Brasil de Fato: Os ataques à Comissão da Verdade

Tempo de leitura: 3 min

Os ataques à Comissão Nacional da Verdade

Está claro que os inimigos do povo se utilizarão de todos os métodos para inviabilizar a comissão

7/03/2012

Editorial Ed. 471 do Brasil de Fato

A mais recente movimentação de setores militares da reserva objetivando impedir o conhecimento público e a investigação de fatos ocorridos principalmente entre 1964 e 1988 expressa o que há de mais atrasado e retrógrado. É mais um ataque, dos vários que estão por vir, à Comissão Nacional da Verdade. O pacote reacionário que se apresentou no nefasto manifesto “Alerta à nação – eles que venham por aqui não passarão”, além buscar neutralizar ou acabar com a Comissão da Verdade, também tenta deslegitimar instituições democráticas e pessoas que se dedicam à luta pelos direitos humanos.

Toda sociedade humana tem direito à memória. Portanto, esse é um ataque à sociedade brasileira e ao seu direito de registrar sua própria história. O tal manifesto com seu tom ameaçador, intimidador e golpista é típico dos piores inimigos da humanidade. Esses senhores se acham no direito de sufocar a memória histórica do povo brasileiro que é carregada de heroísmo e lutas sociais.

Toda sociedade humana tem direito à verdade. Os signatários desse manifesto são justamente aqueles que cometeram perseguições, torturas e assassinatos durante a ditadura civil-militar, entre o período de 1964 e 1988. São os mesmos que não querem permitir que esses crimes sejam de conhecimento público, investigados e punidos. A sociedade e as famílias dos brasileiros e brasileiras que foram vítimas da repressão dos militares têm direito à verdade. Ou seja, quem ordenava os assassinatos e perseguições? Quem eram os torturadores? Onde estão os corpos dos desaparecidos políticos?

Mesmo tendo sido um manifesto de militares da reserva, ele expressa o caráter reacionário, conservador e autoritário da classe dominante brasileira. Os ataques dos milicos não pouparam nem mesmo o ministro da Defesa Celso Amorim que prontamente desvinculou o manifesto de qualquer iniciativa das forças armadas brasileiras. Os milicos não suportam e não aceitam o compromisso com a verdade e com os direitos humanos externado pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário e pela ministra da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres Eleonora Menicucci.

Sabemos que a reação de setores militares e civis incidiu no processo de formulação da Comissão Nacional da Verdade para que no final das contas predomine a impunidade. Está claro que os inimigos do povo se utilizarão de todos os métodos para inviabilizar a comissão. Isso significa que o aprofundamento das investigações e principalmente o elemento da justiça só ocorrerá se a sociedade se mobilizar.

Toda sociedade humana tem direito à justiça. Algumas das perguntas que fazemos relacionadas aos crimes da ditadura militar já têm respostas, outras estão em documentos sob rígido controle das forças armadas. Saber a verdade dos fatos desse período nos proporciona as bases para lutarmos por justiça. É necessário saber a verdade, mas também é necessário punir os criminosos. Nesse sentido, nunca é demais lembrar que países como Argentina e outros da América do Sul têm avançado bastante no direito à verdade e à justiça, investigando e punindo os crimes dos militares. A Organização dos Estados Americanos (OEA) não se cansa nos seus relatórios de ressaltar e criticar o atraso brasileiro na prestação de contas com os crimes desse período histórico.

Por isso é fundamental ficarmos atentos às movimentações públicas e subterrâneas desses senhores que não têm nenhum compromisso com o povo brasileiro. Faz-se necessário nesse momento nos organizarmos para defender o direito à memória, à verdade e à justiça. Ou seja, temos que enraizar e popularizar esse desafio da luta pela verdade e justiça junto ao povo brasileiro. Somente assim teremos capacidade de isolar os setores reacionários da sociedade brasileira e abrir espaço para que a verdade se encontre com a justiça. Isso significa que devemos sair na defesa da Comissão Nacional da Verdade e nos mobilizarmos para que ela tenha plenas condições para realizar seus trabalhos. Não podemos permitir que o impasse tome conta da Comissão da Verdade.

Mesmo com todos os esforços dos setores conservadores para não sabermos a verdade dos fatos e para que não haja punição aos crimes cometidos pelos militares, existe um elemento sobre o qual a classe dominante brasileira não tem controle: a memória coletiva do povo brasileiro. No conteúdo da memória coletiva do povo brasileiro encontramos seu protagonismo em diversas lutas sociais, seu compromisso com a verdade e a justiça e as bases para a construção de um Projeto Popular para o Brasil. A memória coletiva do povo brasileiro mais cedo ou mais tarde despertará.

Leia também:

O exército de fakes nas mídias sociais


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

verdade

recuar nunca.
desistir jamais.
fez, errou, responda pelos seus erros.
isso acontece com a maioria dos brasileiros neste momento.
por que os torturadores tem que ser anistiados?

Edson Araújo

As Forças Armadas Brasileiras cumpriram brilhantemente seu papel quando impediram a instalação do comunismo mo Brasil, só errou eu uma coisa, em ter permitido a anistia desta corja que hoje, tem por objetivo, apenas assaltar os cofres públicos.

Parabéns aos militares, que caçaram e colocaram de joelhos, os subversivos canalhas deste Brasil.

    Aline C Pavia

    Coitado de você meu filho.
    O dia que um filho seu morrer no pau-de-arara você talvez reveja seus conceitos.
    Uma "subversiva canalha" é a sua presidenta hoje. Se isso te incomoda, mude de país. Vá para os EUA ou Europa. Lá que é bom de se viver. E deixe o Brasil para nós brasileiros que o amamos de fato e trabalhamos por ele.

    Miguel

    ainda ha os idiotas uteis que continuam acreditando que a ditadura teve algo a ver com perigo comunista…

marcio_cr

"Inimigos do povo"?????????????
Que discurso mais anos 60 é esse?
quer saber a real? O povo está é interessado em BBB e no jogo do Flamengo. Nem sabe direito o que foi a ditadura militar. Então não venha falar de "inimigos do povo", sendo que tema o povo não está ligando.

    pperez

    Colega, a ditadura militar não é tão velha como aparenta.
    Tem apenas 27 anos e o que destruiu e alienou em 21 anos, não há no Brasil quem esqueça!
    Aagora tem um grupo de aposentados saudosos daqueles tempos tenebrosos querendo dar ordem unida na Presidenta.
    Vão se catar!

    Miguel

    A ditadura terminou na metade dos anos 80. E enquanto insistirem em varrer o entulho pra baixo do tapete e nao resolve-lo, isso continuara sendo assunto, e continuara mobilizando esforcos para fazer justica aos que sofreram o terror de Estado.

    Sérgio Mendes

    O povo até esquece. Mas isso não acontece por ser brasileiro, esquece pq povo esquece em qualquer lugar exetuando-se os diretamente afetados. Fazer lembrar, refrescar a memória, cobrar justiça é que sempre foi o papel da imprensa livre e independente. Aquela que nunca se cala, mesmo quando não está armada de toda a estrutura de jornalões. Se depender desses veículos, o Brasil não terá História. Mas pra falar a verdade, não haveria História.

    Taiguara

    Deve ser horrível ser de direita.

Brasil de Fato: Os ataques à Comissão da Verdade « Cirandeiras

[…] 0 de Luiz Carlos Azenha em Viomundo, o que você não vê na mídia […]

Deixe seu comentário

Leia também