Ademário Sousa Costa: Guia prático para brancos sobre racismo

Tempo de leitura: 3 min

Guia prático para brancos saberem se estão sendo racistas

por Ademário Costa*

O que me motiva a escrever novamente é a reação das pessoas, que se sentiram ofendidas com o título do texto “Só podiam ser brancos e ricos”,  atribuindo a ele um conteúdo racista.

Este tipo de reação é fruto da forma em que se estrutura o racismo na sociedade brasileira.

No Brasil a cor da pele e os traços físicos constituem componentes determinantes do posicionamento econômico e social dos indivíduos.

A naturalidade com que se associa a condição de ser branco com o sucesso profissional, melhor renda e localização social, exime esta parte da população de se envergonhar de sua condição de maioria ideológica, social, política e econômica — mesmo sendo minoria populacional.

Do outro lado da moeda os negros são maioria em todas as situações de vulnerabilidade social, nas prisões, nas favelas, na exposição ao crime, entre os que estão fora da escola; mesmo nos estados do Sul, em que somos minoria populacional, estamos super representados entre os mais pobres.

Apesar da naturalização desta situação ela só foi possível graças à política oficial de favorecimento da população branca através de políticas de Estado. Isto se chama racismo institucional.

Através da Bula “Dum Diversas” o Papa Nicolau, autoriza o rei de Portugal colocar indígenas e africanos no trabalho escravo.

Poder este que foi estendido em 1554 ao rei da Espanha; um decreto lei complementar à Constituição de 1824, proibiu a comunidade negra de frequentar a escola, qualquer escola; a lei de terras (1850/ nº601) determinou que as terras só poderiam ser obtidas através de compra.

Enquanto isso, o Exército foi encarregado de combater os quilombos e os imigrantes europeus receberam terras, dinheiros e sementes.

A guerra do Paraguai foi usada para exterminar um milhão de negros; a Lei do Ventre Livre determinou que as crianças nascidas de pais escravizados fossem separadas de suas famílias, surgindo a primeira legião de menores abandonados; a Lei dos Sexagenários desobrigou os senhores de cuidarem dos trabalhadores escravizados ao ficarem velhos e doentes.

Em 28 de junho de 1890, um decreto lei reabriu a política de imigração, direcionada à população europeia e impediu a entrada de africanos e asiáticos.

O objetivo foi utilizar a mão de obra branca e europeia para ocupar os principais postos de trabalho na nascente indústria paulista, impedindo que a população negra ocupasse estes postos e se tornasse uma poderosa classe média.

Pobres brancos foram utilizados para marginalizar os negros.

Estas leis são parte da construção histórica que naturalizou a atribuição de características negativas à comunidade negra, e nos fizeram achar normal o posicionamento de brancos nos melhores espaços.

Assim, o texto anterior rompe com o pacto de silêncio sobre o tema, fazendo um setor da sociedade experimentar uma caracterização com a qual não estão acostumados.

Desprovidos do poder no Brasil, não podemos ser acusados de racistas quando identificamos que o preenchimento das “áreas vips” através de critérios negociais, de proximidade social e de classe, culmina com uma hiper representação da população branca em todos os espaços de poder, bem distante do que realmente representam no conjunto populacional do país.

Mas se apesar disso tudo você acha que sua condição social, econômica ou política se deu única e exclusivamente pelos seus méritos pessoais, não apoia as políticas de reparação ou acha que elas são apenas favores do Estado; se foi contra o PROUNI, cotas raciais para ingresso nas universidades e no serviço público, Bolsa Família, Mais Médicos, elevação do salário mínimo, direitos das domésticas; se não está disposto a abrir mão de seus privilégios e reconhecer as vantagens comparativas inerentes à sua cor de pele, então não tem jeito, gire sua bússola, ou vai continuar sendo racista.

