“O primeiro a ser comido vai ser o Aécio. Quem não conhece o esquema do Aécio?”
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Em conversa, Jucá afirma que ‘caiu a ficha do PSDB’ sobre operação
RUBENS VALENTE , 23/05/2016 02h10, na Folha
Em uma das conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o então senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirma que “caiu a ficha” de líderes do PSDB sobre o potencial de danos que a Operação Lava Jato pode causar em vários partidos.
“Todo mundo na bandeja para ser comido”, diz Jucá.
Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao PMDB, afirma que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves (PSDB-MG)”, e acrescenta: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”.
“É, a gente viveu tudo”, completa Jucá, sem avançar nos detalhes.
Machado tenta refrescar a memória de Jucá: “O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?” Não houve resposta de Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Machado diz que a “situação é grave” porque “eles”, em referência à força tarefa da Lava Jato, “querem pegar todo mundo”.
Jucá concorda, ironizando o plano. “Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura”, afirma.
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O atual ministro do Planejamento também confidenciou a Machado as dificuldades que o PMDB vinha enfrentando para “a solução Michel”, que seria a posse do vice-presidente no lugar de Dilma Rousseff. O único empecilho, disse Jucá, era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Só Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra”, afirma Jucá no diálogo, que foi gravado.
“O Renan reage à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. ‘Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas'”, disse Jucá ao ex-presidente da Transpetro.
‘VOADOR’
O senador disse que Machado deveria alertar Renan porque o colega senador seria “voador”, ou seja, alguém bastante distraído. Machado concordou:
“O Renan é totalmente ‘voador’. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele [Renan]. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor para ele. Ele não compreendeu isso não”.
Jucá então completa: “Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem”.
O senador também afirmou a Machado que havia conversado com “generais”, os “comandantes militares”, e que eles haviam dado “garantias” ao PMDB a respeito da transição e estavam “monitorando” o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Após o diálogo entre os peemedebistas, Dilma acabou sendo afastada do cargo devido à abertura do processo de impeachment. As investigações da Lava Jato levaram o STF a afastar Eduardo Cunha da Câmara. (RV)
OUTRO LADO
A assessoria de Aécio Neves (PSDB-MG) afirma que ele “desconhece e estranha os termos dessa conversa”. “Ele foi eleito presidente da Câmara em 2001 por maioria absoluta dos votos em uma disputa que contou com outros nove candidatos, tendo sido essa eleição amplamente acompanhada pela imprensa”.
A assessoria de Renan Calheiros (PMDB-AL) não foi localizado pela Folha.
Gilmar Mendes, Aécio e os fichas-sujas
Por Altamiro Borges, em seu blog, em 15.05.2016
Na semana passada, a mídia privada deu destaque para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de apurar as denúncias de que o cambaleante Aécio Neves, presidente do PSDB, recebeu propinas da estatal mineira Furnas.
O pedido de abertura de inquérito seria analisado pelo ministro Gilmar Mendes, informou o noticiário.
O escarcéu talvez tenha visado reduzir as duras críticas à cumplicidade do STF na criminosa votação do impeachment de Dilma, vendendo a falsa imagem de que o Judiciário nativo é um poder neutro e imparcial.
A encenação, porém, não durou um dia. Logo na sequência, o próprio Gilmar Mendes, líder dos tucanos do STF, informou que arquivaria o processo.
O pedido de abertura do inquérito teve como base a “delação premiada” do senador Delcídio do Amaral, mas também contou com as informações prestadas por Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da midiática Operação Lava Jato.
O mafioso afirmou que o tucano recebia valores mensais de Furnas por intermédio de sua irmã, Andrea Neves, e da empresa Bauruense.
No pedido, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que uma ação da Polícia Federal no Rio de Janeiro encontrou documentos do doleiro que confirmaram a existência de uma conta no exterior ligada a uma fundação em nome da mãe do presidente do PSDB, Inês Maria Neves Faria.
Apesar dos vários indícios de corrupção, o sinistro Gilmar Mendes simplesmente resolveu arquivar o processo.
Conforme relato da Folha tucana, “um dia depois de determinar a abertura de inquérito para investigar a suspeita de que o senador Aécio Neves recebeu suposta propina de Furnas, o ministro do STF, Gilmar Mendes, suspendeu a coleta de provas e decidiu pedir que a PGR reavalie o caso.
A decisão do ministro ocorreu após manifestação da defesa do senador alegando que não há elementos novos sobre o episódio que justifiquem abertura do inquérito”. Em nota oficial, o cambaleante tucano comemorou a decisão do seu “amigo”, sempre isento, no Supremo Tribunal Federal.
Não é a primeira vez que Gilmar Mendes livra a cara dos “fichas-sujas”. No seu currículo, o sinistro ministro do STF, nomeado pelo ex-presidente FHC, já coleciona vários casos famosos. Foi ele quem concedeu habeas corpus para o “banqueiro” Daniel Dantas, conhecido agiota do mercado financeiro.
Ele também livrou da cadeia o médico Roger Abdelmassih, que estuprou centenas de mulheres na sua clínica de luxo.
No início de abril, Gilmar Mendes voltou a demonstrar a sua “isenção” ao conceder habeas corpus para o ex-deputado José Riva (PSD-MT), tido como “o maior ficha-suja do país” por responder a cerca de 150 processos na Justiça.
O mafioso, que estava preso desde outubro passado, agora está livre e solto… como o cambaleante Aécio Neves!
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