Servidores denunciam “desmanche estrutural” do Incra e do Desenvolvimento Agrário

Tempo de leitura: 6 min

CARTA DENÚNCIA

Sucateamento dos órgãos agrários ameaça a soberania ambiental, territorial e alimentar brasileira

Instituto Carbono Brasil

A agricultura familiar, com sua renda de cerca de R$ 54 bilhões/ano, há muito deixou de ser coadjuvante da economia nacional, sendo um dos atores principais da distribuição de renda do Brasil. Em 2006, o Censo Agropecuário do IBGE consolidou um quadro claro desse setor, apontando que mesmo com cerca de 4,3 milhões de estabelecimentos ocupa somente 24,3% da área agricultável, produz 70% dos alimentos consumidos no país e emprega 74,4% dos trabalhadores rurais, além de ser responsável por mais de 38% da receita bruta da agropecuária brasileira.

Apesar de toda essa atividade e importância da agricultura familiar, o governo brasileiro, paradoxalmente, promoveu nos últimos anos o desmonte da estrutura dos órgãos de desenvolvimento agrário no país. A baixa remuneração percebida pelos servidores destes órgãos tem também sido um importante agente de evasão e precariedade dos serviços prestados. Os concursos para provimento nos órgãos agrários são pouco atraentes. E mesmo os escassos processos seletivos realizados foram incapazes de recompor o quadro de servidores.

Nestes órgãos, não há política de capacitação, nem política de qualidade de vida no trabalho, tampouco política salarial. A remuneração dos trabalhadores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) são, por exemplo, duas vezes e meia inferior à do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Sendo que em todos os órgãos, INCRA, MDA e MAPA, realizam-se funções similares e até 2008 tinham seus salários equiparados. Distorção que se aprofundou justamente no governo do Partido dos Trabalhadores.

Portanto, é de se perguntar: como os órgãos estatais responsáveis pela questão agrária poderão cumprir sua missão institucional e o compromisso de campanha da presidente Dilma em erradicar a miséria no meio rural? Ou, como estes órgãos poderão incentivar a mudança no padrão de produção agrícola no Brasil, cumprindo a legislação ambiental, incentivando métodos agroecológicos, ao invés da utilização massiva de agrotóxicos e insumos tóxicos? A resposta é simples: assim não é possível!

O governo secundarizou a estruturação do serviço público no MDA e no INCRA, o que acaba também por secundarizar a promoção de formas sustentáveis da produção agrícola. O sucateamento dos órgãos de desenvolvimento agrário e a falta de recursos para suas ações, mesmo com belas campanhas promocionais do governo, revela uma triste realidade: a agricultura familiar no Brasil encontra-se mais endividada que nunca. A reforma agrária está parada. A concentração fundiária cresceu nos últimos anos e as mortes no campo por conflito agrário se propagaram.

A pobreza concentrou-se justamente no meio rural, como mostram os dados apresentados pelo próprio governo.

Na última década, o uso de agrotóxicos no Brasil assumiu proporções assustadoras. Entre 2001 e 2008, a venda de venenos agrícolas no país saltou de US$ 2 bilhões para cerca de US$ 7 bilhões, quando alcançamos a triste posição de maior consumidor mundial de venenos. Foram 986,5 mil toneladas de agrotóxicos aplicados. Em 2009, ampliamos ainda mais o consumo e ultrapassamos a marca de um milhão de toneladas – o que representa nada menos que 5,2 kg de veneno por habitante do Brasil.

O atual modelo agrícola implantado no Brasil, baseado na grande monocultura, no uso intensivo de agrotóxicos e na produção de commodities para exportação é insustentável. Os dados gerados pelos próprios agentes do agronegócio atestam isso.

Os números da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), organização patronal representante dos grandes produtores, destacam os sucessivos prejuízos sofridos pelos grandes produtores de grãos. Em fevereiro de 2010, levantamento feito
pela CNA concluiu que a produção de milho era “economicamente inviável nas principais regiões produtoras do país”. Em julho de 2010, também o boletim “Custos e Preços”, divulgado mensalmente pela Confederação, relatava que em apenas uma região do Brasil os preços recebidos pelos produtores de arroz e milho eram suficientes para cobrir os custos de produção. A CNA usa estes números para ameaçar: “Que não seja uma surpresa o não-pagamento aos bancos”, bradava a senadora Kátia Abreu.

