Foto Lula Marques, Fotos Públicas
Da Redação
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) estava exultante: “Eu vejo que nasce um novo tempo nas relações internas do Congresso nacional com a eleição do deputado Rodrigo Maia”. “Eu vejo momento de pacificação e é tudo o que o Brasil mais precisa hoje”.
Só perdia em felicidade para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL): “A vitória do Rodrigo Maia é uma demonstração sobeja de que a boa política não morreu. Ela está vivíssima e competitiva. Estou muito satisfeito com a vitória de Rodrigo Maia”.
Tanto Renan quanto Aécio são investigados na Operação Lava Jato.
Rodrigo Maia, sobre os votos que recebeu do PT, do PDT e do PCdoB: “Sem a esquerda, eu não venceria essa eleição e, por isso, batiam tanto nos votos que a esquerda ia me dar. Todos nós juntos temos condições de construir uma agenda de consenso, onde o diálogo possa prevalecer, aprovando em conjunto medidas para o Brasil”.
Maia já disse que não vai colocar em votação agora projetos que não tenham apoio consensual.
Aliados do deputado do DEM dizem que se esperava uma vantagem de 50 votos, mas Maia obteve 115 a mais que seu adversário, Rogério Rosso.
Os 285 votos permitem ao novo presidente da Câmara uma grande margem de manobra (o candidato de Eduardo Cunha obteve 170).
É esperar para ver se a “pacificação” mencionada por Aécio implica em enterrar a Operação Lava Jato, da mesma forma que anteriormente morreram a Castelo de Areia e a Satiagraha — com alguma decisão na Justiça.
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Rodrigo Maia já enterrou a CPI do Carf, que tirava o sono de grandes empresários. Notem que, até hoje, o inquérito da Operação Zelotes que apura o pagamento de propinas não incomodou — ao menos publicamente — a RBS, parceira da Globo no Sul do país.
Já a Operação Caça Fantasmas, derivada da Lava Jato, mencionou 44 empresas offshore criadas provavelmente com o intuito de sonegar impostos — mas deixou de fora a Vaincre LLC, a Juste e a A Plus Holdings, ligadas ao genro de João Roberto Marinho e cujas taxas de manutenção foram pagas, segundo indícios, por Paula Marinho, a neta de Roberto Marinho.
As três empresas foram criadas pela Mossack & Fonseca, a grande lavanderia de dinheiro internacional.
Sergio Moro sabe que sua permanência nos holofotes globais depende de uma relação amistosa com a família mais rica do Brasil. Terá recebido a mensagem de que vivemos tempos de “pacificação”? E o PT, terá jogado Dilma Rousseff antecipadamente ao mar para retomar seu papel no consenso histórico da modernização conservadora?
O partido nega veementemente. Diz nos bastidores que a escolha de Maia teve o objetivo de enfraquecer Eduardo Cunha, o que pode levá-lo à cassação e delação. Será? Só o tempo responderá a estas perguntas intrigantes.
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