Antonio de Azevedo: Gás do Povo, quando a chama da dignidade ilumina a casa dos mais pobres
Tempo de leitura: 2 min
Gás do Povo: quando a chama da dignidade ilumina os ODS
Por Antonio Sérgio Neves de Azevedo*
No Brasil, acender o fogão ainda é um privilégio para muitos. Enquanto parte da população gira a válvula e inicia o preparo da refeição com segurança, milhões enfrentam a fumaça da lenha, olhos ardendo e pulmões castigados.
Essa é a face invisível da pobreza energética, uma desigualdade que não aparece nos gráficos, mas sufoca diariamente famílias em situação de vulnerabilidade.
É nesse cenário que o programa Gás do Povo, do governo do presidente Lula, surge como uma política pública de potencial transformador.
Ao substituir o antigo Auxílio Gás, ele muda a lógica da assistência: em vez de dinheiro, entrega-se diretamente o botijão às famílias. Parece simples, mas é revolucionário. Garante o uso correto do benefício, reduz desvios e reposiciona o gás de cozinha como um direito básico, não um luxo.
Mais do que uma medida emergencial, o Gás do Povo é uma política diretamente alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Seu impacto se desdobra em diversos objetivos:
ODS 1 (Erradicação da pobreza) reduz gastos essenciais das famílias, liberando recursos antes destinados à compra de lenha ou carvão.
ODS 3 (Saúde e bem-estar) diminui a exposição à fumaça doméstica, prevenindo doenças respiratórias e problemas de saúde infantil.
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ODS 5 (Igualdade de gênero) beneficia principalmente mulheres, tradicionalmente responsáveis pelo preparo das refeições, reduzindo sobrecarga do trabalho doméstico e melhorando segurança e bem-estar.
ODS 7 (Energia acessível e limpa) democratiza o acesso ao gás de cozinha como estratégia de inclusão energética.
ODS 10 (Redução das desigualdades) alcança comunidades periféricas, ribeirinhas e quilombolas, promovendo justiça social e inclusão territorial.
ODS 17 (Parcerias e meios de implementação) exige cooperação entre governo, empresas e sociedade civil para garantir logística eficiente, monitoramento transparente e impacto duradouro.
Nesse contexto, mais do que uma fonte de energia, o gás de cozinha é uma ferramenta de emancipação.
Permite refeições mais seguras, nutritivas e rápidas, reduz gastos com saúde, diminui o tempo perdido coletando lenha e abre espaço para investimentos em educação e trabalho.
O efeito multiplicador do programa, desde a melhoria da nutrição infantil até o aumento da produtividade escolar, mostra que políticas públicas bem desenhadas podem gerar ondas de desenvolvimento sustentável.
A implementação enfrenta desafios significativos: garantir acesso a comunidades ribeirinhas, quilombolas e povos originários exige logística eficiente, respeito cultural e compromisso político contínuo.
Sem marcos legais claros e indicadores mensuráveis, como redução de doenças respiratórias, melhora nutricional e diminuição do desmatamento, o impacto real pode ser comprometido.
Dito isso, o sucesso do Gás do Povo não será medido apenas pelo número de botijões distribuídos, mas por vidas transformadas, redução de internações, melhoria da nutrição, aumento do tempo para estudo e trabalho e diminuição do desmatamento. Cada chama acesa simboliza um avanço concreto rumo aos ODS, reforçando que dignidade não é luxo, é direito.
Destarte, ao iluminar cozinhas antes envoltas em fumaça, o programa acende também uma chama simbólica para o Brasil: a de um futuro em que desenvolvimento sustentável e justiça social caminham lado a lado, mostrando que políticas energéticas podem ser instrumentos poderosos de transformação humana e territorial.
*Antonio Sérgio Neves de Azevedo é engenheiro e doutorando em Direito, em Curitiba, no Paraná.
Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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Comentários
Zé Maria
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-09/saiba-como-sera-retirada-de-botijoes-pelo-programa-gas-do-povo
https://assistencialismonoticias.com.br/2024/03/21/quem-mora-sozinho-tem-direito-ao-auxilio-gas-descubra-aqui/
Fauzi Achoa
É medida que demonstra que esse governo enxerga, tem compaixão e assiste a pobreza.
Mas não vejo que o recebimento de um botijão de gás dignifique alguém.
Essas pessoas precisam receber migalhas porque são despojadas e roubadas pelo capital.
O Estado cria a pobreza e no atacado tenta mitigá-la no varejo.
Isto não é revolução. Mas que assim seja até que o povo tenha o governo que e faça a revolução agraria, tributária, habitacional..