A resposta da UNICAMP a assessor econômico de Marina Silva

Tempo de leitura: 5 min

Instituto_economia_unicamp

Carta Aberta do Instituto de Economia da UNICAMP

via Conceição Oliveira

O Instituto de Economia da Unicamp vem a público reiterar seu compromisso com o Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil.

Defendemos e exercitamos a qualidade e pluralidade do debate acadêmico e político e refutamos todas as agressões infundadas e levianas à nossa instituição por motivações ideológicas, partidáriase eleitorais.
A construção da Escola de Pensamento da UNICAMP deve-se à determinação e coragem de um pequeno grupo de intelectuais e pesquisadores que ousaram, há mais de 40 anos, desafiar as visões econômicas convencionais, conservadoras e tecnocráticas existentes e de forma criativa e crítica repensar e reinterpretar o desenvolvimento econômico e social brasileiro, com base inicialmente nas contribuições de pensadores cepalinos como Celso Furtado, Raul Prebisch, Ignácio Rangel, Aníbal Pinto, entre outros. Esse esforço intelectual promoveu uma profunda revolução na história do pensamento econômico e no ensino de economia no Brasil.

Desde então, novas e importantes contribuições teóricas, críticas e interpretativas incorporaram e integraram diversas matrizes teóricas (marxista, keynesiana, schumpeteriana), com elevado nível de qualidade e merecido reconhecimento por parte da comunidade científica e acadêmica nacional e internacional. A Escola de Campinas nunca se limitou ou se subordinou a um único paradigma teórico e se notabilizou por construir uma interpretação teórica própria e inovadora dos problemas econômicos e sociais brasileiros.

O Instituto de Economia, ciente de seu papel crítico no debate acadêmico econômico, tem ampliado consistentemente seus canais com a sociedade acadêmica e científica nacional e internacional, estimulando a realização de seminários e a celebração de convênios e projetos de pesquisa com várias e prestigiosas instituições, bem como a maior participação de nossos docentes e discentes em programas internacionais.

Temos convênios acadêmicos com inúmeras universidades latinoamericanas, europeias e norte-americanas. A título de ilustração, recebemos recentemente a visita de consagrados pensadores e pesquisadores com quem temos debatido a questão do Desenvolvimento: Peter Evans (Berkeley, EUA), Philip Arestis (Cambridge-Reino Unido), Claude Serfati (Versailles-Sainta Quentin-França), Giovanni Dosi (Scuola Superiore Sant’Anna, Itália), Gary Dimsky e Giuseppe Fontana (Leeds-Reino Unido), Jan Kregel (Levy Economics Institute – EUA), Roberto Frenkel (UBA-Argentina), Sebastian Dulien (HTW- University of Applied Sciences Berlin-Alemanha), Pierre Salama (Paris XIII-França), Robert Wade (London School of Economics – Reino Unido), Guy Standing (SOAS – Reino Unido), Robert Brenner (UCLAEUA), Thomas Palley (EDOS – Economics for Democratic & Open Societies), Ronald Dore (London School of Economics-Reino Unido) e Geoffrey M. Hodgson (University of Hertfordshire – Reino Unido), entre outros.

O Instituto de Economia destaca-se pela qualidade no ensino e na formação crítica e abrangente dos nossos alunos de graduação e pósgraduação, fornecendo profissionais capacitados para o setor privado, para os 
órgãos e empresas públicas e para a atividade acadêmica. Nossos mais de duzentos e cinquenta alunos de pós-graduação, entreos quais contamos vários estrangeiros, são merecedores de inúmeros prêmios por suas teses e dissertações e apresentam seus trabalhos em centenas de eventos científicos no Brasil e no exterior, bem como realizam estágios, intercâmbios e programas de doutorado sanduíche em reconhecidas universidades estrangeiras. Esse esforço é reconhecido nas avaliações criteriosas e insuspeitas das agências públicas e na posição de destaque do Instituto de Economia da Unicamp nos principais rankingsacadêmicos públicos e privados.

Do ponto de vista acadêmico, somos um dos mais importantes centros de geração, apropriação e difusão de conhecimento em teoria econômica e economia política. Estamos inseridos ativa e criticamente no debate econômico nacional e internacional. Nossos docentesparticipam de inúmeras redes de pesquisa nacionais e internacionais e, apenas no último ano, divulgaram seus trabalhos em mais de uma centena de prestigiosos eventos internacionais. Nossa produção intelectual é amplamente veiculada em livros, revistas acadêmicas, artigos de jornais, entrevistas e novas mídias.

