Carlos Lopes: Multis já controlam 56% da produção de etanol

Tempo de leitura: 5 min

Bush ganhou

Mantega anuncia benefícios para multinacionais do etanol

Ganharão aumento compulsório do consumo de etanol misturado à gasolina; desoneração do PIS/Cofins; e duas linhas de crédito a juros reais próximos de zero

por Carlos Lopes, na Hora do Povo, via Informa CUT

As medidas anunciadas pelo governo para o setor do etanol têm o evidente objetivo de aumentar a margem de lucro das multinacionais que tomaram as usinas brasileiras – a Shell, a Louis Dreyfus, a BP, a Archer Daniels Midland (ADM), a Bunge, a Tereos, a Abengoa, a Shree Renuka.

O próprio governo se encarregou de tirar as dúvidas a esse respeito. A nota do Ministério da Fazenda, que comunicou as medidas, já é explícita: “Com esse conjunto de medidas, o governo amplia a competitividade do setor de etanol, reduzindo a carga tributária, melhorando o fluxo de caixa das empresas e suas condições de financiamento. Dessa forma, o governo promove o investimento e a melhoria nas condições de oferta de longo prazo desse produto”.

Porém, mais explícito ainda foi o ministro Mantega. Para não deixar dúvida alguma, disse ele, sobre as medidas: “… não quer dizer que isso será repassado para o preço final”.

Ou seja, as medidas não são para beneficiar o consumidor – exceto a “longo prazo”, o que nada quer dizer, exceto que o consumidor não verá o benefício (já dizia Keynes, a “longo prazo” todos estaremos mortos).

As medidas são para aumentar a margem de lucro dos monopólios externos que esmagaram o setor nos últimos anos, até porque, como lembraram alguns empresários, os benefícios não são acessíveis para a maioria das empresas nacionais, devido ao seu alto grau de endividamento – já veremos como isso aconteceu – e aos incríveis cadastros exigidos pelo BNDES.

Quanto à crença de que as multinacionais, com o aumento da margem de lucro, vão fazer investimentos, bem, é uma crença sem fundamento na experiência nem na lógica, como são, em geral, as crenças fanáticas e as falsificações pouco espertas.

Um conhecido porta-voz das multinacionais, o sr. Paulo Costa – ex-Cargill e secretário-executivo da International Ethanol Trade Association (IETHA), agora “consultor” do setor – saiu exultando: “… Os benefícios vão ficar na cadeia produtiva, muito carente deles, e até na linha de distribuição. Mas não vão chegar aos postos. Com o aumento da mistura de anidro para 25% a partir de 1º. de maio o setor tem armas para minorar sua difícil situação de margens, particularmente em uma safra onde os preços de açúcar não estão famosos. Não sabemos até onde o caixa do Governo vai aguentar tanta desoneração pontual (…). Vamos aproveitar este momento e não esperar que os preços de gasolina e etanol caiam na ponta final”.

Choremos pela triste situação das multinacionais. Por pouco não enviamos algum óbulo para essas carentes… Mas elas não estão satisfeitas, como nunca, aliás, vão estar: querem agora derrubar qualquer administração do preço da gasolina, para que possam aumentar o etanol até os píncaros. Realmente, a possibilidade do consumidor passar para a gasolina quando o preço do etanol aumenta, é o limite que as multinacionais não conseguiram quebrar para elevar o preço do álcool.

Logo, querem retirar do consumidor essa opção: se a gasolina aumentar sem limites, que opção terá o usuário, quando o etanol aumentar? Aliás, já conseguiram aumentar o consumo compulsório do etanol anidro que é acrescentado à gasolina em cinco pontos percentuais. Toda a conversa sobre livre-mercado, na hora do pega-prá-capar, serve para impor, sob decreto, o maior consumo da mercadoria.

Vejamos como, de esperança energética nacional, a produção de etanol transformou-se nesse desesperançado gangsterismo.

