Mark Weisbrot: Brasil, uma grande e gorda República das Bananas

Tempo de leitura: 3 min

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Confiança e degradação do Brasil

Mark Weisbrot
, na Folha de São Paulo, 15.07.2016

Pela primeira vez em mais de três décadas, desde o fim da ditadura, o Brasil tem um governo que é amplamente visto como ilegítimo, não apenas por muitos de seus cidadãos, mas em boa parte do mundo.

A imagem do governo está maculada e se degrada mais a cada semana que passa, com escândalos crescentes tomando conta dos mais altos escalões do Executivo.

Em junho, o terceiro ministro do governo interino renunciou sob acusações de corrupção.  Inconvenientemente, ele era o ministro interino do Turismo, quando o país enfrentava pedidos de especialistas internacionais em saúde pública para adiar as Olimpíadas por causa do vírus Zika.

O presidente interino, Michel Temer, teve o tino político “unificador” de nomear um gabinete composto inteiramente por homens brancos e ricos — em um país no qual metade da população se identifica como afro-brasileira ou mestiça.

Muitos dos ministros empossados são investigados por suspeita de corrupção. O próprio Temer foi condenado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo por doações de campanha acima do limite legal.

São essas as pessoas que tentam depor Dilma Rousseff, presidente afastada não por corrupção, mas por utilizar um mecanismo contábil, conhecido como pedalada fiscal, que governos anteriores também haviam usado.

É verdade que todos os principais partidos políticos foram implicados na corrupção. Mas, pela primeira vez na história do Brasil, a presidente Dilma autorizou promotores a investigar autoridades corruptas, independentemente de quem fosse atingido. Já ficou claro que o objetivo principal de seus opositores é impedir a continuidade das investigações e dos julgamentos.

Atualmente o Brasil também se destaca negativamente por ser o país com maior número de assassinatos de ativistas ambientais. Não parece provável que o novo ministério de direita, estreitamente ligado aos interesses do agronegócio, fará algo para prevenir esses assassinatos.

Ironicamente, o objetivo declarado do governo interino foi restaurar a “confiança”, principalmente dos investidores internacionais. Mas o oposto aconteceu: o governo está muito mais mergulhado em escândalos e sua reputação internacional está caindo no abismo.

O conselho editorial do jornal “The New York Times”, que está longe de ser fã de qualquer governo latino-americano de esquerda, escreveu dois textos nas últimas semanas sobre a política brasileira, com os títulos “A medalha de ouro em corrupção do Brasil” e “Agravando a crise política do Brasil”.

O Brasil foi uma estrela em ascensão internacional durante a maior parte do governo do PT, inclusive por suas conquistas domésticas, tendo reduzido a pobreza em mais da metade e triplicado o crescimento do PIB per capita nacional ao longo de uma década, até entrar em recessão em 2014.

É verdade que Dilma cometeu um erro ao aceitar o dogma desgastado, ainda muito popular nos textos escritos hoje sobre o Brasil, de que austeridade fiscal, cortes nos investimentos públicos e elevação das taxas de juros poderiam de alguma maneira conquistar a confiança dos investidores e compensar o impacto econômico negativo.

Todavia, o governo interino está redobrando a austeridade e gerou entre os investidores toda a confiança que seria suscitada por uma grande e gorda República das Bananas. Se o Senado votar pela deposição da presidente eleita, pode inaugurar um longo período de declínio econômico, comparável à década perdida de 1980.

Mark Weisbrot é codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington, e presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa.
Tradução de Clara Allain.

Leia também:

Serrano: Decisão do MPF encerra a questão das pedaladas


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Dolores

Se a moda pega no Brasil, haja cadeia para tantos bandidos de toga

Governo turco ordena prisão de 2 745 juízes e promotores após golpe

Postado em 16 de julho de 2016 às 7:32 pm no Diário do Centro do Mundo

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/governo-turco-ordena-prisao-de-2-745-juizes-e-promotores-apos-golpe/

Da Reuters:

As autoridades da Turquia ordenaram neste sábado a prisão de 2.745 juízes e promotores, após a tentativa de golpe militar, disse a emissora NTV, à medida em que o governo segue com punições a suspeitos de seguirem o clérigo Fethullah Gulen, que mora nos Estados Unidos.

O presidente Tayyip Erdogan afirmou que os seguidores de Gulen estão por trás do golpe da sexta-feira à noite que tentou tirá-lo do poder.

Erdogan disse que o clérigo, que vive em um exílio auto-imposto nos EUA, está tentando criar uma “estrutura paralela” no judiciário e no exército para tentar derrubar o Estado, o que Gulen nega.

Sairé

Devaneio

Depois da tentativa de golpe na Turquia, quando diversos golpistas foram mortos, eu fiquei pensando no que teria acontecido com um ministro da suprema corte turca que tivesse um comportamento semelhante ao do nosso “querido” Gilmar Mendes.

Em meu devaneio eu descartei a possibilidade de punição por decapitação (guilhotina) e fugi da ideia de enforcamento. Afinal, não é uma nova Revolução Francesa o que está acontecendo na Turquia e nem aqui no Brasil, e Gilmar carece de pescoço para ser guilhotinado ou enforcado.

Descartei também a possibilidade de fuzilamento, porque essa palavra me faz lembrar uma outra nada civilizada: paredón.

Por penúltimo, me ocorreu a ideia de colocá-lo num balde de óleo ou azeite quente de maneira alternada: “baixa a corda, levanta a corda”, foi o refrão que me veio a mente. Alguns cortesãos morreram dessa maneira na Torre de Londres por ordem do rei Henrique VIII. Mas conclui que a minha índole cristã jamais me permitiria apoiar este tipo de execução.

E eis que de repente e das profundezas do meu inconsciente surgiu uma maneira absolutamente nova para se punir um herege, muito mais suave do que aquelas colocadas em prática pelos monarcas do século XVI: a de colocar o culpado numa jaula em um jardim zoológico qualquer, e deixar que o mesmo seja alimentado com amendoim e restos de pão dormido fornecidos pelas crianças visitantes. Mas na jaula estaria exposta uma plaqueta com os seguintes dizeres: aqui você encontrará um juiz da suprema corte que liderou um movimento golpista que tentou levar o Brasil a duzentos anos de escuridão e atraso, golpe que contou com o apoio de todos os ladrões de quatro costados existentes no país, uma quadrilha de mais de 40 mil assaltantes. Um espanto!

Serjão

Mirem-se no exemplo do povo turco. Dia 31 está chegando.

Lenita

#ForaTemer !!!! Ninguém aguenta mais esse vampiro pastelão palhaço e indecente ! #VoltaQuerida !!!

roberto

O país que um dia nós conhecemos com o nome de Brasil, hoje mudou para algo mais moderno,afim com o que ocorre na sua conjuntura atual , e como a Birmânia que passou a chamar-se nos dias atuais de Mianmar, nós passamos ser a MARACANGALHA TROPICAL, governada por ladrões,corruptos,vigaristas,trambiqueiros,pastores e outros degenerados.

FrancoAtirador

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http://www.trendly.buzz/twitter/trends/Na%20Turquia
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FrancoAtirador

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Século Perdido
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