Evidentemente, na época não demorou muito para a imprensa começar a divulgar a renegociação das dívidas.

Porém, diante desses fatos, como explicar os lucros dos grandes produtores de soja e milho, que vivem a ostentar seu progresso? E como explicar, do outro lado, a situação precária em que vive a maior parte dos agricultores familiares no Brasil?

Os lucros dos grandes produtores só são possíveis devido ao tamanho das suas propriedades – trata-se de economia de escala. As margens de lucro em geral são, de fato, muito estreitas. Mas, é preciso observar que estes sistemas são extremamente vulneráveis e frequentemente, ao invés de lucro, dão prejuízo. E sobrevivem graças aos polpudos incentivos concedidos pelos governos, como, por exemplo, os repetidos perdões de dívidas. A agricultura patronal recebe, em média, 20 vezes mais recursos governamentais que a agricultura familiar.

Não se pode deixar de mencionar, além disso, que os grandes produtores não assumem os custos ambientais e sociais gerados pela agricultura patronal – as chamadas “externalidades negativas”. Quem paga, na prática, pelas contaminações ambientais e intoxicações provocadas por este modelo de produção é a sociedade. Os grandes produtores rurais ignoram estes custos – e, por isso, fizeram de tudo para alterarem de forma irresponsável o código florestal e manterem a desregulamentação da comercialização de agrotóxicos no Brasil.

Nos últimos anos, porém, a sociedade brasileira colocou para si o desafio do desenvolvimento econômico calcado na sustentabilidade ambiental. Foi assim, quando as pesquisas de opinião mostraram que 80% dos brasileiros rejeitavam as alterações do código florestal que implicariam em prejuízos ambientais. Em sua grande maioria, o povo brasileiro quer a promoção da agricultura familiar no campo brasileiro, quer a promoção de formas ecológicas na produção de alimentos.

Mas para que a agricultura ecológica possa de fato se desenvolver, se expandir e, quem sabe, tornar-se hegemônica no Brasil serão necessárias profundas mudanças nas políticas agrícolas e agrárias no Brasil. É bom lembrar que o agronegócio teve até hoje absolutamente todos os incentivos que se pode imaginar: pesquisa agrícola, assistência técnica, financiamentos, apoio à comercialização e os intermináveis perdões de dívidas.

A agricultura familiar, por outro lado, sempre foi preterida em termos de incentivos governamentais.

Na questão da assistência técnica, por exemplo, o programa ATER do MDA – programa de orientação básica a técnicas de produção –, não conseguiu se consolidar até hoje por uma questão fundamental: faltam servidores. Todos os técnicos do MDA estão com sua carga máxima de contratos para fiscalizar.

Atualmente, há cerca de 50 contratos que estão assinados e não iniciam suas atividades porque não há técnicos disponíveis para fiscalização. No INCRA, o programa de assistência técnica sofrerá com o corte de 70% das verbas de custeio feitos este ano de 2012. Se a situação atual for mantida será inevitável redução dos serviços de assistência técnica aos assentamentos da reforma agrária. Os contratos já feitos poderão ser cancelados.

É preciso que haja uma grande mudança de perspectiva na concepção e condução das políticas e programas governamentais, para colocar o controle da malha fundiária nacional, a agricultura familiar, a reforma agrária e a agroecologia no centro das prioridades.

Contudo, as dificuldades do serviço público nos órgãos de desenvolvimento agrário (INCRA e MDA) são históricas. Aprofundaram-se ao longo do governo Lula e vem se agravando muito nos últimos meses. Hoje os órgãos do Estado brasileiro, responsáveis pela questão agrária, não têm nenhuma condição de promover o desenvolvimento agrário no Brasil preservando a natureza, ou seja, não respondem a uma questão básica discutida pela sociedade civil nesse momento de realização da conferência “Rio + 20”.

A missão do INCRA e do MDA é, principalmente, realizar a reforma agrária; promover o desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares; identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e titular as terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades quilombolas. Entre essas atribuições estão ainda a fiscalização do cumprimento da função social dos imóveis rurais, além de regularizar e ordenar a estrutura fundiária do País. Em síntese, os órgãos do
desenvolvimento agrário cuidam das atividades produtivas das 30 milhões de pessoas que vivem da agricultura familiar no Brasil.

