Fernando Rodrigues se recusa a entregar lista do HSBC à CPI do Senado: “Uma temeridade”

Tempo de leitura: 3 min

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Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado

Repórter do UOL se recusa a entregar dados do caso HSBC a parlamentares

Fernando Rodrigues diz entender o pedido dos senadores, mas afirma que conhece o Congresso e o funcionamento das CPIs, e considera a entrega das informações ‘uma temeridade’

por Hylda Cavalcanti, da RBA publicado 26/03/2015 15:02, última modificação 26/03/2015 15:23

Brasília – O repórter Fernando Rodrigues, do portal UOL, primeiro jornalista do país a divulgar o escândalo das contas secretas de brasileiros existentes no HSBC da Suíça, afirmou hoje (26), durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado criada para investigar o caso, que tentou um contato com representantes do governo, por meio de órgãos como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Receita Federal, em 2014. Mas, segundo contou, encontrou atitudes que considerou como “desídia, preguiça e má vontade” por parte dos integrantes destes órgãos para entrar nas apurações.

Rodrigues classificou as conversas mantidas com representantes destes e de outros órgãos de “epidérmicas”. Sem entrar em muitos detalhes, o jornalista afirmou que para divulgar as informações precisa atender aos critérios estabelecidos pela associação internacional de jornalistas investigativos – que primeiramente teve acesso à lista – e que os nomes dos correntistas só serão divulgados se forem de pessoas sobre as quais exista um “interesse público” de divulgá-los. Acrescentou que, mesmo assim, essa divulgação só ocorrerá após todos serem ouvidos e prestarem seus esclarecimentos.

Ele criticou a divulgação de alguns nomes pela Receita Federal para determinados veículos, feita recentemente. Destacou que as informações foram “seletivas” e ainda por cima “apresentaram imprecisões quanto aos valores existentes nas contas dos correntistas que tiveram seus nomes expostos”.

‘Conheço as CPIs’

Diante da solicitação de vários dos senadores para que entregasse a lista e os dados que já dispõe à CPI com o compromisso de que as informações seriam mantidas em caráter sigiloso, como forma de ajudar nas apurações destes parlamentares, o jornalista se recusou. Disse que ficava até mesmo “sensibilizado” com o pedido dos parlamentares e que acredita na intenção deles de manter a tutela dos dados com responsabilidade.

Mas em função da sua profissão, já acompanhou muitas CPIs, nos últimos anos, e considera “uma temeridade” da sua parte atender ao pedido, “sabendo como funciona o Congresso Nacional e as CPIs”. Fernando Rodrigues argumentou, ainda, que os dados estarão disponíveis para os parlamentares por meio do governo francês que não se opõe a oferecer todos os nomes.

‘Responsabilidade e obrigação’

O presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-BA), rebateu Fernando Rodrigues diante da sua recusa. Rocha afirmou que não tem problema ele negar a lista, porque a presidência da comissão tem “a responsabilidade e a obrigação” de requerer a relação, independente da vontade dele e do critério da associação internacional de jornalistas investigativos para dar publicidade a tais nomes.

Rodrigues disse que entende a posição do senador Paulo Rocha e que ele está certo. Ressaltou que os senadores “têm obrigação de solicitar estas informações” e repetiu que a forma “mais correta, célere e produtiva para a CPI” é a busca pelo governo francês.

Rocha reiterou que o Senado tem o compromisso de guardar toda informação sigilosa com responsabilidade e que, no encaminhamento dos trabalhos da comissão, vai atuar no sentido de fazer com que qualquer informação não seja divulgada com o intuito de ser utilizada “por interesses de disputa política ou de qualquer outro tipo”.

Durante a instalação da comissão, na última terça-feira, Paulo Rocha já tinha dito que irá fazer de tudo para evitar que a CPI seja “palco de espetáculos”. “É preciso que as investigações aconteçam com equilíbrio, segurança, serenidade e responsabilidade e é por isso que vou lutar”, acentuou.

A reunião teve início às 8h30 e durou mais de três horas. Foi dividida em duas etapas, de forma a possibilitar que, além do depoimento dos convidados, os senadores também pudessem apreciar requerimentos. Eles aprovaram, antes de ouvir Rodrigues e o jornalista Chico Otávio, de O Globo, um plano de trabalho para a CPI para os próximos 180 dias.

