Fábio Terra: Por que Bolsonaro será um candidato competitivo

Tempo de leitura: 3 min

Bolsonaro não é zebra

por Fábio Terra* — CartaCapital

A zebra não é um dos animais do jogo do bicho.

Por isso, é um resultado impossível e serve como metáfora para aquilo que ninguém esperava acontecer.

Pois bem, é comum nas análises sobre as eleições de 2018 ouvir-se que o pré-candidato Jair Bolsonaro é zebra, mesmo com o desempenho crescente dele nas pesquisas recentes.

Será?

Pelo menos quatro fatores fazem crer que Bolsonaro imprimirá uma concorrência verdadeira nas eleições de 2018 e, assim, ele está no conjunto dos resultados possíveis.

Em primeiro lugar, diversas pesquisas mostram a violência como uma constante reclamação da população brasileira, independente do estrato de renda a que pertencem.

Além disso, outro problema continuamente apontado são as drogas que, contudo, a população compreende como sendo a principal causa da violência.

Ou seja, estes são problemas comumente relatados e que, para a população, estão intimamente relacionados.

Diferente de emprego e inflação, que são problemas que aparecem de acordo com a conjuntura, violência e drogas estão sempre entre as maiores queixas.

Ao apontá-las como problemas constantes com que convive, a população reclama, em outros termos, segurança e ordem, e são estas as duas principais bandeiras de Bolsonaro. D

aí, inclusive, seu reconhecido caráter autoritário.

O segundo elemento a favor de Bolsonaro é a desordem política.

A operação Lava Jato vem confirmando o que há muito já se sabia, porém jamais de forma tão clara: a política brasileira é uma desordem plena, cujo único denominador comum reconhecido é a corrupção.

Diante de uma população desacreditada da classe política, Bolsonaro, que dela faz parte, porém ainda está ileso da Lava Jato, ganha crédito e ressonância.

Quando isso se soma ao seu perfil ordenador, intransigente, autoritário, o eleitor nele encontra uma opção para seus anseios imediatos, de segurança e ordem, social e política.

O terceiro ponto é o conservadorismo, espécie de cura para o medo coletivo, fruto da sensação de insegurança e desordem. Brexit e Trump são exemplos de conservadorismos construídos a partir da sensação de desordem que, para americanos e britânicos, a globalização e seu mundo com menos fronteiras e mais imigrantes, construiu.

No Brasil, a desordem tem outras naturezas, o caos político e o social, mas a resposta tem sido similar, polarização e, sobretudo, conservadorismo. E qual a escolha conservadora para 2018?

Não, a resposta não será zebra.

Por fim, um último fator é Bolsonaro não se construir como o anti-Lula, para surfar na rejeição ao ex-presidente.

A estratégia de ser o anti-Lula é a adotada pelo prefeito de São Paulo, João Doria. Porém, é uma estratégia que não convence, pois sugere pouco conteúdo e muito populismo, o “jogar para a torcida”.

Embora alguns achem Bolsonaro um populista no sentido ruim da palavra, como o é Doria, esta é uma análise incorreta.

As falas de ordem e segurança de Bolsonaro, bem como sua marca autoritária, não são de agora, mas o acompanham desde sempre. Isso o confere uma plataforma e uma identidade, algo requerido pelos que buscam um candidato.

Isso é ainda mais o caso quando há desejos conservadores mais aflorados, que normalmente temem a fluidez da modernidade.

Enfim, diversos elementos relevantes para a decisão do eleitor, que atendem seus desejos mais imediatos, porém não apenas de momento, como emprego ou salário, fazem historicamente parte da identidade política de Bolsonaro.

Por sua vez, a circunstância histórica está construindo a convergência destes anseios individuais com o perfil do pré-candidato, tirando-o da condição de zebra.

A história é repleta desses matches, e nos últimos dois anos Trump e Brexit servem de exemplo.

Que o exemplo sirva para não se subestimar o poder competitivo de Bolsonaro.

De outra forma, a narrativa de que ele é um mito pode se transformar em verdade.

Fossem tempos normais, valeriam posturas mais centrais, em termos das escolhas políticas do eleitor médio, que é o que decide a eleição.

