Aragão: “Cármen Lúcia não é o Supremo Tribunal Federal”

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Agora quem dá as cartas é a família Marinho

‘Cármen Lúcia não é o Supremo Tribunal Federal’

Para ex-ministro Eugênio Aragão, debate sobre execução provisória de pena cabe a colegiado da Corte. “É bom que o STF mantenha tom tranquilo e não se leve por provocações”

por Glauco Faria, Rede Brasil Atual

São Paulo – Veículos da mídia tradicional têm dado destaque à declaração da ministra e presidenta do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, dada em um jantar com empresários e jornalistas organizado pelo site Poder360 na noite desta segunda-feira (29).

“Não sei por que um caso específico (referindo-se ao ex-presidente) geraria uma pauta diferente. Seria apequenar muito o Supremo. Não conversei sobre isso com ninguém”, disse.

No entanto, para o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, não se pode superdimensionar tal fala.

“É a postura dela. Ela tem uma posição a respeito disso, mas não é necessariamente o que pensam os outros ministros. Já se sabe que tem ministro que quer colocar isso em pauta de qualquer jeito. Então, ela vai ter que conversar com seus pares, afinal de contas, o Supremo Tribunal Federal não é ela, é o conjunto dos 11 ministros. É preciso ter paciência.”

Em fevereiro de 2016, no julgamento do Habeas Corpus 1.262.292, o STF, por 6 votos a 5, acolheu a possibilidade de execução antecipada da pena após julgamento em segunda instância, decisão ratificada em outubro após análise de ações propostas pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Desde então, no entanto, a composição da Corte mudou e os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli passaram a defender que a sentença possa ser executada somente após tramitação no STJ.

“A verdade é a seguinte: o grande erro ocorre em função daquela súmula do TRF 4 que diz que, encerrada a instância, dá-se então a execução provisória. Só que essa súmula vai muito além do que a própria jurisprudência do Supremo tem adotado, que é a possibilidade da prisão, mas não necessariamente a sua execução. As pessoas andam muito ansiosas, tem que ter um pouco mais de tranquilidade”, avalia Aragão.

“Essa (posição defendida por Mendes e Toffoli) de análise do STJ não altera em absolutamente nada a situação. O que está em jogo é se a execução da pena se dá apenas com o trânsito em julgado da sentença condenatória, como diz a Constituição, ou se ela pode ser executada provisoriamente antes. A questão que vai se colocar é saber se existe execução provisória da pena ou não fora das hipóteses de prisão preventiva que estão no artigo 312 do Código de Processo Penal.”

De acordo com o ex-ministro da Justiça, existe uma pressão midiática em torno do caso do ex-presidente.

“Infelizmente, a mídia está querendo ver a prisão do Lula como fato consumado. Há muita ansiedade por parte dessa mídia conservadora de querer, com isso, interferir no jogo eleitoral deste ano. Acredito que o Supremo Tribunal Federal também deverá levar isso em consideração, porque não vai ficar bem para o STF entrar também nesse jogo político-partidário”, aponta.

“Se a ministra diz que seria apequenar o Supremo discutir isso em função do Lula ser preso ou não, também seria apequenar o STF deixar que esse debate se resolva em termos de incluir ou excluir Lula da corrida presidencial deste ano. Me parece que o Supremo Tribunal Federal, para não desmoralizar ainda mais a instituição do Judiciário – afinal, o julgamento do TRF4 não fez nenhum favor para a reputação do Judiciário –, é bom que mantenha o tom tranquilo e não se deixe levar por provocações.”

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Comentários

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Calebe

É bom lembrar a cara presidenta do STF que a pauta não deveria ter sido adiantada para condenar, agora ele vem com esta… Oh fase difícil e que Mineiros temos dado ao Brasil.

Julio Silveira

A maioria desses membros do STF que estão lá, sendo o STF são filhotes do poder de Lula e Dilma, fato. O Dr. Aragão também tem sua cota de responsabilidade no apoio a indicação do Janot. O perda da identidade ideologica petista, por opção, com seu republicanismo é a causa de toda essa situação vergonhosa que vive o Brasil com consequencias nefastas previsiveis para quem conhece minimamente a arquitetura anti cidadania que foi sendo construida no Brasil, deformando principios, para privilegiar a genese de uma elite cleptocratica que usa o capitalismo como justificativa, mas que no fundo é apenas para esconder seu arraigado espirito feudal escravagista.

RONALD

A mídia corporativa é asquerosa e grotesca !!!!!!!!

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