Rovai e a esquerda que agora morre de medo das ruas

Tempo de leitura: 5 min

[A Copa é um produto. Ponto]

Uma outra leitura do não vai ter Copa e a disputa histórica das Jornadas de Junho

08/01/2014 | Publicado por Renato Rovai em seu blog

As Jornadas de Junho ainda têm sido tratadas de forma maniqueísta por muitos dos que tentam interpretá-la e disputar seu legado. De um lado, há os que buscam transformá-la num movimento de coxinhas e fascistas. Do outro, gente que sonha com novos levantes de rebeldia que sejam controláveis e possam levar o governo federal a ter prejuízos eleitorais. E há ainda um terceiro grupo que quer oportunizar uma ação que é horizontal a partir de um discurso dirigente com contornos de esquerda.

Os primeiros, erram no fundamental. As milhões de pessoas que foram as ruas em centenas de cidades do país querem, na essência, um Brasil melhor. E deixaram claro que cansaram da política de gabinete baseada no toma lá da cá de uma governabilidade que precisa de um novo arranjo. Ao mesmo tempo exigem um serviço público melhor do que o atual e querem um Estado forte.

Essas demandas nunca foram fascistas e sempre foram de esquerda. E não podem deixar de ser apenas porque hoje quem está no governo é um partido mais identificado com bandeiras populares.

Transformar todos aqueles que defendem essas teses em coxinhas e fascistas e exigir adesão total a um governo que muitas vezes fala grosso com o movimento social e fino com o capital, não é exatamente um postura progressista. Ao contrário, é algo que se aproxima muito da prática fascista que esses setores criticam. O fascismo, entre outras coisas, oprime o contraditório porque sabe que ele é parte fundamental do processo democrático.

Já quando os colunistas da direita desejam como presente de ano novo mais gente na rua para mudar o Brasil, o que de fato querem é o povo tomando o Planalto Central, mas não para que esse mesmo povo assuma as rédeas do país.

Querem que esse povo patrocine o caos para que a solução seja um novo governo forte. Ou seja, pretendem um golpe civil por saberem que quarteladas caíram em desuso e tem alto custo do ponto de vista político internacional.

Já certos setores que se consideram de esquerda radical sonham com o que sempre sonharam. Acham que a correlação de forças pode se alterar como num passe de mágica num levante popular. E que o povo pode assumir o poder e tudo virar lindo e maravilhoso da noite para o dia.

As Jornadas de Junho, porém, não tem nada a ver com o desejo de uns e a análise de outros. Foram um momento muito mais impactante na vida nacional. Um grito democrático com diferentes táticas e estratégias de luta. Um grito de um país que provou ter uma democracia mais madura. Que suporta milhões nas ruas e em movimento. Mas que não aceita colocar todas as suas conquistas em risco para produzir qualquer resultado.

Havia muito mais responsabilidade nas ruas do que nas análise de gabinete. E por isso o movimento produziu tantos resultados e obteve vitórias.

Além da diminuição objetiva no preço das passagens de ônibus e metro, entre as suas inúmeras conquistas de junho, por exemplo, pode-se destacar a virada na agenda do transporte público nas grandes cidades. Em São Paulo, por exemplo, o prefeito Haddad disse em entrevista recente que fez em um ano o que pretendia fazer em quatro no setor.

O Mais Médicos também foi antecipado naquele contexto. Era um programa que vinha sendo maturado, mas que poderia ter sido realizado com muito menos força e mais pra frente.

As Jornadas de Junho também trouxeram para o debate político uma geração inteira. Gente que estava vendo a banda passar e que agora quer tomar o Brasil nas mãos. Uma garotada que está fazendo rap, participando de coletivos de cultura, que trabalha em co-workings, que toca projetos sociais ou que labuta de sol a sol e estuda à noite sonhando com uma vida melhor.

Esse jovem não é fascista, não é coxinha e também não é babaca.

Ele não é marionete da Globo e não está disposto a ser papagaio de tucano. E quer fazer valer uma nova agenda. Onde o meio ambiente seja mais respeitado, onde os indígenas sejam protegidos dos grileiros, onde haja mais recursos para moradia, saúde e educação.

Querem também menos corrupção e mais transparência no uso dos recursos públicos. Querem direitos humanos para os pobres, principalmente jovens e negros. E uma polícia que não seja um instrumento de tortura dos setores populares na mão do Estado.

Essa agenda pode levar muitos deles a participarem de um movimento como o “Não vai ter Copa”. Até porque até o momento a Copa que está sendo vendida é a dos outros. Da elite daqui e dos ricos de fora. Não é um Copa produzida para ser a afirmação de um povo e de uma história de lutas de um país que tem oferecido ao mundo avanços democráticos e projetos como o Bolsa Família.

