Maria Fernanda Arruda: A micareta dos analfabetos disfuncionais

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Um diferença considerável entre 16/08 e 20/08

Politicamente, analfabetos disfuncionais

Por Maria Fernanda Arruda*, Correio do Brasil, 21.08.2015

Um brasileiro, em fins do século XIX, competente para ler e escrever, seria um nobre ou até um coronel da Guarda Nacional. Na virada do século, éramos 35% de alfabetizados e, em 1950, apenas 49%.

O Brasil somente não foi mais paupérrimo na manipulação das letras e dos números quando a população deixou os campos e chegou às cidades: em 1960, os brasileiros alfabetizados já somavam 60%.

Agora, nos nossos tempos, teremos apenas 8% de analfabetos nacionais? Motivo de orgulho? Não. Esse número, apontado e avalizado pelo IBGE, é uma lastimável balela.

A iniciativa de criar um Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional no Brasil, medindo diretamente as habilidades da população por meio de testes, foi tomada por duas organizações não-governamentais: a Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro. As pesquisas que passaram a ser feitas, utilizado o conceito de alfabetismo funcional mostram qual é o quadro real: atinge cerca de 68% da população; somados aos 8% da totalmente analfabeta, resultando em 76% da população que não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, ou seja, apenas um em cada quatro brasileiros (25% da população) é plenamente alfabetizado.

Agora sim, fica viável entender as manifestações lastimáveis promovidas nos protestos, aqueles que querem a deposição do governo democrático, a volta da ditadura militar e mais:a morte dos que consideram como seus grandes inimigos. O survey (sondagem de opinião, sem rigorismos estatísticos) realizado por um professor da USP permite o desenho do perfil desse povo, o que é razoavelmente evidente.

Trata-se de uma maioria absoluta de indivíduos brancos, com a exclusão de negros e de pobres, gente de faixa etária mais alta, vários tendo chegado à senilidade, muitas mulheres, voyeurs sedentos de corpos nus, vendedores ambulantes em trabalho, diversos interessados na carteira e no celular alheios.

Os depoimentos colhidos dessa gente são inacreditáveis, decretando a obsolescência definitiva do Festival da Besteira que Assola o País (Febeapa), obra muito interessante e que retrata as cabeças de generais, coroneis, almirantes e brigadeiros, mentores da ditadura (golpe de 64), mas que se reveste de candura infantil diante da produção que se faz e mostra, na avenida Paulista dos dias atuais.

As faixas transportadas pelos “mulas” contratados trazem dizeres sem sentido, escritos em língua que identifica o analfabetismo funcional predominante. Mas não estamos tratando de um segmento social e economicamente privilegiado? Sim, estamos. E as pesquisas também mostram que 38% dos nossos universitários gozam dessa condição: são analfabetos funcionais.

O projeto de massificação do ensino foi parido pela ditadura, sob orientação do Coronel Jarbas Passarinho, com o malfadado MOBRAL, enquanto o ensino de História e outras ciências sociais era substituído por aulas de “educação moral e cívica”. Tempos de “Brasil – ame-o ou deixe-o”, recitado nas aulas obrigatórias de educação física.

A ditadura formou milhares e milhares de jovens alienados, coerentes, e que hoje são fascistas. Uma geração de intelectuais que estudava o Brasil foi levada ao ostracismo: Caio Prado Junior, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado, Antônio Cândido, Florestan Fernandes.

O cinema nacional ficou reduzido à produção de pornochanchadas, o teatro foi transformado em forma de lazer que antecede a pizza do sábado à noite, em que pesem os esforços magníficos de Gianfracesco Guarnieri, Zé Celso, Vianinha, Ruth Escobar e outros.

A música foi proposta na forma alienadora da “jovem guarda”, perdida nas curvas das estradas de Santos, embora, e exatamente aí, tenha havido a contestação mais séria à violência: Chico Buarque foi o maior exemplo de como a sensibilidade artística e a inteligência cultivada podem ridicularizar a violência dos torturadores assassinos.

O segundo momento de aviltamento do ensino no Brasil veio com os oito anos FHC.

Da mesma forma que privatizaram as empresas do Estado, privatizou-se o ensino. A universidade federal foi empobrecida em quantidade e qualidade; o MEC orientou para que as escolas públicas falissem, sendo substituídas pelas empresas do comércio do ensino. Mais do que nunca, elitizaram-se o ensino e a cultura: os filhos das elites que estudassem nos ótimos colégios particulares, habilitando-se ao doutoramento das universidades públicas ou nas universidades norte-americanas.

