Rui Falcão: Vazamento seletivo pode interferir no processo eleitoral

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por Conceição Lemes

O vice-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o relator da CPI da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), pediram para esta segunda-feira 13 audiência com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

É para verificar que providências podem tomar em relação ao tratamento que está sendo dado ao inquérito em que foram ouvidos o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Yousseff, na  condição de colaboradores da Justiça.

“Há dois tratamentos para o caso”, observa ao Viomundo o deputado estadual Rui Falcão, presidente nacional do PT. “De um lado, fecha a investigação, que está sob segredo de Justiça, devido à delação premiada. De outro, abre vazamentos seletivos para a mídia. E isso pode interferir no processo eleitoral.”

“O juiz orientou os réus a não mencionar nomes de políticos, como senadores, deputados e governadores, porque eles têm foro privilegiado”, argumenta. “Mas deixou que falassem de partidos, de pessoas que não têm chance de se defender e fizessem acusações sem provas.”

O juiz é Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato.

Em artigo publicado nesse domingo,  o jornalista Paulo Moreira Leite denuncia a atuação de Moro na delação premiada no caso Petrobras.

Sobre o  juiz ter orientado os dois delatores a não dizerem nada sobre autoridades com direito a foro privilegiado, a explicação, segundo Paulo Moreira Leite, é “inacreditável”:

é que essas revelações iriam retirar o caso da guarda de Sérgio Moro, que ficaria obrigado a transferir o caso para o STF.

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E daí?, pergunta-se. Nada. É o que determina lei. O problema é político. No STF, dificilmente haveria lugar para um carnaval pré-eleitoral. Encarregado de acompanhar a Lava Jato, o ministro Teori Zavaski tem demonstrado uma postura zelosa e discreta.

Paulo Moreira Leite joga luz sobre o juiz da conjuntura e a conjuntura do juiz, que postula vaga no STF logo depois do segundo turno da eleição presidencial:

Em 2012, durante o julgamento da AP 470, Sérgio Moro tornou-se assistente da ministra Rosa Weber, que fez carreira na justiça do trabalho do Rio Grande do Sul. Partidário de punições duríssimas, o juiz logo caiu nas graças de jornalistas que fazem a cobertura do Supremo. Eles passaram a tratar Sérgio Moro como a eminência parda por trás das sentenças que a ministra apresentava em plenário. Embora tivesse interesse em permanecer no STF, chegando a enfrentar uma guerra nos tribunais para combinar o trabalho em Brasília com a devida carga horária como professor da Universidade Federal do Paraná, Sérgio Moro acabou retornando ao Paraná.

Numa reportagem recente sobre o depoimento de Paulo Roberto Costa, VEJA dizia que ele fez diversas acusações ao PSB e ao ex-governador Eduardo Campos. Parecia muito razoável, já que a usina Abreu Lima, centro de operações de Paulo Roberto Costa, foi construída em Pernambuco, com a indispensável participação do governo de Estado.

No depoimento divulgado na semana passada, as referências ao PSB e a Eduardo Campos sumiram. Aécio Neves tinha acabado de receber apoio formal dos socialistas. Será coincidência?

Nesta segunda-feira, o PT deve tomar medidas jurídicas em relação às pesquisas realizadas pelo Instituto Paraná, divulgada pela revista Época, e pela Sensus/IstoÉ. “O nosso departamento jurídico está estudando as medidas em relação a eventuais manipulações que possam estar ocorrendo”, diz Falcão.

Leia também:

Eder Carvalho questiona ponderação da pesquisa IstoÉ/Sensus

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