Chico Buarque assume que errou; ação do Procure Saber criticada

Tempo de leitura: 4 min

Postado no Facebook pelo Sergio Glasberg, com a observação de que o Procure Saber é o Cansei da MPB

de O Globo (reprodução parcial e editada)

Chico Buarque afirmou em artigo que Paulo Cesar de Araújo, autor de “Roberto Carlos em detalhes” (obra que foi recolhida das livrarias), não o entrevistou para o livro: “Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou”.

Resposta: “Foi com grande espanto que li, quarta, declaração de Chico Buarque aqui no GLOBO, afirmando que jamais me deu uma entrevista. Ou seja, ele alega que eu teria faltado com a verdade ao incluí-lo entre as fontes listadas na biografia “Roberto Carlos em detalhes”. Ocorre que Chico Buarque foi, sim, uma das 175 pessoas que entrevistei para a pesquisa que resultou naquele livro. O artista certamente se esqueceu, mas ele me recebeu em sua casa, na Gávea, na tarde de 30 de março de 1992”.

O autor do livro apresentou um vídeo comprovando que houve a entrevista e especula sobre a atuação dos integrantes do grupo Procure Saber (Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Djavan):

— Por que eles entraram nessa briga? Essa é a pergunta que não quer calar.

— Me parece que houve ali uma espécie de compensação. Roberto iria apoiar a agenda do grupo no caso do Ecad (que pedia, entre outras coisas, a fiscalização do órgão) e, em contrapartida, eles apoiariam a causa contra as biografias não autorizadas. Eles próprios falaram que foi Roberto que trouxe essa questão para o grupo, que curiosamente nasceu pedindo transparência, acusando o Ecad de ser uma caixa-preta. Mas isso é só uma hipótese, uma tentativa de entender o que levaria esses artistas a se posicionar dessa forma.

— Roberto não está se pronunciando agora porque fez isso em 2007, em seus processos contra mim. Quando vi os argumentos do Procure Saber me dei conta de que já tinha lido aquilo em algum lugar. Claro, tinha lido nos meus processos. As duas teses estão lá, a privacidade e o fato de estarem ganhando dinheiro em nome do artista. E o Procure Saber encampa exatamente as duas teses, não há nenhuma originalidade, eles não criaram nada. Agora eles estão tendo dificuldade para defender essa tese estapafúrdia.

— Eles tinham que escolher defender ou a privacidade ou o dinheiro. Há uma dificuldade de defender a proibição de biografias não autorizadas para pessoas que sabem o valor do livro, que além de leitores, são autores. Você vê que Caetano é de partir para cima, de surfar em cima de um assunto. Não foi assim nesse caso. Sinto eles amarrados. Porque eles estão defendendo uma tese que no fundo não acreditam. Roberto nesse sentido foi sincero, porque ele acredita nisso. Ele vive num outro mundo, do mercado imobiliário, do cartão de crédito, o mundo do dinheiro. Não tem maiores intimidades com a literatura. Você até entende ele querer queimar um livro. Mas não os outros.

Apoie o VIOMUNDO

— Eles falam como se estivessem sufocados por biografias não autorizadas. O artigo de Djavan é como se fosse um basta aos milhares de livros escritos sobre eles. E não existe nenhuma! Nenhum deles tem. A do Milton é autorizada, a do Gil é autorizada, o Chico tem perfis autorizados… O único que enfrentou essa situação de ter uma biografia não autorizada de fôlego sobre ele foi Roberto.

— Encarar duas instituições nacionais, o príncipe da MPB de um lado e o Rei da música brasileira do outro, não é fácil. Só os fortes sobrevivem.

*****

Nota oficial de Chico Buarque, segundo o Estadão (obrigado pela dica, leitores):

“Eu não me lembrava de ter dado entrevista alguma a Paulo Cesar Araújo,  biógrafo de Roberto Carlos. Agora fico sabendo que sim, dei-lhe uma entrevista em 1992.

Pelo que ele diz, foi uma entrevista de quatro horas onde falamos sobre censura, interrogatórios, diversas fases e canções da minha carreira.

Ainda segundo ele, uma das suas perguntas foi sobre a minha relação com Roberto Carlos nos anos 60.

No meio de uma entrevista de quatro horas, vinte anos atrás, uma pergunta sobre Roberto Carlos talvez fosse pouco para me lembrar que contribuí para sua biografia.

De qualquer modo, errei e por isto lhe peço desculpas.

Quanto à matéria da Última Hora, mantenho o que disse.

Eu não falaria com a Última Hora (de São Paulo) de 1970, que era um jornal policial, supostamente ligado a esquadrões da morte.

Eu não daria entrevista a um jornal desses, muito menos para criticar a postura política de Caetano e Gil, que estavam no exílio. Mas o biógrafo não hesitou em reproduzi-la em seu livro, sem se dar o trabalho de conferi-la comigo.

Só se interessou em me ouvir a fim de divulgar o lançamento do seu livro.

Não, Paulo Cesar Araújo, eu não falava com repórteres da Última Hora em 1970.

Para sua informação, a entrevista que dei ao Mario Prata em 1974 foi para a Última Hora de Samuel Wainer, então diretor de redação, que evidentemente nada tinha a ver com a Última Hora de 1970, que você tem como fonte.”

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Leia também