Denunciado no mensalão tucano, Azeredo renuncia ao mandato de deputado

Tempo de leitura: 5 min

por Redação, em CartaCapital

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, recebeu nesta terça-feira 19 a carta de renúncia do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O documento foi entregue pelo filho do parlamentar, Renato Azeredo, e pelo advogado José Gerardo Grossi. A renúncia do tucano já havia sido confirmada mais cedo pela sua assessoria de imprensa. Alves afirmou haver sido comunicado previamente da decisão.

“Ele [Azeredo] ligou pouco tempo atrás antecipando a decisão e [disse que] vai dedicar a vida a defender a honra dele e a família”, disse Alves.

A renúncia acontece menos de duas semanas após o ex-governador mineiro ser denunciado pela Procuradoria Geral da República por participação no “mensalão tucano”. Nas alegações finais encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é enfático ao dizer que Azeredo “participou ativamente” das decisões de sua campanha derrotada à reeleição em 1998. Segundo Janot, há provas suficientes para “afirmar com segurança” que o deputado participou da operação que “culminou no desvio de 3,5 milhões de reais, aproximadamente 9,3 milhões de reais em valores atuais”.

O procurador, que pediu 22 anos de prisão ao tucano, destacou também uma “complexa engenharia financeira” para o desvio de recursos públicos, o que sugere um “prévio ajuste entre os envolvidos”.

Eduardo Azeredo alega que não teve responsabilidade na condução financeira da sua campanha eleitoral, gerenciada por terceiros. Segundo ele, os recursos desviados para as empresas de Marcos Valério, suspeitas de irrigarem o esquema, eram conduzidos por diretorias de estatais autônomas, com poder para realizar negócios e gerir o patrimônio.

Com a renúncia, Azeredo perde a prerrogativa do foro e não pode ser julgado pelo Supremo. “A jurisprudência que conheço entende que com a saída do mandato cessa o foro privilegiado. A questão não é pacífica em especial, a meu ver, se a renúncia é feita próxima ao julgamento para impedir sua realização. Teremos de aguardar decisão do STF a respeito”, diz o jurista Pedro Estevam Serrano, colunista de CartaCapital.

A carta de Azeredo foi lida em Plenário pelo deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que presidia a sessão. Em trecho da carta o deputado se diz inocente e nega ter participado de qualquer prática de lavagem de dinheiro ou outra conduta ilegal. Azeredo afirma ainda que preferiu renunciar a se submeter a processo de cassação.

“Não vou me sujeitar a execração pública nesta Casa, que está sujeita a pressões políticas. Minhas forças já se exaurem com sérios riscos a minha saúde. Não aceito que meu nome continue sendo enxovalhado”, diz a carta. No texto, Azeredo escreve que deixa o parlamento para se dedicar à defesa da dua honra e liberdade. “Fui transformado em mero alvo político destinado a sofrer ataques para assumir delitos cometidos pelos outros”, diz.

O deputado João Bittar (DEM-MG) será efetivado na vaga de Azeredo. Hoje, Bittar é suplente. Ele ocupa a vaga deixada por Carlos Melles, que atualmente é secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais. No lugar de João Bittar deve assumir Edmar Moreira (PR-MG).

Atuação na Câmara

Engenheiro mecânico e analista de sistemas, Eduardo Azeredo (65 anos) sempre foi filiado ao PSDB, partido do qual foi fundador e presidente da comissão executiva. Ele estava em seu primeiro mandato como deputado federal. Antes disso, foi vice-prefeito e prefeito de Belo Horizonte (MG), governador de Minas Gerais e senador.

Na Câmara, Azeredo foi presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
Em seu mandato no Senado, presidiu a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional.

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A íntegra da carta de renúncia de Eduardo Azeredo:

“Quem assume a atividade política se sujeita a, repentinamente, encarar situações dramáticas e até impensáveis, ditadas pelas mudanças de conjuntura e por ataques, pressões e interesses de adversários. As versões dadas aos fatos, sem cerimônia, estraçalham a vida pessoal como num atropelamento inesperado na travessia de uma rua. Não importa o que a pessoa é e o que já fez em favor da sociedade e dos ideais que escolheu servir.

