Moniz Bandeira: Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil; só militares podem evitar ataques à soberania que visam submarino nuclear e acordo dos caças

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 Moniz Bandeira denuncia apoio dos EUA a golpe no Brasil

 do PT na Câmara

O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira alertou nesta terça-feira (14) que por trás do processo golpista no Brasil, que levou à ascensão do presidente interino Michel Temer no lugar da presidenta legítima Dilma Rousseff, há poderosos interesses dos Estados Unidos, para ampliar sua presença econômica e geopolítica na América do Sul.

“Esse golpe deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os EUA tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil”, afirmou Moniz Bandeira, em entrevista concedida por e-mail ao PT na Câmara.

Moniz, que é autor de mais de 20 obras, entre elas A Segunda Guerra Fria — Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (2013, Civilização Brasileira) e está lançando agora A Desordem Internacional, entende que o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros setores estrangeiros com interesse nas riquezas do País.

Ele criticou também setores da burocracia do Estado (como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Judiciário) por atuarem para solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacionais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros no País, em especial dos EUA.

“Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007”, disse.

Leia a entrevista completa:

Como o senhor avalia o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?

O fato de que o presidente interino Michel Temer e seus acólitos, nomeados ministros, atuarem como definitivos, mudando toda a política da presidenta Dilma Roussefff, evidencia nitidamente a farsa montada para encobrir o golpe de Estado, um golpe frio contra a democracia, desfechado sob o manto de impeachment.

Esse golpe, entretanto, deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os Estados Unidos tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina.

O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil.

Onde seriam implantadas tais bases?

Uma seria em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, cujos limites se estendem até a Antártida; a outra na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), antiga ambição de Washington, a título de combater o terrorismo e o narcotráfico. Mas o grande interesse, inter alia, é, provavelmente, o Aquífero Guarani, o maior manancial subterrâneo de água doce do mundo, com um total de 200.000 km2, um manancial transfronteiriço, que abrange o Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).

Aí os grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa — Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Credit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, the Blackstone Group, Allianz, e HSBC Bank e outros –compraram vastas extensões de terra.

A eleição de Maurício Macri significa que a Argentina vai voltar ao tempo em que o ex-presidente Carlos Menem, com a doutrina do “realismo periférico”, desejava manter “relações carnais” com os Estados Unidos?

Os EUA estão a buscar a recuperação de sua hegemonia na América do Sul, hegemonia que começaram a perder com o fracasso das políticas neoliberais na década de 1990. Com a eleição de Maurício Macri, na Argentina, conseguiram grande vitória.

E, na Venezuela, o Estado encontra-se na iminência do colapso, devido à conjugação de desastrosas políticas dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro com a queda do preço do petróleo e as operações para a mudança de regime, implementadas pela CIA, USAID, NED e ONGs financiadas por essas e outras entidades.

A implantação de bases militares em Ushuaia e na Tríplice Fronteira, além de ferir a soberania da Argentina, significa séria ameaça à segurança nacional não só do Brasil como dos demais países da região.

Os EUA possuem bases na Colômbia e alguns contingentes militares no Peru, a ostentarem sua presença nos Andes e no Pacifico Ocidental. E com as bases na Argentina completariam um cerco virtual da região, ao norte e ao sul, ao lado do Pacífico e do Atlântico.

Que implicações teria o estabelecimento de tais bases na Argentina?

Quaisquer que sejam as mais diversas justificativas, inclusive científicas, a presença militar dos EUA na Argentina implicaria maior infiltração da OTAN, na América do Sul, penetrada já, sorrateiramente, pela Grã-Bretanha no arquipélago das Malvinas, e anularia de facto e definitivamente a resolução 41/11 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que, em 1986, estabeleceu o Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação (ZPCAS).

E o Brasil jamais aceitou que a OTAN estendesse ao Atlântico Sul sua área de influência e atuação.