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Comentários

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FrancoAtirador

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SWISSLEAKS
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Lista de Contas Secretas no HSBC da Suíça tem nomes
de envolvidos em escândalos famosos das últimas décadas.
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Trabalhos da CPI do Senado poderão resultar na conclusão
destes processos e repatriamento dos recursos desviados.
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(http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2015/03/jornalista-diz-caso-hsbc-ajudara-a-solucionar-antigos-escandalos-de-corrupcao-no-pais-4344.html)
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Marat

Como é hipócrita… Se na lista houvesse apenas nomes de petistas, pseudo esquerdistas e esquerdistas, todo mundo ficaria sabendo através de infindáveis manchetes sensacionalistas!

Luís Carlos

Jornalista transmite informações, apresenta fatos, desnuda esquemas, e Fernando Rodrigues, esconde nomes de evasores de divisas, lavadores de dinheiro e sonegadores de fiscais. Jornalista? Não, capacho.

Flavio de Oliveira Lima

Esse é um belo exemplo… de cara de pau.

Celso

Esse “jornalista” Fernando Rodrigues é uma piada de mau gosto!Quer dizer, entregar a lista para CPI é uma “temeridade” devido as denuncias seletivas que podem fazer contra os seus patrões da Folha.E o que fizeram,e que estão fazendo, com as denuncias da Petrobras não é o mesmo ?Quer dizer qdo as denuncias seletivas são contra o PT ou qualquer outro partido (não sendo o PSDB) pode?!?! Ai já não é uma temeridade? Ou então aparece a famosa frase (se o senhor quiser nós tiramos).

Euler

Um pau mandado dos Frias, da Globo e dos tucanos gordos. Uma dúvida: a CPI não tem poder de exigir as informações que o “jornalista”, aspas, omite para salvar a pele dos donos do Brasil? Ele se recusa a entregar e nada acontece? Não deveriam abrir algum processo contra ele? Afinal, ele está claramente dificultando os trabalhos de uma CPI do Senado da República. Não há pena para isto? Apelar para o direito de sigilo não cola. Ninguém está exigindo o nome da fonte, mas as informações contidas nessa lista de sonegadores. No mínimo, ele, a Folha e a Globo estão sendo cúmplices, ao atrasar ou impedir a apuração de crimes (sonegar impostos é crime) contra o Brasil. Pode isto, Arnaldo?

Romanelli

então, já disse aqui..

hoje um cara do senado (chefe de qq coisa que diz ganhar R$ 4 mil/mês) disse que NUNCA teve conta na SUÍÇA ..mas seu nome foi listado com pompa e como furo

O próprio Fernando na CPI disse que NÃO tem como saber o que é lícito ou não na relação ..mas diz que todos foram ouvidos antes da divulgação, e que os dados estão sendo cruzados ..como ? cruzados mas não da pra dizer o que é lícito ? …hum ..sei sei ..não faz sentido não

infelizmente, queiramos ou não, o que vem à tona é que isso ainda é fruto deste festival de denúncias seletivas que não cessa, da nossa eterna inconsequência que tem como praticantes tanto a esquerda como a direita.

Julio Silveira

Ele se acha a melhor instancia do país para guardar segredos, seria trágico se não fosse cômico. Ver como está saindo informações seletivas, inclusive com alguns nomes sendo sonegadas ao publico. Como sempre, manipulações, soa ridículo ver mais esse “critico” do sistema do qual faz uso.
Se esse cidadão tirar a conotação de moralidade, ridícula como tem demonstrado, a justificativa para retenção da lista por sua parte, poderia ser melhor degustada poderíamos chamar de defesa da sobrevivência, aí sim daria até para deglutir.

    Mário SF Alves

    Ou somos todos doidos ou o que você acabou de dizer é a mais pura e cristalina verdade. Especialmente no detalhe do “Como sempre, manipulações, soa ridículo ver mais esse “critico” do sistema do qual faz uso.” Aliás, não só faz uso como também é voluntariamente usado. Questão de formação. Fazer o quê? E mais: daria pra ser diferente? Poucos, meu caro, pouquíssimos, têm o poder de remar contra essa podre e secularmente submissa maré.

renato

Deveriam questiona-lo por que acha que é uma temeridade.
E faze-lo provar suas precupações..

Renato Silva

Será que o nome dele não está lá? Então ele não seria obrigado a entregar provas contra ele.Só pode.

Sidnei Brito

Se o nome de Lula, por exemplo, estivesse na lista, aí o Rodrigues consideraria a sua entrega à CPI um gesto de patriotismo!
E se uma simples entrega de lista, que, após investigações e esclarecimentos pode até não haver nada de mais, é uma temeridade, como chamar os vazamentos seletivos das denúncias da lava-jato?
Atenção: não quero dizer com isso que, se não fossem seletivas, seriam menos graves.
Mas é que, ainda por cima, tem isso.

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