*Ademário Sousa Costa é Cientista Social

Leia também:

Dona Maria: Falta de educação não é o mesmo que falta de escola


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Comentários

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Marcos Albuquerque

Excelente texto,
parabéns ao autor.

carla hauer grivicich

Muito bom texto. Realmente me fez pensar muito sobre o assunto. Guardarei numa pasta para reler depois. Muito obrigada.

clodoaldo

LCA, assim como as nossas mulheres brancas europeias (prostitutas, jovens sem família e senhoras de famílias humildes portuguesas) foram forçadas, também, legiões de negros vindo da África em condições um pouco parecidas, pois as primeiras vinham para satisfazer e servis aos desejos carnais dos homens brancos e formarem famílias tradicionais (brancas) do Brasil de hoje; os segundos vinham para servir aos mesmos homens brancos só que, como não eram branquinhos, foram tratados como animais.
Então os dois grupos acima fazem parte da formação social do Brasil de hoje, dadas as suas tarefas pré-determinadas, de um lado prostitutas, senhoras humildes ou moças sem família branquinhas. Já de outro os que construíam de fato a economia da colônia, mas sem saberem disso.

Julio Silveira

No Brasil democrata poucas vezes tivemos, como agora temos, uma representação completamente identificada com essa base discriminada. A elite brasileira, racista e hipócrita, sempre conseguiu, através dos instrumentos que plantaram, com a cumplicidades de seus capitães do mato antigos e modernos, viralizarem-se, atuando como interessados na solução dos problemas da maioria da cidadania. Quando na verdade sempre lutaram para enfraquecer essa maioria para manutenção de sua predominância e seus status. Poucas vezes tivemos instrumentos para primeiro identificá-los, e, depois, combatê-los, como temos tido, e por obra de um partido que ao mesmo tempo que efetua mudanças também consegue expor de forma natural, pela própria essência discriminatória de seus adversários, e pelos novos instrumentos a serviço dos esclarecimentos da cidadania, como agora temos. A cidadania está cada vez mais sabendo identificar os vírus que produzem os canceres em nossa sociedade, vírus que destroem o próximo para proveito daqueles que consideram os poucos que realmente importam.

Fabio Passos

Basta defender políticas públicas de combate a segregação social que a militância do PiG-psdb aparece mostrando todo seu racismo e ódio contra negros e pobres.

aécio neve é o candidato da “elite” branca e rica. O candidato dos privilegiados. O PiG-psdb é o partido da casa-grande e quer promover o retrocesso social.

Eduardo

Parabéns pelo belo texto!
O final é perfeito. Mas, infelizmente, dos direitistas que conheço, sim eles têm plena certeza que sua condição econômica e social é única exclusivamente mérito próprio.
Realmente acreditam que o filho de doutor, neto de latifundiário tem as mesmas oportunidades que quem nasceu na favela…

Sobre a imigração européia, eu discordo em partes do texto, não foram todos que receberam terras e dinheiro. Pesquisa no google sobre o “nobre” senador Vergueiro pra ver como era esta imigração de mão de obra européia

    Fabio Passos

    A “elite” branca e rica sabe muito bem que a casa-grande sobrevive apenas devido aos privilégios que impõe pela força.

    Esta “confusão” de chamar privilégio de mérito só quem acredita é parte da classe média mal instruída e preconceituosa.

    É a militância do PiG. Os eleitores do aécio neve… embora o candidato do PiG-psdb (e de 10 entre 10 racistas) não tenha a coragem de assumir que é contra as políticas públicas de combate a segregação.

jose r t

BRASIL DOS OPORTUNISTAS. NEGRO não é coitadinho nem deficiente INTELECTUAL para precisar “uma mãozinha” para ingressar em uma universidade ou no serviço público. O que existe é uma porção de oportunistas que usam deste ARTIFÍCIO para conseguir mais facilmente, com menos ESFORÇO que um NÃO afro descendente, UMA VANTAGEM. É desvalorizar o esforço de um afro descendente que não precisa deste ARTIFÍCIO para competir e CONQUISTAR. Precisamos é melhorar o ENSINO PÚBLICO. COTA RACIAL é racismo contra aqueles que NÃO são AFRO DESCENDENTES. Nossa CONSTITUIÇÃO está admitindo RACISMO…
Toda tentativa para justificar este racismo institucionalizado é BALELA.

