Santayana: Ignorantes festejam o conto do vigário da Moody’s

Tempo de leitura: 4 min

Captura de Tela 2015-02-27 às 11.49.58

25/02 às 17h31 – Atualizada em 25/02 às 17h35

A “nota” da Petrobras e a “nota” da Moody’s

De que vive a Moody’s? Basicamente, de “trouxas” e de conversa fiada

por Mauro Santayana, no Jornal do Brasil, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

A agência de classificação de “risco” Moody’s acaba de rebaixar a nota de crédito da Petrobras de Baa2 para Ba2, fazendo com que ela passe de “grau de investimento” para “grau especulativo”.

Com sede nos Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, de quem o Brasil é, atualmente, o quarto maior credor individual externo, a Moody’s é daquelas estruturas criadas para vender ao público a ilusão de que a Europa e os EUA ainda são o centro do mundo, e o capitalismo ummodelo perfeito para o desenvolvimento econômico e social da espécie, que distribui, do centro para a “periferia”, formada por estados ineptos e atrasados, recomendações e “notas” essenciais para a solução de seus problemas e a caminhada humana rumo ao futuro.

O que faz a Petrobras ?

Produz conhecimento, combustíveis, plásticos, produtos químicos, e, indiretamente, gigantescos navios de carga, plataformas de petróleo, robôs e equipamentos submarinos, gasodutos e refinarias.

De que vive a Moody’s?

Basicamente, de “trouxas” e de conversa fiada, assim como suas congêneres ocidentais, que produzem, a exemplo dela, monumentais burradas, quando seus “criteriosos” conselhos seriam mais necessários.

Conversa fiada que primou pela ausência, por exemplo, quando, às vésperas da Crise do Subprime, que quase quebrou o mundo em 2008, devido à fragilidade, imprevisão e irresponsabilidade especulativa do mercado financeiro dos EUA, a Moody’s, e outras agências de classificação de “risco” ocidentais, longe de alertar para o que estava acontecendo, atribuíram “grau de investimento”, um dos mais altos que existem, ao Lehman Brothers, pouco antes que esse banco pedisse concordata.

Conversa fiada que também primou pela incompetência e imprevisibilidade, quando, às vésperas da falência da Islândia — no bojo da profunda crise europeia, que, como se vê pela Grécia, parece não ter fim — alguns bancos islandeses chegaram a receber da Moody’s o Triple A, o mais alto patamar de avaliação, também poucos dias antes de quebrar.

Afinal, as agências de classificação europeias e norte-americanas, agem, antes de tudo, com solidariedade de “classe”. Quando se trata de empresas e nações “ocidentais”, e teoricamente desenvolvidas — apesar de apresentarem indicadores macro-econômicos piores do que muitos países do antigo Terceiro Mundo — as agências “erram” em suas previsões e só vêem a catástrofe quando as circunstâncias, se impõem, inapelavelmente, seguindo depois o seu caminho na maior cara dura, como se nada tivesse acontecido.

Quando se trata, no entanto, de países e empresas de nações emergentes, com indicadores econômicos como um crescimento de 400% do PIB, em dólares, em cerca de 12 anos, reservas monetárias de centenas de bilhões de dólares, e uma dívida pública líquida de menos de 35%, como o Brasil, o relho desce sem dó, principalmente quando se trata de um esforço coordenado, com outros tipos de abutres, como o Wall Street Journal, e o Financial Times, para desqualificar a nação que estiver ocupando o lugar da “bola da vez”.

Não é por outra razão que vários países e instituições multilaterais, como o BRICS, já discutem a criação de suas próprias agências de classificação de risco.

Não apenas porque estão cansados de ser constantemente caluniados, sabotados e chantageados por “analistas” de aluguel — como, aliás, também ocorre dentro de certos países, como o Brasil — mas também porque não se pode, absolutamente, confiar em suas informações.

Se houvesse uma agência de classificação de risco para as agências de “classificação” de risco ocidentais, razoavelmente isenta — caso isso fosse possível no ambiente de podridão especulativa e manipuladora dos “mercados” — a nota da Moody’s, e de outras agências semelhantes deveria se situar, se isso fosse permitido pelas Leis da Termodinâmica, abaixo do zero absoluto.

