Confirmada mais uma denúncia contra mentor do golpe de 2016 e a irmã Andrea: acesso a informações sigilosas da Polícia Federal

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

Ninguém formalizou mais denúncias contra o ex-presidente do PSDB, ex-governador de Minas Gerais e hoje deputado federal Aécio Neves do que Rogério Correia, desde os tempos de deputado estadual.

Por causa delas, em 2011, numa operação casada entre Aécio e a irmã Andrea, a quem o deputado chama de a Goebbels das Alterosas, Rogério Correia quase foi cassado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

A tentativa, de acordo com Rogério, foi sórdida: envolveu uma capa da revista Veja — que para efeito de escândalo trazia uma foto de José Dirceu, sem qualquer relação com a denúncia — prontamente repercutida pelo blogueiro Reinaldo Azevedo e, no dia seguinte, por um editorial de O Estado de Minas.

Rogério passou cinco anos sob investigação. Ficou comprovado que a Lista de Furnas, que ele havia encaminhado a autoridades para investigação, não era resultado de falsificação.

Dois dos citados na lista, que mencionava valores de caixa dois oriundos da estatal Furnas, confirmaram que receberam os valores atribuídos a eles no documento, inclusive o hoje presidente do PTB, Roberto Jefferson.

Em 2014, quando Aécio disputou o Planalto contra Dilma Rousseff, ele voltou a enfeitar a capa da Veja como o campeão do combate à corrupção, graças ao fato de a mídia corporativa não investigar nem noticiar os malfeitos do clã Neves em Minas Gerais.

Depois da derrota, Aécio se tornou um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff assim que reassumiu o cargo que então ocupava no Senado.

Aécio Neves só se tornou um pária depois do escândalo que o envolveu com Joesley Batista.

Hoje, segundo Rogério Correia, ele é um “fantasma” nos corredores do Congresso, onde é deputado federal.

Mas seu poder junto à mídia não morreu.

Denunciado recentemente por corrupção na construção da Cidade Administrativa, onde é suspeito de ter cobrado 3% das três empreiteiras envolvidas na obra, “mereceu” apenas uma nota pelada, ou seja, sem repórter, no Jornal Nacional.

Alguns segundos, quando o JN torrou horas com denúncias de corrupção contra investigados de outros partidos, notadamente do PT.

Hoje, a irmã de Aécio, Andrea, foi denunciada por um esquema que Rogério Correia já havia mencionado na entrevista que concedeu ao Viomundo há alguns dias: obter informações sigilosas dentro da Polícia Federal de Minas Gerais graças a dois escrivães, que também foram denunciados.

Ela está sujeita a uma pena de até dez anos de prisão, se a acusação for aceita pela Justiça.

Isso só confirma o que o Viomundo denuncia desde antes de 2010: o fortíssimo esquema de proteção a Aécio Neves em Minas Gerais permitiu a ele mandar prender o jornalista Marco Aurélio Carone, fazer busca e apreensão na casa do jornalista Geraldo Elísio e do advogado Dino Miraglia e prender o lobista Nilton Monteiro, que conhecia intimamente os esquemas dos tucanos mineiros.

Tudo isso, com o objetivo de se livrar de denúncias ao longo da campanha de 2014.

Carone, aliás, foi vítima de uma verdadeira organização criminosa, segundo o falecido delegado da Polícia Civil Rodrigo Bossi de Pinho.

Vale a pena ver a terceira e última parte da entrevista do deputado Rogério Correia especificamente sobre Aécio Neves (vídeo no topo).

PF indicia Andrea Neves por obstrução da Justiça após recebimento de informações sigilosas

Segundo as investigações, irmã de Aécio Neves se aproveitava de informações para impedir ou embaraçar investigações de organizações criminosas; defesa dela disse que vê indiciamento com “perplexidade”. Outras 5 pessoas também foram indiciadas.

Por Fernando Zuba, TV Globo — Reprodução parcial

A Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação Escobar nesta quarta-feira (10) e indiciou a irmã do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves, dois escrivães da corporação, dois advogados e um empresário por crimes como corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça.

Ainda caberá ao Ministério Público definir se abre ou não denúncia contra os indiciados.

Caso eles sejam denunciados, a Justiça deverá decidir se aceita ou não a denúncia e os torna réus.

Só depois disso que eles poderão ser julgados. As provas contra os servidores da PF foram encaminhadas à Corregedoria Regional da corporação em Minas.

Segundo o inquérito da PF, relatado pelo delegado Rodrigo Morais Fernandes, o empresário Pedro Lourenço recebia informações sigilosas de investigações da corporação a partir de conversas com o advogado Ildeu da Cunha Pereira, que morreu em fevereiro deste ano.

Andrea recebia documentos da corporação obtidos pelo advogado Carlos Alberto Arges, também segundo a investigação.

Os vazamentos ocorriam através dos escrivães Márcio Antônio Marra e Paulo Bessa.

De posse dessas informações sigilosas, Andrea e Lourenço se beneficiavam, impedindo ou embaraçando investigações relacionadas a organizações criminosas em que estavam envolvidos ou nas quais tinham interesse direto, segundo o inquérito da PF.

O G1 entrou em contato com Andrea Neves e, por meio de seu advogado, ela disse que “manifesta a sua perplexidade com a finalização precipitada da investigação feita pela autoridade policial que contraria, inclusive, as provas obtidas no próprio inquérito”.

Pedro Lourenço disse que não foi comunicado oficialmente sobre o indiciamento.

Carlos Alberto Arges disse que não há provas “para o injusto e infundado indiciamento”.

O G1 não conseguiu o contato com os escrivães Márcio Antônio Marra e Paulo Bessa.


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Comentários

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Antenor

Soube pelo DCM que o novo ministro do recém criado Ministério das Comunicações já foi entusiasta da presidenta Dilma Rousseff e agora apagou seus elogios.
Vem cá… Então o mito precisou nomear um ex-esquerdista petista de carteirinha para ajudar a salvar seu mandato né.
Humm… Quem diria… Quanta humilhação. Desse homem nós podemos esperar tudo. Tudo mesmo!

    Paulo Figueira

    Ele não tem nada de esquerdista ou petista, é apenas mais um deputado do centrão que está sempre pronto a assumir cargos em qualquer governo.

Mancini

A PF sempre foi independente. E foi do Aécio também! https://refazenda2010.blogspot.com/

Solange

Observei que o mito está com os olhos vidrados.
Deve estar tomando umas ‘bolinhas’ pesadas para conter a loucura dele.

Álvaro

Sobre a MP ditatorial que intervém nas universidades, no mínimo, o pessoal da educação e os estudantes precisam engrossar os movimentos pró-democracia né.
Cadê o pessoal da UNE que ainda não deu as caras?

Dias

Hoje tivemos dois ‘pagoes’:

Andréa Neves e Witzel.
A hora do mito e sua família também vai chegar. O mito não vai apenas perder o mandato. Vai ser julgado e condenado como genocida. Desonra prá ele é pouco.

    a.ali

    gostaria de ser, assim, tão otimista…

Omar Batista dos Santos

Acompanhei o martírio que impuseram ao RC, até droga foi colocada em seu gabinete na ALMG, incrível a máquina criminosa criada pelo Sr. AN em Minas, incluindo aí as polícias e a imprensa. Abraços

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