A partir do final de 2008, as empresas nacionais produtoras de etanol foram tomadas pelas multinacionais, sobretudo as maiores. Um dos poucos jornalistas especializados no chamado “agronegócio”, apesar de longe de ser um progressista, descreve assim o que houve em seguida:

“As multinacionais, que haviam comprado dezenas de usinas, desaceleraram. (…) A aversão ao risco freou os grupos nacionais, às voltas com elevados investimentos em mais de 200 projetos desde 2005. Ficaram sem capital. E as dívidas foram à estratosfera. (…) Em 2009, os usineiros queriam renegociar R$ 3,5 bilhões em dívidas com o BNDES, tradings, bancos privados, produtores e fundos de investimento. O governo recusou. (…) De exportador, o país passou a comprador de etanol de milho dos EUA. Sem ter como contratar crédito novo, boa parte das usinas nacionais foi liquidada. Outra parte quebrou ou pediu recuperação judicial. Saíram de cena gigantes como Santelisa, NovAmérica e Vale do Rosário. Entraram os estrangeiros ADM, Louis Dreyfus, Bunge, Tereos, Abengoa, Shree Renuka” (Mauro Zanatta, “Medidas reforçam caixa, mas não garantem investimento”, Valor Econômico, 24/04/2013).

Nos últimos cinco anos, diz a presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, “40 usinas de açúcar e álcool paralisaram o processamento de cana no País e (…) mais 12 devem suspender as atividades neste ano”.

Já mencionamos, em outra edição, os resultados dessa desnacionalização em massa: “Multinacionais são sempre monopólios. Investem o mínimo para lucrar mais. Assim, o que elas fizeram foi se apoderar do que as empresas brasileiras já tinham construído – a construção de novas usinas, que havia crescido de nove (2005) para 19 (2006), 25 (2007) e 30 (2008) caiu para 19 (2009), 10 (2010) e 5 (2011). Portanto, deixaram de investir, apesar da generosidade do BNDES com essas multinacionais” (cf. HP, 13-17/01/2012).

Mas não foi somente um bloqueio nos investimentos o que ocorreu. Primeiro, elas forçaram um aumento nos preços, bem explicado pelo lobista -0 quer dizer, consultor 0- que citamos acima: “a concentração e consolidação do segmento em mãos de empresas financeiramente sólidas e melhor conhecedoras dos fundamentos de mercado fizeram com que o consumo fosse administrado através de uma oferta controlada por preços elevados”. Em suma, as multinacionais formaram um cartel dentro do país para aumentar o preço do etanol, coisa fácil, pois esse cartel já existia no exterior.

Segundo: a produção de etanol, que se elevara de 11.536.034.000 de litros (2002) para 27.512.964.000 de litros (2008), caiu para 22.681.510.000 de litros (2012). Uma queda de quase cinco bilhões de litros (4.831.454.000 l) em quatro anos (cf. UNICA, “Produção de etanol total 1980/1981 – 2011/2012”).

Terceiro: o consumo de etanol hidratado caiu de 16.470.948.169 de litros (2009) para 9.850.180.303 de litros (2012). Uma queda de 6.620.767.866 de litros – ou seja, -40% em três anos (cf. UNICA, “Consumo de combustíveis – Etanol hidratado 2009-2012”).

Perder dinheiro não é a especialidade das multinacionais, exceto quando se metem num sarilho como a crise deflagrada no final de 2008. Pensando bem, nem assim. Logo, boa parte da escassez de etanol no mercado brasileiro foi devida, como denunciou na época a presidente Dilma, ao fato das multinacionais, diante do aumento especulativo do preço do açúcar no mercado internacional, desviarem sua produção do etanol para o açúcar – e que se danassem os que usavam o etanol.

Assim, ao mesmo tempo que a produção do etanol caía, a produção do açúcar subia de 29.798.433 toneladas (2007) para 37.988.520 toneladas (2011) e 35.924.976 toneladas em 2012 (cf. UNICA, “Produção de Açúcar 1980/1981 – 2011/2012”).

Enquanto isso, o Brasil, país de vastas terras e vastos canaviais, via-se, em 2011/2012, na humilhação de importar 1.671.503.000 litros de etanol, basicamente etanol de milho dos EUA.