Em um mundo normal, nenhum investidor acreditaria mais na Moody’s, ou investiria umcent em suas ações, para deixar de apostar e aplicar seu dinheiro em uma empresa da economia real, que, com quase três milhões de barris por dia, é a maior produtora de petróleo do mundo, entre as petrolíferas de capital aberto, produz bilhões de metros cúbicos de gás e de etanol por ano, é a mais premiada empresa do planeta – receberá no mês que vem mais um “oscar” do Petróleo da OTC — Offshore Technologies Conferences — em tecnologia de exploração em águas profundas, emprega quase 90.000 pessoas em 17 países, e lucrou mais de 10 bilhões de dólares em 2013, por causa da opinião de um bando de espertalhões influenciados e teleguiados por interesses que vão dos governos dos países em que estão sediados aos de “investidores” e especuladores que têm muito a ganhar sempre que a velha manada de analfabetos políticos acredita em suas “previsões”.

Neste mundo absurdo que vivemos, que não é o da China, por exemplo, que – do alto da segunda economia do mundo e de mais de 4 trilhões de dólares em ouro e reservas monetárias — está se lixando olimpicamente para as agências de “classificação” ocidentais, o rebaixamento da “nota” da Petrobras pela Moody’s, absolutamente aleatória do ponto de vista das condições de produção e mercado da empresa, adquire, infelizmente, a dimensão de um oráculo, e ocupa as primeiras páginas dos jornais.

E o pior é que, entre nós, de forma ridícula e patética, ainda tem gente que, por júbilo ou ignorância, festeja e comemora mais esse conto do vigário — destinado a enfraquecer a maior empresa do país — que não passa de um absurdo e premeditado esbulho.

Leia também:

Frei Chico, irmão de Lula: Jornalista da Veja “agiu como bandido”


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

abolicionista

A Moody’s trabalha pra Washington, é uma das armas de ponta dos capitalistas norte-americanos nessa guerra comercial internacional escabrosa a que deram o nome de globalização. É também por isso que a esquerda brasileira precisa lutar por uma hegemonia ideológica, politizando as classes trabalhadoras, combatendo o monopólio midiático e fortalecendo os movimentos sociais. Ter posturas “republicanas” num ambiente de guerra generalizada é uma burrada sem tamanho. O que precisamos, hoje e sempre, é estarmos atentos e fortes. O que não falta é tucano querendo transformar o país num bordel…

Ralph de Souza Filho

Todas estas agências, estão à soldo destes especuladores proxenetas neo liberais, que , no auge da crise pressionaram o tíbio Obama, para que este, então, socializasse o prejuízo, acionando as impressoras do Tesouro Americano na produção de mais dinheiro, e, pasmem, ainda premiando os alcunhados ” CEOs”, executivos que os representam, nesta gigantesca, burlesca e Pantomímica farsa, a que só mentes imbecilizadas e completamente colonizadas, incapazes de raciocinarem por si mesmas, ainda persistem em crêr. Todo o resto é um imenso lodaçal, onde na periferia há uma infinidade de Armazéns de Sêcos e Molhados, ou seja, Quitandas…Saudações Cordiais do Planta do Deserto, a quem, basta, tão somente, o orvalho do alvorecer…

