagamento de juros da dívida pública.
Essa alteração faz-se necessária para garantir o espaço fiscal que preserve os investimentos prioritários e garantam a manutenção da competitividade da economia nacional.
A mudança proposta na LDO assegura a continuidade da estratégia econômica de manutenção do elevado nível de emprego, propiciado por um forte programa de investimentos públicos em infraestrutura, políticas sociais e programas como o Minha Casa, Minha Vida.
Essa estratégia também fez com que o investimento público alcançasse o seu maior nível, em proporção do PIB, dos últimos anos.
A proposta também assegura a consolidação das desonerações promovidas pelo governo, Executivo e Congresso, no sentido de diminuir o custo da mão de obra (folha de pagamento), o custo de vida (cesta básica e redução da Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e incentivar a indústria brasileira num ambiente de acirrada concorrência internacional.
Até setembro, essas medidas significaram um apoio de R$ 75,7 bilhões para a economia nacional.
Do lado social, ela representa a continuidade da rota de ascensão propiciada por programas como o Bolsa Família, além da melhoria na qualidade de vida que decorre do crescimento dos gastos em saúde e educação, como o programa Mais Médicos e o Pronatec.
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Deve-se destacar que além de retirarmos 36 milhões de pessoas da linha de pobreza, conforme a ONU, o nosso país também não faz mais parte do Mapa da Fome.
A proposta também mantém o compromisso do país com a responsabilidade fiscal e a solidez dos fundamentos macroeconômicos alcançada ao longo dos últimos 12 anos. A dívida líquida em proporção do PIB caiu de 60%, em 2002, para 36% neste ano. As reservas internacionais saltaram de U$ 38 bilhões, em 2002, para U$ 375 bilhões neste ano, garantindo a estabilidade da economia.
Desde 2004, a inflação é mantida rigorosamente dentro das metas estabelecidas e, neste ano, a meta será cumprida mais uma vez. Com essa política responsável, o Brasil alcançou as menores taxas históricas de desemprego e, com o processo de distribuição de renda, levou à contínua redução da pobreza no país.
Em que pese o apelo da oposição para que se siga o receituário de arrocho fiscal, cabe colocarmos luz à realidade mundial, cujas economias mais avançadas incorrerão em deficits fiscais neste ano. Dos membros do G20, por exemplo, 17 estão numa situação de deficit fiscal, enquanto o Brasil é um dos poucos que consegue fazer superavit.
O que se vê em todos esses países é o esforço dos governos nacionais em adotar políticas que retomem uma trajetória de crescimento sustentável, empreendendo ações anticíclicas por meio da atuação do setor público, com investimentos e desonerações.
O que está em jogo é a continuidade dos investimentos estratégicos e das desonerações que têm garantido a redução das desigualdades sociais e regionais e os elevados níveis de emprego no país.
Está em jogo o ganho de competitividade e as bases para a retomada do crescimento mantendo a responsabilidade fiscal e os sólidos fundamentos da economia brasileira. As eleições já decidiram qual caminho o país quer percorrer nos próximos quatro anos. A alteração da LDO é um reflexo natural desta opção soberana dos brasileiros.
*HENRIQUE FONTANA, 54, deputado federal pelo PT-RS, é líder do governo na Câmara
PS do Viomundo: O que está em disputa agora é qual programa econômico será adotado pelo governo Dilma no segundo mandato. Tudo o mais é subsidiário a esta luta entre capital e trabalho.
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