Como prêmio – e incentivo para continuar fazendo a mesma coisa — receberão um aumento compulsório do consumo de etanol misturado à gasolina; a desoneração quanto ao PIS/Cofins; e duas linhas de crédito (de R$ 4 bilhões e R$ 2 bilhões) a juros reais próximos de zero ou até negativos.

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Comentários

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Nelson

E dizer que o nosso companheiro Lula já estava afirmando que o biocombustível poderia ser a redenção do pequeno agricultor brasileiro.
Lérias.
Nunca acreditei nisso, até pela forma como o governo deixou o setor, totalmente à mercê da suposta mão invisível do livre mercado. Não poderia dar em outra coisa.
Tivesse criado uma empresa estatal ou colocado sob o controle da Petrobrás a produção do biocombustível, a coisa poderia andar. Do jeito que está serão as mega empresas que tomarão conta de tudo e, por consequência, de quase todo o lucro gerado no setor.

francisco pereira neto

Há algum tempo atrás fiz um levantamento sobre a expansão da cana de açucar no estado de São Paulo. Eu fiquei assustado, e mais do que essa sensação, é simplesmente desanimador.
Se alguém se interessar em ler, está aquí.

Cosan- Linha do Tempo
1936 – Fundação da Usina Costa Pinto em Piracicaba.
1986 – Inicio do processo de crescimento com aquisições de usinas no estado de São Paulo e início das exportações de açúcar na região Centro-oeste do país.
1993 – Início das exportações de açúcar a granel. Lançamento do VHP (Very High Polarization) para exportação, tecnologia desenvolvida pelo pesquisador da Unesp de Presidente Prudente Aldo Eloizo Job, utilizando um aparelho conhecido como “língua eletrônica” desenvolvido também por brasileiros pesquisadores da Embrapa de São Carlos, que na prática permite aos consumidores transformá-los em diferentes tipos de açucares.
2000 – A Cosan é oficialmente criada.
2002 – Implantação do GPS para o monitoramento das áreas agrícolas.
2004 – Acesso ao mercado de capitais. Internacionalização com o lançamento do Bônus Inaugural.
2005 – Oferta pública inicial (IPO) da Cosan S.A na Bovespa.
2007- Oferta pública inicial (IPO) da Cosan Limited na NYSE.
2008 – A Cosan surpreende o mercado e compra os ativos da Exxon Mobil no Brasil (A ExxonMobil e o Grupo Cosan firmaram, no dia 1º de dezembro de 2008, um acordo para a venda das quotas das empresas que controlam a Esso Brasileira de Petróleo. O acordo envolveu todas as operações de combustíveis e lojas de conveniência, os negócios de lubrificantes, incluindo a rede de postos revendedores que ostentam a marca Esso, as operações de aviação no Brasil).
A Cosan e a Rezende Barbosa Participações criam a Rumo Logística. (A valorização das terras agricultáveis no Brasil deve aumentar muito nos próximos anos por conta da demanda global por alimentos e biocombustíveis. Atenta a essa tendência, a Cosan criou, em 2008, a Radar Propriedades Agrícolas, que se dedica a explorar novas oportunidades de negócio no mercado imobiliário rural brasileiro. O objetivo é comprar propriedades com alto potencial de valorização e arrendá-las para grandes operadores rurais. Depois de atingirem uma valorização considerada significativa, as propriedades são colocadas à venda. O foco inicial são terras voltadas para o cultivo de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão. Nos primeiros três anos de vida, a empresa já investiu US$ 400 milhões. Hoje, administra cerca de 106 mil hectares de terras. Para avaliar o potencial das terras, a Radar utiliza um sistema de monitoramento por satélites, que permite a análise minuciosa do relevo, das características físicas e químicas do solo e do regime climático, entre outras informações. Criado em 2002, em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o sistema de informações geográficas possibilita visualização com resolução de um pixel a cada cinco metros. Um banco de imagens de satélite de áreas de todo o Brasil, com fotos periódicas desde 1989, permite traçar um histórico do uso da terra antes da aquisição e impedir, por exemplo, aquisições de terras provenientes de desmatamento ilegal a maior exportadora de açúcar do mundo).
2009 – Mais um passo na consolidação de nossa participação no mercado com a aquisição dos ativos da Nova América, incluindo a marca União, centenária no mercado de açúcar.
2010 – Cosan e Shell firmam memorando de entendimento para criação de joint-venture para atuação na produção de açúcar e etanol e distribuição de combustíveis. Início do projeto de investimentos de 1,3 bilhão de reais da Rumo Logística.