A dimensão política é outra atribuição estratégica do Instituto de Economia, a partir da intensa contribuição e participação de seu quadro docente (e também de nossos ex-alunos) em todos os níveis de governo, em diferentes administrações, e em instituições internacionais (Cepal, BID, Banco Mundial, Unctad e FAO).

As profundas mudanças globais nas estruturas financeiras, tecnológicas, produtivas, comerciais e de trabalho mais do que nunca exigem de centros formuladores de conhecimento, como o Instituto de Economia da Unicamp, novas ideias e interpretações críticas do desenvolvimento econômico e social brasileiro e global e do papel do Estado nesse processo.

O Instituto de Economia sempre manteve, mantem e manterá um diálogo aberto, construtivo e de alto nível com vários segmentos organizados da sociedade brasileira, na perspectiva de contribuir para uma discussão séria reconhecimento dos nossos erros e limitações. Mas jamais nos subordinaremos aos interesses menores, privados e corporativos que conspiram contra coragem de pensar e ousar, de querer um país soberano, com o pleno exercício da cidadania e da busca incessante da justiça social. Só assim, devolvemos à sociedade, na forma de conhecimento e de prestação de serviços qualificados e de utilidade pública, o que recebemos em recursos e investimentos, buscando corresponder à confiança emnós depositada.

Atenciosamente

Direção do Instituto de Economia

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‘Campinas é ilha que parou no tempo’, diz assessor de Marina Silva sobre a Unicamp

da Carta Campinas

Um dos principais articuladores do plano de governo na área de economia de Marina Silva, Alexandre Rands, deu uma entrevista ao jornal O Globo em que diz que a área econômica da Unicamp, que hoje tem influência no governo de Dilma Rousseff, é atrasada e isolada. Ao se referir à influência da Universidade Estadual de Campinas no governo petista, ele afirmou que “Campinas é uma ilha que parou no tempo”.

Irmão do ex-deputado Maurício Rands, coordenador do programa de governo do presidenciável, Alexandre Rands está ao lado de Eduardo Gianetti na formulação econômica do plano de Marina Silva.

Em certo momento da entrevista, Rands diz: “Não é porque os economistas de Marina são tucanos, mas simplesmente porque hoje em dia existem alguns consensos na teoria econômica. Estão em todas as universidades americanas, em 98% das europeias, em 95% das asiáticas e 97% das brasileiras. Só uma universidade aqui não tem articulação internacional, não traz e não manda ninguém para o exterior: a de Campinas (Unicamp). Ela é endógena. No entanto, tem uma força no governo Dilma que não tinha no de Lula, que era muito mais próximo do que Marina defende hoje. Os economistas de Campinas não consideram todo o desenvolvimento da teoria econômica desde a década de 1960. Dilma pensa com a cabeça de Campinas, que hoje é um lugar isolado, fora do mundo. Uma ilha que parou no tempo. Pela primeira vez, cada candidato tem propostas de desenvolvimento baseada em concepções diferentes”.

Doutor em economia pela Universidade de Illinois (EUA), ele admite ter feito investimentos em sua empresa com juros subsidiados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), mas critica o prato que comeu. Ele faz uma desmerece o atual modelo de incentivos ao setor produtivo de Dilma Rousseff (PT), a quem acusa de manter com o empresariado uma relação contraditória: “Trata o empresariado como uma prostituta. Quer estar com ele, desfrutar de suas benesses, mas depois denigre sua imagem”.

Alexandre Rands acabou com a missão de condensar o capítulo econômico, assumido integralmente por Marina Silva na cabeça da chapa do PSB. Poucos dias depois da tragédia com o avião de Eduardo Campos, Rands já estava de novo viajando pelo país para defender propostas do programa econômico da candidata, mas agora, ressalta, apenas como “um dos colaboradores.

Leia também:

Altamiro Borges: Folha joga a crise hídrica nas costas do “Brasil”


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Comentários

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O Mar da Silva

Mais que apropriado. A candidatura de Marina já deu todos os sinais de seus atraso e descompromisso com um Brasil soberano e democrático.

