Paul Krugman: Alemanha destrói soberania da Grécia, “golpe talvez fatal na União Europeia”

Tempo de leitura: 3 min

merkel

Matando o projeto europeu

Paul Krugman, no New York Times, 12.07.2015

Vamos que você considere [o primeiro-ministro grego] Tsipras um incompetente desprezível. Que você queira o Syriza fora do poder. Que você dê boas vindas à perspectiva de empurrar os irritantes gregos para fora do euro.

Mesmo que tudo isso seja verdade, a lista de exigências do Eurogrupo é loucura. A hashtag do twitter ThisIsACoup [IssoÉUmGolpe] é exata. A lista é mais que dura, é vingança pura, destruição completa da soberania nacional e sem esperança de alívio. É, presumivelmente, uma oferta para que a Grécia não aceite; ainda assim, é uma traição grotesca de tudo o que o projeto europeu supostamente representava.

Há algo que tire a Europa do precipício? Dizem que Mario Draghi [primeiro-ministro da Itália] está tentando reintroduzir alguma sanidade, que [o presidente francês] Hollande finalmente está demonstrando alguma reação à “economia da moralidade” alemã, que ele fracassou em demonstrar no passado. Mas a maior parte do dano já está feito. Quem vai acreditar nas boas intenções da Alemanha depois disso?

De certa forma, a questão econômica se tornou secundária. Ainda assim, sejamos claros: o que aprendemos nas últimas semanas é que ser membro da zona do euro significa que os credores podem destruir sua economia se você sair da linha. Isso não tem nada a ver com os princípios econômicos da austeridade. É tão certo quanto antes que impor austeridade dura sem alívio da dívida é uma política fracassada independentemente de o país aceitar ou não o sofrimento. Isso significa que mesmo uma completa capitulação da Grécia é uma rua sem saída.

A Grécia conseguirá sair do euro? A Alemanha tentará bloquear uma recuperação econômica? (Desculpem, mas essas são as perguntas que agora precisamos responder).

O projeto europeu — que eu sempre elogiei e apoiei — recebeu um golpe terrível, talvez fatal. O que quer que você pense do Syriza ou da Grécia, não foram os gregos que deram este golpe.

PS1 do Viomundo: De Wolfgang Munchau, no Financial Times:

Ao forçar uma derrota humilhante de Alexis Tsipras, os credores da Grécia fizeram mais que provocar mudança de regime na Grécia ou colocar em risco as relações do país com a zona do euro. Eles destruiram a zona do euro como a concebíamos e demoliram a ideia de uma união monetária como um passo em direção à união política democrática. Ao fazer isso, reverteram às disputas de poder nacionalistas da Europa dos séculos 19 e 20. Eles transformaram a zona do euro num sistema tóxico de câmbio fixo e moeda única, governado pelos interesses da Alemanha, mantido pela ameaça de destituição absoluta daqueles que desafiarem a ordem. A melhor coisa que pode ser dita sobre as negociações do fim de semana é a honestidade brutal daqueles que perpetraram a mudança de regime.

PS2 do Viomundo: Pelos termos do acordo, a Grécia não receberá qualquer alívio em sua dívida e, sob monitoramento da troika, será obrigada a tomar medidas ainda mais duras do que aquelas que rejeitou no referendo, inclusive colocando 50 bilhões de euros em bens públicos sob controle dos credores. É uma forma de “punir” coletivamente a população que votou majoritariamente contra a troika, em outras palavras, de punir a democracia. Abre as portas para a ascensão na Grécia da extrema-direita anti-europeia do partido neonazista Golden Dawn.

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Comentários

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Urbano

Na Europa já vem a ser o começo do segundo; porque houve um na África, que foi o primeiro…

Indio Tupi

Aqui do Alto Xingu, os indios transcrevem declaração mais recente do ex-ministro das finanças grego, Yanis Varoufakis, acerca do ultimatum que vem de ser apresentado pelas principais potências européias — principalmente a Alemanha — à Grécia, com quem os índios se solidarizam:

“”
A respeito da Declaração da
Reunião do Euro sobre a Grécia: Primeiras reflexões de Yanis Varoufakis

Nas próximas horas e dias,
estarei presente no Parlamento para analisar a legislação que integra o recente
acordo da Reunião do Euro sobre a Grécia. Estou também aguardando para ouvir
pessoalmente meus companheiros, Alexis Tsipras e Euclid Tsakatolos, que
estiveram muito empenhados ao longo dos últimos dias. Até então, não farei
julgamento com relação à legislação até que ela esteja à nossa frente. Nesse
ínterim, apresento algumas primeiras e pessoais reflexões resultantes da
Declaração da Reunião do Euro.