Em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (do PMDB, o mesmo partido do presidente provisório Temer), atacou a estratégia de ampliar a área de ingerência da OTAN ao Atlântico Sul, afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que os Estados Unidos “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”, com a OTAN “a servir de instrumento para o avanço dos interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados europeus”.

Mas estabelecer uma base militar na região da Antártida não é uma antiga pretensão dos EUA?

Sim. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial esse é um objetivo estratégico do Pentágono a fim de dominar a entrada no Atlântico Sul. E, possivelmente, tal pretensão agora ainda mais se acentuou devido ao fato de que a China, que está a construir em Paraje de Quintuco, na província de Neuquén, coração da Patagônia, a mais moderna estação interplanetária e a primeira fora de seu próprio território, com poderosa antena de 35 metros para pesquisas do “espaço profundo”, como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.

A previsão é de que comece a operar em fins de 2016. Mas a fim de recuperar a hegemonia sobre toda a América do Sul, na disputa cada vez mais acirrada com a China era necessário controlar, sobretudo, o Brasil, e acabar o Mercosul, a Unasul e outros órgãos criados juntamente com a Argentina, seu principal sócio e parceiro estratégico, a envolver os demais países da América do Sul.

A derrubada da presidente Dilma Rousseff poderia permitir a Washington colocar um preposto para substituí-la.

A mudança na situação econômica e política tanto da Argentina como do Brasil afigura-se, entretanto, muito difícil para os EUA. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, com investimentos previstos superiores a US$54 bilhões, e o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.

O Brasil, ao desenvolver uma política exterior com maior autonomia, fora da órbita de Washington, e de não intervenção nos países vizinhos e de integração da América do Sul, conforme a Constituição de 1988, constituía um obstáculo aos desígnios hegemônicos dos EUA, que pretendem impor a todos os países da América tratados de livre comércio similares aos firmados com as repúblicas do Pacífico.

Os EUA não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial.

Como o senhor vê a degradação da democracia no Brasil, com a atuação de setores da burocracia do Estado (Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário) que agem de modo a rasgar a Constituição, achicanando o país?

A campanha contra a corrupção, nos termos em que o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro executam, visou, objetivamente, a desmoralizar a Petrobras e as grandes construtoras nacionais, tanto que nem sequer as empresas estrangeiras foram investigadas, e elas estão, de certo, envolvidas também na corrupção de políticos brasileiros.

Ao mesmo tempo se criou o clima para o golpe frio contra o governo da presidente Dilma Rousseff, adensado pelas demonstrações de junho de 2013 e as vaias contra ela na Copa do Mundo.

A estratégia inspirou-se no manual do professor Gene Sharp, intitulado Da Ditadura à Democracia, para treinamento de agitadores, ativistas, em universidades americanas e até mesmo nas embaixadas dos Estados Unidos, para liderar ONGs, entre as quais Estudantes pela Liberdade e o Movimento Brasil Livre, financiadas com recursos dos bilionários David e Charles Koch, sustentáculo do Tea Party, bem como pelos bilionários Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann, proprietários dos grupos Heinz Ketchup, Budweiser e Burger King, e sócios de Verônica Allende Serra, filha do ex-governador de São Paulo José Serra, na sorveteria Diletto.

Outras ONGs são sustentadas pelo especulador George Soros, que igualmente financiou a campanha “Venha para as ruas”.

Os pedidos de prisão de próceres do PMDB e do presidente do Senado, encaminhados pelo procurador-geral da República, podem desestabilizar o Estado brasileiro?

Os motivos alegados, que vazaram para a mídia, não justificariam medida tão radical, a atingir toda linha sucessória do governo brasileiro.

O objetivo do PGR poderia ser de promoção pessoal, porém tanto ele como o juiz Sérgio Moro atuam, praticamente, para desmoralizar ainda mais todo o Estado brasileiro, como se estivessem a serviço de interesses estrangeiros.

E não só desmoralizar o Estado brasileiro. Vão muito mais longe nos seus objetivos antinacionais.

