Eric Nepomuceno: Clarín, o leviatã midiático

Tempo de leitura: 8 min

Lídia Papaleo Graiver disse à Justiça argentina que Héctor Magnetto, hoje presidente do grupo Clarín, foi quem mais a pressionou a assinar a venda da Papel Prensa. Ou ela assinava ou a sua filha seria assassinada, relata Nepomuceno

por Eric Nepomuceno, em CartaCapital, sugestão de Julio César Macedo Amorim

Fala-se muito, em com razão, da guerra declarada por Cristina Kirchner ao grupo Clarín, que além de ter o jornal de maior circulação da Argentina detém o controle de mais da metade do mercado de televisão e rádio. Pouco ou nada se diz da guerra do grupo contra o governo. É como se fosse a batalha de uma nota só.

Há um terceiro ator nesse confuso enredo, a Justiça. O desenlace final não oferece muitas opções: a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, conhecida por Lei de Meios ou Lei de Mídia, entrará em vigor. O problema é saber quando. Entre idas e vindas, diferentes instâncias da Justiça ora prorrogam, ora dão por suspensa uma medida liminar conseguida pelo grupo. Seja como for, o juiz Horacio Alfonso determinou que a lei é constitucional. O grupo recorreu, o recurso foi aceito, mas isso significa apenas, na opinião da maioria dos juristas argentinos, mais tempo até que se chegue à aplicação da legislação aprovada, em 2099, pela maioria do Congresso, contando com nutridos votos da oposição.

Não era exatamente o que esperava o governo. A data, inicialmente determinada pela Corte Suprema, era a sexta-feira 7. O governo apostou alto. No domingo 9 estava programada uma imensa festa popular, para celebrar, de uma vez só, o dia dos Direitos Humanos (10 de dezembro) e o primeiro ano do segundo mandato de Cristina Kirchner – além, calro, da entrada em vigor da lei. Mais de meio milhão de argentinos cobriram a Plaza de Mayo e seus arredores. Uma espécie de resposta dos apoiadores de Cristina Kirchner às manifestações convocadas pela oposição. Em outras cidades do país, a mesma data reuniu outro tanto de gente.

Faltou, porém, o prêmio ansiado: na mesma sexta-feira em que deveria entrar em vigor, a lei acabou adiada novamente. A Câmara Civil e Comercial, uma espécie de vara da Justiça destinada a assuntos comerciais, tornou a prorrogar a liminar pedida pelo Clarín. O governo reagiu mal, com a habilidade de um dromedário embriagado, ao criticar duramente a decisão. Ou seja, uma vez mais abriu flancos para receber ataques furibundos dos grupos hegemônicos de comunicação, agora sob o argumento de pressão sobre juízes.

Vale anotar que parte das críticas duras do governo aos integrantes da Câmara Civil e Comercial se deveu ao fato de um de seus três juízes ter viajado a Miami à custa do Clarín.

Enroscos judiciais à parte, a face mais visível da briga entre o governo e o Clarín gira ao redor de um mesmo eixo, a formidável concentração de meios nas mãos do grupo. Nunca é demais repetir sua participação no mercado: 42% das licenças de rádio, 59% da televisão fechada (a cabo), 39% da televisão aberta. São 254 canais de televisão a cabo (algumas fontes mencionam apenas 237, o grupo diz que não podem ser mais do que 24 licenças), duas dúzias de televisões abertas (o limite permitido é dez). Promover a desconcentração caberá a Martín Sabatella, diretor da Autoridade de Serviços de Comunicação Audiovisual.

Há outros 20 grupos que acumulam licenças em volume muito superior ao permitido pela lei. Todos eles, inclusive gigantes como a Telefônica espanhola e o grupo, também espanhol, Prisa, concordaram em cumprir a lei e vivem agora um período de adequação. O fundo de investimentos Fintech Advisory, sócio do grupo Clarín na operadora de televisão a cabo Cablevisión, concordou em acatar a lei. O Clarín disse tratar-se de um sócio minoritário, sem poder de decisão. Detalhe: o fundo detém 40% das ações da Cablevisión. Não é um minoritário qualquer.

Essa história ainda vai se arrastar. Por quanto tempo, ninguém sabe. A distorção do noticiário dos meios do grupo Clarín não tem limites. Denunciam graves atentados à liberdade de expressão, e encontram amplo eco em seus congêneres em outros países, a começar, claro, pelo Brasil, onde cinco grupos dão as cartas.