FrancoAtirador

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A EKIPEKONÔMIKA DA MARINÉCA HERDADA DO PSB

Nessa área econômica… conta com um trio* de ataque formado

pelo professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)*,
Eduardo Giannetti,

o professor do departamento de Economia
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
Alexandre Rands,

e o vice-presidente do Insper*, Marcos Lisboa,
que foi secretário de política econômica do Ministério da Fazenda
durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

(Correio Braziliense, 20/06/2014)

(http://imgur.com/ZomdcSj)
i.imgur.com/ZomdcSj.jpg

* ‘Especialistas Convidados’ da Rede Globo de Televisão
*(http://www.insper.edu.br/institucional/governanca/diretoria-executiva)
*(http://www.insper.edu.br/institucional/governanca/conselho-deliberativo)
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ibfae

O que importa é o resultado! E resultado é o que os economistas da unicamp não tem! Esses caras nunca acertaram nada em termos de economia. Não aprenderam em quarenta décadas que não se pode controlar preços impunemente! Não aprenderam que o estado não devolve nada que não tenha tomado antes e que, quando se retira do cidadão através do imposto para fazer justiça social (em outras palavras distribuir mais igualitáriamente) não se leva em consideração o que cada contribuinte poderia fazer com esse dinheiro (gastar, poupar ou investir) e que os métodos de incentivo da iniciativa pública são extremamente falhos e por isso o investimento público não funciona. O que funciona é o investimento privado fruto da poupança prévia!

    Mário SF Alves

    Tá dizendo isso baseado em que referẽncia?

    Se o seu espelho são as economias de países desenvolvidos, ora travadas e semi-destruídas pela austeridade financeira imposta pelo receituário neolbieral, acho bom repensar seu entendimento.
    __________________________________
    E viva Celso Furtado! Seu pensamento será insuperável enquanto perdurar o subdesenvolvimentismo capitalista no Brasil.

Gabriel Braga

Quer dizer que a UNICAMP defende o velho?

Putz e o que há mais de superado e antigo do que esse ideário do estado mínimo que os assessores da Marina pregam?

Mário SF Alves

Se a presidenta Dilma assumisse publicamente o compromisso de promover a auditoria dessa imoral e abjeta DÍVIDA PÚBLICA eu diria que a candidata de oposição é uma farsa grotesca e perigosa.

Como isso não vai ocorrer, só nos resta confiar na estratégia neodesenvolvimentista que até aqui nos tem sido garantida pelo PT.

Dúvidas:

1- Será mesmo possível realizar tal estratégia sob o domínio das ditaduras econômica e midiáticas às quais estamos submetidos?

2- E se essa tal dominação financeira for imposta de fora pra dentro como nova estratégia de dominação colonial?

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Atenção!

Essa absurda e impagável DÍVIDA PÚBLICA além de sangrar os recursos da Nação, não apenas joga trabalhadores contra a parede e o imprensa nesse moto perpétuo de juros altos e impostos [e sonegação] asfixiantes, como também trabalha contra todos nós, funcionando como contrapressão ao próprio desenvolvimento libertador.
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Seja como for, já é do conhecimento de todos:

“Os atuais golpes de Estado prescindem da força das armas. Podem ser executados até mesmo pelo Poderes Judiciários e, até quem sabe, pela via eleitoral, quando fortemente influenciada por ditaduras midiáticas.”

FrancoAtirador

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PRECONCEITO ANTIPETISTA: REFLEXO CONDICIONADO DE PAVLOV (*)

Passados mais de 25 anos tocando ininterruptamente a campainha do Antipetismo,

percebe-se que, infelizmente, nesta campanha eleitoral o COMETA G.A.F.E.*

finalmente conseguiu incutir no imaginário da maioria da população do Brasil

que o simples fato de ser do PT o torna mau, corrupto, pecaminoso, bandido.

Esse tipo de preconceito está levando um grande número de trabalhadores,

notadamente os castigados pela vida de gado imposta pelo cotidiano das metrópoles,

ao entoar a vinheta do Plantão Globo de Jornalismo, prenúncio da catástofre,

ou ao simples soar do jingle do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão,

a se conduzir voluntariamente ao corredor onde se submeterá ao próprio abate.