2011- Nasce a Raízen. Umas das empresas mais competitivas do mundo na área de energia sustentável. (Joint Venture formada entre Cosan e Shell, a Raízen é uma empresa brasileira responsável pela produção de mais de 2.2 bilhões de litros de etanol por ano para atendimento ao mercado interno e externo, 4 milhões de toneladas de açúcar e 900 MW de capacidade instalada de produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana. Possui cerca de 4.500 postos de serviço para distribuição de combustíveis espalhados pelo Brasil, mais de 500 lojas de conveniência, 53 terminais de distribuição e está presente em 54 aeroportos no negócio de combustíveis de aviação. Destaca-se com uma das mais competitivas empresas na área de energia sustentável do mundo. O nome Raízen é a união de duas forças, raiz e energia. A primeira remete à parte das plantas que extraem nutrientes e água necessária para a vida e a outra, ao fator crítico para qualquer dinâmica: para que haja vida ou movimento é preciso energia. A opção pelo nome em português reforça tratar-se de uma organização brasileira e a cor roxa da marca remete à aparência da cana-de-açúcar madura.
É criada a Cosan Biomassa. Lançamento da Novvi, joint venture da Cosan e da Amyris (Quando nossos fundadores se reuniram na UC Berkeley, perceberam que estavam compartilhando uma visão. Era uma visão clara de uma empresa com espírito de colaboração – uma empresa que assumiria o compromisso da biologia sintética e traria soluções de impacto para os problemas mais importantes do mundo. Por meio de uma doação da Fundação Bill & Melinda Gates (Bill & Melinda Gates Foundation) para o Instituto para a Saúde de Um Único Mundo (Institute for One World Health), a primeira missão da Amyris foi desenvolver a tecnologia necessária para um fornecimento consistente de um medicamento contra a malária, a artemisina com custo reduzido. Foi difícil, mas nós conseguimos. Concedemos uma autorização isenta de royalties relativa a essa tecnologia para a Sanofi-Aventis, para que comercializasse os medicamentos com base na artemisina. A partir desse sucesso, a Amyris emergiu como uma plataforma tecnológica comprovada e uma empresa única, consolidada para a inovação em prol da sociedade).
2012 – Já em 2012, a Cosan LE celebrou a aquisição da Comma. Trata-se do primeiro negócio do Grupo Cosan na Europa e uma importante contribuição para a trajetória de sucesso da companhia. Localizada na Inglaterra, a Comma produz e distribui óleos lubrificantes, além de outros produtos automotivos destinados ao mercado do Reino Unido e exportados a alguns países da Europa e Ásia. Saiba mais sobre a Comma aqui.
Valor Online de 03/07/2012 – O grupo Cosan anunciou hoje que concluiu a aquisição da Comma Oil and Chemicals Limited, que pertencia a Esso Petroleum Company. A operação reforçou a estratégia da companhia de ingressar no mercado europeu de lubrificantes e especialidades automotivas. A transação, anunciada no início do ano, inclui os negócios de lubrificantes acabados, fabricação de produtos químicos automotivos e vendas para terceiros; todos os ativos da Comma situados na planta de produção, em Kent, Inglaterra; e as propriedades relacionadas à marca Comma. Segundo a Cosan, novos acordos serão assinados para permitir que a Comma continue a distribuir lubrificantes da marca Mobil através de canais específicos no Reino Unido e também para produzir e distribuir às afiliadas da ExxonMobil sua linha de produtos automotivos.
EXAME Fórum 14/09/2012 – “Cosan ganha muito com a compra da Comgás”, diz Ometto. Com a Comgás, a Cosan pode passar a atuar em toda a cadeia de seu negócio. ( Composição Acionária – O acionista controlador da Comgás é a Integral Investments – 71,9 % – que possui como acionistas principais o BG group – BG São Paulo Investments B.V – e o Grupo Shell – Shell Gas BV – 6,3% – outros – 21,8%) – (fonte: http://www.comgas.com.br).
São Paulo – Depois de investir na compra do controle da ALL, em fevereiro, seguida pela aquisição da Comgás, aprovada pelo Cade esta semana, deixaram alguns analistas com um pé atrás sobre o destino da Cosan: tanta diversificação poderia prejudicar a empresa?
Rubens Ometto, controlador da empresa, garante que não. “Investimos em empresas que tenham sinergia com nosso negócio principal para nos proteger das oscilações de mercado a que os setores de infraestrutura e açúcar e álcool estão sujeitos”, afirmou Ometto, durante o evento EXAME Fórum, que acontece hoje na capital paulista.
Todo esse movimento é feito sem que a empresa deixe de lado seu principal negócio. “Nunca faremos isso, mesmo porque nossa operação em açúcar e álcool e energia estão indo muito bem”, disse o empresário.
Com a Comgás, a Cosan pode passar a atuar em toda a cadeia de seu negócio – açúcar e álcool, combustível, distribuição e postos de gasolina, além de incrementar sua receita com a atuação em um ramo de retorno maior. Enquanto a margem obtida da Comgás historicamente gira em acima de 20%, a da Cosan no último trimestre ficou em 7,8%, estima o mercado.
Sobre a América Latina Logística, Ometto diz ver na empresa um imenso potencial de ajudar o país a reduzir custos com logística. Em fevereiro, o usineiro pagou 896,5 milhões de reais para adquirir 5,7% do capital da ALL e tornar-se, assim, o maior acionista do bloco de controle, com 49,5% da fatia de capital.