Um Novo Tratado de Versalhes está assombrando a Europa – usei essa expressão na Primavera de 2010 para descrever a primeira “operação de resgate” da Grécia que estava então sendo preparada. Se
aquela alegoria foi pertinente, então, ela é, lamentavelmente, muito pertinente
agora.

Nunca antes a União Europeia adotou uma decisão que solapa tão fundamentalmente o
projeto da integração europeia. Os líderes europeus, tratando Alexis Tsipras e nosso governo do modo como
o fizeram, desfecharam um golpe decisivo contra o projeto europeu.

Na verdade, o projeto da integração europeia foi mortalmente ferido ao longo dos últimos dias. E, como
Paul Krugman acertadamente diz, o que quer que você pense do Syriza, ou da Grécia,
não foram os gregos ou o Syriza que mataram o sonho de uma Europa democrática,
unida.

Já em 1971, Nick Kaldor, o renomado economista de Cambridge, alertara que forjar uma união monetária antes
que uma união política fosse possível levaria não apenas ao fracasso da união monetária,
mas também à destruição do projeto político europeu. Mais tarde, em 1999, o
sociólogo germano-britânico Ralf Dahrendorf também alertara que a união
econômica e monetária dividiria ao invés de unir a Europa. Ao longo de todos
esses anos, tinha a esperança que eles estivessem errados. Agora, os poderes em
Bruxelas, Berlim e em Frankfurt têm conspirado para provar que eles estavam
certos.

A declaração da Reunião do Euro de ontem pela manhã parece ter o teor de um
documento comprometendo os Termos de Rendição da Grécia. Significa como que uma
declaração confirmando que a Grécia concorda em se tornar vassala do Eurogrupo.

A declaração da Reunião do Euro, de ontem de manhã, não tem nada a ver com a
economia, nem com qualquer preocupação para com o tipo de agenda de reforma capaz
de resgatar a Grécia de seu pântano. É pura e simplesmente uma manifestação da política
de humilhação em ação. Mesmo que alguém tenha aversão ao nosso governo, deve
constatar que a lista de exigências do Eurogrupo representa desvio importante
em relação à decência e à razão.

A declaração da Reunião do Euro, de ontem de manhã, assinalou uma completa
anulação da soberania nacional, sem colocar em seu lugar um órgão político
soberano supra-nacional, pan-europeu. Os europeus, mesmo aqueles que não
dão um centavo pela Grécia, devem se acautelar.

Muita energia tem sido gasta pela mídia sobre se os Termos da Rendição passarão
pelo Parlamento grego e, em particular, sobre se o próprio
Primeiro-Ministro se perfilará para votar em favor da legislação
relevante. Não acho que essas sejam as questões mais interessantes. A
questão crucial é: A economia grega terá qualquer chance de se recuperar
sob essas condições? Essa é a questão que me preocupará durante as sessões
do Parlamento que se seguirão nas próximas horas e dias. A maior
preocupação é que, mesmo uma completa rendição de nossa parte, levará ao
aprofundamento de uma crise sem fim.

Na verdade, a recente Reunião do Euro não é
mais do que a culminação de um golpe. Em 1967, foram os tanques que as potências
estrangeiras usaram para derrubar a democracia grega. Em minha entrevista
com Philip Adams, da ABC Radio National`s LNL, sustentei que, em 2015,
outro golpe estava sendo preparado pelas potências estrangeiras, mas com o
uso, ao invés de tanques, dos bancos gregos. Talvez, a principal diferença
econômica é que, enquanto em 1967 a propriedade pública grega não era
visada, em 2015 as potências por trás do golpe exigem a cessão de todos os
ativos públicos remanescentes, de modo que possam ser usados para atender
ao serviço de nossa dívida impagável, insustentável.””

Andre

Ok, imposições da Alemanha, bla,bla,bla. MAs o Tsipras quando foi eleito já não sabia disso? depois de 5 meses em uma negociação farsesca não percebeu? Depois do terrorismo econômico do BCE não percebeu? Depois de obter o apoio de 60% da população grega para ir até o ‘eurogrupo’ e simplesmente dizer NÃO, não percebeu? Só há um vitorioso porque alguém se deixou derrotar. A rendição do Tsiprars( e por favor, não é do Syriza, a Plataforma de Esquerda do Syriza não se rendeu) mostra como uma certa pseudoesquerda ao se render ao mercado, ao ir contra o desejo da maioria da população expressa em uma votação, ao prometer uma coisa e fazer outra, abre as portas para a extrema direita.

Mas esse não é um jogo acabado. A esquerda grega (a plataforma de Esquerda, os anarquistas, o pequeno – no número, mas grande nos princípios – partido anticapitalista) está se movimentando, tentanto formar uma frente de esquerda agora que o programa do Syriza de facto foi derrotado pela traição. Além disso os movimentos sociais independentes seguem em frente na sua luta contra o moinho satânico do mercado.