Há uma reversão de tendência a partir do primeiro governo Lula, quando o MEC começou a atuar para o fortalecimento da Universidade Federal, incentivando a pesquisa, remunerando de forma digna os professores, criando universidades. O ensino obrigatório de Ciências Sociais, Filosofia e Sociologia volta a ser obrigatório no Ensino Médio. Contemplam-se a Música e as Artes.

E cometem equívocos e omissões muito sérios. Os chamados “sistemas de ensino”, produzidos por empresas comerciais que negociam suas ações em Bolsa de Valores, bestificam jovens brasileiros com material didático de péssima qualidade e onde o professor fica reduzido à condição humilhante de “repetidor de aula”. A tentativa política de deputados hoje, na era Eduardo Cunha, no sentido de esvaziar o conteúdo do ensino nas escolas, já é uma realidade rotineira.

Em meados da década passada, o Sistema de Ensino da Abril Cultural utilizava a revista Veja para caluniar escolas que se preocupavam em transmitir a realidade brasileira aos seus alunos, identificando e acusando professores “comunistas”. A mesma Abril inaugurou o mecanismo de corrupção, junto a prefeituras e prefeitos, facilitando a venda do seu material para consumo nas escolas municipais. Corruptores e corrompidos.

Eis aqui um desafio aos que não entenderam ainda a necessidade de uma Constituição de olhos voltados para o século XXI. O pacto federativo precisa ser revisto radicalmente!

Sobre Educação, a maioria dos Estados e a quase totalidade das prefeituras carecem de condições mínimas para cumprimento das atribuições que lhes são delegadas. A Carta de 1988 adotou uma descentralização irreal e que vai provocando disfunções seriíssimas. Entre as diretrizes elaboradas pelo MEC e a ação política de governadores e prefeitos há um abismo intransponível.

Tanto a incompetência interesseira de políticos regionais como o utilitarismo dos comerciantes do ensino, ambos tornaram absolutamente impossível a modernização do ensino básico. Como resultado dessa paralisia no tempo, as paredes das salas de aula formatam hoje um espaço que sufoca os jovens, expostos às dimensões quase infinitas da Internet que se abrem através do computador.

Os adolescentes, aprisionados na escola convencional, ainda encontram liberdade nos espaços dos shopping centers. O que está sendo afirmado aqui fica evidente quando se lembra que as últimas experiências inovadoras significativas no Brasil foram a Universidade de Brasília, com Darcy Ribeiro, e os CIEPS, com Brizola e o mesmo Darcy Ribeiro.

O Direito à Educação é assegurado pela Constituição Federal como um direito fundamental, tendo sido contemplado pela Constituição no artigo 6 º, localizado no capitulo intitulado “Direitos Sociais”. O Ensino Básico (Fundamental + Médio) impõe-se como direito assegurado a todo cidadão brasileiro.

Tanto quanto a reforma agrária, ou a limitação do direito de propriedade pelo interesse social … Letras, letras mortas. É bem verdade que os governos de Lula e Dilma se fixaram no ideal do “ensino para todos”. A partir disso, desenvolveu-se e desenvolve-se um esforço orientado por critérios de quantidade, mas não de qualidade.

No afã de formar gente de nível universitário, os governos do PT quase que atingiram o exagero de uma antiga piada: “brasileiro, ao nascer, ganha o título de doutor, aos 18 anos devendo fazer uma opção”. A universalização universitária não será uma utopia desastrada? De novo a mesma preocupação: quantidade; e o que fazem com a qualidade: É baixa, pouca e insuficiente?

Um dos equívocos mais grosseiros foi cometido com a criação do FIES. O Ministro da Educação acaba de corrigir as distorções gritantes de um programa demagógico. Até recentemente, alguns vários bilhões de reais foram destinados ao financiamento de estudantes, em universidades reconhecidas pelo próprio MEC como sendo de qualidade inferior, concentrados nos Estados mais ricos, com financiamento concedido a filhos de famílias de classe-média, para matrícula em cursos de Direito, Administração e similares.

O Ministro Renato Janine Ribeiro limitou o uso do benefício a famílias pobres, nas regiões mais pobres do país, para cursos de Engenharia, Medicina e similares, ministrados em escolas que venham merecendo boa conceituação.