É assim que me sinto hoje! Uma tragédia desabou sobre mim e a minha família, arrasando o meu nome e a minha reputação, construídos com zelo permanente a partir do legado exemplar que recebi dos meus saudosos pais, Renato e Ruth Azeredo — eles próprios, pessoas que também sempre se dedicaram à vida pública e ao bem de Minas Gerais e de nosso país.

As acusações de que fui alvo pela Procuradoria Geral da República, com base em testemunhos e documentos falsos, não me pouparam. De cidadão, que deveria ter assegurado o sagrado direito de defesa, fui transformado em mero alvo político destinado a sofrer ataques para compensar delitos cometidos por outros.

A infeliz coincidência de uma agência de publicidade contratada antes mesmo de meu governo, ter se envolvido em rumoroso episódio de negociações suspeitas para fins políticos a nível federal, fez de mim um cúmplice que não fui e nunca seria em ações de que nunca participei nem participaria. As alegações injustas, agressivas, radicais e desumanas da PGR formaram a tormenta que me condena a priori e configuram mais uma antiga e hedionda denúncia da Inquisição do que uma peça acusatória do Ministério Público.

Mas, contra elas, volto a assegurar e repetir que não sou culpado de nenhum ato de peculato. Não fiz empréstimo fictício para a minha campanha de reeleição ao governo de Minas em 1998. Não fiz nem faria, por uma questão de princípio, nenhuma lavagem de dinheiro.

O governador de Minas Gerais, com 20 milhões de habitantes e mais de 500 mil funcionários entre ativos e inativos, não governa sem descentralizar, sem delegar! Injusto em que as responsabilidades de um governador são semelhantes e proporcionais às de um presidente da República!

Mas de que adianta mais eu alegar que não sou culpado? O que posso é reafirmar que estou pronto a responder em qualquer foro às acusações que me fazem. Não vou, porém, me sujeitar à execração pública por ser um membro da Câmara dos Deputados e estar sujeito a pressões políticas. Esta sanha não quer que eu prevaleça a ponderação da Justiça, mas, sim, ver, pendurado e balançando no cadafalso, o corpo de alguém exemplado para satisfazer os mais baixos apetites em ano de eleição.

Minhas forças já se exaurem, com sério risco para minha saúde e para a integridade de minha família. Não aceito que meu nome continue sendo enxovalhado, que meus eleitores sejam vítimas, como eu, de mais decepções, e que sejam atingidos o meu amado Estado de Minas Gerais e o meu partido, o PSDB.

Assim, comunico a esta Casa do Congresso Nacional e à opinião pública que, neste ano, renuncio ao mandato de deputado federal que me foi conferido por milhares de eleitores mineiros. Deixo o Parlamento para dedicar todos os meus dias à defesa de minha honra e de minha liberdade.

Sem o mandato público, aguardarei o meu julgamento, certo de que, na serenidade que deve presidir os veredictos, fique definitivamente comprovado que não tenho culpa pelas acusações que sofri.

Peço, Senhor Presidente, que esta comunicação seja lida em plenário, inscrita nos Anais desta Câmara e publicado.

Brasília, DF, 19 de fevereiro de 2014.

Eduardo Brandão de Azeredo”


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Comentários

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Ronaldo Braga

A Globo estava desde terça-feira aqui no prédio da reitoria da UFRJ na Ilha do Fundão fazendo gravação de novela.

Hoje, finalmente, os alunos botaram a Globo pra correr.

Gritavam: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.

Melaram a gravação.

Povo 1

Temos que começar a discutir o excessivo gasto de governos com propaganda. Nem precisa fazer. Se faz a obra o povo percebe.

Empresário que use sua propalada criatividade para enriquecer. Sem depender do capitalismo Jeca Tatu. Ou seja, um cara incompetente abre sua agencia ou TV e vai pra cima do governo roubar dinheiro público com a conivência de um agente público mediante propina.

Se essa praga não existisse, nem haveria Valérios e Mentirões.

Povo 1

E pensar que votamos nessas pessoas contra Nilton Cardoso. Nilton Cardoso era o único diabo.

    Povo 1

    Newton Cardoso não era o único diabo….(eu disse)

ricardo silveira

É simples, O STF de Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello e, etc. deram ao Azeredo a opção de buscar a dupla jurisdição e, foi o que ele fez. Qualquer um faria. Mas, não é qualquer STF que faria o que o atual STF desses ministros fizeram. O absurdo maior de tudo é que no mensalão tucano houve, comprovadamente, dinheiro público e, no do PT, está por ser provado. Isso que aconteceu no STF tem qualquer outro nome, menos o de justiça.