Que fique a lição para o Brasil: traição de ‘esquerda’ é o prato que alimenta o fascismo, mas não sem reação da esquerda (não a pseudo)!

    Julio Silveira

    Você….é…..o……cara. Imagino, diante dessas suas palavras, quantos paspalhos sedizentes de esquerda, bebedores do mel de Max, Engels, admiradores de trotski e outros tantos simbolos da esquerda, como o Fidel, o Chê, estarão fazendo cara de paisagem, por um simples motivo, não tem espirito, rsrsrsrsrsr. Mal sabem eles que esses tinham espirito, e que livros e teorias não fazem um esquerdista.

lulipe

Isso é que dá gastar descontroladamente, o governo do PT vem fazendo isso há tempos por aqui, agora a fatura está sendo cobrada. Advinha quem pagará a conta???

    abolicionista

    Precisa fazer esforço pra ser tão estúpido?
    .
    A Grécia está falida porque em 2010 foi obrigada a adquirir papéis podres dos bancos europeus, grandes demais para falir. A gastança existiu, mas quem gastou foi a especulação, os operadores de Fundos Abismo, essa turminha bacana que paga seu salário miserável de capacho.

Sidnei Brito

A turma que lá atrás não entrou no euro, pelo jeito, estava certa, não?

    abolicionista

    Completamente

francisco

Quem, mesmo dentro da direita europeia, vai acreditar que fazer parte da UE não significa fazer parte da “NAFTA alemã”?

FrancoAtirador

.
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JOAQUIM LEVY DIRÁ, EM COMISSÃO DA CÂMARA, COMO ANDA NA RECEITA FEDERAL
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A OPERAÇÃO ZELOTES (SUBORNOS NO CARF) DEFLAGRADA PELA POLÍCIA FEDERAL
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A Audiência Pública foi agendada na Comissão de Defesa do Consumidor
para o Dia 15/7/2015, Quarta-Feira, às 10 horas, no Plenário 8 da Câmara.
.
13/07/2015 – 14h20
Agência Câmara Notícias
.
Defesa do Consumidor ouvirá Ministro da Fazenda sobre Sonegação Fiscal Bilionária
O Ministro falará sobre os Desdobramentos da Operação Zelotes, da Polícia Federal,
que investiga Fraudes que podem chegar a R$ 19 bilhões
.
A Comissão de Defesa do Consumidor promove Audiência Pública
com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na quarta-feira (15),
para discutir a Operação Zelotes, da Polícia Federal,
que investiga um Esquema Bilionário de Sonegação Fiscal.
.
A audiência foi solicitada pelo Deputado Federal Ivan Valente (PSoL-SP).
.
A Operação Zelotes investiga fraudes em processos julgados pelo
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), do Ministério da Fazenda.
.
O Parlamentar cita matéria do jornal O Estado de S. Paulo,
segundo a qual GRANDES COMPANHIAS DO PAÍS dos mais Diversos Setores da Economia estão SOB INVESTIGAÇÃO, como os BANCOS BRADESCO, SAFRA, PACTUAL e BANK BOSTON, as Montadoras FORD E MITSUBISHI, e a BR FOODS, de Alimentação.
.
Também fariam parte da investigação companhias como Petrobras,
a Empreiteira CAMARGO CORRÊA, a LIGHT, Distribuidora de Energia do Rio,
o Grupo de Comunicação RBS [Globo] e o Grupo GERDAU.
.
“A reportagem lista os valores dos débitos em discussão dessas companhias
e diz que as propinas variam entre 1% e 10% do valor das dívidas fiscais.”
.
Os investigadores da Operação Zelotes estimam que a fraude pode chegar a R$ 19 bilhões.
.
“Aqui no CARF, só os pequenos devedores pagam. Os grandes, não”,
.
resumiu um ex-conselheiro do CARF, com cargo até 2013,
numa Conversa Interceptada Com Autorização da Justiça,
segundo relato dos Investigadores.
.
A audiência ocorrerá no plenário 8, a partir das 10 horas.
.
(http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ADMINISTRACAO-PUBLICA/492148-DEFESA-DO-CONSUMIDOR-OUVIRA-MINISTRO-DA-FAZENDA-SOBRE-SONEGACAO-FISCAL-BILIONARIA.html)
.
.

Leonardo Araújo

Não sei o que é pior: a humilhação imposta à população grega ou o favorecimento político às ideologias facistas, com os desdobramentos por toda a Europa.