É uma Copa da Fifa. E da exclusão.

Por isso, cabe perguntar: quem está errado, os jovens que entendem que esse pode ser um momento de afirmação de suas ideias ou quem não está disposto a conversar com eles? Quem está errado, os oportunistas que querem aproveitar essa energia para desgastar o governo ou certos governistas que estão achincalhando esse povo que quer discutir seu país?

É preciso ir além desse maniqueísmo de lado bom e lado ruim. A Copa pode ser um excelente momento para discutir o Brasil e ao mesmo tempo assistir futebol e se congregar com as milhares de pessoas de todas as partes do mundo que aqui estarão.

A Copa pode ser um tempo de uma nova agenda na democracia brasileira. Uma Copa com povo e política. Com manifestações de rua fortalecendo as lutas populares e comemorações de rua de torcidas de cada uma das seleções.

Poucos países do mundo podem oferecer um espetáculo desses. E o Brasil é um deles.

Um país multicultural onde há grande respeito à multiplicidade. Um país que deu um enorme salto social nos últimos anos, incluindo milhões de pessoas. Um país que tem desafios imensos ainda pela frente, mas que, a despeito das disputas políticas, tem uma institucionalidade forte. Um país com um movimento social que tem atores coletivos respeitados em todo o planeta, como, por exemplo, o MST e as organizações sindicais.

Poucas nações podem fazer de fato uma Copa das Copas, onde os projetos do outro mundo possível estejam presentes na agenda de um torneio de seleções.

A sociedade civil brasileira tem o dever de assumir esse processo como seu. O slogan “não vai ter Copa” é muito bom e forte para ter apenas uma leitura. E uma das leituras possíveis é que a Copa não vai ser mais a mesma depois de sua passagem pelo Brasil.

De agora em diante, onde a Copa for, o movimento social irá. E colocará suas demandas, fazendo seus fóruns ao lado do evento. E internacionalizando causas de todo o povo do país sede e de outras partes do mundo.

Se isso vier a acontecer o jogo será apenas um detalhe desse imenso espetáculo. E as nossas causas disputarão espaço entre os resultados das partidas. Que ao final terão apenas um campeão. Diferentemente da Copa das Copas, que é a de todos que lutam por um mundo melhor. E onde muitos podem ganhar juntos.

Quem tem que ter medo das ruas é a elite. E não os que se dizem de esquerda. Ou algo está muito, mas muito errado.

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Comentários

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francisco.latorre

viajou.

..

André

Não vou fazer uma análise mas um depoimento, e aí cada um tira sua conclusão. Manifestação no Rio dia 20 de junho: um grupo gritava ‘dima voce é feia ninguem quer…’ (me recuso a escrever o resto); O MST foi vaiado por um grupo grande de ‘coxinhas pit bull’, em meio a indiferença de quem estava em volta; o MST só não apanhou porque com ele não se brinca; na frente da prefeitura a policia começou a jogar gás em meio a uma massa enorme de pessoas que recuaram (organizadamente, naquele momento parecia que a policia conseguiu unir o que era impossível)na direação do carro de som que diza: a polica está conosco (com quem?????). Não fui com óculos cor de rosa a manifestação, não fiquei vendo na globo news nem foi protegido em meio a um grupo de pessoas que pensava como eu e estava lá pelos mesmos motivos; percorri a multidão de ponta a ponta e isso é só parte do que eu vi.

Alexandre Bitencourt

Creio que faço parte do primeiro grupo.

Penso que ” … as pessoas que foram às ruas … ” que ” … querem. na essência, um Brasil melhor … “, na verdade querem um país sem a Dilma e o PT, o que para eles é a causa de todos os males brasileiros.

As demandas de um serviço público melhor e de um Estado forte sempre foram bandeiras da esquerda, mas engana-se Rovai ao pensar que a esquerda chama essas demandas de facistas, o que se intitula facista é uma multidão que, exigindo serviços públicos de qualidade, joga a culpa em todos – isso mesmo, todos – os partidos a ponto de quebrar bandeiras de movimentos e partidos que sempre lutaram por tais demandas e de expulsá-los das ruas como se estas fossem espaço privativo dos que odeiam partidos.

