Gerson Carneiro: Bahia não é a terra da felicidade

Tempo de leitura: 3 min

por Gerson Carneiro, em comentário neste site

É chegada a hora de pegar minha cruz e seguir meu calvário.

A Bahia está cheia de problemas, nas mais diversas áreas, principalmente Educação e Segurança.

Para resolver os problemas da Bahia tem que ser alguém na política que realmente goste da Bahia e não apenas do Poder. E sinceramente, não consigo ver ninguém com essa propriedade.

Tenho a sensação de que nem os artistas da Bahia gostam de fato da Bahia. Exceto Gilberto Gil e artistas realmente engajados com a cultura negra da Bahia como Lazzo Matumbi que esteve ontem, 06/02/12, no teatro Vila Velha discutindo a questão da comunidade negra do Rio dos Macacos ameaçada pela Marinha do Brasil.

Até o carnaval não é mais feito para os baianos.

Salvador é uma cidade cara e violenta. Não consigo andar em Salvador sem estar em alerta. Em Aracaju ando tranquilo, em João Pessoa ando tranquilo mas, Salvador, Maceió e Recife não consigo relaxar.

Vou entrar em conflito com meus conterrâneos mas não posso esconder que há (ou está se desenvolvendo) em Salvador uma cultura egoísta. A sensação é a de que há um código de conduta próprio e os baianos o praticam sem o menor pudor de quem quer que seja que esteja observando.

Há muito tenho percebido isso porque tenho sido vítima disso. Por duas vezes eu e minha esposa caminhando na calçada, no Rio Vermelho, quase fomos atropelados por motoristas que subiram na calçada para estacionar. E senti que se eu falasse alguma coisa iria ser agredido. Outra vez um motorista se aproximou silenciosamente por trás de mim e a cerca de um metro buzinou de forma estúpida para que eu saísse da frente em um local aonde eu passava e a calçada estava interditada.

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No aeroporto, eu aguardando um pessoa desocupar o carrinho para utilizá-lo, assim que a pessoa desocupou um rapaz passou na frente e pegou o carrinho, expliquei que estava alí aguardando e a resposta que tive foi “qualé meu rei, o mundo é dos espertos; fique esperto”.

Quem chega à Salvador achando que a Bahia é a terra da felicidade logo percebe que não é. E Salvador não é cidade para ingênuos. Viver em Salvador não é fácil.

Essas cenas violentas de saques que vi por conta desse motim da PM em Salvador, e que me remeteram aos Haiti, é a baixa cidadania da população (população esta desprezada ao longo dos anos, desde que se negociava escravos no Mercado Modelo) se manifestando. Quando governantes não se dão ao dever de trabalhar para elevar o sentimento de cidadania de um povo, essa baixa cidadania não despreza oportunidade para se manifestar.

Tenho andado entristecido com a Bahia e meu povo. E não vou esconder isso.

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