Da Redação
Os veículos da família Marinho — Jornal Nacional, jornal O Globo e revista Época à frente — figuram entre os mais engajados em atribuir a Lula a posse de um triplex do qual o ex-presidente diz não ser proprietário em Guarujá.
No caso da Paraty House, há pelo menos uma denunciante que mostra o rosto: a fiscal do ICMBio Graziela de Moraes Barros, que já em 2012 atribuiu a posse da mansão à família Marinho em entrevista à Bloomberg. A fiscal, diga-se, fez uma autuação que resultou em ação do MPF, que pediu a demolição da casa.
Em nota enviada a blogs, João Roberto Marinho negou qualquer relação da família com a Paraty House.
No caso do Guarujá, há um porteiro que viu Lula no local. E especulações mil, sem rosto, o que não impediu o jornal dos Marinho de anunciar em manchete o prédio como sendo do ex-presidente.
Mais que isso, a manchete reproduzida acima tenta empurrar o “prédio de Lula” para dentro da Operação Lava Jato, ao ligá-lo de forma absolutamente torta ao doleiro Yousseff. O ex-presidente foi à Justiça contra os jornalistas de O Globo e isso, aparentemente, atiçou ainda mais o apetite dos Marinho por denunciá-lo.
A revista Época já dedicou três capas aos vazamentos do promotor Douglas Kirchner, do Ministério Público do Distrito Federal, uma autoridade de perfil intrigante.
Uma das especulações que ela disseminou é de que Lula, lobista, teria recebido propina através de palestras. O Instituto Lula desmentiu, já em outubro de 2015:
Lula recebe remuneração profissional apenas e especificamente quando é contratado para dar palestras para empresas privadas, o que fez não só para a Odebrecht, mas 71 vezes para 42 empresas diferentes ao longo de 4 anos e 6 meses. Lula não faz lobby ou consultoria. O valor que foi recebido pelo ex-presidente por palestra para a Odebrecht é o mesmo que o cobrado para palestras para outras empresas. Nem mais, nem menos. Todas as palestras contratadas aconteceram e os dados sobre elas e as viagens do ex-presidente foram repassados ao Ministério Público. A empresa Infoglobo, por exemplo, do mesmo grupo proprietário da revista Época, pagou o mesmo valor que outras empresas por uma palestra de Lula feita no Rio de Janeiro, em 2013. A lista completa de empresas que contrataram palestras de Lula entre 2011 e 2014 é pública. Repetindo: Lula não é lobista, consultor, ou funcionário de nenhuma empresa. É contratado para palestras e só.
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Quase seis meses depois, virou manchete: “MPF exige de empresas provas de que Lula deu palestras”. A suspeita está no ar.
Se todas as 71 palestras forem confirmadas, vai ter manchete sobre isso? Será? Mas, no corpo do texto da reportagem, publicada neste sábado, a Infloglobo teve de corroborar a versão do ex-presidente. Ela mesma contratou Lula para dar palestra, em 2013: “Além de divulgar o evento em seus jornais, a Infoglobo arcou com os custos dos palestrantes, inclusive do ex-presidente Lula”.
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