Emissora da Globo dá espaço para campanha contra Dilma

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação, sugerido pelo JB e pela MC

O telespectador achou o momento pouco usual. Provocado, o entrevistado (aos 27″) declarou explicitamente o voto. Mesmo para uma emissora fechada, é incomum fazer isso numa concessão pública. Instar um entrevistado a explicitar seu voto, especialmente quando se sabe — pelo seu discurso anterior  — que ele condena a política econômica em curso.

Para quem você vai votar?

Marcos Troyjo, do laboratório dos BRICs da Universidade de Columbia, respondeu (obviamente, de acordo com a expectativa do mercado financeiro):

Eu não vou votar na presidenta. Eu não vou votar na presidenta. Eu acho que o Brasil não tem boas condições de fazer a transição que ele precisa realizar com a presidente e sua equipe. Eu vou votar num dos candidatos da oposição. O senador Aécio Neves obviamente tem uma equipe extraordinária, tem todo o bom discurso, o governador Eduardo Campos também. Eu acho que na realidade qualquer um destes que venha a ganhar pode fazer de 2015 um ano arco-íris, porque todas as previsões são tão sombrias…

Obviamente que o entrevistado prega a reversão da política comercial e externa do Brasil, além de reformas “estruturantes”, que em geral resultam na destruição de empregos e salários.

É o léxico dos economistas neoliberais.

Estruturante = Destruição do emprego alheio.

Direito à opinião é uma coisa, campanha eleitoral antecipada de maneira tão explícita é outra, notou o telespectador.

Será que a Globo embarcou em nova modalidade de campanha? Em 2006, lembremos — de repente, do nada — o comentarista Alexandre Garcia passou a aparecer no programa da Ana Maria Braga em plena campanha eleitoral! Eram comentários que martelavam a agenda da oposição.

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Agora, é possível fazer o mesmo usando a opinião de terceiros. Se for planejado — o que acreditamos ser pouco provável –, uma jogada genial!

Pior é melhor para Aécio, escreveu hoje José Roberto de Toledo, no Estadão.

Resumo:

Quanto pior, melhor para o tucano. No Ibope, entre abril e maio, Aécio cresceu de 21% para 35% no terço do eleitorado que desaprova o governo Dilma. Agregou 14 pontos. Ao mesmo tempo e no mesmo barril, Campos pegou mais 7 pontos e chegou a 15%. Como ainda há, nesse segmento, 10%  de indecisos e 28% que declaram voto branco/nulo, é o tucano quem mais pode encher seu bornal. Dos 20 pontos de Aécio, 12 vêm de quem acha o governo ruim ou péssimo — o dobro de pontos que o tucano conseguia até abril nesse segmento. Isso significa que quanto mais gente avalia pior o governo, mais eleitores Aécio ganha em proporção a Campos — e, por tabela, maiores suas chances de ir ao segundo turno.

Entenderam, agora?

O mundo vai acabar na mídia brasileira, inclusive no Manhattan Connection, até que Aécio Neves nos traga o arco-íris depois da tempestade, em 2015.

E você achou que já tinha visto de tudo…

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