Alvíssaras. As coisas vão tomando forma digna, pois tivemos alguns anos de descalabro descompromissado.

Reconhecidamente, o sistema de ensino brasileiro não é menos do que péssimo. Em diversos momentos forma bons profissionais. Mas, praticamente, nunca forma bons cidadãos. Os brasileiros não sabem o que é o Brasil, não conhecem a sua História, recebem informações rudimentares sobre a sua geografia e são ignorantes completos quanto à sua economia, problemas atuais e potencial. Não estão sendo ensinados a pensar, não sabem ler, não leem, carregam uma lastimável preguiça mental.

A pobreza é tal que, mesmo à esquerda, frequentemente se vê o dogmatismo tolo, simplificador de tudo: ‘os que não pensam exatamente como eu penso são fascistas’. Perderam alguns a capacidade de pensar e, de pensar indagativamente. Não há espírito crítico, o que o ensino puramente técnico e de má qualidade não contempla.

O que tudo isso tem a ver com o 16 de agosto? Serve para que se entenda toda aquela gente como o lixo social que as nossas escolas estão deformando. Para pedir a ditadura militar e a morte de políticos desagradáveis, as pessoas precisam passar por um apurado processo de animalização, aquele que o nosso sistema de ensino tem oferecido. O marketing transformando tudo em produto de consumo não durável, consumidores consumíveis, produz o restolho obsoleto do que teria sido um ser, e humano; hoje na avenida são zumbis alucinados.

Enfim, o esforço dos governos Lula e Dilma tem revertido tendências perversas, mas incorpora equívocos. Quem, não apenas os dois, mas pensados todos os que habitam hoje o nosso mundo político, possui competência para distinguir o que é humano daquilo que é simples charlatanismo?

*Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras.

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Comentários

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sergio ribeiro

Nem chamo isso de direita. É gente burra de dar dó, como o cara que mostrou este cartaz da esquerda da foto. Não conseguem trabalhar os raciocínios mais simples, o que dirá entender o jogo complexo da política.
Esse país precisa de um investimento muito sério e grande em Educação e fechar sem dó esses caça níqueis disfarçados de faculdades.
Somente assim podemos ter alguma esperança no futuro.

Almir

“Rico não precisa roubar” – A medida do TER nunca enche, seu neobabaca manipulado pela rede globo.

Urbano

O panaca se refere a qual tipo de rico? O honesto ou o ladrão? Pois não se deve misturar, não…

    FrancoAtirador

    .
    .
    Homem algum enriquece, trabalhando honestamente,
    .
    isto é, sem que tenha de explorar o Trabalho Alheio.
    .
    Salvo no Prêmio Acumulado da Loteria e na Herança.
    .
    .

    Urbano

    O trabalhador e o erário público são as principais vítimas do empresário desonesto. É difícil encontrar, mas creio piamente que haja empresários honestos por esse Brasil afora; alguns ricos até. Inclusive há uma história bem antiga sobre um empresário paulista, que durante uma greve dos metalúrgicos reuniu todos os empregados no pátio e pediu para que todos retornassem aos seus lares, como forma de aderir a greve. Os empregados então foram taxativos em dizer que não havia nenhum motivo para fazerem greve. A que o empresário retrucou dizendo que havia sim um motivo: a integridade física deles.
    Obrigado, Franco Atirador.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Não há dúvidas de que existem, de Fato, Empresári@s
    Bem Intencionad@s e Cumpridore(a)s da Lei, aqui no BraSil
    como de resto em todo o Mundo Socialmente Civilizado.
    .
    Há, porém, uma Prática Desonesta que é até Involuntária,
    pois a Praxe Social a normalizou, padronizou e moralizou.
    .
    Mas adote-se como Premissa Referencial um Paradigma Atual:
    a Lista de Ricaços publicada pelas Revistas Forbes e Fortune.
    .
    É a esses Ricos que se deve aplicar a Lógica Antiga e Válida:
    .
    “Todo Lucro é uma Espécie Oculta de Furto”
    .
    “Assim, toda Riqueza é um Tipo de Esbulho”
    .
    Agradecimentos pela Oportunidade Ímpar
    de Formidável Dialética, Prezado Urbano.
    .
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FrancoAtirador