As suspeitas levantadas contra a fábrica de submarinos, onde se constrói, inclusive, o submarino nuclear, todos com transferência para o Brasil de tecnologia francesa, permitem perceber o intuito de desmontar o programa de rearmamento das Forças Armadas, reiniciado pelo presidente Lula e continuado pela presidente Dilma Rousseff.

E é muito possível que, em seguida, o alvo seja a fabricação de jatos, com transferência de tecnologia da Suécia, o que os EUA não fazem, como no caso do submarino nuclear.

É preciso lembrar que, desde o governo de Collor de Melo e, principalmente, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil foi virtualmente desarmado, o Exército nem recursos tinha para alimentar os recrutas e foi desmantelada a indústria bélica, que o governo do general Ernesto Geisel havia incentivado, após romper o Acordo Militar com os Estados Unidos, na segunda metade dos anos 1970.

O senhor julga que os Estados Unidos estiveram por trás da campanha para derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff?

Há fortes indícios de que o capital financeiro internacional, isto é, de que Wall Street e Washington nutriram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil.

Ocorreu algo similar ao que o presidente Getúlio Vargas denunciou na carta-testamento, antes de suicidar-se, em 24 de agosto de 1954: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”.

Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato.

Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007.

No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.

A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff a um delegado da Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).

Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time.

Ele dirigiu a Operação Lava-Jato, coadjuvado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um reality show, sem qualquer discrição, vazando seletivamente informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, e prisões ilegais, com o fito de macular e incriminar, sobretudo, o ex-presidente Lula. E a campanha continua.

Aonde vai?

Vai longe. Visa a atingir todo o Brasil como Nação.

E daí que se prenuncia uma campanha contra a indústria bélica, a começar contra a construção dos submarinos, com tecnologia transferida da França, o único país que concordou em fazê-lo, e vai chegar à construção dos jatos, com tecnologia da Suécia e outras indústrias.

Essas iniciativas dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff afetaram e afetam os interesses dos Estados Unidos, cuja economia se sustenta, largamente, com a exportação de armamentos.

Apesar de toda a pressão de Washington, o Brasil não comprou os jatos F/A-18 Super Hornets da Boeing, o que contribuiu, juntamente com o cancelamento das encomendas pela Coréia do Sul, para que ela tivesse de fechar sua planta em Long Beach, na Califórnia.

A decisão da presidente Dilma Rousseff de optar pelos jatos da Suécia representou duro golpe na divisão de defesa da Boeing, com a perda de um negócio no valor US$4,5 bilhões.

Esse e outros fatores concorreram para a armação do golpe no Brasil.

E qual a perspectiva?

É sombria. O governo interino de Michel Temer não tem legitimidade, é impopular e, ao que tudo indica, não há de perdurar até 2018. É fraco. Não contenta a gregos e troianos.

E, ainda que o presidente interino Michel Temer não consiga o voto de 54 senadores para efetivar o impeachment, será muito difícil a presidenta Dilma Rousseff governar com um Congresso, em grande parte corrompido, e o STF comprometido pela desavergonhada atuação, abertamente político-partidária, de certos ministros.

Novas eleições, portanto, creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.

Também só elas podem impedir que o Estado brasileiro seja desmantelado, em meio a esse clima de inquisição, criado e mantido no País, em colaboração com a mídia corporativa, por elementos do Judiciário, como se estivessem acima de qualquer suspeita. E não estão. Não são deuses no Olimpo.