O INCRA, entre 1985 e 2011, teve o seu quadro de pessoal reduzido de 9 mil para 5,7 mil servidores.

Nesse mesmo período, sua atuação territorial foi acrescida em 32,7 vezes – saltando de 61 para mais de dois mil municípios, um aumento de 124 vezes no número de projetos de assentamentos assistidos.

Até 1985, o INCRA geria 67 projetos de assentamento. Hoje, este número supera os 8,7 mil e a área total assistida passou de 9,8 milhões para 80,0 milhões de hectares – cerca de 10% do território nacional. O número de famílias assentadas atendidas pelo órgão passou de 117 mil para aproximadamente um milhão, totalizando cerca 4 milhões de pessoas. Ressalta-se ainda que o número de servidores está prestes a sofrer novas reduções. Até 2014 outros dois mil funcionários do INCRA estarão em condições de aposentadoria, aprofundando ainda mais o déficit de servidores no órgão.

No MDA, por sua vez, foram necessários 10 anos e um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público para que o órgão realizasse o seu primeiro concurso público, em 2009. Hoje, o número de efetivos no órgão é inferior a 140 servidores. Isso, para todo o Brasil. Quantitativo irrisório para um órgão que tem como atuação precípua o desenvolvimento econômico no campo brasileiro e o combate à pobreza no meio rural – onde se localizam 50% das famílias que vivem em extrema pobreza no Brasil (ou 4 milhões de pessoas).

Por isso, no último dia 4 de junho de 2012 os servidores dos órgãos agrários do país aprovaram durante o encontro nacional da categoria um indicativo de greve para o dia 26 de junho de 2012. Será a primeira greve unificada dos servidores do INCRA e MDA. Essa decisão tomada representa um amadurecimento da compreensão dos servidores. Representa também a constatação de que é necessário dar uma resposta contundente ao descaso do governo com os órgão agrários que vem se alongando há muito tempo.

Até o momento o governo não apresentou nenhuma proposta às demandas dos profissionais e muito menos para a reestruturação dos órgãos agrários, que marcham para um desmanche estrutural. O governo não oferece condições materiais e humanas para o pleno funcionamento desses órgãos, quando não responde à necessidade de recomposição salarial de seus servidores e o aumento do quadro de pessoal através de concursos públicos – apesar dessa demanda ser reiteradamente apresentada em todas as tentativas de negociação realizadas. Agindo assim, o governo impede o cumprimento da missão institucional dos órgãos agrários do Brasil.

Nós, servidores públicos federais lotados nos órgãos agrários do Brasil, acreditamos que a mudança necessária se iniciará com uma questão básica: a salvação dos órgãos públicos responsáveis para o atendimento das demandas do desenvolvimento agrário. É preciso que os movimentos sociais e o povo brasileiro em geral – real beneficiário das políticas públicas da nação –, se somem aos servidores na defesa da estruturação do INCRA e do MDA, exigindo dos parlamentares e do governo respostas claras e inequívocas.

Valorizar o serviço público no MDA e no INCRA é valorizar o controle da malha fundiária nacional, a agricultura familiar, a reforma agrária e o desenvolvimento rural sustentável.

Associação Nacional dos Servidores do MDA – ASSEMDA

Associação Nacional dos Engenheiros Agrônomos do INCRA – ASSINAGRO

Confederação Nacional das Associações dos Servidores do INCRA – CNASI


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Comentários

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Cientista denuncia omissão da Embrapa na discussão do Código Florestal e censura a pesquisadores « Viomundo – O que você não vê na mídia

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Hamed

Em relação ao “desmanche estrutural”, vejam os “companhero” o que (des) ocorre na Funai: há anos que tem ocorrido um processo de desmonte da Fundação Nacional do Índio, com tal envergadura e que não apenas a redução na quantidade de servidores, em proporção totalmente inversa à demanda das comunidades indígenas brasileiras. Hove um concurso (???), e daí, paramos??? Pessoal indigenista, a hora é esta; vamos acordar, levantar a cabeça, crescer e aparecer!!! Os índios precisam; e nós, também!!!