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Talvez não sirva de Consôlo aos BraSileiros, mas a Obsolescência do Sistema de Ensino
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é um Fenômeno Mundial, pelo menos no Ocidente, inclusive na Europa e nos IúnáitStêits.
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É um Equívoco pensar em ‘Mais Educação’ apenas por maior Investimento de Recursos Públicos.
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A Sociedade de Consumo de Massas criou o Tecnicismo de Especialização MonoTemática.
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O Indivíduo, quando muito, só tem Conhecimento do seu Próprio MicroCósmo de Atuação.
.
Considera o Trabalho exclusivamente como Meio Obrigatório e Penoso de ‘Ganhar a Vida’.
.
E ter ‘Melhor Qualidade de Vida’ significa possuir Dinheiro Suficiente para não mais Trabalhar.
.
Aí cai na Esparrela Dogmática do Darwinismo Empresarial que aplica a “Lei do Mais Forte”.
.
E os Meios de Comunicação de Massa são os Principais Responsáveis por Amplificar esta Cultura
.
que se dissemina, primeiro, da Casa d@ Trabalhador(a) para a Escola, a Igreja e o Emprego,
.
e daí para todas as Entidades Civis da Sociedade, até atingir as Esferas Institucionais do Estado.
.
Antes de sermos Animais Políticos Conscientes, tod@s somos Seres Vivos Consumidores
.
agindo por Instinto de Sobrevivência e Ato Reflexo, e é assim que a Empresa quer que permaneçamos.
.
.
No texto*, cuja leitura é sugerida com ressalva, pois há Erro de Avaliação nas Causas Apontadas,
há clara Demostração de que, 10 anos atrás, já havia em Portugal uma Enorme Preocupação
do Autor (uma Espécie de Versão Lusitana do Olavo de Carvalho ou do Reinaldo Azevedo)
com o Declínio do Ensino Escolar em Portugal, País que tinha um ‘Investimento em Educação
ao nível dos mais elevados de toda a Europa, relativamente ao Percentual do PIB aplicado:
*(http://insidiis.blogspot.com.br/2005/06/analfabetos-disfuncionais.html)
.
.

    FrancoAtirador

    .
    .
    A Formação de Profissionais de Desenvolvimento Humano
    em Instituições Baseadas Estritamente na Especialização Disciplinar
    .
    O aprofundamento do saber é uma função constituinte da universidade; daí deriva a sua razão de ser.
    Tal aprofundamento tem vindo, no século XX, dentro do paradigma moderno de construção do saber, a seguir cada vez mais o molde da especialização monodisciplinar e, dentro de cada disciplina, o molde da especialização monotemática.
    .
    Quer isto dizer que o especialista é cada vez mais aquele que sabe de um só tema numa disciplina, mas é também o que cada vez mais sabe menos de outros temas da sua disciplina e sabe menos de outras disciplinas.
    .
    Embora questionado pela pós-modernidade, este paradigma continua, em termos práticos (e mesmo retóricos), a ser o paradigma largamente predominante na estruturação da profissionalidade dos professores universitários.
    .
    A Especialização Monodisciplinar Monotemática
    é Construída pelo Percurso Científico,
    pela Orientação da Carreira Docente
    e pela Socialização Académica nos Grupos.
    .
    Por isso, alguém definiu o Especialista Moderno
    como aquele que só domina um Tema
    e aí está Cheio de Dúvidas.
    .
    Por João Formosinho, da Universidade de Minho, Portugal.
    .
    Em: “Dilemas e Tensões da Atuação da Universidade frente
    à Formação de Profissionais de Desenvolvimento Humano”:
    .
    (http://www.prg.usp.br/wp-content/uploads/joao_formosinho_caderno_8.pdf)
    .
    .

    FrancoAtirador

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    .
    A Formação de Profissionais de Desenvolvimento Humano
    em Instituições Baseadas Estritamente na Especialização Disciplinar
    .
    O aprofundamento do saber é uma função constituinte da universidade; daí deriva a sua razão de ser.
    Tal aprofundamento tem vindo, no século XX, dentro do paradigma moderno de construção do saber, a seguir cada vez mais o molde da especialização monodisciplinar e, dentro de cada disciplina, o molde da especialização monotemática.
    .
    Quer isto dizer que o especialista é cada vez mais aquele que sabe de um só tema numa disciplina, mas é também o que cada vez mais sabe menos de outros temas da sua disciplina e sabe menos de outras disciplinas.
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    Embora questionado pela pós-modernidade, este paradigma continua, em termos práticos (e mesmo retóricos), a ser o paradigma largamente predominante na estruturação da profissionalidade dos professores universitários.
    .
    A Especialização Monodisciplinar Monotemática
    é Construída pelo Percurso Científico,
    pela Orientação da Carreira Docente
    e pela Socialização Académica nos Grupos.
    .
    Por isso, alguém definiu o Especialista Moderno
    como aquele que só domina um Tema
    e aí está Cheio de Dúvidas.
    .
    Por João Formosinho, da Universidade do Minho, Portugal.
    .
    Em: “Dilemas e Tensões da Atuação da Universidade frente
    à Formação de Profissionais de Desenvolvimento Humano”:
    .
    (http://www.prg.usp.br/wp-content/uploads/joao_formosinho_caderno_8.pdf)
    .
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Erick