Evidentemente, não é de liberdade de expressão que se trata, e sim da liberdade de acumular concessões. O objetivo da lei é criar mecanismos que impeçam semelhante concnetração, principalmente de televisão fechada, que na Argentina tem um alcance muito maior que no Brasil (perto de 86% dos domicílios têm televisão a cabo ou via satélite). Isso, claro, para não mencionar a convergência com a internet de banda larga, que abocanha quase a metade do mercado argentino.

Cabe registrar que o governo de Cristina Kirchner não é, nem de longe, prioneiro nessa batalha contra a concnetração e, muito especialmente, contra o Clarín. O primeiro presidente pós-ditadura, Raúl Alfonsin, tentou a mesma coisa. Chegou a mandar fiscais da Receita invadirem a emprsa e durante meses virar pelo avesso sua contabilidade. Carlos Menem, por sua vez, pretendeu podar as asas famintas do grupo. Optou depois pela conciliação. Nestor Kirchner preferiu o caminho da cooptação: no fim de seu governo permitiu a fusão entre os canais Globovisión e Multicanal, o que consolidou de vez a hegemonia do grupo. A boa relação foi rompida em 2008, quando o Clarín se opôs com ferocidade à nova legislação fiscal sobre exportações agrícolas. Ninguém parece lembrar que os acionistas do grupo são acionistas de grandes companhias do agronegócio. Enfim, de onde quer que se olhe há razões de sobra para que todos os presidentes argentinos desde a redemocratização de 1983 – Alfonsín, Menem, Kirchner e agora sua viúva e sucessora, Cristina – tenhma tentado conter semelhante poder, semelhante avidez. Nenhum deles, porém, bateu tanto quanto a atual presidente.

Por trás desse conglomerado gigantesco, além do mais, há histórias escabrosas. O jornal Clarín surgiu em 1945, de forma relativamente modesta. Seu fundador, Roberto Noble, era um fervoroso admirador de duas figuras que haviam marcado época e deixado um rastro de barbaridades: um italiano chamado Benito Mussolini e um austríaco chamado Adolf Hitler.

Terminada a Primeira Guerra Mundial, vencidos e mortos os dois, Noble achava que parte de suas ideias merecia ser resgatada. Quando Juan Domingo Perón foi derrubado por um golpe militar em 1955, o Clarín demonstrou claras simpatias pelo novo regime. E assim foi. Havia outros grandes jornais que faziam pesada sombra. E se hoje é um dos diários de maior circulação na América Latina, até a última ditadura argentina (1976-1983) nunca deixou de ser um jornal de segunda linha, sem a tradição do conservador La Nación ou a ousadia de publicações que inovaram a imprensa do país, como a revista Primera Plana dos anos 60 ou o jornal La Opinión dos primeiros anos 70.

Na ditadura, o jornal ganhou corpo e voz. E tornou-se um grupo importante, graças às manobras de seu executivo, Héctor Magnetto, que começou como contador e hoje é o segundo maior acionista da empresa. Além da cumplicidade aberta com o regime genocida, o jornal – ao lado do vetusto La Nación e o popularesco (hoje desaparecido) La Razón – conseguiu um maná a preço de banana: apoderar-se do Papel Prensa, única fábrica papeleira da Argentina. A apropriação é uma das tantas histórias de horror absoluto da ditadura iniciada pelo general Jorge Rafael Videla e continuada por outros adeptos da barbárie como meio de vida.

A Papel Prensa era, por certo, um negócio confuso. Foi fundada durante os efêmeros governos peronistas por um jovem e ousado financista, David Graiver, que contava com o apoio de José Gelbard, ministro de Economia de Héctor Cámpora e do próprio Perón. Graiver morreu num misterioso desastre aéreo no México, em agosto de 1976, quando a ditadura encabeçada por Videla cumpria cinco meses de horror. Sua viúva, Lidia Papaleo de Graiver, e a filha eram as herdeiras majoritárias, além de outros familiares do marido.