    Fabio Passos

    Os negros seguramente não.
    Mas a militância do PiG é formada por deficientes ético-intelectuais… e são dignos de pena. rsrs

    A “elite” branca, rica e vagabunda só tem privilégios. Os cotistas vem se destacando e em pouco tempo superam o desempenho dos privilegiados. Prova cabal de que a “meritocracia” de que falam os racistas apenas a soma dos privilégios da casa-grande.

jose r t

Brasil dos oportunistas. Entendo que RACISMO seria favorecimento ou prejuízo de algum benefício em virtude de sua raça. Entrar na universidade ou emprego público em virtude da raça NEGRA e não do mérito é discriminar quem não é afro descendente, é institucionalizar o RACISMO e contrariar a nossa Constituição que proíbe a discriminação por motivo de raça, sexo…
É admitir que o NEGRO não conseguiria nunca em pé de igualdade intelectual uma vaga como os não afro. Precisa de uma mãozinha… EU acredito que consegue se esforçar como todos os AFRO que não se beneficiaram deste ARTIFÍCIO e não afro que se esforçam e lutam por também desejar. NINGUÉM TEM NADA DE GRAÇA. O resto é balela para justificar o OPORTUNISMO e conseguir mais facilmente o benefício desejado esforçando-se menos, É FURAR FILA E SER MAIS ESPERTO…

    Fabricio Alves

    Quem voce pensa que é para falar em nome do povo negro. Voce nao sabe o que é racismo. Fale por si mesmo. Quem é voce para decidir o que é melhor ou pior para o povo negro. Voce é apenas mais um branco com ranço contra as cotas. As cotas sao um meio para tirar as pessoas que estao na base da piramide social, por meio da conquista de um capital cultural.

Sagarana

De acordo com o missivista podemos ser julgados com base em eststísticas.

Sagarana

Como uma bula de 1452 poderia falar de “índios”? Não fala! Não fala sequer de “negros”!

Sergio Santos

Ademário, parabéns pelo texto. Ele deveria ser objeto Sou de dissertação em classes de aula. É essencial para acabarmos de vez com essa mazela na nossa sociedade brasileira conhecer as origens e os mecanismos de racismo utilizados no mundo inteiro que tenta quebrar a autoestima de negros e índios, cuja ascendência é comum a cerca de 80% do povo.

Assalariado

concorde comigo ou é racista

sandra

O texto base é fantástico e os comentários complementam grandemente a leitura, Parabéns, é um bálsamo que ameniza tanto fel.

FrancoAtirador

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Por que xingaram a Dilma?

Rogério Dultra dos Santos*, na Carta Maior

A vaia que o Presidente Getúlio Vargas recebeu no Jóquei Clube de São Paulo em agosto de 1954 foi apenas o sintoma de um descontentamento.
Naquele mês Vargas entrava no seu inferno astral.
O seu ex-ministro do Trabalho, João Goulart, havia se demitido após elevar em 100% o salário-mínimo numa estratégia combinada com Vargas.
O atentado da Rua Tonelero contra o jornalista Carlos Lacerda iria desencadear uma espiral golpista que somente seria refreada com o corpo do Presidente, sacrificado em benefício de seu projeto nacionalista e social.

O Estado de São Paulo – a “locomotiva” do Brasil, como se considerava – há mais de um ano alijado do processo decisório central, perdida a hegemonia que mantivera na Primeira República pela política do café-com-leite.

O descontentamento era, assim, regional e de classe.

São Paulo representava, em agosto de 1954, não somente o núcleo da ofensiva contra o governo Vargas, mas a sua classe dominante sentia-se fortemente ameaçada pelo processo de regulação da atividade produtiva, expresso pelo controle da inflação e pelos direitos sociais e trabalhistas.

Vargas, diante das vaias, se fez de desentendido.

Em 2014, o cenário aparenta semelhança.

No final de seu primeiro mandato, respaldada por doze anos dos governos do PT, a Presidente Dilma Rousseff inaugura a maior e – já hoje, em seu sexto dia – uma das mais festejadas Copas do Mundo de Futebol.

Os ataques ao seu governo se intensificaram.

Um ódio virulento ao PT tem sido estimulado pelos veículos da grande imprensa e está disseminado nas redes sociais, embora não tenha acontecido nenhum evento parecido com o atentado da Tonelero, que pôs a termo o governo Vargas.

A Presidente reagiu positivamente aos protestos de junho de 2013 – em especial, com a proposta de plebiscito e de reforma política – e seus opositores, apesar do ódio, caem de maduros mesmo, sem maiores surpresas.

Assim, num dos estádios (re)construídos por conta da Copa, e em São Paulo – que mais uma vez é o reduto da oposição –, as vaias de outrora se transformam hoje em xingamento de baixo calão.