edson

Carlos Lessa para o lugar de Mantega.

Lafaiete de Souza Spínola

COM O NOSSO PÍFIO INVESTIMENTO NA EDUCAÇÃO, PERGUNTO: TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO, É SURPRESA PARA QUEM?

TALVEZ, PARA OS INCAUTOS!

SOBRE INVESTIMENTO NA EDUCAÇÃO.

Nesse mundo globalizado, quem não investe em Educação estará mais vulnerável.

O Brasil, todos sabemos, é um país de analfabetos e semianalfabetos. Um diploma de segundo grau, quase sempre, não passa de um pedaço de papel. O IDEB e testes internacionais estão aí para comprovar a quem duvida dessa verdade. Depois do primeiro impacto inicial, o bolsa família passa à fase da saturação no que diz respeito à ampliação do mercado interno.

Segundo estatísticas, as classes D e E representam cerca de 75 milhões de habitantes, aproximadamente 40% da nossa população. O poder aquisitivo desses nossos conterrâneos está em torno de mirrados 10%. O que podemos esperar dentro desse quadro de calamidade?

Um investimento de pelo menos 15% do PIB na educação, em nossas condições concretas, daria um impulso, em curto prazo, no nosso mercado interno, desde que haja uma mobilização nacional.

Com a total federalização da educação, inclusive para padronizar a qualidade do ensino, cerca de 40% das nossas reservas poderia ser usada, inicialmente, para a construção de escolas, em tempo integral, tipo CIEPS, porém mais amplas, com áreas dedicadas à cultura e ao esporte e na preparação de professores. Tudo isso nas cidades e no campo.

O caminho para resolver os problemas estruturais e amenizar as injustiças sociais do Brasil está, basicamente, atrelado à EDUCAÇÃO. Precisamos, com urgência, investir, pelo menos 15% do PIB no orçamento da educação.

Deve ser disponibilizada escola com tempo integral às nossas crianças, oferecendo, com qualidade: o café da manhã, o almoço, a janta, esporte e transporte, nas cidades e no campo. Como é uma medida prioritária, inicialmente, faz-se necessária uma mobilização nacional. Podemos, por certo tempo, solicitar o engajamento laico das Igrejas, associações, sindicatos e das nossas Forças Armadas (guerra contra o analfabetismo e o atraso) para essa grande empreitada inicial.

