Miguel Urbano: Novas formas de agressão dos EUA

Tempo de leitura: 3 min

Nas guerras, os drones apagaram a fronteira entre o soldado e o civil. Foto: Força Aérea dos EUA/Sargento Brian Ferguson

por Miguel Urbano Rodrigues, Jornal Brasil de Fato

Os EUA surgem como pioneiros em duas formas de agressão que o Pentágono define como evolução na arte da guerra: os drones, aviões sem pilôto, e os ataques cibernéticos.

Robôs sofisticados, as aeronaves sem piloto estão a ser utilizadas intensamente em bombardeamentos no Afeganistão e no Paquistão e em operações similares no Iêmen e na Somália.

Num brilhante ensaio, o professor português Frederico Carvalho analisa a rápida expansão desses armamentos de tecnologia avançada.

Em 2003, o número de veículos aéreos sem piloto (Vasp) excedia já os sete milhares. Segundo o Pentágono, esses engenhos vieram “revolucionar a arte militar”.

Eles apagaram na guerra a fronteira entre o soldado e o civil. Agora, algures numa pequena cidade dos EUA, um técnico, recebidas as instruções sobre o alvo a atingir, carrega nos botões de uma mesa de comando e depois vai jantar com a família de consciência tranquila. Nem sequer conhece o resultado da operação criminosa.

Mas o ataque pode ser também desfechado de uma base na Etiópia, em Djibuti, nas Seychelles ou na Arábia Saudita. Eventualmente, de um porta-aviões. Os drones disparam mísseis Halfi re ou Scorpion.

Afirmam os generais do Pentágono que os danos colaterais são mínimos. Mentem Dennis Blair, o ex-diretor Nacional da Espionagem, qualifica os Vasps de “arma perigosamente sedutora”, porque “é barata, não faz vítimas americanas e transmite uma imagem de dureza”.

Oficialmente, os alvos visados são grupos de terroristas ou personalidades cujos nomes constam de uma lista submetida à aprovação prévia do presidente Obama.

O balanço dos ataques a aldeias das zonas tribais do Paquistão, planejados e controlados diretamente pela CIA, é pesado.

Nas aldeias bombardeadas por cada “terrorista” abatido são mortos dez camponeses.

De uma só vez, os mísseis de um drone mataram 26 soldados paquistaneses. A indignação naqueles país foi tamanha que o governo de Islamabad proibiu durante meses na fronteira o trânsito de caminhões de abastecimento às tropas americanas e da Otan que ocupam o Afeganistão.

O presidente Obama não somente aprova a utilização massiva dos drones como deu o seu aval a uma alteração dos regulamentos que autoriza o recurso “da força letal” longe de zonas de guerra. Por outras palavras, o assassinato em países estrangeiros de indivíduos considerados “perigosos” para a segurança dos EUA passou a ser legal.

Além dos drones, os EUA contam hoje com um arsenal de robôs de reconhecimento.

Revistas especializadas referem a existência de pequenos robôs espiões com a aparência de insetos, que passam despercebidos. Está aliás em estudo a utilização de insetos reais em que seria implantado um chip eletrônico que permitiria comandar a distância o seu vôo.

Cibernética a serviço da guerra

OS EUA são também pioneiros na utilização da cibernética como instrumento de espionagem e arma eficaz para a desativação ou destruição de equipamentos e sistemas informatizados.

O subsecretário de Defesa dos EUA, William Lynn, reconheceu numa declaração pública que para o Pentágono o ciberespaço “é um novo teatro de guerra”, como o solo, o mar ou o ar.

Atos de agressão cibernética confirmam essas palavras. Em setembro de 2010 a mídia estadunidense noticiou que o parque de ultracentrifugadoras de Natanz, no Irã, fora alvo de um ataque. Em Washington sabia-se que ali se procedia ao enriquecimento de urânio natural destinado a combustível nuclear para a produção de energia.

Aproximadamente mil centrifugadoras foram então inutilizadas pela operação de pirataria cibernética que utilizou o vírus Stuxnet. Posteriormente, soube-se que esse vírus, até então desconhecido, resultara de um projeto americano-israelense.

Operações como a citada são planejadas e executadas sob a direção do Ciber Comand, subunidade do Comando Estratégico das Forças Armadas.

É de lamentar que a mídia brasileira, com poucas exceções, preste escassa atenção à importância crescente da guerra robótica e da ciberguerra nas agressões imperiais dos EUA.