A qualidade do público é facilmente identificada:
a dita “elite”, seja por nome próprio, filiação empresarial ou preço do ingresso.

E por que quem já é favorecido pela ‘lex mercatoria’ (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lex_mercatoria)
ou mesmo quem tira vantagem da volatilidade especulativa,
parece não ter o que comemorar?
Não seriam estes os mais recentes privilegiados pelo governo?
Talvez o problema seja mais embaixo.

Disputam hoje o acesso a bens e direitos classes sociais cujas origens são bastante distintas.
Uns são filhos e netos de um extrato médio mais “tradicional”, desde sempre almejando mais status.
Na história recente do país foi dali que veio o apoio ao golpe em 1964, por exemplo.
Ciosos de suas origens e desejosos de sucesso, não suportam compartilhar o bônus com seus novos companheiros de faixa.
Estes, a “nova” classe média, emergiram em um surpreendente pouco tempo de políticas de crédito e pleno emprego e “invadiram” um espaço antes considerado “exclusivo”.
Querem mais do que já possuem e não têm medo de usar o que têm.

E isto choca os filhos da tradição.

O xingamento localizado na área vip não é somente contra a Presidente.
Também não é contra a Copa do mundo (todos estavam na estréia da Copa para torcer, imagina-se).

É um xingamento que destila uma questão mais profunda: talvez porque este governo represente uma movimentação sensível no cotidiano e na vida social dos que sempre se sentiram de alguma forma privilegiados, embora talvez não sejam tão vip’s assim.
Antes, estes olhavam para cima, para as verdadeiras elites econômicas, e se compreendiam parte – se não de fato, pelo menos simbolicamente, e se viam como uma incontrastável nata.

Agora, olhando para baixo, não notam mais a diferença, a distância e o estranhamento de cor e de status.
Vêem iguais, cada vez buscando mais igualdade.
Vêem os alunos cotistas nas Universidades públicas fazendo bonito.
Vêem os negros médicos cubanos dando o exemplo.
Vêem os subalternos vestindo-se com as mesmas roupas e freqüentando aeroportos.
Reduziram-se os “privilégios” simbólicos que marcavam uma “diferença” de classe.
Confundem-se a “locomotiva” e seus vagões.
Talvez, por isto, xinguem e não apenas vaiem.

A Presidente Dilma recebeu os impropérios soberana.

Diferentemente de Vargas, já acossado pela UDN – e pelos interesses golpistas, que vinham também dos EUA –, não precisou tergiversar ou fazer de conta que não era com ela.
A aprovação de seu governo é altíssima e as intenções de voto lhe favorecem largamente.
O “povo” parece estar com ela e, numa democracia, o povo decide.
A estratégia “mar de lama”, que colou em Vargas, não alcança a Presidente.

Depois de xingada, pôde responder serenamente, deixando claro que não tem porque temer ou se perturbar com o episódio.
Pôde, inclusive, comemorar de forma efusiva os gols da Seleção.

Passadas as eleições, talvez possamos celebrar – por ora – o fim dos golpes à democracia brasileira.

O xingamento do Itaquerão entra para a história política do país como uma espécie de parábola da humildade.

Os convidados, ao invés de se sentarem em seus lugares e se sentirem como iguais numa torcida de futebol, agiram de acordo com o privilégio que os permitiu acesso à abertura da Copa:
numa auto-glorificação arrogante e cheia de razão, assumiram seus assentos de protagonistas e moralizadores.

O resultado é que estão sendo chamados a se retirar de forma envergonhada, porque ali não mereciam estar.

Demonstraram ser muito mais baixos do que aqueles que, no fundo, queriam desprezar com o destilar de seu ódio.

E mais: o fracasso do “não vai ter copa” comprova-se à larga não só pelo acontecimento em si, mas pelo novo brado da oposição:
“não vai ter Olimpíadas”.
Seria triste se não fosse cômico.
Como consequência, é esta oposição que se encontra, agora, em seu inferno astral.

*Rogerio Dultra dos Santos, Doutor em Ciência Política pelo antigo IUPERJ e Professor de Teoria do Direito e Teoria da Constituição da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense.