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Breno Altman: Temer cassa o direito ao contraditório


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Comentários

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Hildermes José Medeiros

Poucas novidades ao que costuma defender, como sempre com muitas informações sobre aspectos envolvendo muitas questões. Sua conclusão entretanto, quando sugere que as Forças Armadas possam ter isenção para presidir uma eleição, é muito estranha. A meu ver pode repetir 1964, sem as tropas na rua para que as Forças Armadas cheguem ao poder. Uma tal operação levaria de seis meses a um ano. Militar não é um gestor com compromisso com a Democracia, já que está treinado no Alto Comando para ser obedecido, nos rigores da hierarquia castrense, para o que costuma usar a força, Qualquer mudança institucional deve ser presidida pelo poder político. É da Constituição. Até concordo que devemos estabelecer novas regras. Novas eleições para presidente com esse Congresso, sem regras bem definidas para o funcionamento do Executivo, Supremo Federal e a Justiça como um todo (para este último há que se pensar em eleição, quando não seja pelo Congresso, com mandato de oito anos como o dos Senadores, por exemplo, com direito a reeleição), Procuradorias, Ministério Público e Polícia Federal, sem essa de as corporações indicarem nomes, melhor delimitando o campo de ação de cada uma dessas instâncias de pode., Novas regras eleitorais e para seu financiamento, e eleições gerais para todos os níveis federais. A sugestão de Moniz Bandeira só seria possível dando total consequência ao golpe de estado. Constitucionalmente, para presidir essa questão há somente um caminho: Dilma Rousseff voltar ao poder, e rápido, com esse compromisso de convocar eleições para uma constituinte revisora, e ao final convocação de eleições gerais para todos os níveis federal. Fora Temer!

Valdir Granito

Muito boa matéria, houve o golpe pois os entreguistas negociaram as riquezas da NAÇÃO subservientes aos EUA, agora sabendo que quem governa os EUA são os grandes conglomerados se preparem para a guerra ideológica em defesa do BRASIL.

RONALD

Temer quer transformar o Brasil num Estado Proxy, ou seja, num Estado vassalo americano, cheio de bases militares americanas. Para isto, quer reduzir o orçamento dos militares à mingua.
Nós não estamos em 1964, onde só havia uma fonte de informação – O Globo. Hoje, temos várias mídias alternativas ainda confiáveias, temos o wikileaks e jamais seremos cooptados ideologicamente por esta mídia golpista, conservadora, capacho da casa grande(EUA).
Poder ao Povo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Edson do Nordeste

Eu quero chorar! Mamãe! Papai! Socorro!
Se , só os militares podem botar ordem nessa bagaça!? ENTÃO JÁ ERA!!!
Estão apoiando o GOLPE!
O Gen. Villas Boas, faz discurso democrático, de legalista, mas na verdade ele obedece ao conselho de outros generais! Ele pode até querer se manifestar, mas sozinho, não fará nada!
Já era!
acabou!
Que merda de país esse? Cheio de ENTREGUISTAS! Submissos!

C.Pimenta

O ponto em comum a todos os Golpes de Estado ao redor do mundo:

https://dinamicaglobal.wordpress.com/2016/06/11/conheca-george-soros-a-cara-feia-por-tras-de-muitos-movimentos-de-protesto/

Arruda

MILITARES INQUIETOS

Forças Armadas: Temer brinca com fogo!
A Doutrina Militar de Defesa Nacional não é de tirar sapatos…

publicado 15/06/2016

O Conversa Afiada reproduz importante artigo de Cesar Fonseca, editor do Independência Sul Americana:

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/forcas-armadas-temer-brinca-com-fogo

Temer neoliberal incomoda os militares
QUARTEIS EM POLVOROSA COM O GOVERNO TEMER REPUDIADO NAS RUAS COMO GOLPISTA

Aumenta extraordinariamente as preocupações dos comandantes militares brasileiros, do Exército(general Eduardo Villas Boas), da Marinha(Eduardo Leal Ferreira) e Aeronáutica(Nivaldo Rossalto) com a estratégia econômica neoliberal comandada pelos banqueiros, na Fazenda(Meirelles) e no Banco Central(homem do Itaú), que aumenta a instabilidade política e social, indo na linha oposta que o projeto militar desenvolve como defesa nacional, compreendendo fortalecimento da educação, da saúde, do meio ambiente, do emprego, como reais fatores capazes de produzir a segurança nacional e a consciência cívico militar em favor de desenvolvimento nacionalista. O projeto neoliberal de Temer, apoiado por forças antinacionais golpistas, é o oposto de tudo isso e coloca a segurança nacional em risco.

