Quatro dos nove inquéritos contra Aécio no STF já estão nas mãos de Gilmar Mendes; reveja o discurso em que ele convocou o golpe contra Dilma

Tempo de leitura: 3 min

Assistam ao resumo de três minutos do discurso feito logo depois da derrota para Dilma, em 2014

Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho afirmando ao longo das últimas longas semanas. Não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse e tampouco atuei para obstruir a ação da justiça. Fui vítima de uma armadilha engendrada por criminoso confesso, cujas penas ultrapassariam mais de 2 mil anos de prisão. Aécio Neves, senador do PSDB, ao retomar o mandato em 04/07/2017

Da Redação

Aécio Neves está de volta ao Senado. No primeiro discurso, se fez de vítima. Teve o privilégio de ter Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) dirigindo a sessão e fechou com ele acordo antecipado para que não fossem concedidos apartes.

A oposição não vaiou, não mostrou cartazes, não tentou interrompê-lo.

Os senadores do PT deixaram o plenário e retornaram depois da fala de 21 minutos, desperdiçando uma oportunidade de protestar contra o principal responsável pelo golpe que acabou de afundar o Brasil.

Um golpe contra uma presidente legitimamente eleita!

O senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado, gravou uma fala em seu gabinete. Explicou que os petistas se retiraram diante da informação de que não seriam concedidos apartes.

A postura do senador tucano foi bem diferente de quando o colega Delcídio do Amaral, líder do governo Dilma, foi preso acusado de obstruir a Justiça.

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Naquela ocasião, Aécio não defendeu a presunção de inocência de Delcídio, nem os 820 mil votos que levaram o colega de Mato Grosso do Sul ao Senado.

Pelo contrário: Aécio afirmou que Delcídio só poderia ter agido como agiu com a anuência de Dilma Rousseff. Ou seja, explorou o episódio para fazer avançar o golpe.

O discurso de hoje foi também um dramático contraste com o de 5 de novembro de 2014. Naquela data, Aécio fez uma volta “triunfal” ao Congresso depois da derrota para Dilma Rousseff. Teve até Hino Nacional na chegada.

Aécio perdeu a eleição. Foram 54,4 milhões de votos contra 51 milhões em 26.10.2014.

Pouco mais de um mês depois, ele se comportou como se fosse o verdadeiro vencedor.

Revendo hoje a íntegra do discurso é possível encontrar o embrião do golpe que seria aplicado em Dilma mais tarde — com o impeachment baseado nas pedaladas fiscais, em 31.08.2016, uma ação claramente planejada por Michel Temer e Eduardo Cunha para levar o vice ao poder — com Aécio e o PSDB articulando com ambos nos bastidores.

Está tudo lá no discurso de Aécio, inclusive a convocação a seus eleitores e às ruas: “Nossa travessia não terminou. Nós não vamos nos dispersar”.

Dois anos e meio depois, o campeão da luta contra a corrupção é também o campeão dos inquéritos no STF; são 9, quatro dois quais, escandalosamente, serão relatados por seu amigo e correligionário Gilmar Mendes.

Não caberia, portanto, um protesto mais vigoroso do PT contra essa descarada falta de vergonha?

No discurso, Aécio não explicou as malas de dinheiro que lhe foram entregues por Joesley Batista. Não falou sobre a gravação com o dono da JBS, em que explica o que está fazendo para obstruir a Justiça. Adotou a mesma estratégia de Michel Temer: tentou desqualificar o “criminoso confesso” — ao qual pediu dinheiro e com o qual conversou num tom de grande intimidade (ouça abaixo).

Aécio falou, falou, falou. No plenário, apenas apoiadores. Estranhamente, nem um pio da oposição.

Aqui, oferta do Poder 360, oito dos nove inquéritos contra Aécio: 4246, 4244, 4444, 4414, 4423, 4436, 4392 e 4506.

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