Naquele período, além de torturar, assassinar, desaparecer e mandar para o exílio dezenas de milhares de argentinos, os militares se distraíam apoderando-se dos bens de suas vítimas. Gravier era especialmente odiado. Além de judeu, era considerado (e muito, possivelmente com razão) o administrador da fortuna do grupo guerrilheiro peronista Montoneros, criada a partir de resgates milionários obtidos em sequestros. A Papel Prensa era um butim muito ambicionado.

Logo depois da morte de Graiver, sua viúva voltou para a Argentina. Queria cuidar das propriedades do marido morto. Foi quando conheceu a face cruel da ditadura e o rosto macabro de Magnetto. Presa, foi pressionada a vender as ações da Papel Prensa para um trio formado pelo Clarín, o La Prensa e o La Razón, além de uma participação que permanecia nas mãos do Estado.

Fragilizada, sob todo tipo de pressão – ameaçavam matá-la e desaparecer com sua filha, na época um bebê de 1 ano de vida -, capitulou. Vendeu suas ações e recebeu como sinal cerca de 8 mil dólares. O resto – outros 2 milhões, preço insignificante diante do que a Papel Prensa realmente valia – nunca foi pago. Até hoje ela move, na Justiça argentina, um processo na tentativa de receber o combinado. Neste ano, diante de um tribunal, ela contou como foi a venda e, principalmente, o que aconteceu em seguida.

Disse que pouco depois de ter assinado a papelada, foi presa. Há razões para que a prisão acontecesse depois da venda da Papel Prensa. Uma lei determinava que os bens dos subversivos presos ou mortos passassem diretamente às mãos do Estado. A ditadura queria compensar seus aliados da mídia. Prender Lidia Papaleo significaria passar a única fábrica de papel do país para o Estado. Feita a transação, sobrava uma viúva jovem, atraente, e certamente dona do segredo de outros milhões de dólares. Seus algozes queriam encontrar o dinheiro deixado por Graiver.

Diante do tribunal, Lídia Papaleo contou como foi violada, agredida, vexada. Teve o tímpano arrebentado a golpes de mão aberta contra o ouvido. Muitas vezes, depois de estuprada, era levada de volta para a cela e jogada, nua, no chão. “E então, contou ela ao juiz, “eles vinham e cuspiam, urinavam e ejaculavam em cima de mim”. Contou que até hoje, em seus pesadelos, revê o rosto de seus torturadores. E disse que nenhum desses rostos a amedronta mais do que o do homem que a pressionou para assinar os documentos da venda da Papel Prensa. Os olhos do homem que dizia, com uma voz serena e calma, que ou ela assinava, ou veria sua filha ser morta, antes de ela mesma ser assassinada.

Esse homem chama-se Héctor Magnetto e é o presidente do Clarín, do qual detém 33% das ações.

Graças a ele e aos seus métodos, o grupo tornou-se o que é hoje. É ele o patrão dos paladinos que dizem e asseguram que a Lei de Meios é um atentado à liberdade de expressão. É à sua voz que fazem eco os conglomerados de comunicação do Brasil.

Cristina Kirchner acaba de cumprir o primeiro ano de seu segundo mandato, envolvida numa briga tremenda com o grupo capitaneado por semelhante personagem.

O país enfrenta, seu governo também enfrenta, é verdade, um amontoado de problemas significativos. A inflação está em níveis elevadíssimos (deve rondar ou superar a marca dos 25%, em 2012), a economia apenas engatinha após anos de forte impulso, a classe média concentrada, principalmente, em Buenos Aires, e que sempre expressou contra o peronismo algo muito parecido ao preconceito (quando não ao ódio) de classe, se opõe de maneira cada vez mais radical a tudo que seu governo faz.

Há acusações de corrupção, e, certamente, uma parte consistente delas tem fundamento. Os investidores desconfiam de suas ações, algumas multinacionais abandonam o país, há sérias dificuldades para obter divisas e honrar os compromissos internacionais.

Nada disso parece insolúvel. Se ela conseguir, e tudo indica que conseguirá, desmontar um conglomerado ávido e feroz, que nasce a partir de uma história de horror e indecência, terá deixado uma significativa marca. E um exemplo – outro – para os vizinhos: da mesma forma que é possível resgatar o passado e fulminar a impunidade de quem cometeu crimes de lesa-humanidade, é possível desmontar os monopólios e democratizar a informação.