A austeridade fiscal que destrói políticas sociais representa aumento da insegurança social e política nacional

O grande gargalho do governo Temer, se ele continuar, o que é uma incógnita, é sua relação com as forças armadas.
O motivo é simples.

A taxa de insegurança social aumenta com o neoliberalismo econômico temerista e lança dúvidas sobre a estabilidade política.

Os militares desenvolveram, ao longo dos últimos treze anos de Era Petista, nacionalista, outro conceito de segurança social, que não se compatibiliza com a política neoliberal.

Trata-se de perceber a segurança como produto do desenvolvimento econômico equilibrado, em que sejam constantes e seguros investimentos em educação, saúde, meio ambiente, emprego, fortalecimento do mercado interno, como produto de opção desenvolvimentista, nacionalista.

Isto está claro no Programa Nacional de Defesa(2005), na Estratégia de Defesa Nacional(2007) e na Doutrina Militar de Defesa Nacional(2008), aprovados no Congresso Nacional e constantes, desde então, no ordenamento jurídico brasileiro.

Essa nova concepção de segurança se baseia nos estudos desenvolvidos pela Escola de Copenhague, por meio da qual novos conceitos de desenvolvimento foram formulados pelos europeus, no pós guerra fria.

Por meio dela, combina-se segurança nacional com desenvolvimento econômico em que a sociedade tenha diante de si ofertadas educação, saúde, emprego, renda, consumo adequados às suas exigências de dignidade humana e social.

Ou seja, os militares, com seus três projetos, aprovados nos governos Lula e Dilma, não entendem mais a segurança pública e nacional como produto de prioridade conferida à força policial.

Muito pelo contrário.

A força policial, em si, é vista como produto da insegurança social, da insuficiência dos fatores econômicos e políticos capazes de atender demandas comunitárias.

A segurança social, nesse sentido, representaria integração cívico-militar em favor de projeto nacional desenvolvimentista, a partir da industrialização focada na indústria de defesa, visando, sobretudo, o território nacional, em especial, a Amazônia, fonte de cobiça internacional.

No desenvolvimento desta, desenrola-se processo tecnológico e científico apoiado na cibernética, na produção nuclear e atômica, especialmente, nos submarinos de defesa.

O foco na indústria de defesa nacional – e continental, sul-americana, dado que, para os militares, a América do Sul é extensão do território nacional a ser preservado pela integração econômica do continente – é a prioridade, entendida ela como alavanca do desenvolvimento científico e tecnológico a espraiar-se pelo restante das atividades produtivas.

Assim, haveria expansão da indústria nacional de patentes, desenvolvimento da inteligência, que requer, por sua vez, prioridade à educação e à saúde, a reclamarem grandes investimentos, isto é, algo que se interage para formação de consciência cívico-militar, como destacou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, no Dia do Exército, 19 de maio, em palestra aos estudantes do CEUB.

Os projetos de segurança nacional são, ao mesmo tempo, âncoras do desenvolvimento com viés, amplamente, nacionalista, visto que sua prioridade é o fortalecimento de uma geopolítica brasileira que confere ao Brasil posição independente no mundo globalizado.

Certamente, os Estados Unidos são os principais adversários dessa geopolítica nacionalista que o Congresso aprovou, razão pela qual os militares são profundamente gratos aos governos petistas e, inversamente, encontram-se profundamente desconfiados do governo interino Temer, cuja prioridade é alinhar-se à geopolítica norte-americana.

Os americanos, como se sabem, negam tudo o que os militares nacionalistas brasileiros estão construindo em favor da política de defesa, percebida como projeto da sociedade consciente da necessidade de desenvolvimento nacionalista.