Messias Franca de Macedo

[O GOLPE CONTINUA SEGUINDO A GALOPE!]

A desculpa esfarrapada de que “não há risco de prescrição” não cola! ENTENDA MAIS ESTA LAMBANÇA “SUPREMA”!

“Como regra geral, quando a pessoa deixa de ter esse tipo de foro, a competência deixa de ser do STF. Essa é a regra geral. No entanto, há precedentes em que o STF considera que a renúncia se deveu a uma manobra processual e tem deixado de declinar da competência para as instâncias inferiores. Não estou dizendo que esse seja o caso. Vou analisar”

Ministro do STF Luis Roberto Barroso

FONTE: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,regra-geral-e-remeter-o-processo-ir-para-1-instancia-diz-relator,1132049,0.htm

LÁ VEM O MATUTO QUE SENTE CHEIRO DE GOLPE DESDE O DIA EM QUE NASCEU EM PINDORAMA!

A Justiça com ‘J’ maiúsculo italiana vai adorar saber de mais estas estripulias fasci-golpistas!…

QUE VERGONHA! Viva o ‘brazil’!

E ‘o [tíbio] PT da Governança’ continua a acredita no nosso “supremo” republicanismo de MERDA?!… E ‘nois’ – mais uma vez – com cara de tacho! ‘Mas, ‘Nois’ “merece”!…

República de ‘Nois’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Marat

Ele deseja ir à justiça comum porque teria “facilidades”? Mas, será que o pessoal do STF irá perceber a manobra? Por outro lado, se o Azeredo for julgado no STF, eu gostaria muito de apreciar as performances de Gilmar Mendes e do JB.
No fim da história, ele nem será julgado. Certamente haverá muitas e muitas chicanas, e os discípulos de Themis darão um jeitinho de consertar a traquinagem… Uma bronquinha daqui, um jantarzinho de lá, e pronto, outro direitista empedernido poderá continuar consumindo em lojas de luxo e dar suas entrevistas tipo convescote à imprensa 50 tons de marrom!

Messias Franca de Macedo

Quer dizer que se o Dirceu, o Pizzolato e outros tivessem renunciado (a que eu não sei), poderiam ter tido direito ao duplo grau de jurisdição?

Comentário postado por Jorge
19 de fevereiro de 2014 às 20:44
em http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/02/19/a-renuncia-do-azeredo-e-a-farsa-do-mentirao/#comment-1403093

Prezado Jorge,
boa pergunta! “Na mosca”!… Parabéns!

E MAIS:

Renunciar ao cargo para fugir do julgamento pelo STF é violar o princípio do juiz natural (art. 5º, 19.02.2014 às 20:23
Renunciar ao cargo para fugir do julgamento pelo STF é violar o princípio do juiz natural (art. 5º, XXXVII, CF). O ministro Barroso sabe disso e dará uma resposta!

República de ‘Nois’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Messias Franca de Macedo

EM TEMPOS GOLPISTAS: “prepara o lombo”, ministro Luis Roberto Barroso!: os assassinos de reputações a $oldo dos Civitas &$ dos Marinhos estão afiando as unhas sujas – perdão, ato falho -, [unhas] “cheirosas”!…

República de ‘Nois’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Messias Franca de Macedo

01 (UM) minuto:

o destaque do casal ‘-20’ do ‘JN’ [Nacional?!] para o ESCÂNDALO DA RENÚNCIA DO DEMoTUCANO Eduardo AZARedo!…

VERGONHA TELEVISIVA! 01 (UM) minuto: “o destaque” do casal ‘-20’ do ‘JN’ [Nacional?!] para o ESCÂNDALO DA RENÚNCIA DO DEMoTUCANO eduardo AZARedo! ESCULHAMBAÇÃO!

Lei dos Meios já passou da hora!

… O governo petista que continue acreditando no nosso “supremo” republicanismo de MERDA!…

… E a militância só passando RRRAAIIIVVAAA! Comendo poeira, e ouvindo desaforos dos fascistas da DIREITONA!…

República de ‘Nois’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

José X.