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Comentários

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Dilma alinha-se à mídia e rompe compromisso com a sociedade « Viomundo – O que você não vê na mídia

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joao

É da natureza humana o contrapeso, é a balança, a partida dobradas na contabilidade,para cada crédito haverá um débito. E assim, em todos os campos, menos na imprensa que parece que se tornou uma exceção às regras dos pesos e contrapesos. Um político tem suas garantias, porém, não pode emitir uma sentença sem fundamentos. É “vigiado pelo MP”, pelos tribunais superiores, pelas Leis, regimentos, etc. Suas decisões carecem naturalmente está eivada de fundamentos. O Político, idém. tem lá sua liberdade de expressão, mas também tem seus limites. para não citar muito, o próprio povo o fiscaliza. E assim, é na vida e em todas as profissões. Mas e o Jornalista? Este não tem regra a seguir? escreve o que quer? ou escreve o que o patrão quer e daí? ler quem quer? ISTO DEVE SER PENSADO, REPENSADO.

Rafael Kurdt

O que esperar de uma pessoa que tem cara e sobrenome de vilão?

Saiu dos quadrinhos da Marvel e foi parar na Argentina, sem antes consultar uma numeróloga e mudar para Magnetto…

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Raul Bando People

Quanta semelhança com a Globo.
Mas por aqui o governinho tem medo (não sei se é medo ou conivência) e enche as redes com propagandas caríssimas.
O PT é um partido de traidores (Fator Previdenciário) e de aproveitadores.
São medrosos.
Ideli acabou de se aposentar com salario de 6.100 reais.
Mais uma petista que, como o chefe sem dedo, se aproveita da situação e deixa quem trabalhou sob o Fator Previdenciário.
Só quem não tem amor próprio engole esta gente.

    Mário SF Alves

    Carái! Chefe sem dedo?!! O ano novo chegou e, pelo visto, trouxe junto a ignonímia.
    __________________________________
    Mas, é o processo. Faz parte, fazer o quê?

    Mário SF Alves

    Em tempo:

    Antes fosse apenas isso, ignomínia.

    Jair de Souza

    Pela sua pbservação sobre o “chefe sem dedo”, tenho a impresão de que, na verdade, a vacilação no enfrentamento da máfia midiática e as medidas do fator previdenciário citadas são os únicos pontos do atual governo que você aprova. Mas, como seu desejo é criar intriga e desestabilizar o processo para favorecer os setores oligárquicos, ficaria difícil gerar indignação condenando o bolsa-família, o Pró-Uni, o Luz para todos e os demais programas integradores do governo. Apesar de sua tentativa de se apresentar como crítico de “esquerda”, seu preconceito antipovo revelou sua verdadeira identidade direitista.

Venício Lima: 2013 não será fácil — como, aliás, nunca foi « Viomundo – O que você não vê na mídia

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H. Back™

Penso que sempre foi assim. A luta de classes é nada mais nada menos, do que a luta pela sobrevivência de uma determinada classe ou grupamento de indivíduos que compartilham de interesses comuns. Os judeus sempre dominaram os meios de comunicação, razão pela qual, que sempre dominaram a opinião pública. A História e as realidades sempre foram manipuladas de tal maneira a servirem aos seus interesses sócio-políticos e econômicos.

Julio Silveira

Tem certeza que esse da foto não é o ator Nelson Xavier, se não for é sósia.

    Conceição Lemes

    É do próprio Héctor Magnetto, Julio. abs

    Abel

    Pensei que fosse o Prestes :)

Marcelo de Matos

“Se ela conseguir, e tudo indica que conseguirá, desmontar um conglomerado ávido e feroz, que nasce a partir de uma história de horror e indecência, terá deixado uma significativa marca. E um exemplo – outro – para os vizinhos”. A luta é válida, mas, o conglomerado e a indecência sobreviverão. O estado é cioso da “liberdade de imprensa”, na Argentina ou alhures. As cortes supremas, o maior bastião na defesa do “status quo”, defendem com unhas e dentes as prerrogativas da mídia. O ex-ministro Ayres Britto disse: “A metáfora de que a imprensa e a democracia são irmãs siamesas não é exagerada. É, de fato, um vínculo umbilical, a ponto de que, se for cortado esse cordão, é a morte das duas – da imprensa e da democracia”. Irmãs siamesas são a imprensa e o poder, já que a última se dá muito bem com os ditadores, quando os há. O Clarin é parte do poder e não sofrerá qualquer “capitis deminutio” (disminución de derecho, em linguajar portenho). A querela foi despachada para as instâncias jurídicas inferiores, para que esbarre na burocracia forense e demore mais.