A prioridade de Temer pelo modelo econômico neoliberal, focado, exclusivamente, em ajuste fiscal, que até o FMI passou a criticar, lança profundas dúvidas no meio militar.

O neoliberalismo temerista, que:

1 – desconstitucionaliza conquistas sociais;

2 – destrói direitos trabalhistas;

3 – amplia desvinculação de verbas orçamentárias destinadas à educação e saúde, para pagar juros da dívida pública;

4 – tira dinheiro de banco de desenvolvimento, como do BNDES, para ser esterilizado no caixa do Tesouro, também, para pagar juros da dívida aos banqueiros;

5 – desloca recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT), para o mesmo objetivo, ou seja, engordar os sanguessugas que faturam desmesuradamente na taxa de juro especulativa, enquanto é pregada austeridade contra os assalariados;

6 – amplia privatizações do setor de petróleo, desnacionalizando o pré sal, para atender demandas das petroleiras internacionais;

7 – esvazia a geopolítica brasileira de aproximação com os BRICs, para atender pressões de Washington;

8 – acaba com abono salarial, para fazer ajuste fiscal;

9 – amesquinha política social(Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Farmácia Popular etc) e;

10 – põe em risco políticas promotoras de diversidade cultural, ampliando participação e democratização dos mais pobres, com acesso às universidades etc, e;

11 – Tenta afastar o Brasil dos BRICs(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como força alternativa à geopolítica de Tio Sam, que se transformou, depois da crise global de 2008, em favor de segurança internacional – ou seja, tudo isso contribui, no entendimento da política de defesa nacional, para aumentar a insegurança social e, consequentemente, a instabilidade política.

O governo Temer, com seu carrossel de medidas de austeridade neoliberal antipopular que acaba com poder de compra dos trabalhadores, diminuindo renda disponível para o consumo, deprimindo as forças produtivas, enquanto não se faz nada contra o processo de sobreacumulação especulativa da renda nacional, para atender reivindicações dos bancos, da Febraban, que tomou conta do Banco Central, para fazer a política da agiotagem contra a sociedade etc, eis o que apavora, no momento, os comandantes das forças armadas.

A austeridade neoliberal – para os ricos, tudo, para os pobres, pau – acelera providências que aumentam extraordinariamente a instabilidade social e a insegurança pública e política.

Vai o jogo do ajuste fiscal austero, bancocrático, na linha contrária propugnada pelos projetos nacionalistas dos militares, como alternativa de desenvolvimento nacional sustentável.

O golpe político em marcha, mundialmente, condenado, tocado por forças antinacionais golpista, visa sobretudo derrubar a caminhada desenvolvimentista nacionalista.

Por isso, o governo Temer, do ponto de vista das Forças Armadas, vai se transformando, aceleradamente, em grande fator de insegurança nacional.

    Serjão

    Os militares nacionalistas brasileiros são a nossa esperança. Não é uma das suas principais funções a de guardar a Integridade e a Soberania Nacional?

    Julio Silveira

    Meu caro, você acredita mesmo nisso que escreveu, né? Fala sério, meu caro, baseado em que você dá crédito a isso? Informação de onde? Meu caro, olha a solução Supremo, bastou concordar com aumento de salário que entenderam que o golpe era legítimo. Nas forças armadas a solução aumento, remuneração boa, compra todas as consciências e nacionalidades. Ou você pensa que a corrupção é um ato isolado e restrito a políticos. Meu caro, a corrupção que vivemos é cultural e resultado de uma moralidade frouxa, e de uma hipocrisia motivadora das camuflagens que vemos para toda sorte de falta de caráter neste país. Antigamente a camuflagem para trair a democracia e consequentemente a pátria eram as ideologias, hoje, visto racionalmente que acabaram, restou a sordidez para justificar nossa fraqueza e a continuidade de golpes. Antes como hoje, a motivação é a mesma, dinheiro, capaz de impedir nossa cidadania de atingir um nível de maturidade cívica e democrática, capazes de nos fazer superar adversários e ascender no contexto mundial com soberania e independência. O dinheiro no Brasil tem comprado consciências com muita facilidade. Sds