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Porque-xingaram-a-Dilma-/4/31177)
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    professora Claudia

    Você escreve bem, mas esquece de citar que o ódio a classe média A, B, C… está sendo explorado pelo partido de esquerda em voga. Se a situação dopaís está melhor e grande parte da população passou a classe média, então porquê a ostilidade? Elite, o que significa? Falta de educação os impropérios citados contra a autoridade da Presidente, mas nós aprendemos isso nos movimentos sociais . Colhe- se o que planta . Ensina- se o wue sabe . Reflitamos o quebra- quebra e lemnremos que essas lideranças pegaram em armas contra o governo militar.

Mauro Assis

Sou tetraneto de escravo. Minha vó aos 6 anos de idade apanhava café no interior do Espírito Santo. Não sabia ler.

Meu paí, branco, era arrimo de família. Não pode estudar para poder trabalhar. Autodidata, aprendeu cinco idiomas além do português, tendo traduzido romances e outras publicações para nosso idioma.

Como ele morreu muito cedo, minha mãe, professora de jardim de infância (ela teve acesso à educação, sendo filha de funcionário público) nos criou. Na nossa casa, que ela e nós construímos em parte, não tinha reboco nas paredes, nem TV ou um sofá, mas eu estudava piano numa escola particular.

Sempre estudamos em escola pública, eu e meus irmãos. Todos formados e pós-graduados, bem sucedidos naquilo que fazem, sem luxo. Vida boa e dura. Enfrentei a política de cotas já na universidade, porque fiz um curso na área de ciências agrárias, em que metade das vagas era reservada a filhos de agricultores. Meus amigos, filhos de pai ricos e sitiantes de fim de semana, usufruiram das cotas, sem que que seus pais jamais houvessem comido um grão de feijão que tivessem produzido.

Desafortunadamente, meu filho agora enfrentou o mesmo preconceito. Somos brancos, então a nossa ascendência escrava não valeu para que ele entrasse na universidade. Ele, como eu, venceu esse preconceito, conseguiu a sua vaga pelo mérito.

Sou mesmo um racista, na concepção do Ademário. Tinha como ser diferente?

    Fabio Passos

    Evidente que tinha.
    Mas que podemos fazer se você defende abertamente a perpetuação da segregação de negros e pobres?

    FrancoAtirador

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    Coisa de Trôlha Marciano.

    Comentário no Blog do Rovai:

    Marciano
    junho 13, 15:12
    O maior período de Democracia que o Brasil viveu durou 67 anos entre 1822 e 1889, foi no Império que tivemos a maior Democracia possivel. Não sou neto de escravista, sou tetraneto de Escravo e se meu tetravó lesse teu texto, com certeza te mandaria ir rachar lenha, pq talvez isso vc faça direiro…..

    (http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2014/06/13/quem-e-essa-turma-vai-tomar-cu)
    .
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    FrancoAtirador

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    Entrementes, no Castelo de Trolaró…

    Os guerreiros do ferro-velho

    No castelo do Trolaró viviam muitos guerreiros.

    Eram marqueses, duques, condes, barões…
    Não sabiam trabalhar, só pensavam em lutar.

    Os camponeses trabalhavam para eles:
    davam-lhes tudo o que precisavam para comer
    e até o óleo para as brilhantes armaduras.

    No dia da grande festa do Castelo do Trolaró,
    organizou-se um vistoso torneio:
    os guerreiros iam lutar uns com os outros
    para ver qual deles era o mais valente.

    Antes da terrível luta, houve um desfile
    dos marqueses, duques, condes e barões.

    Começou o combate! Quem iria ganhar?

    D. Policarpo Picoalho, o Justiceiro, feroz e duro,
    foi de todos o primeiro a fugir, cheio de medo e a sangrar.

    D. Fernando Arremacho, marquês de Carambola,
    levou uma cacetada na tola.

    D. António Sigesmundo Meireles y Torrado
    levou uma espadeirada no rabo.

    D. Mário, o Olímpico, duque de Algueirão,
    ficou estendido, ao comprido, no chão.

    D. Sancho, barão dos quatro Costados,
    ficou partido em mil bocados.

    O conde de Corroios, D. Luís Simão,
    tinha uma reluzente armadura
    comprada em segunda mão,
    mas agora estava estragada.

    Afinal quem ganhou?

    Ficou apenas um monte de sucata
    do que eram vistosas armaduras.

    Ficaram apenas trastes metálicos
    de elmos, arneses, cotas de malha
    tudo despojos, tudo tralha.