Para boa parte dessa multidão (que de gigante acordado não tem nada) associa as mazelas brasileiras única e exclusivamente ao executivo federal, ignorando o executivo municipal, estadual e o legislativo e inocentando o judiciário. Não diferente, Rovai vai no mesmo sentido atacando o executivo federal, como se esse fosse capaz de, sozinho, realizar todas as mudanças necessárias sem a interferência de setores conservadores. Será que Dilma falou grosso com movimentos sociais ou com as ruas quando foi em rede nacional realizar as propostas para atender tais demandas?

A esquerda que “tem medo das ruas” é a esquerda que sabe quais interesses estão por trás dos inocentes “revolucionários”. Pessoas foram às ruas em 64 e tiveram manifestações como a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” e todos sabemos no que deu.

    Apavorado pela cara-de-pau humana

    Essa confusão entre estadual e federal está em tudo que é publicação, TV, discursos, voz de professores mineiros, voz de babacas, voz de lacaios, voz de bate-paus, voz de capitães do mato e das cidades.

    Pergunte a um qq quem paga as polícias, professores, de facus, de ensino médio de básico, ….. Resposta: Não sei.

    Apavorado pela cara-de-pau humana

    43 prefeitos cassados em Minas em 2013.

    Lá não existe corrupção…… foram cassados pois usavam esmalte vermelho?

Rogério Pinheiro Alves

O movimento de mobilização nas ruas teve de tudo. Havia no movimento pessoas de diferentes objetivos e interesses, muitos inconfessáveis.
Foi muito comum ver cartazes com palavras e frases de preconceito, de interesse eleitoreiro, como as que vimos em BH, berço do mensalão tucano, sem que houve uma faixa sequer a citá-lo, a pedir cadeia para a turma do Aécio.
Acho que caso haja novas manifestações em 2014, e tudo indica que haverá, caberá a esquerda brasileira mostrar-se, aparecer! fazer a sua mobilização em defesa das conquistas obtidas nos Governos LULA/DILMA. Do contrário, poderemos ter eleitos aventureiros como Eduardo Campos e oportunistas como esse Aécio, ou quem sabe outros!!

niveo campos e souza

É fundamental emergir com a democracia participativa e imergir com a democracia representativa. Atender aos anseios e necessidades do povo sempre esquecido e não das elites privilegiadas.

Renato Kern

As milhões de pessoas que foram as ruas é por conta do Rovai. E o grande erro dos movimentos justos é se deixarem envolver por anarquistas. Outro erro é misturarem as reivindicações com o futebol. Na copa das confederações foram facilmente controlados e na Copa do Mundo serão novamentes isolados dos estádios. E a única reivindicação concreta feitas nestes movimentos foi pela gravidade das passagens dos estudantes, o resto são invenções da imprensa ou de pequenos grupos que quiseram se apropriar destes movimentos.

    rodrigo

    (…) deixarem se envolver por anarquistas?

    De volta com a velha cantilena…

Márcia

Belíssima utopia!

Paulo Expedito

Rovai, veja os sinais, já passaram de murmúrios.

Fabio

A esquerda tem medo dessa massa justamente porque não consegui fazer nem metade daquilo que prometeu nas eleições.
Acaba-se pensando se realmente há diferenças entre esquerda e direita quando ambas chegam no poder.

    rodrigo

    Função de quem? De todo governo que segue a milenária cartilha do patriciado romano e que aposta profundamente na divisão de classes e na cizânia social?

    Alexandre Bitencourt

    Existem sim diferenças e elas não são tênues.

    Tome como exemplo o programa “Mais médicos” e veja se há uma concordância geral sobre o programa.

    O que se viu foi um ataque generalizado por parte da grande mídia, oposição, CRM, médicos, etc. Se a esquerda se aproximasse da direita, tal programa seria elogiado por todos aqueles que se levantaram contra.

jair almansur

Eu acho sim que a direita golpista tem muito mais possibilidades com o movimento “nao vai ter copa”. Alem disso nossas policias agressivas que sao podem ajudar a construir a nova ditadura.

ricardo silveira

Os torcedores aproveitarão os estádios cheios para realizarem assembleias de modo a decidir as medidas apropriadas a serem tomadas em relação à saúde, educação, espaço e mobilidade urbanos, uma nova forma de escolha dos ministros do STF, etc. Haverá problema sobre quem presidirá a mesa, se situação ou oposição, mas isso se vê na hora. Brincadeira à parte, acho melhor que todos aproveitem a Copa e depois escolham um bom Congresso, em outubro, que faça, fundamentalmente, a reforma política com financiamento público exclusivo para as campanhas eleitorais e uma lei de meios que assegure a democratização do espaço público, bem como a manutenção de políticas que mantenha e melhore a oferta de empregos aos brasileiros em nível cada vez melhor. E que continuem discutindo política, mas sem prejudicar o evento da Copa e o próprio país.