*(http://www.cerebromente.org.br/n09/mente/pavlov.htm)
(http://youtu.be/kJHyj3WjyZ0)
(http://youtu.be/d37AZh-4TTQ)
(http://youtu.be/I9zyOm69pXM)
(http://youtu.be/7DYomde2YEc)
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    FrancoAtirador

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    “Tudo que o homem não conhece não existe para ele.
    Por isso o mundo tem, para cada um,
    o tamanho que abrange o seu conhecimento.”
    (Carlos Bernardo González Pecotche)

    “Um povo ignorante é um instrumento cego
    da sua própria destruição.”
    (Simón Bolivar)

    “Mais crimes são cometidos
    em nome da obediência
    do que da desobediência.
    O perigo real são as pessoas
    que obedecem cegamente
    qualquer [suposta] autoridade.”
    (Banksy)

    (http://youtu.be/MDoyN1jXh70)
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    FrancoAtirador

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    A pergunta que o jornalismo de economia
    não fará a Marina e a seus operadores,
    e nem a si mesmo, é:

    O que o Brasil tem a ganhar
    com uma receita de arrocho fiscal
    choque de juros e corrosão de salários,
    que destrói o mercado de consumo interno
    e atira a economia nos braços
    de uma estagnação sistêmica?

    A relação carnal com os bancos
    impede Marina de sentir o cheiro do ralo
    para onde seu programa empurra o Brasil.

    Marina e o Cheiro do Ralo

    Por Saul Leblon, na Carta Maior

    Exceto a fé cega nas propriedades curativas dos livres mercados,
    ninguém sabe, ao certo, o que os operadores de Marina Silva
    pensam sobre o chão mole da economia mundial.

    A exemplo do colunismo especializado,
    sua visão sobre os flancos da economia brasileira
    é assertiva e doutoral.

    Mas esse olhar de lince se torna míope
    quando se volta para o cenário externo.

    O risco de abstrair determinações sistêmicas e desse modo jogar a economia brasileira em um ralo vulcânico existe. E não é pequeno.

    Quem critica ‘o neodesenvolvimentismo do PT’ como autárquico, por resistir à purga benfazeja de uma drástica abertura comercial e financeira, deveria oferecer mais em troca do que mantras de um tatcherismo com prazo de validade vencido.

    A ideia de que basta proceder à imersão do país em um banho de desregulação internacional para extrair daí uma sociedade capacitada para competir e promover a convergência da riqueza, envolve pressupostos discutíveis.

    O principal deles diz respeito à capacidade terapêutica dessa jacuzzy global, na qual o PSDB quase afogou a nação nos anos 90, sem a pretendida conquista da ‘competitividade’ sustentável.

    O fracasso levou o país ao FMI e os tucanos às sucessivas derrotas em 2002, 2006, 2010 e à liquefação em 2014.

    Do que se depreende das propostas do PSB, agora –entre elas a de ceder a moeda, o câmbio e o juro à gestão independente dos mercados financeiros — é justo presumir que derivam de um otimismo ainda mais excessivo que o dos antecessores.

    A convalescença da maior crise do capitalismo desde 1929 não tem como atendê-lo.

    Há consequências dramáticas nesse erro de calibragem.

    Mas elas não são honestamente debatidas pelo jornalismo especializado que, a exemplo dos bancos, enxerga em Marina uma candidata para chamar de sua.

    Num mundo com 100 milhões de desempregados, demanda claudicante, baixo uso de capacidade instalada e apetites canibais aflorados na caça a novos mercados, o que dizer, por exemplo, da restauração em curso do espírito da Alca, o Acordo de Livre Comércio das Américas?

    Namorado pelo PSDB nos anos 90, enterrado por Lula em 2003 ele ressurge agora nos planos dos operadores de Marina que não veem a hora de depenar o Mercosul em acordos bilaterais de um ‘comércio mundial onde tudo está acontecendo’.

    Não é bem esse o cenário fotografado pela insuspeita Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, em seu relatório de setembro.

    Diferente do panglossiano neoliberal, a OCDE enxerga uma recuperação global anêmica, por isso mesmo desigual.

    Mesmo os EUA, que vão bem, segundo o organismo, tiveram a previsão de seu crescimento ajustada de 2,6% para 2,1% este ano.

    A zona do euro corre o risco de uma estagnação prolongada, diz o relatório.

    Índia e China crescem, mas sem força para arrastar o mundo.

    O Brasil, em linha com o baixo relevo do planeta, reverte a curva recessiva, mas também cresce pouco (0,3% este ano e 1,4% em 2015).

    A própria boa vontade da OCDE com os EUA deve ser ponderada.

    A indústria norte-americana patinou em agosto sem sair do lugar (queda de 0,1% em relação a julho).

    As fábricas do país estão usando 79% da capacidade instalada.

    O índice é idêntico ao do Brasil, onde o setor industrial também enfrenta dificuldades para exportar e não consegue concorrer com a manufatura chinesa que invade o mercado local.

    O mercado de trabalho nos EUA cresce há seis meses gerando média superior a 200 mil vagas ao mês, é verdade.