FrancoAtirador

.
.
Rússia e China continuam firmes na decisão de desafiar
Agências do ‘Big Three’ Moody’s, Standard & Poors e Fitch
.
Nova Agência de ‘Rating’ Independente será Lançada em 2015
.
A Universal Credit Rating Group (UCRG), nova agência de notação financeira
criada conjuntamente por russos, chineses e norte-americanos,
começará a funcionar no verão boreal de 2015.
.
A UCRG foi instituída em junho de 2013, por iniciativa das Agências
Dagong Global Credit Rating, chinesa, Egan-Jones Ratings, norte-americana, e RusRating, russa.
.
Dentro em breve, a Agência Independente deverá ser homologada na Rússia, o que possibilitará a emissão das primeiras classificações de empresas russas e chinesas ainda antes do final do primeiro semestre deste ano.
.
Segundo o CEO da Dagong, Guan Jianzhong, as Três Grandes [Big Three],
ou seja, Moody’s, Standard & Poors e Fіtch, são muito politizadas
e não são capazes de expressar opiniões imparciais e independentes:
.
“Recentemente, as agências de notação internacionais reduziram o rating de crédito da Rússia.
Damo-nos conta de que a solvabilidade da Rússia pode enfrentar certas dificuldades derivadas das sanções impostas pelos EUA e um número de países europeus.
No entanto, não vemos quaisquer mudanças significativas no que respeita às fontes de reembolso da dívida e à solvabilidade do Banco Central.
Portanto, nós deixamos inalterado o rating soberano da Rússia”.
.
O chefe da maior agência de rating chinesa citou mais um exemplo de motivação política do Big Three:
.
“A Dagong atribuiu à Gazprom a classificação de crédito de AAA.
O gigante do gás russo tem mostrado excelentes resultados em comparação com as empresas homólogas de âmbito internacional.
No que concerne à maioria dos indicadores financeiros, a Gazprom ocupa o primeiro lugar ou está no Top 10 das empresas de gás mais importantes.
As agências do Big Three cortaram a classificação da Gazprom devido ao rebaixamento do rating da própria Rússia.
A lógica que seguem é simples: as empresas não podem ter um rating de crédito superior ao rating soberano do país.
Na prática, é uma abordagem errada, porque a solvabilidade de um país raramente está associada com a situação financeira de uma ou outra empresa”.
.
É por isso que os parceiros russos, chineses e norte-americanos estão empenhados em criar um avaliador global que, na sua expectativa, seja capaz de obrigar o Big Three a ceder parte do espaço ocupado por estes.
.
Eis o que opina a este respeito Aleksandr Zaitsev, diretor-geral da RusRating:
.
“Nós sentimos um grande interesse por parte dos emitentes tanto russos quanto estrangeiros.
Os últimos inclinam-se cada vez mais a crer que as classificações devem ser feitas por agências independentes, que não estejam associadas a qualquer Estado ou empresa.
Esta é a diferença fundamental em relação ao Big Three.
A UCRG vai ser integrada por quase cinquenta agências de rating de distintos países, que terão a condição de seus fundadores.
Na prática, será uma empresa de propriedade da comunidade mundial”.
.
Mais uma inovação da UCRG consiste na decisão de usar todas as metodologias conhecidas de elaboração de avaliações para uma maior objetividade destas.
.
(http://br.sputniknews.com/mundo/20150227/285502.html)
.
.

iossiff bolívar

estamos despertos; a moodys(assim mesmo) tem de dar nota no galinheiro deles.
não sei pq temos de nos submeter a “presságios”(assim mesmo) desses pulhas
será que somos inferiores? Hitler tinha razão? Ora bolas!!!

FrancoAtirador

.
.
INFORMAÇÃO E CONTRA-INFORMAÇÃO: A 3º GUERRA MUNDIAL
.
Justiça da Argentina arquiva denúncia de Nisman
contra a Presidente da República Cristina Kirchner
.
(http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/39635/justica+da+argentina+arquiva+denuncia+de+nisman+contra+cristina+kirchner+%09.shtml)
.

FrancoAtirador

.
.
Monopólio de ‘Agências de Risco’ sustentou a Fraude das Hipotecas
.
Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch controlam 95% de todas as “avaliações de risco”.
.
Até a Véspera do Estouro dos Fundos de Papéis Podres Mantiveram Avaliações em Grau Máximo.
.
Na União Européia e EUA cresce o Clamor por Investigação dos Mafiosos.
.
(http://www.horadopovo.com.br/2007/agosto/22-08-07/pag7a.htm)
.
.

    Julio Silveira

    Essa, meu caro, é uma informação para esfregar na cara dos que fazem desses instrumentos de apoio ao controle economico estadunidense pelo mundo o sustentáculo de suas personalidades interesseiras, em primeiro lugar e entreguistas em segundo.