Lucas G.

já tem petista achando que rolezinho é ruim para a eleição da Dilma.

Narr

As maiores manifestações de rua em 1964 com Deus, Família e Liberdade e endossaram o golpe militar.
Sei não, essa história de que gente rua não pode assustar a esquerda é não entender que direita também é numerosa e também pode ocupar a rua.

    Leo V

    Quem é a esquerda e quem é a direita? Os que defendem remoções e suspensão de direitos civis para lucro de empresas de da FIFA ou os que são contra?

    Então a princípio os que vão pras ruas é que são esquerda, eo governo Dilma é de direita. Ou nao?

    roberto almeida

    Esquerda é quem defende maior IPTU para os ricos e menor para os pobres.

    Francisco

    Por definição, direita é quem tem por meta perpetuar o status quo.

    Quem quer acabar com o capitalismo, atual status quo?

    Quem quer que ele permaneça tal como é ou mesmo mais “contundente”?

    E quem quer que ele permaneça em parte?

    Dizer que não sabe o que é esquerda ou direita é desculpa tosca para não ter definição política.

    Luís Carlos

    Léo
    Qualquer pessoa pode não gostar, não concordar, quere mais do que é feito (muito mais) mas dizer que Dilma é ” de direita” é no mínimo negar a história e os fatos. Ninguém que está indo para as ruas desde o ano passado foi preso político e torturado por lutar contra ditadura civil militar brasileira.

    Leo V

    Luis Carlos,

    Eu8 não chamei Dilma de direita. Estou apenas raciocinando conforme as pessoas que chamam manifestantes de direita simplesmente por serem manifestantes contra as consequencias da Copa do Mundo.

    Tentam desqualificar chamando de cozinha, direita etc. Se for assim, quem é pra ser chamado de direita é o governo. Foi isso que disse e repito.

    Mauro Bento

    Meu medo é que organizem a Marcha do PT com a FIFA pela COPA.

Marcellus

Esse texto é um engôdo só, pura falácia e me arrisco a dizer, mal intencionado. Quer dizer que o slogan “Não vai ter Copa” é muito bom e sugere outras leituras. Ora, em todo esse tempo não ouvi nada mais desonesto e ridículo. “Não vai ter Copa” só quer dizer uma coisa: não dá margem a mais p… nenhuma, só quer dizer “vamos tocar o terror, incendiar o país e impedir que o evento se realize, desmoralizando o país perante o mundo da forma mais desordeira e selvagem possível”. Não há outra interpretação para o slogan, cria de Black Blocs. Um pouquinho de honestidade cai bem às vezes. Aliás ando achando esse blog meio estranho ultimamente em sua “oposição à esquerda”… sei lá…

FrancoAtirador

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Em qualquer País verdadeiramente Democrático seria desnecessário afirmar

que cidadãos e cidadãs, na plenitude do exercício dos direitos civis,

têm o Direito à Liberdade de Locomoção, de Reunião e de Manifestação.

A Constituição da República Federativa do Brasil dispõe sobre esse Direito no artigo 5º, da seguinte forma:

Constituição Federal – CF – 1988
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta…;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz…

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
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O que causa certo receio em alguns cidadãos brasileiros experientes,

já calejados por sucessivos Golpes contra a Constituição do Brasil,

é, por exemplo, a facilidade com que foi abraçada pela multidão

a campanha pela derrubada da PEC 37, que sequer havia relação

com os protestos e manifestações ocorridas no mês de junho passado.

Pode ser que a próxima campanha não seja pela derrubada de uma PEC,

mas pela aprovação de uma PEC, revogando a Constituição Federal.
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Claudius

Bom texto. Mas incompleto, como indicaram alguns leitores.
Se vocês quiserem o outro fio da meada dêem uma olhada
na trajetória da taxa de juros em 2013 e procurem saber quem
esta por trás das CMIs no mundo.

Dudu Cartucho

O Rovai é brilhante, mas desta vez se equivocou. Quando as manifestações começaram podia até ter um enfoque democrático, à partir do momento que a Globo encampou, os protestos foram assumidos por coxinhas, facistas e babacas.
E o PIG algum dia apoiou democracia?

Urbano

O que há de esquerdista de fancaria dentro do PT não está escrito. Em especial a turma, salvaguardando-se as exceções, que foi cognominada de elite. Deveria ser leite e não elite, pois o habitat natural é numa teta.