Hamed

Pelo que vemos, na matéria e nos comentários, todos têm um pouco de razão (ou não!!!), depende do referencial de cada um…entretanto, é triste – e real – reconhecer que o pt de hoje não é o que muitos de nós chegamos a sonhar e, também, contribuir…esperemos as eleições…e os resultados das águas que escorrem nessa cachoeira…

isnard carvalho

Jotacê,essa Prof.Maria Dirlene Farias é difícil encontrar.Esclareça de onde você sacou a dita.Não consegui encontrar nada a respeito.

    Jotace

    Caro Isnard,

    Desculpe a demora em lhe atender, só hoje retornei a este artigo e a seus comentários. Procure o artigo da Dra.Maria Dirlene Trindade Marques no blog do Bourdoukan . O trabalho, que é antológico, tem o título de ‘Economia Brasileira e Meio Ambiente’ e sua publicação pelo blog é datada de 14 de junho passado. Abraço, do Jotace

Fabio Passos

A associação das anigas oligarquias rurais com as mega-corporações do agribusiness continua impondo seus intreresses.

O Brasil cedeu tudo e mais um pouco ao agronegócio.
Devastamos o meio-ambiente para comer veneno e exportar commodities?

As demandas da agricultura familiar e dos sem terra não encontram eco nas cidades.
O PIG idiotizou boa parte da população urbana difamando os sem terra e elogiando os latifundiários.

Gil Rocha

Precisou o PT ganhar o poder, para
os partidários perceberem que ele é
igual ou pior que o resto.

    Daniel

    Os partidários não querem perceber coisa alguma…

    Mário SF Alves

    Gil, aproveita o embalo e diz aí qual é o partido que merece a sua admiração. Criticar o PT é fácil. O PSDB faz isso com toda a empáfia durante o tempo todo.

    Daniel

    Todos são ruins.

Almeida

Parabéns ao Blog. Matérias com temas importantes alertam os governantes, estimulam o bom debate entre os leitores e,ao mesmo tempo, produz a denúncia necessária.

lia vinhas

Sugiro aos críticos ferrenhos dos governs Lula e Dilma que se candidatem e ganhem o cargo de Presidente da República, este gigante continental, com todas as suas desiguladades e com movimentos sociais e partidos de esquerda dikvididos e muitos enfraquecidos, com grande parte dos “companheiros” atrás de cargos e da “conquista de espaço” que, segundo eles, o PT tomou. Eu quero que me deem na ponta do lápis os números da reforma agrária que dizem ter sido feita nos países latino-americanos citados. Recordo a queixa de Chavez há um ano, mais ou menos, (e há quanto tempo ele está no poder e com ampla maioria e apoio nas Forças Armadas), sobre os entraves da Justiça e e outros para poder desapropriar terras e efetivar a Reforma.Lá os problemas são os mesmos daqui, que assentopu menos do que o desejável, mas assentou MAIS do que os Fernando Henriquistas que aqui comentam afirmmam.Fora os problemas constantes de corrupção em muitos governos departamentais venezuelanos, ou seja, estaduais. Aqui, a tal maioria do Governo é com partidos em geral pouco comnfiáveis, já vimos o que fez o PR do nosso ex-vice e as chantagens do PMDB, que também tem dado maus exemplos no campo da ética. E onde está o apoio da esquerda? É muito gogó e na prática acabam ficando do lado da direita. E sabem mais?
DEIXEM A MULHER TRABALHAR!

    Mário SF Alves

    Lia, infelizmente o PT desandou. Sinto reconhecer isso. No entanto, ainda é o único partido que temos com alguma chance de resistir ao entulho da ditadura e à ideologia autoritária que aí estão e, nessa medida, contribuir na consolidação da democracia. Nesse sentido, a meu ver – e não estou falando da presidente e nem do Lula – prezada Lia, o PT é hoje um partido estratégico. Muito pouco além disso. E não duvido nada se daqui a algum tempo intituirem por debaixo dos panos a velha política padrão “café com leite” entre o PT e o PSD, por exemplo.