O processo de consolidação de uma democracia mais eficiente, consequente e duradoura é o educacional. Porém, é o que exige mais persistência, ele é coisa de longo prazo. A geração que governos de Lula e Dilma incluíram na educação formal foi apenas um ponta pé inicial e emergencial, foi pra tirar dos ridículos e desoladores índices de abandono. E o que dizer do boicote que o ex ministro Haddad enfrentou ao instalar o ENEM como ingresso de pobres nas Universidades? E as cotas? Isso é mexer com muitos privilégios de mimadinhos de nossas elites. De qualquer forma, alguém tinha que iniciar a massificação, foi uma opção pela inclusão da maioria. Cabe lembrar, que tem hora na gestão que vc tem que levar o Instituto Federal de Educação, a Universidade Federal, as Escolas Integrais em locais impensáveis, isso significa criar o fato político: Instalou? Agora cuida, pois vai ter pressão social e política para isso se manter. Além disso, existem realidades de pobreza que desafiam qualquer gestor comprometido com a inclusão social, como é o caso de regiões do Maranhão(matéria publicada nesse blog) e demais rincões desse Brasil. Daí pra frente é obrigação de um Renato Janine RIbeiro de aperfeiçoar os desvios, equívocos, pois construir um sistema educacional em um país complexo como nosso precisa de estratégia e coragem. Vamos exigir agora a realização, na prática, da Pátria Educadora, agora podemos jogar pesado na qualidade e ao mesmo tempo atingir quantidades amplas de excluídos do sistema educacional.

abolicionista

A direita abriu mão de pensar. Ela nunca foi boa nisso, mas agora a sua pouca vocação tomou a forma de um ódio contra todo aquele que faz o uso público de sua razão. O resultado é descobrirmos fanáticos fundamentalistas típicos do Ancien Régime circulando pelas vitrines pós-modernas da Paulista. Se a Europa tem castelos, nós temos exemplares vivos diretamente saídos da Idade Média. O único problema é que eles andam à solta, e andam em bandos.

Edvaneilson Raposo

Texto legal sobre esse cartaz maluco do menino:
http://otaviopinto.com/index.php/2015/08/21/um-cartaz-equivocado-nao-os-ricos-nao-sao-mais-dignos-de-confianca-que-os-pobres/

Bacellar

Texto bastante relevante. A escola no Brasil a grosso modo tem como objetivo formar funcionários medianos para o mercado de trabalho.

Escolas particulares mais caras funcionários de alto cargo, escolas públicas gratuitas mão de obra barata. Essa é a verdade.

Não se forma pensamento crítico mas apenas preparam-se as crianças e adolescentes para aprender a ir todo dia cedinho para um lugar onde não querem estar mas são obrigados, e serão recompensados ao demonstrar obediência e punidos por demonstrar desobediência. Exatamente como um funcionário de grande empresa.

A investigação científica é ignorada e o aluno deve limitar-se a decorar os modelos pré-existentes (as vezes nem sequer os modelos mais recentes) em cada categoria de saber.

Mesmo os melhores colégios em sua maioria produzem o que o economista L.G.Belluzzo chama de “savants autistas”; técnicos brilhantes em suas áreas de atuação mas limítrofes em qualquer outro assunto. Assim vemos engenheiros que vão ao cinema ver Transformers 4 e médicos que escutam sertanejo universitário…

Pouquíssimas instituições capacitam cidadãos com pensamento crítico, investigação científica, visão multidisciplinar, análise de sistemas complexos e, algo que pode parecer piegas mas é ponto fulcral em qualquer sociedade civilizada, fraternidade.

