Júlio Cerqueira César Neto: Governo do Estado de São Paulo e Sabesp, não dá mais!

Tempo de leitura: 2 min
Paulo Pinto/Fotos Públicas

por Júlio Cerqueira César Neto

Mais uma vez me sinto no dever cívico de vir a público para tratar da irresponsabilidade do Governo do Estado e da Sabesp com relação ao abastecimento de água da Região Metropolitana de São (RMSP).

É impressionante o descompasso entre o tamanho e importância da 2ª metrópole do mundo, junto com Nova York e cidade do México, com 20 milhões de habitantes e a total incompetência do Governo do Estado e especialmente da Sabesp de cumprir com as suas obrigações para gerenciá-la.

Afinal a Sabesp é a maior empresa de saneamento básico das Américas e 4ª do mundo com quase 30 milhões de usuários mas as suas atitudes e comportamento demonstram que não é capaz de compreender e avaliar a complexidade dos problemas sobre os quais é a responsável.

Há mais de 20 anos, após a conclusão do Sistema Cantareira, que proporcionou o atendimento de 100% da população, não fez mais investimentos em novos mananciais e a região não parou de crescer.

Em 2003 com a demanda e o consumo equilibrados em torno de 75 m³/s (incluídos os 10 m³/s das águas subterrâneas) a ocorrência de ano hidrológico desfavorável conduziu o sistema à beira do colapso, tendo sido salvo por questão de dias (começou a chover).

Esse fato assustou todo o mundo, menos a Sabesp e o Governo do Estado que até hoje, passados mais 9 anos (e a cidade crescendo), nenhuma providência foi tomada e pior, nenhuma preocupação foi demonstrada.

Hoje o sistema apresenta, incluindo alguma segurança hídrica, um déficit da ordem de 13 m³/s (3 milhões de pessoas sem água) que deve ser ampliado para 27 m³/s por volta de 2030 (caso se confirme a tendência de estabilização da população).

Essa situação envolve agravantes como é o caso de eventual colapso no abastecimento pelas águas subterrâneas (sistema em péssimas condições de operação), ocorrência de novo ano hidrológico desfavorável e negociação de parte do Sistema Cantareira com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) já em 2014.

Veja, por enquanto estamos falando apenas em termos de quantidade de água.

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Em termos de qualidade é notório que a qualidade das águas dos nossos mananciais já ultrapassou há vários anos a capacidade dos sistemas tradicionais de tratamento ainda em uso pela Sabesp, (tecnologia de mais de 100 anos), de modo que a água distribuída a população já não pode ser considerada potável.

Além disso, os nossos mananciais continuam desprotegidos e apenas 25% do esgoto doméstico gerado é tratado, e mesmo assim de forma precária.

O Sistema continua apresentando probabilidade real de colapso e essa probabilidade só tende a aumentar durante os próximos 10 ou 15 anos, considerando que caso o Governo do Estado comece a se preocupar hoje com o problema o tamanho, complexidade e prazos de execução não deixarão por menos.

Confesso que não sou capaz de avaliar a situação desses próximos 10 a 15 anos.

Senhor Governador, pelo amor de Deus, não dá mais!!!

Júlio Cerqueira Cesar Neto é engenheiro, durante 30 anos foi professor de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica/USP.

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