Douglas Belchior: Uma escola de brancos num bairro de brancos

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Da redação – Imagens Silvio Cesar

O evento deste sábado faz parte de uma campanha para levantar fundos para o jornalista Marco Aurélio Mello, processado duas vezes por seu ex-patrão global, uma delas por ter escrito uma peça de ficção.

A conta de arrecadação:

Marco Aurélio Mello

Bradesco agência 1363

conta 120558-7

cpf 075298408-00

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Comentários

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Edgar Rocha

Infelizmente, não consegui ver o video ainda (problemas técnicos). Admiro o Douglas Belchior pelo empenho em mostrar com clareza todas as “cores” do racismo em nosso país. Recentemente, escrevi no blog dele um comentário que gostaria de corroborar aqui. O post que ele fez apresentava dados sobre a atuação seletiva e racista da polícia no exercício de sua função. Nada de novo, pra quem testemunha o racismo deliberado das forças de segurança no país. Mas, como sempre, tento alertar que, se há um trabalho a ser feito por intelectuiais e agentes sociais do país, é o de conscientização do jovem da periferia quanto ao jogo pernicioso do qual ele é (digo sem medo de ser considerado racista) o verdadeiro bode expiatório, o cabrito preto a ser sacrificado no jogo macabro de redenção do Estado totalitário que a elite insiste em justificar perante a sociedade. Pra ser mais preciso, o jogo pra mim é o seguinte: tráfico e PM corrupta são uma coisa só, certo? Portanto, bater no menino da periferia dá um bom resultado, desde que lhe possam incutir que a surra que levou é a vontade da sociedade (da sociedade TODA). Pois bem, o garoto encontra amparo e proteção no jogo paternalista das lideranças criminosas com as quais inevitavelmente ele há de ter contato. Cria-se então uma consciência de que a resposta a ser dada à sociedade que o surrou (a polícia está só cumprindo ordens nossas) advém do poder que o crime a ele confere, com as bênçãos da polícia corrupta, que fará vista grossa pra todo e qualquer tipo de abuso que este jovem cometa contra a mesma sociedade a qual ele julga sua inimiga incondicional, desde que boa parte do lucro advindo de suas “atividades” passem para o bolso do policial boa praça que o protege. Cria-se, então, a sensação de heroísmo e invencibilidade a que tanto este jovem deseja, como bálsamo de toda a sua revolta. Em contrapartida, o discurso feito à sociedade (entenda-se toda a parcela que se encontra alheia e contrária ao crime, sendo portanto, a grande massa vítima da violência generalizada) é de que a polícia não pode fazer nada por causa das leis que são protecionistas, do sistema que é moroso e cheio de brechas e, sobretudo devido a ação dos direitos humanos em defesa dos “bandidos”. É aí que entra a força inquestionável da imprensa PiG, com suas Sheherazades-da-vida e seus Datenas, corroborando a tese tão bem disseminada boca-a-boca pelos agentes policiais, como forma de autovitimização e responsabilização de todas as instituições que, supostamente, amparam ao crime (menos a polícia, claro). O que podemos concluir que, uma vez que a sociedade (sobretudo os mais abastados), decidir dobrar-se à necessidade de um Estado policialesco, ficará fácil por em prática o projeto retrógrado do autoritarismo e do retrocesso em relação às conquistas socias, ainda tão poucas e tão frágeis e, assim, justificar – graças aos caos gerado por esta juventude cooptada e instruída para o terror – um golpe nos moldes recentes que pudemos acompanhar pelo mundo afora. A demanda por mais segurança, associada a sensação de fragilidade institucional diante do crime e da corrupção serão aqui no Brasil, o mote para o apoio dos endinheirados às forças conservadoras e fascistas. No frigir dos ovos, a polícia terá de mostrar serviço e estes jovens arrogantes e ingênuos se tornarão agora desnecessários diante do apoio mais interessante da classe média e da classe trabalhadora (portanto, produtiva,ao contrário destes meninos). É preciso criar meios para livrar esta garotada antes que o caldo vire pro lado deles. A pergunta é: haverá tempo? Enquanto isto, os agentes deste esquema vão cozinhando o galo, matando gente inocente aqui e ali, pra botar ainda mais terror e mais pilha em quem já anda com os nervos à flor da pele, agredido de ambos os lados (falo não só da classe média, mas do trabalhador que mora na periferia e não se deixa cooptar pelas facilidades do crime. Esta parcela já está aderindo ao discurso da Sheherazade). Tudo isto que falei é embasado em minha posição privilegiada de quem mora no olho de um furacão e presencia todas as conversas e todas as ações de camarote. Sou alguém que tentou buscar apoio em todos os níveis institucionais, políticos e policiais e na melhor das hipóteses deparou-se com a omissão dos que justificam sua inércia pelo viés do pragmatismo, do medo e da covardia moral/ideológica pura e simples. Esta geração de jovens me parece ser mais uma geração condenada à morte. Talvez a última de umas tantas que serviram à máquina opressiva herdada por nós durante a ditadura e que nunca deixou de operar, ao menos nas periferias, sem que nunca fosse alvo de uma discussão séria pelos autoproclamados democratas do país. Talvez, sonhassem em chegar ao poder e ter em suas mãos os mesmos instrumentos que um dia lhes torturaram no passado. Ledo engano. A máquina juntou forças, serviu sempre ao que havia de pior no país. E a cobra cresceu em baixo da cama. Já está pronta pra moder o calcanhar de quem se atrever a sair do berço esplêndido. Pobres meninos… Serão a verdadeira elite a morrer na frente de batalha. À toa…