    Afinal quem ganhou?

    Foi alguém que não era guerreiro,
    não era conde nem barão
    não era duque nem marquês…

    Foi o ferro-velho, que levou a sucata
    pelo tesouro de boa lata!

    Luís Manuel de Araújo
    Os guerreiros do ferro-velho
    Lisboa, Plátano, 1982
    adaptação

    (http://www.portaldacrianca.com.pt/imagens/lerhistoria/historia-50.pdf)
    .
    .

Carlos Hornstein

O paragrafo final é o resumo da propaganda politica do PT. Caso você não vire a bússola e vote no PT você continuará sendo racista, ou seja, quem não vota no PT é racista. cqd.

    FrancoAtirador

    .
    .
    O ódio irracional ao PT e à esquerda

    transforma pessoas aparentemente normais

    em verdadeiros monstros…


    http://tudo-em-cima.blogspot.com.br/2013/09/odio-irracional.html

    FrancoAtirador

    Urbano

    Racista não é tão certo, mas da condição de idiota não escapa, desde que vote na facção demo-tungano e consorciados. Dispenso apenas, por puro humanismo, os acerebrados e masoquistas…

Nilvasader

Texto elucidativo sobre a hipocrisia dos anti-cotas que se dizem difamados quando os chamamos de racistas.

Murdok

É bom, muito bom que se quebre logo esse gelo desse racismo enrustido. As elites precisam assumir que são racistas e os negros que sempre foram alijados das políticas de governo.

Rosa L.

Parabéns. Foi na jugular.

Luiz

Excelente texto Ademario. Parabéns!
Não só as leis e o Estado favoreceram, e favorecem uma minoria, a própria história menospreza o negro e o índio, colocando-os a margem da sociedade. Sendo que ambos foram de grande importância para o crescimento e desenvolvimento deste país.

Jorge Moraes

Com todo o respeito que o comentarista Glauco deve merecer – afinal, está comentando – não há termo de comparação entre a prática escravista em sociedades pré-coloniais de economias voltadas predominantemente à subsistência, etnicamente assemelhadas (caso das formações africanas costeiras subsaarianas) e a descomunal expatriação inter-oceânica promovida por reinos absolutistas cuja riqueza fundou-se no mercantilismo de concepção escravista. A menção feita pelo comentarista acha-se contaminada ideologicamente. Achei o texto-base comentado muito bom!

    Serapião

    Parece que o companheiro está dizendo que a escravidão entre irmãos africanos pode – o rei Zumbi dos Palmares teve muitos escravos negros, aliás – mas, branco escravizando negro não pode, é brutal. Concordo que a escravidão é desumana, mas lhe pergunto: se o negro escravizar o branco, pode? Seria uma forma de vingança, reparação?
    Aonde você quer chegar com isso, companheiro? Não vai querer ser um Hitler negro, certo?

Fabio Passos

Há uma parte da classe média – militantes do PiG- que é enrustida.
Mas basta surgir discussão sobre políticas de inclusão… que eles se entregam fácil.
Não admitem nenhuma política pública cujo objetivo seja buscar a igualdade e reduzir a segregação de pobres e negros.

Glauco

OK.. mas não custa nada lembrar que a escravidão entre tribos e nações rivais era corriqueira no continente africano. Os brancos não iam à Àfrica escravizar negros, eles simplesmente compravam negros já escravizados por outros negros nos mercados e portos da África.
No próprio Quilombo de Palmares negros eram escravos de outros negros.

    Rodrigo

    Tem verdades que são mais convenientes se ficarem ocultas.

Rodrigo

Agora eu sou automaticamente um racista por que um Papa em 1400 e bolinha decretou que se poderia escravizar índios e negros.

É. Muda a cor da pele, mas o sentimento de ódio é o mesmo
dos dois lados.

    Fabio Passos

    Você sentiu mesmo necessidade de se auto-declarar racista?
    Curioso…

    Rodrigo

    Nada disso Fabio. Para o autor do texto racistas são só os outros,

    Fabio Passos

    Errado, rodrigo. Racistas são aqueles que lutam contra políticas públicas que procurem reduzir a segregação de negros e pobres. E ele está coberto de razão.