Plutarco

Toda essa conversa acima faz até sentido. O autor, contudo, se esquece somente de um detalhe: é que os grandes investidores do planeta (fundos de pensão, bancos) só colocam dinheiro onde as agências indicam que é seguro. Isso significa que a Petrossauro, que já paga um juro bem mais alto vai ter muito mais dificuldade de se financiar. E com o petróleo a R$ 50 e o Petrolão cada dia fedendo mais então…

FrancoAtirador

.
.
Tesouro Nacional “não vê com preocupação” rebaixamento de nota da Petrobras
.
Daniel Lima – Repórter da Agência Brasil | Edição: Denise Griesinger
.
A Secretaria do Tesouro Nacional “não vê com preocupação” o rebaixamento
da nota da Petrobras pela agência de classificação de risco Moody’s.
.
Hoje (26), técnicos da secretaria disseram que não trabalham com um cenário
de redução do interesse dos investidores externos por títulos brasileiros.
.
“Preocupação, não [existe]. E de fato a gente não trabalha com esse cenário
de que o rebaixamento da Petrobras possa afetar a demanda de investidores não residentes
por títulos da dívida pública federal”, disse o coordenador de Operações da Dívida Pública
do Tesouro Nacional, José Franco Medeiros de Moraes.
.
Segundo o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública do Tesouro,
Otávio Ladeira, caso sejam observados os movimentos das taxas de juros dos títulos do governo brasileiro,
constata-se que “praticamente” não houve oscilações em função do rebaixamento da nota da estatal brasileira.
.
“Não houve percepção de qualquer alteração nos custos de financiamento da dívida pública
e nas taxas dos títulos no mercado secundário, em função dessa notícia em particular”,
destacou Otávio Ladeira.
.
(http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-02/para-tesouro-nacional-rebaixamento-de-nota-da-petrobras-nao-e-preocupante)
.
.

FrancoAtirador

.
.
Só a Manada de Muares Fascistas, que só se desinforma
pela Mídia-Empresa Tea Party braZil, acredita na Múdis.
.
Ou seja:
.
Ninguém mais no Mundo acredita nessa tal Agência de Avaliação de Risco
depois que deu nota positiva (A1) ao Banco Norte-Americano Lehman Brothers
até as vésperas do dia em que essa Instituição Financeira entrou em Falência.
.
(http://economia.uol.com.br/ultnot/afp/2008/03/17/ult35u58688.jhtm)
(https://www.moodys.com/research/Moodys-affirms-Lehmans-A1-rating-outlook-now-stable–PR_151071)
(http://www.cartacapital.com.br/internacional/agencias-de-avaliacao-de-risco-serao-investigadas-na-europa)
.
.

    Lukas

    Aqueles que investem e emprestam acreditam. Assim, alguns fundos de investimento não podem investir em ações de empresas mal avaliadas e os bancos, na hora de emprestar, também levam em consideração a avaliação destas agencias.

    Não adiantar tapar o sol com a peneira, para o bem ou para o mal, a má avaliação tem consequencias.

    Nelson Ribeiro

    Em verdade a avaliação da Lehman Brothers estava vinculada aos securities imobiliários da Funny Mae e outros financiadores. O fracasso era esperado do programa de incentivo de 1% ao ano por 3 anos… depois, em letrinhas bem miúdas, se acomodariam às taxas vigentes e variáveis do mercado ( em torno de 7% na época). Ora, quem não ganhava o suficiente para meramente ter que pagar 1%, iria ganhar para pagar 7% de prestação (mortgage). A S&P também deu Triple AAA para Lehman Brothers, Bank of América etc

Lukas

Está todo realmente mal informado sobre a situação da Petrobras, já que a empresa ainda não apresentou o Balanço do último trimestre de 2014. Quem sabe, caso os contadores e auditores externos cheguem a um consenso, a gente tenha este balanço até o fim deste ano…

Deixe seu comentário

Leia também