renato

O dinheiro que foi para Dirceu, se não me engano passou da conta.
Ótimo, entregar o resto para a associação dos Blogs pagar este tipo
de evento….

Lucinda G Mariano

Quem criticou faria o mesmo se fosse um jovem branco com terno e gravata? Penso que não, pois os esteriótipos de seriedade a cor da pessoa e vestimenta mudariam o peso do discurso. A verdade incomoda, o nosso pensamento é formatado, mudar de forma dói, e incomoda.

abolicionista

Perfeito, o palestrante tocou num ponto fulcral. O Brasil é um herdeiro da escravidão e ainda o será por muito tempo. Segundo estudiosos como Luiz Felipe de Alencastro, o tráfico negreiro pode ter sido o maior negócio já realizado na história mundial. Ora, Brasil era o maior pólo de trafico de escravos no século XIX. E, do dia para a noite, o racismo desaparece? Some da noite para o dia? O grande problema é não conseguirmos nos reconhecer como um país racista, como um país violento, somos um país machista, como um país injusto, como um país pouco democrático. Por algum motivo, provavelmente vergonha, sentimo-nos obrigados a ostentar um sorriso cordial, tão falso quanto o das misses, sempre que somos apresentados aos nossos próprios defeitos.

Bom, mas vamos aos fatos:

– o salário de um homem branco no Brasil é, em média, 46% superior em relação ao de um homem negro.

– 63,7% dos brasileiros consideram que a raça interfere na qualidade de vida dos cidadãos.

– Daqueles que ganham menos de um salário mínimo, 63% são negros e 34% são brancos.

– Dos brasileiros mais ricos, 11% são negros e 85% são brancos.

– Um relatório da UFRJ divulgado em 2011 aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de desempregados.

-Um levantamento do MDS divulgado em 2011 estima que, na parcela extremamente pobre da população, 50,5% são mulheres e 70,8% declararam ser pretas ou pardas.

-O Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos

– Em 2008, 127,6% morreram jovens negros proporcionalmente mais que os brancos. Dez anos antes, essa diferença foi de 39%. No Estado da Paraíba, em 2008, morreram 1.083% mais negros do que brancos. No Estado de Alagoas, foram 974,8% mais mortes de negros do que brancos. Em 11 Estados, esse índice ultrapassa 200%.

Imagina se existisse racismo no Brasil…

Alemao

Segundo o iluminado, os policiais que assassinaram a jovem devem ser todos loiros de olhos azuis…
Aonde que esse descolado de roupinhas transadas e bombadinho vai na academia?
Os donos da verdade até agora só garantiram a perpetuação dos pobres na pobreza e o dos companheiros nas tetas do governo.

    abolicionista

    Os capitães-do-mato eram todos brancos? Ele não disse nada sobre a polícia ser branca, não sei de onde você tirou isso. É cada recalcado que aparece, dá até preguiça…

    abolicionista

    É tão insuportável assim ver um negro usando “roupas descoladas” e frequentando academia? Meu caro, você é ainda mais racista do que eu imaginava…

    Marcus Vinicius

    você é mais um que exerce o “sagrado direito” de ser hipócrita e mais um que consegue fazer a façanha abaixo:

edir

Acho os vídeos muito carregados, geram dificuldade pra gente vê. Daria para diminuir o peso ?

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