Eu, estudante entre 85-98, fui basicamente deformado pelo sistema de ensino da época. Também fiz uma faculdade medíocre, o que me traz severas limitações (pior, nada disso saiu barato para meus pais e depois para mim). Oxalá tive oportunidade de crescer em ambientes que valorizam a cultura pois à depender de minha escola e faculdade seria um estúpido completo. Poucos possuem a mesma oportunidade.

As escolas e faculdades brasileiras sacrificam todos os anos milhões de jovens cérebros no altar do Deus Mercado.

Paulo Falcão

Sobre as múltiplas explorações maniqueistas sobre esta questão, leia o artigo abaixo e os comentários que o acompanham: MÁRIO MAGALHÃES E A INDIGNAÇÃO SELETIVA.
http://wp.me/p4alqY-gF

Morvan

Bom dia.

Aqui mesmo (publicado simultaneamente no meu blogue), tratei sobre o tema: Carta Aberta Ao Ministro da Educação. Discutíamos sobre a supressão das disciplinas criticistas do Curriculum do Ensino Médio e de seus perversos desfechos, caso se tomassem tais medidas. Felizmente, não por causa do meu texto, claro, mas a ideia não foi avante e Janine, o sucessor, sequer aventou sobre. Só pontuo o seguinte: malgrado concorde com a autora, no que tange à [falta de] qualidade, o ensino brasileiro prosperou, se se considera que ele, ainda não obstante não se ter encorpado, axiologicamente, o fez: conferiu inclusão social. Tirou o atributo de elite da escola, até certo ponto. Imperdoável, para a mesma elite. A imagem desta [bonita] moçoila, na chamada do artigo, futura engenheira, filha de pedreiro, que o diga. São várias lutas. Inclusão, aperfeiçoamento, etc.
#CulpadoPT.

Saudações “O Pré-Sal É Do Povo Brasileiro; Vamos Enfrentar Os Golpistas E Defender A PetroBrás; sem Controle do Judiciário, o Brasil será eternamente uma Fábrica de Golpes“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

Julio Silveira

Espero que os anos de influencia dessa midia corporativa do Brasil, produzindo mentes disfuncionais, não tenha sido suficiente para nos legar por muito tempo esse domínio, que temos vivido, de gente sem noção. Continuo com esperança de que o povo vai se dar conta e fazer surgir o resgate de capacidade de reconhecimento do que são os seus interesses, como o entedimento de que só a verdadeira Democracia será capaz de lhes permitir progressos continuos na direção da unidade nacional.

FrancoAtirador

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Nú cáZu dú InSSínu BáZcu nú braZíu, a [In]Competência Administrativa
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no Ensino Médio (2º Grau) é fundamentalmente dos Governadores Estaduais*.
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e no Ensino Fundamental (1º Grau) é principalmente dos Prefeitos Municipais**.
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*(https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_estaduais_no_Brasil)
.
**(http://eleicoes.uol.com.br/2012/raio-x/partidos-e-prefeitos/eleitos-x-candidatos)
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TSE
Eleições Municipais de 2012
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Nº de Prefeitos por Partido
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PMDB = 1024 (18,40%)
PSDB= 702 (12,61%)
PT = 635 (11,41%)
PSD = 497 (8,93%)
PP = 469 (8,43%)
PSB = 442 (7,94%)
PDT = 311 (5,59%)
PTB = 295 (5,30%)
DEM = 278 (5,00%)
PR = 275 (4,94%)
PPS = 123 (2,21%)
PV = 96 (1,73%)
PSC = 83 (1,49%)
PRB = 78 (1,40%)
PCdoB = 56 (1,01%)
PMN = 42 (0,75%)
PTdoB = 26 (0,47%)
PRP = 24 (0,43%)
PTC = 19 (0,34%)
PHS = 17 (0,31%)
PRTB = 16 (0,29%)
PPL = 12 (0,22%)
PTN = 12 (0,22%)
PSDC = 9 (0,16%)
PSoL = 2 (0,04%)
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(https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_municipais_no_Brasil)
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FrancoAtirador

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ESQUEMA DA DOUTRINAÇÃO PLUTOCRATA
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Do Banqueiro-Patrocinador para a Mídia-Empresa.
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Da Mídia-Empresa para a Família d@ Trabalhador(a).
.
De Pai para Filh@; Igreja para Fiel; Escola para Alun@.
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(http://imgur.com/JFvE0gB)
.
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