    Mas a qualidade do emprego deixa a desejar, com forte predomínio de trabalho precário.

    Dos 407 mil vagas criadas em junho, por exemplo, mais de 270 mil foram parciais.

    O contingente de norte-americanos trabalhando meio período soma 7,5 milhões. É quase o dobro do registrado antes de 2008.

    Quando se agrega a esse universo os que desistiram de buscar uma colocação chega-se a 13% da força de trabalho. É mais que o dobro da atual taxa de desemprego de 6%.

    Não é apenas uma etapa incremental do pós- crise.

    O quadro reflete a perda de qualidade estrutural de uma economia que viu necrosar sua principal usina geradora de produtividade e bons salários: a indústria, deslocada para o ‘baixo custo chinês’, literalmente ou através de importações.

    Não por acaso, a economia capitalista mais poderosa do planeta
    luta agora para se reindustrializar.
    E o faz, por exemplo, como lembrou a Presidenta Dilma,
    na sabatina ao Globo, semana passada, com medidas protecionistas.

    Entre elas, vendendo internamente seu gás de xisto às fábricas a US$ 4 dólares a unidade, contra uma cotação internacional da ordem de US$ 12 a US$ 15 dólares.

    A defasagem é de causar urticária no colunismo nativo
    que exige da Petrobrás a vinculação de seus preços
    à instabilidade do Oriente Médio.

    ‘A que interesses isso serve?’, questionou a Presidenta,
    arguindo os porta-vozes da República dos Acionistas.

    O otimismo dos operadores de Marina, portanto, omite um íngreme relevo internacional
    de onde dificilmente vai jorrar a seiva da prometida regeneração livre mercadista.

    Mais arrojada que a OCDE, a Unctad (Conferência Mundial das Nações para o Comércio e o Desenvolvimento) sugere, ademais, que a convalescença inconclusa do colapso de 2008 transitou direto para um ciclo de baixo desempenho global.
    Uma espécie de estagnação sistêmica, fundida em desemprego, arrocho fiscal e inexistência de crédito.

    Desse torniquete, o comércio mundial não emergirá tão cedo em sua plena capacidade.

    Se antes da crise ele crescia a taxas de 6% a 8%, a perspectiva agora é de que avance, no máximo, modestos 2% ao ano, diz a Unctad.

    Emparedadas entre a moderação da demanda e a alta inercial da oferta, as cotações das commodities já sentem o baque.

    A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO, prevê, por exemplo, que os próximos dois anos serão de quedas nos preços dos cereais no mercado mundial.

    A deriva europeia adiciona gravidade a esse conjunto:
    o PIB das três maiores economias da zona euro – Alemanha, França e Itália –
    fechou o mês de junho com um pé na estagnação, o outro na recessão.

    A pergunta responsável que o glorioso jornalismo de economia não fará
    a Marina e a seus operadores, e nem a si mesmo é:
    o que o Brasil tem a ganhar com uma receita de arrocho fiscal,
    choque de juro e corrosão dos salários,
    que destrói o mercado interno
    e atira a economia nos braços de uma estagnação sistêmica?

    Ao contrário dos xamãs do lacto purga recessivo,
    a Unctad recomenda cautela aos governos nesse horizonte embaçado da história.

    Num quadro de esfriamento do comércio mundial, o melhor a fazer, indica seu ‘Relatório de Comércio e Desenvolvimento, 2014’, é transformar o mercado interno num chão firme de resistência para reordenar o crescimento e aprimorar a futura capacidade de competição.

    A Unctad afirma que para romper a armadilha do baixo crescimento é necessário fortalecer a demanda agregada através do ganho real dos salários e da distribuição de renda.

    Mas não é uma empreitada fácil, admite a organização.

    A principal dificuldade reside na arquitetura financeira global, em que a livre circulação de capitais favorece a evasão de recursos e garante ganhos especulativos irreproduzíveis no investimento produtivo requerido pelas nações.

    Eis uma dimensão do definhamento industrial quase nunca abordada pela pauta do ‘custo Brasil’, que prefere descarregar a conta nas costas das famílias assalariadas e da coleta de impostos.

    Um dado resume todos os demais.

    Estudo do departamento de competitividade da Fiesp,
    divulgado na última 5ª feira, mostra que, entre 2008 e 2010,
    o empresário que investiu na própria indústria
    obteve um retorno médio de 47%.

    Já os que canalizaram capital equivalente para fundos financeiros
    ganharam 62% — limpinho e sem risco.