Acho que não vai adiantar nada a renúncia do azeredo, ia dar muito na vista se ele caisse fora do foro privilegiado. Mas eu gostaria que ele tivesse sucesso em sua manobra, assim ficaria ainda mais óbvio o julgamento de excessão que foi a AP470.

    Luís Carlos

    Já vi os essa tentativa por aqui? Sim, e deu em mortes. Na Venezuela e em outras partes do mundo também, sempre beneficiando interesses dos EUA.

José BSB

Os tucanos sempre escapam fedendo.

Urbano

O tipo do jogo em que o resultado foi combinado antes… Ou mesmo no intervalo. Afinal, o que se vê por ali é muita esperteza e pouca inteligência. Imagine-se sem a cobertura da desinformação e da injustiça.

Messias Franca de Macedo

A RENUNCIA DE AZEREDO E A RESPONSABILIDADE DO STF

Por jornalista Paulo Moreira Leite

Farsa de que haveria tratamento igual para denúncias iguais contra PT e PSDB durou muito mas parece no fim

(…)
Quem iria chamar tucano de mensaleiro, estimulando atitudes agressivas, de tipo fascista, contra Azeredo?
Nada disso, meus amigos.
A farsa pode estar acabando.
De minha parte, acho até que durou muito.

FONTE:
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/348818_A+RENUNCIA+DE+AZEREDO+E+A+RESPONSABILIDADE+DO+STF

Povo 1

http://www.jornalestação.com.br

traz segundo turno em São Paulo. Grande novidade esquecida por todo o PIG e blogs susjos.

Luís Carlos

Azeredo em fuga, com todo PSDB. Revoada de tucanos fujões. A covardia é de fato degradante.

FrancoAtirador

    FrancoAtirador

    TÍ FALÊI QUÍ A GENTI ÍA SE LIVRÁ, NA BÔA!

    SÓ ÚS ÔTÁRIU ACRITÁRU QUI NÓIS ÍA SE FERRÁ!

Messias Franca de Macedo

… Agora sim: ‘um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil no lugar de sempre: A IMPUNIDADE ESTÚPIDO’!…

República de ‘Nois’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

    Messias Franca de Macedo

    faltou a vírgula da vergonha: A IMPUNIDADE, ESTÚPIDO’!…

    Messias Franca de Macedo

    Os desmembramentos seletivos…
    … E a patifaria anunciada!…
    … TUDO TÃO KAFKIANO: por que Diabos os advogados dos condenados da Ação Penal 470 foram tão lenientes com as chicanas supremas e midiáticas?!…

    Ó, pena que não haverá transmissão ao vivo através da emissora de TV fechada dos Marinhos! Que pena dos ‘assinantes’!…

    Viva o ‘brazil’!

    E ‘nois’ – mais uma vez – com cara de tacho! ‘Mas, ‘Nois’ “merece”!…

    República de ‘Nois’ Bananas
    Bahia, Feira de Santana
    Messias Franca de Macedo

FrancoAtirador

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DONADON TAMBÉM RENUNCIOU AO MANDATO DE DEPUTADO FEDERAL

E MESMO ASSIM FOI JULGADO E CONDENADO PELO STF

“o Tribunal não pode aceitar manipulação de instâncias
para efeito de prescrição”
(Ellen Gracie, ex-ministra do STF, hoje filiada ao PSDB)

“fraude processual inaceitável”
(Ministra Cármen Lúcia, relatora)

“tentativa de frustar a aplicação da lei,
absolutamente caracterizada, no caso.”
(Cezar Peluso, ex-ministro do STF)

(http://migre.me/hXQXG)

STF
AP 396 / RO – RONDÔNIA
AÇÃO PENAL
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Revisor(a): Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 28/10/2010
Órgão Julgador: Tribunal Pleno

AUTOR(A/S)(ES): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA
PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA
REU(É)(S): NATAN DONADON

EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL. RENÚNCIA AO MANDATO. ABUSO DE DIREITO: RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA CONTINUIDADE DO JULGAMENTO DA PRESENTE AÇÃO PENAL…

Notícias STF
Quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Renúncia de deputado na véspera de julgamento
não tira a competência do Supremo para julgá-lo

Por 8 votos a 1, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira (28), que a renúncia do deputado Natan Donadon (PMDB-RO) ao mandato, ocorrida ontem (27), não retira a competência da Suprema Corte para julgar a Ação Penal (AP) 396, em curso contra o ex-parlamentar, sob acusação de formação de quadrilha e peculato.

