Lista da Prefeitura de São Paulo de logradouros a serem rebatizados não inclui Roberto Marinho e Octávio Frias de Oliveira

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Construída para servir de cenário à Globo

Da Redação

A Prefeitura de São Paulo divulgou a lista de logradouros com nomes de pessoas ou datas vinculadas à repressão durante a ditadura militar que serão rebatizados.

Mas, inexplicavelmente, deixou de fora o empresário Roberto Marinho, dono da TV Globo, cuja atuação foi fundamental para dar sustentação ao regime; também “esqueceu” de Octávio Frias de Oliveira, que emprestou um jornal — a Folha da Tarde — e veículos de entrega de jornais para campanas da Operação Bandeirante, que promoveu todo tipo de crueldade contra presos políticos.

Segundo o militante Ivan Seixas, “Octavião” tinha medo de ser fuzilado pelos guerrilheiros pelo papel que desempenhou durante a ditadura. Em editorial de 22 de setembro de 1971, Octávio Frias de Oliveira descreveu o governo do general Médici, no ápice da repressão, como  “sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular”. Presa durante a ditadura, a jornalista Rose Nogueira foi demitida da Empresa Folha da Manhã por abandono de emprego quando, segunda ela, seu empregador sabia que ela estava na cadeia! Nos estertores do regime, Frias pai se juntou à linha dura do general Silvio Frota, que era contra a abertura “lenta, gradual e segura”.

Ainda assim, ele dá o nome a um hospital e à ponte estaiada, aquela que foi construída para servir de cenário à TV Globo, nas proximidades da avenida Jornalista Roberto Marinho.

O documento abaixo, assinado pelo então embaixador dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Lincoln Gordon, descreve como Marinho tentou convencer o primeiro ditador, Castello Branco, a desistir de cumprir a promessa de eleições diretas prometidas pelos militares depois do golpe. “Marinho ficou definitivamente satisfeito, ao final da conversa, com o fato de que Castello não só não se oporia firmemente mas poderia até colaborar com passos para tornar possível sua reeleição, provavelmente através de uma forma de eleição indireta”, diz o texto. As eleições não aconteceram e os candidatos civis — inclusive o direitista Carlos Lacerda, o “Corvo” — foram todos cassados.

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É fato histórico que Marinho e Frias ajudaram a promover o golpe e deram sustentação editorial ao regime. Em compensação, viram seus negócios florescer. Enquanto isso, o empresário Mário Wallace Simonsen, dono da TV Excelsior, teve seu império destruído por se opor à derrubada do governo constitucional de João Goulart, como descrevemos nesta reportagem.

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Sobre este assunto, vale ver “Cães de Guarda”, um livro que a própria autora, Beatriz Kushnir, diz que se tornou “maldito” nos círculos midiáticos. Por que?

 

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