    Ao contrário dos operadores de Marina,
    a Unctad é abertamente favorável ao controle de capitais para reverter essa ciranda.

    Sem reprimir a evasão de capitais, sugerem seus economistas,
    fica impossível baixar o juro e não arcar com instabilidade cambial
    e fuga de recursos.

    Entre 8% e 15% da riqueza financeira mundial estão em paraísos fiscais,
    exemplifica o organismo da ONU.

    A evasão nas nações em desenvolvimento acontece, sobretudo, em maquiagens praticadas no comércio exterior, com subfaturamento ou superfaturamento entre empresas e intra-empresas.

    Países em desenvolvimento perdem mais de R$ 160 bilhões de dólares por ano nesse sumidouro que tem na integração do sistema financeiro global, e nos grandes bancos locais, as tubulações da sangria.

    Uma candidatura que encontra nessas instituições a sua principal base de apoio financeira, e de sustentação política, talvez não tenha, de fato, outra coisa a propor ao país.

    A relação carnal com os bancos impede Marina
    de sentir o cheiro do ralo
    para onde seu programa empurra o Brasil.

    Só não vale dizer, como fazem agora seus operadores,
    que o condutor desse périplo, o ‘BC independente’,
    cuidará também de perseguir o pleno emprego.

    Aí já é escárnio.

    (http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Marina-e-o-cheiro-do-ralo/31810)
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Romanelli

Da trabalho pra fazer ..diria Marcelo

O “sistema”, automaticamente, engoliu um comentário meu ..se der, dá pra liberar ..deus te pague

FrancoAtirador

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Alexandre Rands, um dos economistas mais influentes da equipe que assessora a candidata da REDE/PSB à Presidência da República, Marina Silva,

propôs na semana passada o aumento da meta oficial de inflação fixada para o próximo ano,

para acomodar reajustes gerais e simultâneos de preços das tarifas atualmente sob controle governamental (combustíveis, energia elétrica, telefonia, transportes, serviços postais, aeroportos, estradas, saneamento…) que ocorrerão com o Choque Tarifário programado para o início do novo governo, se Marina for eleita.

A proposta foi apresentada em público pela primeira vez em evento que reuniu 500 investidores e executivos do Mercado Financeiro, organizado pelo Bank of America/Merrill Lynch na segunda-feira (8), em São Paulo.

(http://abre.ai/AAH)
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elisa

Acabei de tentar entrar no site muda mais para ver o programa eleitoral de ontem e me deparei com a seguinte notícia: Marina Silva entrou com uma liminar para censurar o site, que está fora do ar. Que vergonha…

Carlos Ribeiro

Desgraça pouca é bobagem. Além do BC, do pré-sal e de tantos outros devaneios, a candidata agora promete “atualizar” a CLT. Das duas uma, ou ela é muito corajosa ou é louca mesmo.

    elisa

    Uma das “atualizações” na área do trabalho significa terceirização, o que significa a perda de direitos, como a carteira assinada, pois muitas empresas terceirizadas são falsas cooperativas, que contratam empregados sem os direitos para economizar.

L@!r M@r+e5

“No entanto, tem uma força no governo Dilma que não tinha no de Lula, que era muito mais próximo do que Marina defende hoje”

Querem por que querem colar Lula na Marina! Eita povo cara-de-pau!

Marat

Quem será, de verdade, que parou no tempo??? Mais um que adoraria tirar os sapatos (e baixar as calças) para o Tio Sam?

Bacellar

Entre os consensos aos quais se refere o A.Rands certamente está o de Washington…
Arrocho no salário dos outros é refresco…

    Mancini

    Falando no segundo e com licença do Azenha, e ainda, aproveitando esse espaço democrático gostaria de sugerir um texto sensacional que achei na web. Trecho: “Naquele tempo de abutres atropelados por aeronave fantasma, ovelhas azuis lambiam as últimas gotas barrentas da Cantareira, enquanto Pinto, o pequeno, atolado em dívidas, ciscava no terreiro da fazenda em busca de grana.” O nome é Sete Narizes em:
    http://www.kbrdigital.com.br/blog/sete-narizes1/
    Muito obrigado!

zequinha

Essa turminha do “sabe tudo”, doutor nos “states”, ninguém aguenta. A cartilha deles é a do entreguismo total. Façamos de Washington a nossa capital, pensam eles ( aliás, Miami já é faz tempo). Quando a casa cair pros gringos, eles voltam com o rabinho entre as pernas.

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