    Regina Braga

    Quem se afasta do povo corre o risco de ser golpeado.Nem adianta alimentar a cobra…depois que ela cresce, engole os seus nutridores.È uma pena, que as pessoas falem, uma coisa, e façam outra, quando chegam ao poder.O sentimento clássico é de traição.Prédios,cargos,arrogância…Nunca vão descer pela goela do cidadão.A elite nem aceita e nem perdoa…tolos os que acreditam nisso!

    Urbano

    Exato, Regina. É como, vez por outra, eu digo que nada pior do que o novo rico. Este é bem mais cruel. Quantas pessoas nós não conhecemos, até por mais das vezes ter-se convivido na mesma situação, que só faltou passar por necessidade mais cruenta e, mal tirou o pé da situação miserável, de imediato passou a defender os princípios da casa grande? Quantos trabalhadores ainda hoje odeiam o PT, mas convivem de forma alegre e feliz com e na farsa?

    Urbano

    Ah! Muito agradecido, Regina.

Waldir

Aproveitar eventos de repercussão mundial para protestar e reivindicar não é novidade nenhuma. No mundo inteiro se faz isso, a toda hora. Assim, os nossos “protestantes” não iriam perder uma oportunidade como a Copa, é claro. No entanto, é crucial saber quem está por trás dessas convocações? Qual a pauta dos manifestantes? Se for a da Marina, do Merval Melo, do Eduardo Campos, do Aécio e outros do mesmo naipe, que tem pregado o retorno às ruas durante a Copa apenas como substituto à já prevista falta de votos da oposição em outubro, tô fora.

    Alexandre Bitencourt

    A pauta é da GLOBO. Fazem cartazes de “Fora Globo!”, mas ao final do dia pegam o último Jornal Nacional para saber sobre o que protestar no dia seguinte.

ALGOPI

O que também não se fala no texto é que o país que funciona hoje numa democracia muito mais ampla do que aquela formal que a mídia considera, por que os manifestantes não se manifestam nos vários fóruns que se criou nos últimos anos nesses pais, onde varias conferencias, conselhos populares, associações tem voz e vez. Ah! Mas o processo é lento e cheio de altos e baixos!!!! Claro, Isso é democracia. Participação popular é assim mesmo: lento, com altos e baixos e com muita discussão fazendo avanços e retrocessos. Mas não! Os que só querem fazer impor sua voz sem o contraponto do diálogo e do contraditório acham que não vale a pena participar. que o bom é gritar na rua!!! Isso me cheira a confortável posição de quem quer solução pela força e não pelo lento mas democrático processo do debate.

Luís Carlos

Qual interesse e motivo tem o pessoal do Anonymous? Quem os banca? Os mesmos que estão mobilizando “as ruas” em Kiev com participação de senador estadunidense? Querem participação popular e democracia participativa para derrubar o engodo da democracia representativa que tanto os serve?
Rovai não me parece de todo equivocado. Nem de longe. Porém, o texto carece, em minha opinião, de maior atenção com variáveis e atores que se fizeram presente em todo esse processo.

André Passos

Tentar fazer agora a sociologia dessas manifestações é como enxugar gelo…
Modestamente, não acredito ainda possível dar sentido preciso a elas. Se vão produzir algo com sentido histórico é questão ainda em aberto. Acho prudente esperar, ao menos, 2014. Por ora, os diversos grupos que foram a rua são um elemento (com vetor indefinido) a considerar nas estratégias de curto prazo dos agentes políticos institucionais. Não mais do que isto.

Lucas G.

está faltando mais espaço na blogosfera para textos como estes para variar um pouco o tom dos petistas, alguns dos quais já estão ameaçando de maneira velada os manifestantes contrários a copa informando de forma “jornalística” o número de mortes em protestos contra a Copa em outros países.

henrique de oliveira

O fato é que os coxinhas sairam as ruas e perderam o foco , o MPL quer isso quer aquilo mas não se responsabiliza pela bagunça que isso deixa.
Quem quer que a copa seja um fracasso são os mesmos que diziam que queriam a copa , se fosse nos tempos malditos de fhc os jogos poderiam ser em campo de terra com bola de meia e jogadores descalsos , que o PIG iria dizer que essa sim é a verdadeira cara do futebol.

    Leo V

    O mundo dá voltas. Não precisa ir muito longe. Basta pensar nos anos 90. Alguém ia imaginar que ia ver alguém querendo se passar por “esquerda” dizendo que manifestação deixa “bagunça”?

    Tá certo, vamos manter a ordem, e o progresso. Nada de bagunça, nada de algo que não está no script.