    Jotace

    Prezada Lia,

    Há alguns enganos na tua dissertação em defesa desses governos do PT (nos quais também votei). Primeiro que tudo, não cabe comparar alhos com bugalhos: se o governo de Chávez tem prestígio é porque ele se colocou ao lado do povo, não cedeu à burguesia nem a poderes imperiais de outras nações, como aqui acontece. Pois o governo soberano, independentista, de Chávez, acabou com a política entreguista dos que o antecederam, a mesma que temos tido aqui com os governos do PT. Você escreveu de uma forma, talvez até não proposital, mas que insinua culpa onde não existe. Pois, quando é descoberto um caso de corrupção, o governo do grande país-irmão age, atua. Não é como no Brasil. Pois lá, até juízes vão para a cadeia, como é o caso da magistrada que liberou, às escondidas, um autor de grande desvio de fundos. Ainda, Lia, com a sua redação, você parece implicar o governo central de Chávez, com os desmandos de governos autônomos corruptos e entreguistas de certos estados como Zúlia, Miranda, Táchira, e alguns outros. Mas, mesmo pra esse problema, o governo de Chávez, conseguiu solução: pois usou recentemente o poder de uma lei habilitante para outorgar a organizações comunais o acesso a grande parte dos recursos que dantes eram recebidos por governos estaduais. Creio que sempre será um ato de patriotismo condenar o entreguismo, a corrupção, venha de onde vier. Um cordial abraço, Jotace

Fernando

O governo Dilma acabou, gente

É um governo de luta política com os tucanos, mas não de luta ideológica prática.

Felipe

O que dizer de quem considera Dilma o FHC de saias? Ou de quem se apega aos números daquele governo, maiores no que diz respeito aos assentamentos, para criticar os números do governo atual? Primeiro, parece que não se pode discutir seriamente política sem lembrar que a governante em questão é mulher. Ora, este tipo de procedimento machista, é um véu para certo conservadorismo nas análises. Segundo lugar, os números não podem ser lidos à parte o contexto político e social.Pois, se bem que mudou o governo, ao mesmo tempo as lutas sociais se enfraqueceram. Não simplesmente porque partes significativas do MST e dos demais movimentos sociais foram “cooptados”, mas porque efetivamente a vida dessas pessoas melhorou, paradoxalmente, com o relativo sucesso econômico. E a base desses movimentos é muito fiel ao Lulismo. Isso é um ponto que não pode ser desconsiderado.

Pedro Luiz

Avanços na governabilidade do país são bem vindos nos últimos 10 anos como aumento substancial no ensino técnico,inclusão de milhões de habitantes no mercado, e melhora nas relações comerciais com o mundo.Mas há que se cuidar mais do povo, de perto nas áreas de segurança,saúde,agricultura tão importante para nossa segurança alimentar.Há que se ter mais coragem no trato com o grande capital e os bancos que estão aí bem a vontade.Esses dois agentes não tem pátria não, só gordos lucros.Dilma precisa dar respostas mais consistentes ao povo que acredita, ainda no seu governo.Ele precisa ser massacrada pelo globo, aí teremos um governo mais zé povo.

Dionísio

Vergonha de ser brasileiro !!!

lulipe

Com todo o blá blá blá do lula e Dilma, o governo FHC foi o que mais assentou famílias no Brasil.Os números não mentem!!!

    Fabiano

    Os números não mentem, já as pessoas… Foram asentadas 540.704 familias, entre 1995 e 2002; e 574.609 famílias entre 2003 e 2009. (dados oficiais!!!). Faço este comentário somente para retificar a informação(?) dada, pois acho que uma grave falha dos governos petistas foram os poucos avanços no campo da Reforma Agrária

    lulipe

    Vou entender sua grosseria como parte de sua ingenuidade, caro Fabiano.Seus números são fictício, para enganar tolinhos como você.Dê uma olhada neste link e aprenda um pouco mais como as coisas funcionam:

    http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,incra-infla-numeros-de-reforma-agraria,685416,0.htm

    Lulipi

    Dados de matéria do Estadão não denotam ingenuidade, né campeão?!

tiago carneiro

Nao é só desmanche nesse órgão. Desmanche nos correios, universidades, saúde pública.

Eu fiz campanha pra Dilma nas ruas, quando ng queria fazer.

Ela está fazendo o que o capital pede, só isso. Vai continuar a fazer. Gosto de chamá-la de FHC de saias.

    Daniel

    Mas com o Lula foi a mesmíssima coisa. É o mesmo governo há 17 anos. A diferença é que para os fanáticos é Deus no Céu e Lula na terra.

Roberto Locatelli

Esse é um dos pontos falhos do Governo Lula e, agora, do Governo Dilma. É a opção pela governabilidade à direita.