Já tempos extremos…

*Fábio Terra é professor da Universidade Federal do ABC

Leia também:

O enfrentamento com fãs de Olavo de Carvalho na UFPE


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Comentários

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RONALD

Quando levou aquela ovada no bar em SP, o bozonazo parecia um completo idiota, balbuciando palavras sem sentido para ser gravado como entrevista. Não dizia nada com nada, ou seja, um completo idiota.
Realmente, não sei como tem alguma criatura que dá ouvidos a este ser…

a.ali

o bolsobosta não aguenta 15 minutos de debate, não tem respostas convincentes para assunto nenhum, nada sabe, é um ventríloquo, um bobão que está surfando em possibilidades de votos de fascistas do mesmo quilate dele.
é um espertalhão que há muito leva uma vida boa às custas de eleitores otários e que nada fez para justificar tantos anos deputado a não ser cag… pela bocarra. enrricar, mentir, pavimentar a estrada para os seus continuarem usurpando o suado $ do povo e vociferar!

    RONALD

    Além de estar citado na Lista de Furnas !!!!

Fábio

#Bolsonaro2018

Acabou a palhaçada o povo não aguenta mais tanta corrupção tanta violência,tanta incompetência política, presidentes sem um pingo de inteligência

#SomosTodosBolsonaro

    RONALD

    Fale somente por você, amigo !!!!

Moacir Moreira

Eleger esse doente só vai agravar a violência e a corrupção.

Mas o fascismo prospera em uma sociedade doente.

luciferiano

Só vou acreditar, na hora que ele deixar de ser arregão. Fugiu de um debate nos EUA, conseguiu a façanha fe servir de chacota para Mariana Godoy. E ainda não tem nenhuma dialética, ou oratória, só o mesmo discurso reprisado.
E eu me pergunto: Como Bolsonaro conseguiria governar sem se aliar com corruptos? Só pra constar, o PEN, apoiou massivamente o arquivamento da denúncia contra Temer, Marco Feliciano, que almeja pegar a carona nesse pseudo moralismo, teve a audácia de dizer que foi vontade de Deus que inocentassem o diabólico Temer. E ainda quer ser vice do Bolsonaro.
Embora minhas perspectivas sob o cenário da Nova Ordem aponta pra Marina como presidente, eu veria um isolado Bolsonaro que ficaria entre governar de bico calado, ou se prostituir com a corrupção já perpetrada no reduto político brasileiro (e mundial).

    Clóvis

    UAI! Se a Dilma foi, qualquer um pode ser. Bolsonaro não é ladrão como Lula e outros, não tem o rabo preso com ninguém. Inclusive é um homem inteligente, pela sua carreira tanto política, como militar. Não precisamos de pseudos intelectuais, que até agora não funcionou. SOMOSTODOSBOLSONAROSIM.

    Clóvis

    “COMO ELE CONSEGUIRIA GOVERNAR SEM SE ALIAR AOS CORRUPTOS???” Simples! Basta pensar. BOLSONARO como presidente, tem direito e poder para pedir a INTERVENÇÃO MILITAR por ingovernabilidade. Como homem honesto e sem nenhuma doença, como a SÍNDROME DO PODER, Faria isso sem nenhuma viadagem. Teremos a faca e o queijo na mão.

    RONALD

    Clóvis é mais um que gosta de um milico por trás e armado, putz !!!

    RONALD

    Clóvis esqueceu que bozonazo está na Lista de Furnas, putz !!!

Anderson

Ideologia IMBECIL de gênero, inversão total de valores, estatuto do falso DESARMAMENTO, LGBT querendo super poderes (não igualdade) ,maioridade penal que nunca sai do papel, a insistência da esquerda aliada a grande mídia em classificar bandido como vítima, o cerceamento da legítima defesa no país etc,etc,etc.
Essas são as principais razões do crescimento do nome BOLSONARO nesse país podre

    RONALD

    Mas, um mal não justifica outro…

Jarbas F.

Até que enfim uma matéria verdadeiro e inteligente, realmente Bolsonaro não é caricatura e nem motivo para piada, ele é a realidade que o Brasil procurava, choro é livre mas ele será nosso presidente sim!!!
Enquanto se planta mentiras sobre um homem honesto e coerente está crescendo um exército de apoiadores que vão fazer campanha de graça, com convicção e verdade para o Brasil virar um país grande próspero.
Parabéns a matéria é #Bolsonaro2018.

    RONALD

    Honesto ?! bicho, ele está na Lista de Furnas !!!!

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