    Para mim democracia é onde o governo não atrapalha o povo a se manifestar e criar, e não onde manifestação e criação popular não podem atrapalhar a eleição de um governo.

    Esquerda que quer viver só de voto, sem levantar a bunda do gabinete pra ajudar a criar movimento já virou múmia e não sabe.

cid elias

Concordo em parte com o artigo – faltou o Rovai informar(duvido que ele não saiba) quem estava e está por trás das convocações nas redes sociais – sem esta análise, para mim o texto fica capenga.

Lua de Ártemis

Sim, algo está muito errado, mas na cabeça do Renato Rovai. “Quem está errado, os oportunistas que querem aproveitar essa energia para desgastar o governo ou certos governistas que estão achincalhando esse povo que quer discutir seu país?” Eu não acredito que li isso. Errado está o Rovai, que vê a Copa como um mero detalhe da “Copa das Copas”, e deve ver a virada oposicionista e a derrota de Dilma após “não ter Copa” também como um mero detalhe da “Copa das Copas”. Renato Rovai faz um grande desserviço à esquerda e às causas populares ao projetar seus desejos, sua ingenuidade e suas boas intenções na multidão coxinha. De boas intenções como as de Rovai o inferno está cheio. É uma tolice tópica de gente de esquerda achar que tudo que vem “das ruas” é sempre bom. Golpes de direita tambêm se utilizam das ruas. Sim, Rovai, há algo de muito errado com esse movimento coxinha das ruas. E também com a tua cabeça.

    Leo V

    Vai lá pro pessoal removido, pros vendedores que não poderão trabalhar, pro pessoal que está organizados em Comitês contra esses abusos que a Copa trás e chama eles de “coxinhas”.

    A vocês que só sabem dizer amém para o que vem de cima, só resta adjetivos para desqualificar, sem base na realidade.

    É certo que o que o que vem das ruas não é necessariamente bom. Mas pelo jeito você não entendeu nada do texto e nem da chamada que o Viomundo colocou. Hoje em dia a direita disputa as ruas, e os governistas que se dizem de esquerda tem medo delas, não a disputam. Se encastelaram na burocracia do Estado. Falam em mudar correlação de forças na sociedade mas não querem disputar na sociedade, apenas no Estado. Essa esquerda tem medo da rua, e seu comentário só confirma isso. Stedile quer mobilização de massa em 2014? Ele é ingênuo? Ele é coxinha?

    Bonifa

    Nada se faz numa cidade grande sem indenizações compulsórias de propriedade particulares ou posses que estão no caminho de obras necessárias à mobilidade urbana e ao interesse coletivo. Pelo visto, e pelo volume das obras turbinadas com a preparação do evento, as remoções pelo país afora foram mínimas e não há grandes demandas por preços injustos de indenizações. Mas para quem quer ser contra tudo, um metrô não deveria existir já que provoca stress nos tatus bolas.

    Leo V

    Incrível que só pobre é removido. Deve ser porque tem mais pobre no mundo mesmo.
    As indenizações sempre são pagas e no valor que a pessoa possa viver numa casa ao boa num lugar tao bom, por óbvio.

    E claro, construção de transporte para as pessoas e estrutura pro empreendimento da FIFA é a mesma coisa.

    Leo F.

    Somente na Zona Norte do Rio, para a passagem dos trechos da Transcarioca (BRT/corredor expresso), numa região considerada como a Zona da Leopoldina, um sem número de residências (na sua maioria casas), de moradores de classe média foram removidas do traçado previsto para as obras de mobilidade urbana.

    A questão aqui, falo e repito, não se refere à ação de remoção, que como o outro amigo falou, se dará para toda área prevista como, voltada para obras estratégicas ou para motivação militar.
    Isso é previsto por Lei Federal.

    O grande problema, se refere à diferença de tratamento que uns grupos sociais têm, em relação a outros, durante e após as remoções.
    Comunidades pobres, algumas delas centenárias, têm entre seus moradores, aqueles que simplesmente não receberam sequer indenização pelo valor venal.

    Muitos outros, que já receberam e foram reassentados, possuem outro tipo de reclamação: O destino dado pelas autoridades públicas, a seus antigos terrenos, foi o de Depósitos, e não o de área preparada para a obra estratégica. E estão lutando junto à Defensoria Pública, para o cumprimento das Leis Orgânicas municipais.

    Por outro lado, esses casos são mais raros, do lado dos moradores de classe média. Normalmente, as reclamações giram mais em torno da ausência de uma alternativa de moradia popular, apenas de financiamento de um novo imóvel.

    Abs

Leo F.

Fato incontestável, e nisso concordo com o texto, de que toda manifestação e sublevações populares, são um direito constitucional.