A decisão foi tomada no julgamento de uma questão de ordem suscitada no processo pelo fato de, na véspera do julgamento do parlamentar, sua defesa haver encaminhado à relatora, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, duas petições (uma às 17h42 e a outra, às 18h19), informando que o deputado acabara de apresentar renúncia formal ao mandato e pleiteando a transferência do processo para a Justiça de primeiro grau.

Nessas petições, a defesa alegou que não seria razoável Donadon ser julgado em instância única (STF), mesmo porque dentro de três meses, de qualquer modo, ele concluiria seu mandato.
Diante disso, veria prejudicado o seu direito de ampla defesa, que ele poderia melhor exercer se o processo fosse transferido para a Justiça de primeiro grau.
Daí porque a defesa pediu que a Corte reconhecesse a perda superveniente de sua competência para continuar julgando a AP.

Prescrição
Ao apresentar a questão de ordem, a ministra Cármen Lúcia disse que se trata de “fraude processual inaceitável”, uma vez que a renúncia teria, em primeiro lugar, o objetivo de fugir à punição pelo crime mais grave de que o ex-parlamentar é acusado (formação de quadrilha – artigo 288 do Código Penal ), que prescreveria em 4 de novembro próximo.

Ademais, contrariando os argumentos da defesa de que Donadon deixaria de exercer mandato parlamentar, o agora ex-deputado concorreu às eleições de outubro passado e obteve votação suficiente para elegê-lo a novo mandato.

Entretanto, seu registro foi negado com base na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2009) e está sub judice (sendo julgado pela Justiça Eleitoral).
Portanto, se vier a obter uma decisão judicial favorável, voltará à Câmara dos Deputados.

Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia citou o ministro Evandro Lins e Silva (aposentado) que, em julgamento semelhante, afirmou que “os crimes não se evaporam com a extinção do mandato”.
Para ela, a renúncia exatamente na véspera do julgamento da ação penal pela Suprema Corte teve claro objetivo de frustrar a atuação jurisdicional do Estado, e foi uma tentativa de tornar o STF refém da opção pessoal do ex-parlamentar.

Ao observar que “os motivos e fins da renúncia dão conta da insubmissão do réu ao julgamento”, a ministra relatora lembrou que o processo contra o deputado tramita há 14 anos (e se encontra no STF desde 2005) e, em nenhum momento antes, o parlamentar manifestou o desejo de ser julgado pela Justiça de primeiro grau.

Portanto, segundo ela, ficou claro que se trata de um “abuso de direito, ao qual não dá guarida o sistema constitucional vigente”.

Ela lembrou que, no seu voto no julgamento da AP 333, em que o réu renunciou cinco dias antes do julgamento de processo contra ele no STF, afirmou que “a Constituição Federal garante imunidade, mas não impunidade” aos detentores de mandato eletivo.

Naquele processo, a Suprema Corte encaminhou ao Juízo Criminal da Comarca de João Pessoa (PB) o julgamento do então deputado Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), acusado de homicídio qualificado, na modalidade tentada, contra o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity (PMDB).

Propostas
Ao acompanhar o voto da relatora pela continuidade do julgamento de Donadon no STF, o ministro José Antonio Dias Toffoli propôs que se adotasse como parâmetro para impossibilitar a transferência de julgamentos semelhantes para instância inferior a data em que o processo for colocado em pauta.

Já o ministro Joaquim Barbosa, que também acompanhou o voto da relatora, propôs, como limite, a data em que os autos forem encaminhados conclusos ao relator (isto é, por ocasião do fim da instrução do processo, quando ele estiver em mãos do relator para elaboração de relatório e voto).

O ministro Gilmar Mendes lembrou que, após a edição da Emenda Constitucional nº 35/2001, que atribuiu ao STF poderes para processar parlamentares sem prévio consentimento da Câmara e do Senado, os processos contra parlamentares não ficam mais parados na Suprema Corte, o que tem aumentado as condenações e, como consequência, o “temor” de serem julgados pelo STF.