Outros investimentos de grande porte, concomitantemente, devem ser realizados, ajudando, inclusive, a movimentar a economia de todo país: a construção civil seria acionada para a construção dessas escolas de alta qualidade, com quadras esportivas, espaços culturais, áreas de refeição e cozinhas bem equipadas etc. Tudo isso exigindo qualidade, porém sem luxo.

Durante o período de mobilização, concomitantemente, o governo deve investir na preparação de professores para atender à grande demanda. Como esse projeto é de prioridade nacional, os recursos deverão vir, entre outros: de uma nova redistribuição da nossa arrecadação; de uma renegociação da dívida pública, com a inclusão do bolsa família etc.

Não temos tempo para ficar aguardando a época do pré-sal.

Reservando aos pequenos agricultores o fornecimento da alimentação dessas escolas, haveria um crescimento do mercado interno oriundo da renda desses agricultores, além de mantê-los em suas terras. Tenho certeza que o tomate não estaria tão caro! Não se faz necessário deduzir que haveria um crescimento, também, na construção civil. Por favor, esse é o trem bala que o Brasil necessita.

Leram o comentário UM PROJETO PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL?

Precisamos nos inspirar em Darcy Ribeiro!

Sem esse investimento na educação seremos eternos exportadores de matérias primas, sob cada vez maior controle das multinacionais!

Pensem nisso!

J Souza

O povo não vai ficar sabendo dessas coisas, e vai continuar votando no PT… PÊÊ TÊÊ, como diz o Joaquim Barbosa…
O governo comemora uns 7% de aumento nos salários…
Ai dá uns 5 a 6% de desoneração para os bilionários e para as multinacionais… por baixo! Dinheiro que vai, em sua maioria, para paraísos fiscais!!!
Ai depois dá um aumento nas tarifas/preços de uns 6 a 7%!
Ai vai para a TV dizer que o povo está ganhando mais…
Ai a arrecadação desaba, diminui o superávit, e, para diminuir a especulação, aumentam os juros…
Ai o dinheiro sai da produção, vai para a ciranda financeira, diminui a oferta, aumenta a inflação, e ai… aumentam os juros de novo!!!
É só alegria!!!

P.S.: Li agora há pouco no Twitter que existem títulos de inflação. Será que isso é legalizado?

    JOTA

    Leu no Tweeter, Viu o programa de Show do Mensalão da Globo pro BBB (Brasileiro Burro e Bobo), leu Veja, Folha e Época.
    E ainda acha que tem opinião própria.
    Como tem nazista aqui.

    J Souza

    O governo está maluco desonerando e subsidiando tudo, ou está fabricando dinheiro?
    Se está fabricando…
    Por que não reajusta a tabela do SUS?
    Por que não reajusta os salários dos funcionários públicos?
    Por que não subsidia, através dos governos estaduais e prefeituras, reajustes para os professores do ensino fundamental?

    Antes não tinha dinheiro… Agora tem sobrando!?… #QueroFalarTb

Mardones

Esse governo do PSDB é um atraso para o Brasil! Fora PSDB!

    Nelson

    Fina ironia, Mardones. Muito boa.

    Eu e o Google Contra a Rapa

    Candidatíssima à frase do ano. Parabéns!

LANDO CARLOS

Como sempre os empresários nacionais desperdiçam as oportunidades e perdem o chamado momento ideal, para depois ficarem lamentando. Quando você não se fortalece, se enfraquece em relação a quem se fortaleceu. O ex-Presidende Lula advertiu que era preciso tomar uma decisão por parte desse setor, de fortalecer ao mesmo tempo a produção de açúcar e a de etanol, ao invés de ficar pulando hora pra um hora pra outro. Como construir dá trabalho, preferiram esperar pra ver o que acontecia enquanto as multinacionais saíram comprando e se fortalecendo.
Agora estão choramingando, preferiram os juros altos do que planejamento e trabalho sério. Não entendo patavina sobre etanol. Mas as multinacionais tomaram conta do setor e são administradas conforme o interesse de suas matrizes; essa quantidade de importação de etanol de milho deve atender aos interesses delas em seu país de origem e atrapalha muito os interesses nacionais.
Lula quis construir um caminho conjunto, que atendesse os interesses do Brasil e abriu as portas para o diálogo com o setor priorizando os empresários nacionais. Como aliás este Governo tem feito há bastante tempo, infelizmente ninguém deu crédito. Se tivessem dado crédito, a situação seria completamente outra e o Brasil seria extremamente competitivo esses dois produtos internacionalmente.
Nossos empresários ao invés de defender seus interesses preferem defender a retirada dos direitos dos trabalhadores e a redução de tributos. Já os estrangeiros, sobrevivendo debaixo das mesmas condições oferecidas dentro do País a todos, vão pegando tudo o que lhes interessa.