Até porque, a repressão à livre associação de pessoas e suas ideias nas ruas, ficou marcado em nossa memória coletiva como marca, de um dos momentos mais autoritários da história política de nosso país e que não devemos repetir, sobre qualquer pretexto.

Mas, foi triste o caminho tomado após a conquista do congelamento das tarifas do transporte coletivo.
As manifestações de Junho, seguiram alguns meses a frente, com uma dispersão imensa de energia em torno de pautas e reivindicações, muitas vezes de caráter não diretamente popular, e até mesmo contraditórias.

O que por um lado, apesar de ser o registro da horizontalidade na organização e pulverização de atores sociais, por outro, demonstrou inconsistência física na busca por determinada conquista e indefinição, no momento em que se sentavam à mesa de negociação com as autoridades públicas.

Isso foi visível, após o verdadeiro engavetamento promovido pelo Congresso, da proposta de Reforma Política e eleitoral de caráter plebiscitário! Momento que deveria reunir as massas, senão em uma demonstração de rua, ao menos em uma série de debates e mensagens nas redes sociais. Da mesma forma, que foi feito com relação ao tema subjetivo da “corrupção”.

Poucos meses depois, era revelado ao mundo, um dos maiores escândalos de espionagem eletrônica e invasão da privacidade de milhões de cidadãos brasileiros, bem como do nosso próprio governo e instituições públicas, pela NSA americana.

Mais um momento, com todas as justificativas cabíveis, para que houvessem protestos exigindo maiores investimentos em segurança cibernética e inteligência, por parte do governo. Anos de abandono em nossa estrutura de Defesa e Contra-informação, deveriam ser colocados em xeque pela maioria.

Enfim, hipocrisia e indignação seletiva são males humanos e que fizeram parte das manifestações de Junho também. O que não exclui a importância da “chacoalhada” que a agitação popular teve, na inércia do nosso sistema político.

Bonifa

Bem, sabemos hoje muito bem o que aconteceu em Junho do ano passado. Uma massa enorme de descontentes foi manipulada de todas as maneiras por interesses de golpistas. Se o Governo não se houvesse antecipado e pregado uma mudança política radical no país através de um plebiscito e de uma constituinte exclusiva para uma reforma profunda, o que fez toda a direita, o centro e conservadores de esquerda recuarem, a Câmara dos Deputados teria dado um golpe branco, com a direita conseguindo todo o apoio de setores de centro aliados “pero non mucho” do Governo, que já estavam prontos para fugir em direção ao golpe. Talvez então a Câmara tivesse colocado Barbosa por eleição indireta no comando do país. O Senado provou que quase nada apita na hora decisiva. Quanto à Copa, é desejo, sim, do Governo que ela seja popular e inclusiva. Mas não é esta a imagem que a imprensa maldita que temos está dando ao evento. A Globo, que vai transmiti-la, quase nem fala nela. Está tomada de esquizofrenia total, já que quer que o evento expluda e fracasse. Até a FOX faz uma bela propaganda da Copa, “A maior de todas as Copas”, segundo a FOX. E a Globo envolta em ódio vai serrando a Copa pelas pontas procurando transformá-la numa copinha.

    Marcelo

    Você foi manipulado.

    Os protestos todos começaram marginalizados por toda a grade mídia. Tinham todos a opinião da maioria deste blog.

    Vagabundos, arruaceiros e porrada neles.

    Então quando apareceram um milhão de pessoas na paulista, Brasil e congresso a mídia recuou e mudou de opinião para patriotismo.

    O manipulado/manipulador aqui é você que distorce e mente para provar seu ponto.

    Leo V

    Perfeito, Marcelo.

    cid elias

    Não é verdade, Marcelo. Não foi quando “apareceu um milhão na Paulista”… A mídia mudou quando percebeu uma grande oportunidade de imputar a conta nas costas do Governo Federal. Aí foi o que nós vimos: horas e horas de imagens cuidadosamente escolhidas na telinha, fato que ajudou, e muito, a multiplicar os protestos Brasil afora.