Fernando

Os Comandantes das Forças Armadas brasileira (Exército, Marinha e Aeronáutica (só para enfatizar)), deveriam se lembrar que sem a PETROBRAS, ou seja, sem o pré-sal que o desgoverno Temer que privatizar, não vai ter combustível para os tanques, navios e caças quando algum governo apoiado pelos Estados Unidos, quiser fazer alguma gracinha contra o Brasil.

Mau Rufino

Ótimo texto, o problema é achar que os militares brasileiros vão ser a salvação, ai começo a ficar com mais medo ainda.

Mark Twain

Milico organizando eleição?

Aham.

José Jésus Gomes de Araújo

Minha querida e pobre pátria!

Arestides Fronza

Porque não fazer uma reportagem completa sobre essa filha do Çerra?

Fabio

Não conte com os militares para defender a soberania do Brasil.
Eles são golpistas desde sua criação e estão se lixando para a nação brasileira.

    Julio Silveira

    Concordo com isso. Os militares nativos tem orgasmos ao beijar as mãos dos milicos Yankes, principalmente quando estão lá. Não duvido se não apoiam bases Yankes aqui também.
    Os milicos nacionais provém de uma casta social diferenciada e mostram sentirem-se acima da maioria da cidadania. Como se fossem unidos por uma casta mundial a que devam solidariedade, numa nação invisível que une todos eles contra qualquer sentimento real de nacionalidade que é onde a maioria da cidadania se encontra.

Leandro

Forças armadas isenta??
De onde?
Os últimos nacionalistas já morreram, políticos e militares.
Só sobraram um bando de carniceiros, parasitas, entreguistas, migalheiros.

Afonso

Durante muito tempo a presença da uma frota norteamericana no golpe de 64 foi “teoria da conspiração”. Anos depois, com a expiração dos prazos de confidencialidade de alguns documentos AMERICANOS da época, esta “teoria da conspiração” se provou ser verdade.

Perplexo

NO TEMPO EM QUE A REDE GLOBO ERA PTISTA

A reportagem mais importante feita pela Rede Globo de Televisão em todos os tempos. É sobre a fome no Brasil no final do segundo mandato de FHC, aquele mandato que o golpista corrupto (FHC) comprou dos deputados corruptos da época.

Eu tenho certeza que foi essa reportagem que inspirou o Lula a criar os programas sociais que mitigou a fome dessa leva de miseráveis criada pelo governo neoliberal de FHC. Agora, corremos o risco de voltarmos àquela situação degradante de antigamente com o governo do corrupto Michel Temer.

A reportagem está no vídeo que se encontra no final da matéria que publicada no Tijolaço, de Fernando Brito: http://www.tijolaco.com.br/blog/lula-sabia-de-tudo-por-jari-da-rocha/

Portanto, a Rede Globo, com a citada reportagem, inspirou os programas sociais dos governos Lula-Dilma que resgataram 36 milhões de brasileiros do flagelo da fome.

Mas, foi também esta reportagem que lascou o Zé Dirceu, que ao assisti-la acreditou que os irmãos Marinhos estavam finalmente dispostos a lutar por um Brasil menos desigual, e que pagaria caro pela sua ingenuidade ao cair mais tarde nas mãos do representante mor da Casa Grande, o capitão do mato Joaquim Barbosa. E, como todos nós sabemos, Zé Dirceu foi acusado, julgado e condenado pela Rede Globo de Televisão. Foi Lewandowski que disse que a Suprema Corte julgou Zé Dirceu “com a faca no pescoço”. E quem colocava diariamente a faca no pescoço dos juízes da Suprema Corte era o casal que fazia o JN à epoca: Bonner e sua mui digníssima esposa Fátima Bernardes.