Lisbeth Salander

Monia Benini ha descritto tutto questo che sta accadendo contro i grecci anni fa

Esta tudo no livro dela! Olha aqui o video onde ela explica tudo:

http://www.youtube.com/watch?v=I31frCVHBH0

Lisbeth Salander

Mario Draghi eh presidente do BCE. O primeiro ministro da Italia eh Mateo Renzi… Erro completamente evitavel.

    Luiz Carlos Azenha

    Desculpe. Corrigimos. abs

    Jader

    Tanto colchete (alguns inúteis, como o do Hollande) e ainda erram. tsc, tsc, tsc…

Vinicius

É…

Nada mais a dizer.

José Carlos Vieira Filho

“governado pelos interesses da Alemanha”.
Como a Alemanha não passa de colônia sob ocupação militar americana, melhor dizer: governado pelos interesses da oligarquia americana. O Império do Caos só produz caos (ver: oriente médio, Iraque, afeganistão, Líbia, Ucrânia e por aí vai), e caos, convulsão social, é o prognóstico. E o Império sabe disso, basta ver a quantidade de tropas e armamento que está transferindo para lá.

    Jader

    Você está confundindo a Alemanha com a Alemanha Oriental. Esta, que era uma colônia imperial, já acabou faz bastante tempo.

Julio Silveira

É interessante perceber a história. Atentar para o momento que vivemos, e compara-lo com aquilo que se conhece e que levou a ascensão de regimes facistas e ultranacionalistas, com grande destaque para o Nazismo. No facismo conhecemos representantes que se nivelaram a Hitler e seus Alemães em barbarie e selvageria, com o mesmo toque Europeu de sofisticação. Os Europeus, por todos os apoios que entregaram a esses seus lideres, deveriam ter insonia por muitas gerações. Mas, apesar do passado estar logo alí, um instante no tempo fisico, e até metafisico, parece que não somos somente nós brasileiros fadados a Amnésia. Parece haver hoje uma orquestração para redimir todos as inspirações totalitárias e com mais similitudes que diferenças daquelas dos passado. A quem serve esse resgate? é de se pensar. Mas com certeza não serve a comunidade que adere, por tudo que sabemos do passado a conta foi terrível. Com os lideres opressores dando valia apenas para a minoria de suas cupulas. Vivemos o resgate desses pensamentos, alguns ousados e francos como na Ucrania, na tomada do poder atraves de um golpe formulado pelos chamados Ucranazis, outros mais camuflados como aqui. Os daqui se vestem no modelo farsesco da ideologia estadunidense, essa que flerta com os mais baixos instintos para atingir seus objetivos, Vivemos, tristemente um momento de remissão de doutrinas nefastas a humanidade. Nazistas encontram cada vez mais simpatizantes aqui e no mundo, distorcendo a verdade de suas historias e fazendo aprendizes do metodo. Países poderosos, que flertam com esses movimentos, parecem desejarem uma revisão histórica. Tudo para dar utilidade a pensadores dessas aberrações, trazendo a instabilidade, desde que a consequencia seja alcançar objetivos militares e intentos geopoliticos. Infelizmente, para os humanistas, os idealistas e os sinceros, a vida humana continua, para a politica mundial, e nacional, apenas uma questão numeral e tem gente, sem noção e sem emoção, que parece preferir assim. Na Europa as atuais lideranças completamente desmoralizadas, completamente entregues a sanha de poder, e a covardia, ante a necessidade de criarem para seus povos, orgulho, cidadania, preferiram terceirizar suas estruturas e sua dignidade, como aqui alguns pretendem. Lá arrebentam paises e cabeças, aqui por enquanto, arrebentam panelas.

Lucas

sempre que a esquerda capitula, abre portas para que os trabalhadores se aproximem da direita. É exatamente o que está acontecendo no Brasil agora.

Indio Tupi

Aqui do Alto Xingu, os índios informam o “link” para ouvir a crítica do ex-Ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, contra o acordo atualmente aceito pelo Primeiro-Ministro da Grécia, o qual, na verdade, trai a recente votação quando o povo grego votou maciçamente “NAO”:

http://mpegmedia.abc.net.au/rn/podcast/2015/07/lnl_20150713_2205.mp3

FrancoAtirador

.
.
Golden Down (Aurora Dourada)
é o nome de uma Sociedade Secreta
surgida no final do Século 19, na Inglaterra,
que reunia várias vertentes do Ocultismo,
cujas ramificações encontram-se ainda ativas.
(http://goldendawn.com.br).
.
Coincidência ou não, 100 anos depois,
surgiu, com Nome Idêntico, um Partido
assumidamente Nazista na Grécia.
.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_Herm%C3%A9tica_da_Aurora_Dourada)
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Aurora_Dourada)
.
.

Bacellar

Pior é que acredito que com o Aurora Dourada teriam sido mais mansos…Nojo.

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