Chávez, Cristina Kirchner e outros líderes da América do Sul fizeram a opção pela governabilidade à esquerda: ao invés de alianças com políticos de partidos burgueses, aliança com os sindicatos e movimentos sociais.

Reforma agrária, no Brasil, só com muita luta. Que o diga o MST.

    Mário SF Alves

    Você mencionou governabilidade à direita. Tá. Mas, você acha mesmo que num País tão à direita como ainda é o Brasil, daria pra ser diferente disso?
    A consolidação da democracia por aqui é um dilema ou não, Roberto?

    Jotace

    Caro Mário,
    Concordo com você quando afirmou em outro comentário que “o PT desandou”, ou seja entrou em decadência, retrocedeu. Uma pena. Mas o Roberto tem toda razão ao afirmar que a governabilidade está desviada pra direita, o que sucede desde os tempos de Lula. A razão do sucesso que envolve os governos de Chávez, Corrêa, Evo e, de uma certa forma, Cristina, está na opção que fizeram esses governantes. Escolheram o povo e este influiu no comportamento da maioria dos políticos, com exceção apenas dos mais intransigentes oligarcas e vendepátrias. E eles não só consolidaram, mas até aprimoraram a democracia em seus países. Para isso, faltou coragem a Lula e a Dilma (votei em ambos, naturalmente). Infelizmente, muitas das medidas econômicas por eles tomadas são exatamente iguais às de FHC e de qualquer governo de direita da América Latina. Cabe-nos apoiá-los, contudo, mas sempre fazendo uma crítica muito séria sempre que a merecerem. Talvez ainda dê tempo pra corrigirem muita coisa. Um abraço e bom fim de semana! Jotace

    Jotace

    Caro Mário, (2)
    Continuando, eu lhe diria que os governos petistas sequer tentaram corrigir o que fez FHC quando das privatizações. Mesmo no caso da Vale, absolutamente escandaloso. Ao contrário, promoveram o festival dos leilões do petróleo, a privatização das estradas, aeroportos, bancos estaduais etc. etc. E agora, segundo uma economista de valor, como o é a Profa. Maria Dirlene Farias, “conseguiu realizar o grande sonho dos privatistas, que nem FHC havia conseguido: a privatização da previdência dos servidores públicos com sua entrega aos bancos, cujas aplicações financeiras poderão virar pó assim como ocorreu nos EUA, na Europa”…Os exemplos são muitos, Mário, basta analisar a atuação das empresas espanholas que aqui operam (e que não constituem exceção). Daí o retrocesso do PT, o povo tem faro para isso. Observe o que ocorre em Pernambuco com vistas às eleições. O candidato de Lula perdeu o terreno para o João da Costa, e o governador de lá, que era um grande apoio do governo central, está se colocando como um seríssimo concorrente. Como justificar a associação com Maluf em S. Paulo? Tudo parece convergir, caso não haja reação, para o descaminho das esperanças dos brasileiros que desejavam o melhor para o país. Abraços, Jotace

    Carlos Cruz

    Vc disse tudo. É triste reconhecer, pois fiz campanhas para que um governo de “esquerda” assumisse, na esperança de políticas de desenvolvimento na base pobre da sociedade brasileira. Políticas que prendesse o hemem a terra, produzinho e sendo util a sociedade, sem esmolas servis. Hoje a política do governo fedeal é apenas de repasse de dinheiro. Não muda a realidade. O desenvolvimento agrário, somado a escolas equipadas e de tempo integral, professores bem pagos e motivados… Custa tão pouco diante da roubalheira de bilhões, de uma Copa de Futebol “privada” com dinheiro público (dinheiro tem!)… Mas não é prioridade…

    Apavorado por Vírus e Bactérias

    Roberto,

    As forças de direita no País ainda são muito potentes. Tenho a impressão que o PT escolheu o caminho do meio para transpor essa barreira. Por isso, precisamos garantir que a permanência do partido seja grande no Governo Federal, para ocorrer essa transição. Apesar, que isso não é garantia de nada, pois o bem estar social europeu foi muito rapidamente para o saco. Os bancos precisam ser dominados pelo Estado. Eles não podem ser os donos do mundo. Será que temos povo para perceber tudo isso? Só em SP, Pai Padim Irimão do Santo Aborto no Chile tem muito voto, como Maluf também. Ambos são defendidos com veemência pelas classes médias e por uma parte dos mais pobres.

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