    Lafaiete de Souza Spínola

    PRECISAMOS INVESTIR EM EDUCAÇÃO E ESTAMOS GASTANDO RIOS DE DINHEIRO COM A COPA DO MUNDO.

    SEM ESCOLAS, EM TEMPO INTEGRAL, COMO DESCRITO EM UM PROJETO PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL, NÃO VAMOS DESCOBRIR ATLETAS PARA AS OLIMPÍADAS DE 2016. MAIS UMA VEZ, VAMOS GASTAR RIOS DE DINHEIRO.

    Depois, receberemos, como em Londres, menos medalhas do que as pequenas ilhas de JAMAICA e CUBA.

    Sem educação continuaremos sendo: campeões em injustiça social e o paraíso das multinacionais.

    O caminho para resolver os problemas estruturais e amenizar as injustiças sociais do Brasil está, basicamente, atrelado à EDUCAÇÃO. Precisamos, com urgência, investir, pelo menos 15% do PIB no orçamento da educação. Deve ser disponibilizada escola com tempo integral às nossas crianças, oferecendo, com qualidade: o café da manhã, o almoço, a janta, esporte e transporte, nas cidades e no campo. Como é uma medida prioritária, inicialmente, faz-se necessária uma mobilização nacional. Podemos, por certo tempo, solicitar o engajamento laico das Igrejas, associações, sindicatos e das nossas Forças Armadas (guerra contra o analfabetismo e o atraso) para essa grande empreitada inicial.

    Viva o Darcy Ribeiro!

Willian

Vocês são contra todas as empresas estrangeiras em todos os setores?

    renato

    Willian, me salve nunca vi tanto da direita
    aqui.
    Tudo bem Azenha, ser democrático.
    Mas assim, do nada, só pena que voa!!!
    Brasil!!! Me salve!!!

    cidadão de bem

    Não. Eu adoro as empresas brasileiras nos eua.

    Nelson

    Excelente essa, Cidadão. Excelente.

Francisco

Daqui a alguns anos, quando tentarmos reverter essa situação de imperialismo pré-Vargas elegendo o PT, vai ser bem mais dificil.

Mas… pera aí, nós já elegemos o PT!!!

PS. A esquerda falhou. Lutou pelo “petroleo é nosso” e não piou pelo “alcool é nosso”. Era para o governo petista ter sido constrangido a comprar todas essas usinas brasileiras que estavam sendo vendidas a preço de banana. Nem estoque regulador temos, do combustivel que inventamos…

No nosso país, o ridiculo não tem fim.

Pergunta rápida: se fosse FHC no poder, não teriamos imposto a criação de uma “BioBras” (abarcando alcool, biodiesel, eólica, etc, etc.)?

Porque não fizemos?

Porque o PT esta no poder e os sindicatos estão empelegados. Duro, mas é a realidade.

    Lafaiete de Souza Spínola

    A desnacionalização deita e rola!

    Até as matérias primas estão sendo controladas pela multinacionais. Inclusive, deram um nome charmoso: COMODITIES, nome que soa bem para as multis!

