Wall Street Journal: A Kirin compra a SKIN-kah-ree-ALL

Tempo de leitura: 3 min

AUGUST 3, 2011

Brazil’s Boom Pulls In Kirin

Cervejaria enfrenta a Anheuser em ataque de U$ 2,57, gera disputa familiar na Schincariol

do Wall Street Journal

By HIROYUKI KACHI And TOM MURPHY

O crescente mercado da cerveja no Brasil, há muito dominado por uma unidade da gigante global Anheuser-Busch InBev, pode se tornar seriamente competitivo.

A Kirin Holdings Co. do Japão está entrando no país, depois de comprar uma fatia controladora da cervejaria familiar Schincariol por U$ 2,57 bilhões, com a esperança de colocar um pé no mercado de rápido crescimento.

A companhia baseada em Tóquio, que também controla cervejarias na Austrália e nas Filipinas, disse na terça-feira que está comprando pouco mais de 50% da segunda maior cervejaria do Brasil, dos irmãos Alexandre Schincariol e Adriano Schincariol (pronounced SKIN-kah-ree-ALL).

Mas acionistas minoritários — três primos Schincariol que controlam 49.55% da empresa — disseram que a venda é ilegítima e prometeram levar a questão aos tribunais. Os primos disseram que as regras da companhia requerem que qualquer ação colocada à venda seja primeiro oferecida aos demais acionistas.

A disputa familiar demonstra a grande promessa que algumas empresas estrangeiras enxergam no Brasil. O país tem o terceiro maior mercado de cerveja do mundo, depois da China e dos Estados Unidos —  quase duas vezes maior que o do Japão.

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Enquanto o mercado de cerveja nos Estados Unidos cresce entre 1% a 2% por ano, o consumo de cerveja no Brasil cresceu 11% em 2010 em relação ao ano anterior, de acordo com a National Brewing Association, um grupo ligado à indústria.

“Em busca de crescimento, os grandes players globais procuram os mercados emergentes e as vendas de cerveja no Brasil estão em boom. É onde essam empresas podem crescer”, disse Renato Prado, um analista da Fator, de São Paulo.

O mercado do Brasil, no entanto, há muito é dominado pela AmBev, que se fundiu com a cervejaria belga Interbrew em 2005 e engoliu a Anheuser-Busch em 2008 para se tornar a maior fabricante de cerveja do mundo. No Brasil, a AmBev controla 69% do mercado.

A Schincariol vem em segundo com 11%, adiante de uma série de pequenos players. A companhia foi fundada em 1939 como vendedora de refrigerantes. O refrigerante tutty-frutti chamado Itubaina ainda é popular no interior do estado de São Paulo, onde fica a sede da Schincariol.

Em anos recentes a companhia tem feito propaganda de forma mais agressiva, mas sempre que conquista um pedaço do mercado a AmBev contra-ataca. Em 2004, a Schincariol contratou o cantor popular Zeca Pagodinho para vender a Nova Schin. Mas seis meses depois o sr. Pagodinho chocou os brasileiros ao virar casaca e estrelar um anúncio da Brahma, da Ambev, sua cerveja favorita.

Enquanto a AmBev domina a maior parte do Brasil, a Schincariol é mais forte em partes do Nordeste, que estão crescendo mais rapidamente, disse Ana Carolina Boyadjian. “A Schincariol praticamente domina as celebrações anuais do Carnaval na Bahia”, disse a srta. Boyadjian. O Carnaval da Bahia desafia o do Rio de Janeiro em popularidade.

“Esta é uma rara oportunidade de comprar uma companhia influente”, disse o presidente da Kirin, Senji Miyake, sobre a Schincariol.

Os irmãos Schincariol vinham conversando com compradores em potencial por meses, de acordo com analistas e observadores da indústria. Uma pessoa que tem familiariedade com a questão disse que a Kirin bateu as ofertas competidoras da SABMiller PLC e da Heineken NV, ajudada pela força da moeda japonesa, o yen.

Representantes da SABMiller e da Heineken não quiseram comentar.

As cervejarias japonesas tem estado entre as companhias que mais compram no mundo, de acordo com dados fornecidos pela Dealogic, fazendo negócios de U$ 4 bilhões até agora este ano. Mais amplamente, as compras de companhias japonesas no Exterior chegaram a U$ 46,7 bilhões, diz a Dealogic.

“As aquisições dos japoneses no Exterior estão crescendo em número e diversidade”, disse Colin Banfield, chefe de mergers e aquisições do Citigroup Inc. para a Ásia-Pacífico.

O sr. Banfield disse que desde o tsunami e o terremoto de 11 de março, o apetite das companhias japonesas pela diversificação no Exterior aumentou. As conversas do banqueiro de investimento com seus clientes corporativos japoneses sugerem que há outros negócios a caminho, ele acrescentou.

Analistas dizem que os negócios oferecem oportunidade para as companhias de alimentação e bebidas do Japão, cheias de dinheiro, se expandir. Ainda assim as empresas japonesas precisam encontrar parceiros que as ajudem a atender gostos locais.

As cervejarias japoneses estão aumentando suas operações no Exterior em meio a uma população que encolhe e um gradual afastamento dos japoneses do consumo de cerveja. Houve uma queda de 3,5% nas remessas de cerveja para varejistas japoneses na primeira metade deste ano, para 200 milhões de caixas, de acordo com fabricantes japoneses.

“Terá [a Kirin] de crescer seu volume de produção e conquistar maior fatia de um mercado [o brasileiro] que já tem um player dominante”, disse o sr. Williams.

O negócio é a terceira mais valiosa aquisição de companhias estrangeiras por firmas japonesas este ano, depois da compra da Nycomed pela Takeda Pharmaceutical por U$ 14 bilhões e da CaridianBCT pela Terumo Corp., por U$ 2,6 bilhões, de acordo com a Dealogic.

Alison Tudor contributed to this article.

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