Essas inovações “revolucionárias” na estratégia militar do imperialismo iluminam bem a ameaça para a humanidade de um sistema de poder monstruoso que somente encontra precedente no III Reich nazi.

Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português.

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Comentários

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Renato

Ué, a Esquerda não tá falando que o Fim dos EUA chegou com a crise economica?
Olha o fim que vocês alegaram, cada vez mais eles se entopem de armas. Colocando Rússia, China na sola do chinelo.

Apavorado por Vírus e Bactérias

O jeito é ter tecnologia para detectar e destruir esses aviões e os insetos espiões. É o único jeito. Os ianques só entendem essa linguagem.

Luca K

Enquanto isto, a Carta Capital, q da mídia mainstream brasileira eu até respeitava um pouco, não passa uma semana sem fazer RP do imperialismo americano e sionista. Arrumaram um cara de quinta categoria, tal de jose antonio lima, q perfeitamente poderia escrever pra Veja ou Folha, para promover desinformação constante sobre o Oriente médio, Putin e outros temas. E outra, sistematicamente os censores da CC apagam as críticas, mesmo as que são apenas objetivas. Não só as minhas, mas as de vários outros foristas. Leiam e denunciem!!
http://www.cartacapital.com.br/internacional/quanto-mais-longo-o-conflito-melhor-para-o-radicalismo/
http://www.cartacapital.com.br/internacional/o-futuro-da-siria-apos-assad/
http://www.cartacapital.com.br/internacional/com-o-pussy-riot-putin-cria-mais-tres-martires-politicas-para-a-oposicao/

Roberval

Os cérebros nazistas que os EUA capturaram durante a II Guerra Mundial continua dando seus frutos apodrecidos. É por estas e outras que Hitler ganhou aquela guerra e continua em ação.

Com isso perde a humanidade!!! Gostaria de entender de onde vem esta voraz vontade de matar!

    Fabio Passos

    “Gostaria de entender de onde vem esta voraz vontade de matar!”

    São os valores do regime.
    Lucro é mais importante que a vida humana.

    Precisamos derrubar esta ditadura que está destruindo o planeta e a humanidade.

damastor dagobé

aqui em BH e=um carregador com caixas contendo computadores entrou na justiça do trabalho alegando que pegou um virus de computador em seu trabalho e ficou doente…parece que é mais ou menos a mesma coisa né?

Heloisa Villela

Nunca os Estados Unidos mataram tanta gente, usando os drones, como no governo do Nobel da Paz Barack Obama. Nos primeiros 8 meses de governo, ele bateu os recordes de George Bush. E nunca o Império expandiu sua presença militar na África com a rapidez com que está fazendo durante a administração do primeiro presidente afro-americano da história dos Estados Unidos. Um bom levantamento: http://www.tomdispatch.com/archive/175567/

Kazu

Temos os representantes e agentes dos titio san do norte, no Brasil infiltrados em partidos politicos, nos orgãos governamentais, nas igrejas, nas religiões, aqueles que se dizem jornalistas e até nos meios estudantis, infelizmente.

Mardones Ferreira

Os EUA não medem esforços para controlar o mundo a sua maneira. Quando não conseguem por meio de diplomatas, empresas, presidentes fantoches, ditadores e afins, apelam para a violêcia nua e crua.

E quem quer que se oponha a sanha americana vai sofrer. Cuba é um dos maiores exemplos.

Os impérios sempre contam com seu braço armado (seja qual for a forma) para impor a seu domínio. E o direito internacional que seja usado contra aqueles que não têm poder militar para se erguer contra o Tio San.

Jair de Souza

Em relação a esta questão tão bem exposta por Miguel Urbano Rodrigues, há um exelente trabalho investigativo publicado por Alternate Focus sobre mais esta máquina de matar do imperialismo, os drones. Lamentavelmente, até o momento, não há (que eu saiba) versão traduzida ao português. Portanto, será preciso ter algum conhecimento de inglês para poder entender o conteúdo dos execelentes vídeos disponíveis através dos seguintes links:
http://www.alternatefocus.org/DroneWars1.html
http://www.alternatefocus.org/DroneWars2.html
http://www.alternatefocus.org/DroneWars3.html

    Jair de Souza

    Não é importante, mas queiram corrigir para “excelente”, onde estiver mal redigido.

Luiz Moreira

Não vou chorar uma unica lágrima quando os EUA inteiro virar um deserto radiotivo.

Nelson

E dizer que essa “corja de assassinos, covardes, estupradores
e ladrões”(*) ainda se arvoram como paladinos defensores da democracia. E se acham no direito, também, de apontar este ou aquele governo como não-democrático ou ditador.