    Matéria Prima é coisa de tupiniquim!

jaime

“Brasil, um país de todos” – todos os que têm capital, sejam eles entreguistas ou estrangeiros mesmo; de preferência estes últimos. Ainda bem que mudaram o slogan…
Primeiro imploraram durante meses que o governo aumentasse o preço da gasolina para tornar “competitivo” o preço do álcool (leia-se: produzir açúcar é muito melhor, ainda mais com dinheiro do BNDES). Claro, nesse ponto eles tinham razão, porque compare-se a dificuldade entre produzir um litro de álcool e um litro de petróleo…Ainda mais com aquela mão de obra caríssima, aqueles salários de marajás, que são pagos aos funcionários públicos cortadores de cana.
Mas não foi suficiente. E além do mais, se a cesta básica foi desonerada (com tão bons resultados…) porque os usineiros não, né mesmo? Injustiça!!!

Guanabara

Também quero! O que precisa fazer pra ganhar “incentivos” assim? Ser milionário e financiar campanha de políticos ou ameçar intervenção militar e/ou jurídica?

lulipe

Mas não foi o deus-lula que disse que éramos auto-suficiente em petróleo, e hoje importamos mais de 80 mil barris diários de gasolina???

    Valdeci Elias

    Infelizmente o deus-lula, tambem aumentou a quantidade de empregos, e concedeu aumento real ao salário. O que ocasionou um aumento na demanda de combustivel. Se o país produziu X, o povo ta gastando XX.

    lulipe

    E você deve continuar acreditando em saci-pererê e papai-noel, não é???

    Lafaiete de Souza Spínola

    E a educação que é a prioridade?

Marcelo de Matos

Se as multinacionais controlam 56% da produção de etanol, isso quer dizer que o índice de nacionalização no setor é de 44%. Claro que não estamos levando em conta o conceito técnico de nacionalização:
https://www.cartaobndes.gov.br/cartaobndes/PaginasCartao/FAQ.ASP?T=17&Acao=R&CTRL=&Cod=67,67 De qualquer forma a nacionalização no setor é muito expressiva e esse não é o problema do etanol. Há necessidade de aumentar a produção e as multinacionais terão um papel importante. São necessárias novas tecnologias, como a do etanol celulósico: “O objetivo é analisar os genes relacionados à síntese da parede celular em três plantas: cana-de-açúcar, milho e miscanto, gramínea comum em regiões de clima subtropical na Ásia e na África”. A parceria com Inglaterra e França visa promover estudos científicos para aumentar a produção de etanol.

    marco

    só precisa lembrar que a + alta tecnologia pra produção de alcool é brasileira não só da cana… creio deveria-mos repensar uma produção estratégica regional(municipios) para o alcool e biodiesel!

    Marcelo de Matos

    Pode ser. De qualquer forma a parceria com França e Inglaterra deverá trazer bons resultados. A Shell, por exemplo, é uma grande empresa no ramo de combustíveis. A Inglaterra não plantava chá, mas, o produto trazido da Índia foi responsável por parte da riqueza do império britânico. A França produz álcool de beterraba branca, necessitando de grande quantidade de veneno para combater as pragas desse tipo de plantação. Por falar em veneno, quando se fala em produção de álcool todos somos nacionalistas; quando se fala em defensivo agrícola ninguém quer saber de papo. Defensivo é veneno: que o produzam os gringos. Nós vamos continuar comprando, a preço de ouro, porque é inevitável.

Vlad

Aposto que o maior lobista do Brasil e que vive escrevendo coisinhas sobre etanol em seu blog (para se perfumar de entendido) está por trás disso.
Aliás, disso TAMBÉM.

LEANDRO

O governo abandonou o projeto do etanol com o populismo do pré-sal. Foi só anunciarem o pré-sal e o etanol foi posto de lado. Agora vem botar a culpa nas empresas??? E o governo?? Vai novamente vir com o discurso “das elite”? Falta de planejamento e demagogia, só isso.

Gerson Carneiro

Lula lá.. brilha uma estrela! :)

    Francisco

    Fazer o quê? Rir, né…

    lando carlos

    gerson com essa camiseta você deve ser viuvo do fhc acontece isto porque o empresario brasileiro e canalha,quer ganhar dinheiro facil,e não investir para o futuro

    renato

    Gerson, neste dia o Busch perguntou:
    – LHULHA! Qual serr o caminhoo!
    – Lula respondeu!
    – Por ali Busch, por ali…
    Quem esta perto de Lula, consegue saber das
    coisas, quem não esta perde o rumo!!!!

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