Também o ministro Ricardo Lewandowski viu na renúncia do deputado Natan Donadon uma clara tentativa de fraude à lei. Por isso, ele acompanhou o voto da relatora, ao contrário de seu voto na AP 333, quando ele concluiu que o ex-deputado Ronaldo Cunha Lima deveria ser julgado por um Tribunal do Júri da Paraíba.

Ao também acompanhar o voto do relator, lembrando que há previsão constitucional para casos como a AP 396, o ministro Carlos Ayres Britto citou afirmação do jurista romano Ulpiano (Eneo Domitius Ulpianus, que viveu de 150 a 228 d.C.), segundo o qual “não se pode tirar proveito da própria torpeza”.

Ao votar com a relatora, a ministra Ellen Gracie afirmou que “o Tribunal não pode aceitar manipulação de instâncias para efeito de prescrição”.
No mesmo sentido se pronunciou o presidente da Corte, ministro Cezar Peluso. Segundo ele, aceitar a manobra do ex-parlamentar transformaria o STF em categoria de juízes preparadores de primeiro grau.
Isso porque a Corte faria o trabalho mais demorado, que é a instrução, para os juízes de primeiro grau julgarem.
Ao concordar que o estratagema da defesa constituiu um “abuso”, o ministro disse que “não há direito subjetivo nenhum, quando o ato é eticamente pouco sustentável”.
Segundo ele, trata-se de uma clara fraude à lei, isto é, uma tentativa de frustar a aplicação da lei, “absolutamente caracterizada, no caso”.

Único voto discordante, o ministro Marco Aurélio defendeu a transferência do processo para a Justiça de primeiro grau em Rondônia.
“Por sermos guardiões maiores da Constituição Federal, não podemos aditá-la”, sustentou.
Segundo ele, “cumpre constatar o fato: não ser mais o réu membro do Congresso Nacional”.

(http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=164934)

Processo Nº AP 396

(http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=396&classe=AP&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M)
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João Vargas

Enquanto não acabar este tal de foro privilegiado esta palhaçada vai continuar. Já vi deputado renunciar um dia antes do julgamento no STF. Temos que mobilizar a sociedade para acabar com esta anomalia.

    FrancoAtirador

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    Foro Privilegiado no STF

    Privilegiado apenas para alguns…
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jose carlos lima

A Geisa, a mequetrefe que nunca foi eleita nem prá sindica, foi julgada pelo STF pq o Barbosa tinha que ser alçado ao mundo da política e, por sua vez, a Globo tinha que se vingar da senzala petista a qualquer custo. Muito diferente disso, o Azeredo era governador quando cometeu os crimes pelos quais ele é acusado com um caminhão de provas, o que lhe obriga a ser julgado pelo STF. Pior que isso, Azeredo até momentos atrás, quando o processo está prestes a entrar na pauta, era deputado federal, o que lhe obriga a ser julgado pelo STF. Mas ai a surpresa: Azeredo renuncia e tudo acaba em pizza e as ruas não reclamam pq ele(Azeredo) é da turma do senhorio. Ferro mesmo só na negraiada da senzala, que beleza Sr. Barbosa

Lopes

Como acreditar numa justiça dessas?

Evandro de Manaus-AM

Gozado, tucanos e democratas passaram esse tempo todo elogiando a postura do STF em relação ao processo contra os petistas. Ora, se o STF tem tanta credibilidade, isenção, por que não se submeter ao seu julgamento? Afinal, têm medo de quê?…

manoel

As declarações do Aécio e do FHC nos ultimos dias, mostravam que esta estratégia já estava em discussão e a pressão sobre o azeredo deve ter sido enorme. É a tentativa de jogar o julgamento para instancias inferiores, tirar o assunto do STF em ano eleitoral e abafar o caso. Advinhe se a velha midia não vai comprar esta idéia.