(*) da canção “Perfeição”, do grande Renato Russo.

Milton2

Construir fábricas de vacinas na Somália, levar tecnologia agrícola para alimentar populações miseráveis e famintas, incentivar a educação e a cidadania através de orgãos como a UNESCO, preservar o meio-ambiente; para essas coisas não vão recursos nem há interesses políticos dos EUA.
E ainda são idolatrados no mundo todo e paparicados com vários nobels.
Por outro lado, tanto egoísmo, desumanidade, medo e insegurança sejam sinais de decadência do império, tanto interna como externamente.

marta

Ele podem, né? Ficam ainda esnobando essas armas destruidoras, robôs,dos quais se poderia dizer representantes de homens covardes. Agora,se qualquer outro país, que não seja eles ou Israel dêem sinal de que têm armas para se proteger eles ficam implicando,como fazem com Irâ. Só eles, EUA e Israel podem se precaver e usar como bem entendem seu arsenal de armas, os outros paíse não.

Urbano

Uma verdadeira máquina de chacinar, desde tempos imemoriais.

luca brevi

leiam a grande ilusão americana, escrita ainda no século XIX,pasmem,por um monarquista!! sobre essa praga instalada na America do Norte; que o digam as varias tribos dizimadas por esse irmão que os PSDBestas vão beijar-lhes a mão e perguntarem qual a tarefa para cá no sul maravilha.
Fidel o único que desafiou-os.Mas temos um conforto; apesar de toda tecnologia eles perderam a guerra no Vietnam, e lá com armadilha de bambú.

Fred

“É de lamentar que a mídia brasileira, com poucas exceções, preste escassa atenção à importância crescente da guerra robótica e da ciberguerra nas agressões imperiais dos EUA.”
É lógico, a mídia “brasileira” está a serviço deles e é paga pra isso. Alguém duvida?

Eutímio Pimentel

Todas as nações do mundo tem que ficar de olho nos EUA, pois o unico e exclusivo objetivo, é dominar o mundo pra poder sugar as riquezas de outras nações ! Os estados unidos,(minuscula mesmo, revisor!)é a besta que vai mergulhar a humanidade no holocausto final !

lulipe

Enquanto isso as forças armadas do Brasil…..

    Elton

    Mas tu é muito engraçado mesmo!
    Nem quero o Brasil sequer desejando equiparar-se a estes monstros.

Fabio Passos

Os eua são uma ditadura asquerosa… agindo em nível global.

Drummond

Deus, faz chover lava vulcânica sobre o polígono revolucionador da ‘arte’ da guerra. Eles ficariam bonitinhos derretidos.

augusto2

capitulo 1º
Demorou para ser esclarecido este detalhe…, depois desta tem alguem ai acalentando duvidas sobre quem venha a ser o 666?
capitulo 2º
Certa vez cobraram de nosso Gal.Figueiredo, algo relacionado a informaçoes que ele teria passado ao governo anterior, pois ele pertencia antes ao SNI.Pois o Fig separou as coisas: “eu apenas prestava os informes. O que se faz com eles é outra coisa”.
Portanto terráquos, tremei. Porque em certos lugares do Norte quem olha,presta os informes e decide o que fazer com eles são rapidamente e cada vez mais, uma única e mesma entidade. E note-se que nao estou exagerando.

RicardãoCarioca

E os suecos deram o Nobel da Paz ao Obama, heim. Deveriam ter jogado o prêmio no lixo, para dar fim mais digno. Aposto que os suecos queriam mesmo era apenas ver o primeiro presidente americano negro de perto. Que vergonha, mancha indelével para o Nobel.

    Scan

    Uai! Até o Kissinger ganhou esta merda. Porque não o Obama?

    José X.

    Os países europeus são colônias americanas. Vejam o que está acontecendo com o Assange, a sanha com que os governos britânico e sueco exibem em sua perseguição. Podem escrever aí: Assange ainda vai acabar em uma prisão americana, dentro de no máximo uns dois ou três anos, Os americanos não perdoam, matam (ou enviam pra Guantânamo).

    Quanto aos drones: os americanos estão praticamente “invadindo” o mundo com esses aviões sem piloto. Dentro de alguns anos vai haver uns 50.000 (ou talvez mais) desses aviões espalhados pelo mundo, espionando e matando qualquer um que seja considerado “supeito” pelo governo americano. Lembram da Skynet ? Pois é, não é a Skynet mas é parecida.

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