    Jotace

    É, Marcelo, você tem razão pois ainda que deveria ser inimaginável a relação cortes supremas e a mídia (leia-se grande mídia) trata-se de um caso típico de ‘simbiose antagônica’. Esta, também chamada de ‘parasitismo’, é comum até no reino vegetal segundo o leciona a Biologia. Na natureza, consiste mais comumente na troca de fluidos, tecidos, ou mesmo ‘favores’ especiais (como a sombra), etc. entre dois organismos diferentes. Já no caso da grande mídia, o ilustre “supremo’ Ayres Britto, não entrou no cerne da estória, não explicou como era a troca parece que esquecido de que a Justiça não podia funcionar como um carrapato ou um morcego vampiro. Mas justo por causa dela outro ‘supremo’, o JB, certamente num momento de cólera raivosa, acusou um colega de ser “a vergonha da Justiça Brasileira”… Abraços e Feliz Ano Novo, Jotace

    Mário SF Alves

    O Marcelo deslindou a falácia da dita relação imprensa e democracia. Tá claro. São gêmeas siamesas sim, mas, não imprensa e democracia, e sim IMPRENSA e PODER.
    A não ser que entendêssemos democracia ao sabor do conceito que nos foi legado pelo general-presidente-ditador João Baptista Figueiredo; o mesmo João, a quem infelizmente considerei inimigo ideológico [infelizmente, porque ditador não é adversário] e a quem critiquei algumas vezes. Uma delas no calor do movimento Diretas Já, quando milhões de brasileiros foram às ruas exigir o fim da ditadura. Ocasião na qual, ele, o general, teria afirmado publicamente que “democracia é igual a laranja, tem diversas qualidades”. Outra foi quando disse preferir cheiro de cavalo a cheiro de povo. E a última, quando afirmou o clássico “prendo e arrebento” referindo-se e intimidando aqueles que fossem contra a abertura democrática”; ou, literalmente: “Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento!”
    Em sendo assim, em sentido estritamente figueirediano, sim, a relação siamesa imprensa e democracia procede.
    Mas, verdade seja dita, o mesmo Figueiredo, após o fim daquela forma de ditadura, dizem, teria dito (e talvez com toda a razão) que “só uma revolução francesa salvaria o Brasil.
    __________________________________________
    É… pode ser. Quem sabe, quando a burguesia local adquirir vocação para burguesia nacional e se der conta de que tem de enfrentar os barões. Assim, quem sabe?

    H. Back™

    “(…) “só uma revolução francesa salvaria o Brasil.”
    Sr. Mário SF Alves, o Figueiredo disse mesmo isso? O Sr. pode me indicar a fonte?

Jotace

O LEVIATÃ E A HIDRA DE LERNA

Salve Cristina, A Corajosa, que enfrenta com bravura inigualável não só os invasores do território argentino, mas os depravados torturadores e vendepátrias do Clárin. Estes, de mãos dadas com militares genocidas e, como sempre, amparados pelo capital transnacional, cometeram os mais sórdidos e inconcebíveis crimes a fim de se apoderarem da empresa de propriedade da família Graiver. Não satisfeitos, tais defensores da ‘liberdade de imprensa’, vêm traindo diariamente o povo argentino ao longo dos anos como líderes no país da desinformação e da manipulação das notícias, a serviço das oligarquias e transnacionais. Se ao povo da grande nação-irmã coube o leviatã do caos, encarnado no Clárin, nós temos aqui a Globo, verdadeira repetição da hidra de lerna, com suas numerosas cabeças em todo o território pátrio, mentindo, desinformando, corrompendo, e ostentando sua impunidade frente a todos os Três Poderes da nação. Como muito bem o afirmou aqui no blog o Franco Atirador, enquanto não se derrube o paradigma JN como a principal fonte de informação dos brasileiros jamais que teremos no país uma Verdadeira Democracia…Que o Ano Novo fortaleça o espírito de luta pela Lei dos Meios no espírito de todos que amam o Brasil… Jotace

José X.

“Terminada a Primeira Guerra Mundial” –> segunda

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