Romanelli

então, perdendo o foro privilegiado penso que seu processo pode ter um andamento mais retardado. voltando a estaca zero ..por enquanto fico nisso, acho que é tática da defesa pra ver se se livra da pena

wendel

Quem é este senhor para falar- “… e que sejam atingidos o meu amado Estado de Minas Gerais… ” – quando em campanha para governador daquele estado, praticou sim, segundo o PGR, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, peculato e todos os crimes que agora veem à tona!!!
Porque não pensou nisto antes de se envolver nestas falcatruas, e teria impedido, aí sim, de sujar o nome de nosso, como diz – “amado estado de Minas Gerais”!!!!!!
Outra vergonha, é ser como diz o título do artigo – “boi de piranha”, e renunciar para não ser exposto a “sanha desta casa”, quando na verdade, deveria ter pensado nisto antes, não agora!!!
Ás vésperas do julgamento do Mensalão Tucano, que a mídia, vergonhosamente tenta esconder, vem com esta desculpa esfarrapada, achando que irá se safar!!!
Que a mídia, e os membros do STF,tenham também vergonha na cara e não legislem sobre dois pesos e duas medidas, pois já mancharam em demasia nossa história jurídica!!!!
Ao povo do grande Estado de Minas Gerais, minhas sinceras e verdadeira
amizade e solidariedade, pois este estado, merecia melhor sorte ao ser governado. O controle da imprensa ora feito, bem como nos governos anteriores, os impediram de ver quem na realidade, foram estes indivíduos que o PGR ora denuncia!
A verdade tarda mas não falta, apesar deles……..

Pedro Luiz Moreira Lima

caro Azenha
Peço a divulgação da carta aberta ao Ministro Celso Amorim – assunto novas perseguições ao maj brig Rui Moreira Lima
Obrigado
Pedro Luiz Moreira Lima

