Bancada do PT repudia agressão à chanceler da Venezuela: Autoritarismo e machismo no Mercosul
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Crédito: Foto: Eitan Abramovich/AFP, via PT na Câmara
Bancada do PT repudia agressão à chanceler da Venezuela e o autoritarismo no Mercosul
A Bancada do PT na Câmara divulgou nota oficial, nesta segunda-feira (19), repudiando a agressão sofrida pela chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, durante reunião do Mercosul na última quarta-feira (14), em Buenos Aires.
O episódio ocorreu na sede do Ministério de Relações Exteriores, quando Delcy Rodríguez tentou entrar no edifício, para participar do encontro, e foi barrada pela polícia e por funcionários do governo argentino.
A chanceler acabou entrando, mas os representantes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai foram para um local diferente e reuniram-se a portas fechadas, sem representantes da Venezuela e da Bolívia.
Confira o texto, assinado pelo líder Afonso Florence (PT-BA), que considera “vergonhoso” o episódio e identifica também um “componente machista” no mesmo.
NOTA DE REPÚDIO
A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, historicamente defensora dos princípios que movem o processo de integração latino-americana, manifesta o seu inteiro repúdio ao episódio de agressão institucional à chanceler venezuelana Delcy Rodríguez, ocorrido esta semana em Buenos Aires, por ocasião de um encontro dos chanceleres do Mercosul.
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Não é justificável, tanto do ponto de vista do Direito Internacional, quanto na dimensão política, que a representante de um país soberano e partícipe da construção do Mercado Comum do Sul receba o tratamento indigno oferecido pelas autoridades argentinas à Sra. Rodríguez.
Entendemos, ademais, que o componente machista se fez presente neste vergonhoso episódio e isto também é merecedor do nosso mais veemente repúdio.
Consideramos inaceitável a postura autoritária e antidemocrática que os governos do Brasil, da Argentina e do Paraguai — que em parte contam com o apoio do Uruguai — vêm imprimindo à condução do Mercosul, o que se expressa na tentativa ilegal e ilegítima de excluir a Venezuela do bloco, por razões explicitamente ideológicas, mal disfarçadas em alegações supostamente técnicas que poderiam ser aplicadas, aliás, a todos os países membros deste projeto de concertação regional.
De maneira oposta ao que fizeram os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, bem como Nestor e Cristina Kirchner à frente da Argentina e Fernando Lugo enquanto esteve no comando do Paraguai, o golpista Michel Temer e seus colegas Maurício Macri e Horácio Cartes adotam uma política excludente e marcada pela ausência de diálogo.
Esta posição, articulada em larga medida pelo chanceler entreguista José Serra, não levará a outro caminho senão o desmonte do Mercosul e a submissão destas nações aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos e seus aliados europeus preferenciais, que se beneficiam diretamente da fragilidade da integração latino-americana.
Seguiremos denunciando esta infame operação para excluir a Venezuela do Mercosul e chamamos a atenção da sociedade brasileira e do mundo para esta grave situação vivida pelo Mercosul, que, ao longo da sua existência, trouxe inegáveis e incontáveis benefícios políticos, econômicos, sociais e culturais para o Brasil e para os seus integrantes.
Brasília, DF, 19 de dezembro de 2016.
Deputado Afonso Florence
Líder do PT na Câmara dos Deputados
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