    Serapião

    Só para botar um pouco mais de lenha nessa discussão, “fogueira racial”, quero lembrar que desde 1990 nossos livros didáticos passaram a incluir na questão escravagista brasileira que:
    1. os negros trazidos ao Brasil como escravos já o eram na África, vítimas das tribos guerreiras vencedoras. Os reis africanos dessas tribos ficaram muito ricos com a venda de escravos para o império árabe.
    2. os índios tupinambás eram canibais. E, costumavam manter sua “comida” em cativeiro por meses. Um dia, ela ia virava o churrasco.
    É, a elite branca é bárbara mesmo, não é companheiro Fábio?

    João Luís

    Ôôô Serapião, seguinte, o canibalismo era ritual, não era usado como fonte de alimento. Era uma forma de reverência a um guerreiro valoroso que fosse capturado na batalha. O objetivo era ganhar a coragem daquele guerreiro comendo sua carne.
    Quanto aos negros que já fossem escravos ao serem contrabandeados para o Brasil, você acha que isso de alguma forma torna legitima a escravidão deles??? Que absurdo isso hein véio??

    Rodrigo

    “você acha que isso de alguma forma torna legitima a escravidão deles??? Que absurdo isso hein véio??”

    Permita- me responder no lugar dele

    De modo algum é aceitável a prática de escravidão. Seja dos negros e índios nos idos de 1700, seja de bolivianos que trabalham a 1 real ao dia em tecelagens no Brás ou de sertanejos que entopem os pulmões de fumaça nos fornos de carvão no norte e nordeste.

    Apenas tentamos mostrar que a humanidade num todo é podre, e não apenas os opressores brancos são dignos de repulsa. “Entendidos” como o Sr Ademário precisam entender que racismo vale para os 2 lados. Os erros cometidos no passado não podem ser esquecidos, mas de modo algum deves servir de justificativa para a fomentação de mais ódio.

    Em tempo, tive que trocar de e-mail. Não sei se isso importa aqui, mas vale avisar aos administradores do blog.

    Serapião

    Ao João Luis,
    Então canibalismo rital vale? Não, não vale não, companheiro. Isso é uma grande canalhice.

Mário SF Alves

“Mas se apesar disso tudo você acha que sua condição social, econômica ou política se deu única e exclusivamente pelos seus méritos pessoais, não apoia as políticas de reparação ou acha que elas são apenas favores do Estado; se foi contra o PROUNI, cotas raciais para ingresso nas universidades e no serviço público, Bolsa Família, Mais Médicos, elevação do salário mínimo, direitos das domésticas; se não está disposto a abrir mão de seus privilégios e reconhecer as vantagens comparativas inerentes à sua cor de pele, então não tem jeito, gire sua bússola, ou vai continuar sendo racista.”
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“…se não está disposto a abrir mão de seus privilégios e reconhecer as vantagens comparativas inerentes à sua cor de pele, então não tem jeito, gire sua bússola, ou vai continuar sendo racista.”

“Gire sua bússola, ou vai continuar sendo racista” e muito provavelmente jamais poderá se orgulhar de ter participado da construção da Democracia Brasileira. E já que não existe a hipótese de uma Humanidade formada por cães, lebres, tatus ou gatos, jamais poderá ter a felicidade de ter somado forças no porvir da Humanidade.

Fabio Passos

Excelente. A “elite” branca e rica, assim como parte da classe média, não está acostumada a ler boas verdades.

    Serapião

    Mais verdades:
    Os negros trazidos ao Brasil como escravos já o eram na África, vítimas das tribos guerreiras vencedoras. Os reis africanos dessas tribos ficaram muito ricos com a venda de escravos para o império árabe. Nenhum europeu invadiu as savanas para fazer escravos, estes lhes eram vendidos nos portos.
    Os índios tupinambás eram canibais. E, costumavam manter sua “comida” em cativeiro por meses. Um dia, ela virava churrasco.
    Que fôfos!
    A escravidão acabou no ocidente por intervençãoo da Inglaterra, um país cristão. Mas, ainda existe na África, no Sudão.

    Fabio Passos

    Isto é sua tentativa de defender a segregação de negros e pobres no Brasil?
    Talvez funcione entre os leitores racistas da veja… mas aqui não cola.

    aécio neve será derrotado, o PiG-psdb vai continuar seu caminho para a extinção, e as políticas públicas de combate ao racismo vão avançar.
    Acostume-se.

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