Carta entregue ao Ministro da Defesa, Embaixador Celso Amorim, em mãos, com vídeos e documentos, no aniversário dos 70 anos do Primeiro Grupo de Caça na Base Aérea de Santa Cruz, Rio de Janeiro em 20 de dezembro de 2013.
Estimulado num depoimento publico na mesma Base Aérea dado pelo Ministro Celso Amorim – “Lamento não estar aqui presente, por motivo de falecimento, o MAJOR BRIGADEIRO RUI MOREIRA LIMA, onde aqui na mesma solenidade, o conheci e aprendi lições de heroísmo, defesa da SOBERANIA NACIONAL e finalmente na DEFESA DA LEGALIDADE E DEMOCRACIA…”
Hoje dia 18 de fevereiro de 2014 sem receber qualquer resposta e ainda os Direitos Constitucionais de minha família NEGADOS, publico uma carta aberta dirigida a todos que lutam por um PAÍS DECENTE, JUSTO e HUMANO.
Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2014.
Pedro Luiz Moreira Lima
EMBAIXADOR CELSO AMORIM.
Meu nome é Pedro Luiz Moreira Lima, filho do MAJOR BRIGADEIRO RUI MOREIRA LIMA, veterano da Segunda Guerra Mundial,combatente do Primeiro Grupo de Caça,piloto combatente com 94 missões de guerra nos céus da Itália contra um Inimigo Externo, o Nazifascismo.
Entrego-lhe o livro Senta a Pua! , já na terceira edição, que conta a história do Primeiro Grupo de Caça, hoje livro referência da História Militar da Aeronáutica na Segunda Guerra Mundial. Entrego no mesmo envelope, trechos de vídeos, de depoimentos dados a Imprensa, à Comissão da Verdade, depoimento do meu pai no Palácio do Itamaraty, em solenidade de lembrança do terrível Holocausto aos Judeus e outras minoria, finalmente artigos diversos que o ajudarão a conhecer um pouco da vida do pai e de seus familiares na luta constante pela redemocratização , defesa do Direitos Humanos, da Soberania Nacional, tão violentamente atacados e destruídos pelo famigerado Golpe Civil Militar de 1964, durante 21/22 ou mesmo 25 anos.
Ainda hoje, Senhor Ministro, os Militares Cassados pelos Atos Institucionais, que foram retirados de suas carreiras, impedidos de exercerem suas profissões e outras profissões na vida civil, todos presos, e de uma forma ou de outra torturados, alguns assassinado e desaparecido, pessoalmente ou por suas famílias continuam lutando por seus Direitos Constitucionais reiteradamente NEGADOS pela Administração Militar, e com apoio da AGU.
Esse procedimento, inquestionavelmente, viola Preceitos Constitucionais artigo OITAVO do ADCT, que estranhamente têm sido NEGADOS em pleno governos da Nova Republica e de Dirigentes também Cassados e Perseguidos pela Ditadura de 1964.
Que crimes cometeram? o de colocar-se ao lado de Governante, legitimamente eleito pelo Povo Brasileiro? Negar-se a rasgar a Constituição para cumprir ordens de Militares Golpistas? Não usar da Força contra o Povo Brasileiro?
Senhor Ministro – do funcionalismo publico brasileiro, os Servidores Militares foram os mais os mais atingidos, em maior número, cerca de 8.400, e que ainda estão a lutar, não pela ANISTIA, já que crimes não cometeram, mas sim , por seus Direitos garantidos pela Constituição ARTIGO OITAVO do ADCT, regulamentado pela Lei número 10.559/2002.
Não sou advogado , nem jurista e incapaz de escrever arrazoados jurídicos, escrevo hoje como filho e o faço em defesa dos DIREITOS DO MEU PAI E DE MINHA FAMÍLIA. Esperaram sua morte , ocorrida no dia 13 de agosto de 2013, dando-lhe por Direito e Justiça , as HONRAS MILITARES.
Sem ser comunicado em vida e pior sendo garantido que os direitos de sua mulher e filhas estavam por Lei e Direito Concedidas e no entanto foi novamente CASSADO e com NOVAS PERSEGUIÇÕES.
Cassaram do meu pai a Condição de MILITAR, amparado por seu ESTATUTO, para transformá-lo num ANISTIADO POLÍTICO MILITAR, com Direitos Expressos por uma lei regulamento.
Meu pai morreu com a certeza absoluta dos Direitos de Pensão de suas filhas, Sonia Moreira Lima e Claudia Moreira Lima, pois, por mais de QUARENTA ANOS , contribuiu para a Pensão Militar, nos termos da Lei número 3.765, só deixando de contribuir a partir de 2008, porquanto a Lei de número 10.559/2002 Assegura aos Cassados ISENÇÃO de IMPOSTO DE RENDA e de CONTRIBUIÇÃO para a PENSÃO MILITAR, sem que perdessem as mulheres e filhas o direito a Percepção da Pensão.
Em 2008, de maneira UNILATERAL e sem avisos, seja da FAB ou MINISTÉRIO DA DEFESA, passaram a alegar que os MILITARES ANISTIADOS, não mais teriam os seus Direitos Regulados pelo ESTATUTO MILITAR, minhas irmãs, até então, desfrutavam por DIREITO, agora negados por se tratar de um ANISTIADO POLÍTICO!!! o que vem sendo atingidos os demais militares punidos pelos Regimes Ditatoriais.
O Posto de MAJOR BRIGADEIRO do meu pai foi conseguida pela Justiça Comum, após a promulgação da Constituição de 1988. Entrou na justiça no mesmo ano e, somente em 1992, obteve sua promoção deferida por decisão unânime no STJ.
Em 1999, mais uma vez , através da Justiça Comum obteve seu POSTO DE TENENTE BRIGADEIRO, cuja decisão foi confirmada pelo STJ. Todavia o processo encontra-se parado no STF por conta de medidas protelatórias vida da PGR, a pedido do MINISTÉRIO DA DEFESA do qual o senhor é MINISTRO.
Essa carta, Ministro Celso Amorim, não é um pedido e tem por objetivo de denunciar ao senhor a violência que vem sendo novamente cometida contra meu pai, sua família e contra TODOS MILITARES que se recusaram a praticar GOLPES E ATENTADOS CONTRA OS DIREITOS HUMANOS.
Com respeito e admiração de sua luta pela redemocratização do Brasil.
ADELPHI!
SENTA A PUA,BRASIL!
Pedro Luiz Moreira Lima
20 de dezembro de 2013.

    Conceição Lemes

    Pedro, o Urariano Mota, do Recife, acabou de mandar. Vamos postar. Vc poderia me arrumar duas fotos do seu pai: uma lá atrás, na ativa, e outra, mais recente? Por favor, mande para [email protected]
    abs

Andre

Enquanto o Eduardo Azeredo renuncia o mandato antes mesmo de iniciado o julgamento, os petistas, JÁ CONDENADOS POR CORRUPÇÃO, PECULATO etc, ocupavam a CCJ da Câmara e tentaram todas as manobras para não deixarem o cargo.

Vamos ver se no caso do Eduardo Azeredo haverá a mobilização descomunal para livrar a cara dele como aconteceu em relação aos mensaleiros petistas, dentro do partido, dos militantes e até na imprensa.

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