Pensando em um título para a citada reportagem, segue algumas sugestões para os internautas:

a) No tempo em que a Rede Globo era PTista.

b) Governo neoliberal de FHC gerou milhões de miseráveis e até a Rede Globo reconhece este fato.

c) A fome tem cara de herege

d) Vai começar tudo outra vez com o governo Temer, o breve.

PS- No futuro julgamento de “Nuremberg” eu quero que o Bonner e a Fátima sejam os primeiros a serem julgados.

    José Jésus Gomes de Araújo

    Já começou, Perplexo.

hb cwb

Na matéria, exposição dos fatos e a clareza de ideias ia bem até: creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.
Grampo vazado aponta que parte dos comandos militares estão comprometidos, envolvidos, colaborando e dando cobertura aos golpes e golpistas!
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1774018-em-dialogos-gravados-juca-fala-em-pacto-para-deter-avanco-da-lava-jato.shtml
Estou conversando com os generais, comandantes militares.

cc mim

que maluco!
dar o poder aos militares?
não.

só se eles fossem a favor da democracia
e não quisessem estar ao lado de torturadores

quem acredita nisso?
que apareçam os militares republicanos
isso eu quero ver.

de resto tudo certo.
as informações. os interesses americanos.
de congresso para congresso
golpe.

Dan

Estou esperando o primeiro imbecil se manifestar: “Isso é teoria da conspiração!” Aff!

Nelson

A coxinhada que acreditou no Barbosa, no japonês da Federal, no Moro, na avassaladora propaganda contra o PT e seus governos deveria ler essa entrevista, para se dar conta do quão tapada e trouxa é, do quanto colaborou com interesses que nada têm a ver com os mais legítimos e justos anseios do nosso povo brasileiro.

    leonardo

    e digo m. vai pagar uma conta altíssima lá na frente. essa”geração facebook”é a MAIOR DESGRAÇA DO BRSIL!

ejcs

Quero estar enganado, mas acho que as Forças Armadas do Brasil não erguerão um dedo pra mudar esse cenário, e pior, acho que alguns oficiais até podem e querem contribuir com a ocupação norte americana nessas bandas. Talvez não tenham nem capacidade pra fazer absolutamente nada contra isso. Penso que a integridade nacional corre sério risco, e as FAAs funcionam desde sempre como capatazes da colônia, infelizmente. QUERO ESTAR ENGANADO.

    Fabio

    Concordo plenamente.

lulipe

O autor daria um ótimo diretor pra filmecos de ficção científica, vai delirar lá nos cafundós de Game of Thrones…

    FrancoAtirador

    .
    .
    Bem Dizia o Provérbio:
    Aos Incautos, a Mentira
    Parece Mais verdadeira
    que a Justa Verdade.
    .
    .

    GUILHERME LEVY

    -Quarta Frota (Atlântico Sul) reativada depois de décadas;
    -Presidência do Brasil grampeada (e sonhe que ministérios e escalões inferiores não);
    -Petrobras grampeada (tecnologia brasileira de águas profundas);
    -Financiamento comprovado de grupos anti-democráticos;
    -Embaixadora que atuou nos golpes do Paraguai e do Brasil e saiu imediatamente depois dos golpes consolidados;
    -Duas bases militares na Argentina;

    Você é cego.

    Nelson

    O que se há de fazer se um determinado indivíduo opta pela “cegueira intencional” (Noam Chomsky)?

    Comportamento fanatizado tendendo ao fundamentalismo o do(a) Sr(a) Lulipe

FrancoAtirador

.
.
Bases Militares da OTAN
nas Malvinas (FalkLands)
já eram um Risco pra nós.
.
Mas, Dentro do Continente,
no Território da Argentina,
será a Dominação Integral.
.
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    FrancoAtirador

    .
    .
    Faz tempo que os United States of America

    estão se preparando para invadir a Venezuela.
    .
    .

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