    Leo V

    Cid Elias. A cronologia é muito clara, e em tempos de internet, basta pegar os jornalões da época e ir comparando as notícias e o enfoque dia a dia.
    Dia 13 de junho, além das manifestações contra o aumento da tarifa de transporte no Rio, em São Paulo mais um manifestação contra o aumento convocada pelo MPL é duramente reprimida. Eram já milhares de pessoas, talvez dezenas de milhares. Erro da repressão: foi tão brutal que além da classe média presente, atingiu jornalistas de grandes veículos.
    A grande imprensa não podia mais segurar suas redações. No dia seguinte a própria Folha de São Paulo publicou video do PSTU mostrando a repressão. O absurdo da repressão fez mobilizar mais gente, e já não dava para os gestores da imprensa manterem o discurso.
    Foi então que a burguesia rapidamente colocou em campo uma estratégia articulada de apoiar e tentar desvirtuar as manifestações: PM, Fiesp, Globo, Folha, Veja, bem articulados na estratégia. No dia 17 a manifestação foi monstruosa, sem repressão policial, com apoio da imprensa. Sim, provavelmente ela não seria t]ao imensa sem apoio da mídia, mas certamente seria maior de qualquer forma que as da semana anterior. Nela as pautas começaram a se diluir, os coxinhas começaram a aparecer…

    Bonifa

    O Golpe de direita foi planejado muito antes do Movimento Passe Livre sair às ruas. Há indícios concretos disso. Todos os que conhecem o país sabiam que algo muito grande, preparado pela direita com apoio no exterior, estava prestes a acontecer, para enterrar a possibilidade de reeleição de Dilma Rousseff. Nas ruas, movia-se a essência legitimadora do golpe que tinha na Câmara dos Deputados sua maior expressão institucional. O Golpe já contava em seus planos com o MPL como “espoleta” para iniciar sua marcha. Mas alguns órgãos de imprensa e jornalistas como o aéreo Jabor, espinafraram o golpe no início, e dois dias depois, já avisados do que se tratava, passaram a apoiar a grande marcha nacional da direita. Quem barrou o golpe nas ruas foram os Black Blocs, que saíram pela noite espatifando tudo e apavorando os coxinhas que se recolheram a seu medo e se retiraram. Estes “vândalos” não foram elogiados pela mídia golpista, que pedia repressão e mais repressão contra eles. Na conta de tudo, aconteceu apenas que um rapaz foi ferido no olho, e nada mais. Quem fala que houve repressão nunca viu a polícia americana em ação contra uma manifestação. O país será eternamente grato aos Black Blocs por terem bloqueado o golpe nas ruas.

    José X.

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    O Golpe já contava em seus planos com o MPL como “espoleta” para iniciar sua marcha.
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    Exatamente. O MPL, que NUNCA protestou antes contra Serra e Alckmin, saltou com toda a gana possível contra Haddad, recém-chegado ao governo. O MPL é formado ou por um bando de infiltrados ou por um bando de idiotas. Ou talvez os dois.

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    Mas alguns órgãos de imprensa e jornalistas como o aéreo Jabor, espinafraram o golpe no início, e dois dias depois, já avisados do que se tratava, passaram a apoiar a grande marcha nacional da direita.
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    Exatamente.

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    Quem barrou o golpe nas ruas foram os Black Blocs, que saíram pela noite
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    Não concordo. Acho que os Black Blocs agem sob diretivas vindas de fora do país, e seu objetivo era instaurar um clima generalizado de violência.

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    Quem fala que houve repressão nunca viu a polícia americana em ação contra uma manifestação.
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    Aí é que está…de maneira geral os Black Blocs NÃO foram reprimidos, mesmo agindo em frente às câmeras.

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    O país será eternamente grato aos Black Blocs
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    O golpe não veio porque o povo viu motivo para isso…e sem o apoio dos militares (que felizmente hoje são irrelevantes politicamente), simplesmente não havia como dar um golpe,,,não tem nada a ver com os Black Blocs, que são um bando de arruaceiros financiados do exterior.

    Leo V

    Quais são os indícios.

    seu discurso é de quem está doentiamente com um pé fora da realidade.

    Há 10 anos estouram revoltas contra aumento no transporte em diversas cidades do país. Em 2013 já havia corrido em Porto Alegre, Natal, Goiânia.
    Só na internet alguém pode afirma que era coisa de direita.
    Os grupos e pessoas que militam são conhecidas em cada cidade.

    Patético esse governismo doentio.
    Existem poítica além do voto.

    Luís Carlos

    Léo
    Você parece bem informado sobre o MPL e parece acompanhar detidamente o Movimento. Pergunto: com todo envolvimento do MPL por melhor mobilidade porque nenhuma manifestação liderada pelo MPL contra a corrupção nas obras do metrô de SP?

    Leo V

    Luis Carlos,

    jogue no google: “mpl”, “sindicato dos metroviários”, “corrupção” e “manifestação”.

    Outra questão, o MPL é um movimento autônomo, que decide as ações com base na sua leitura da realidade, as pernas que tem etc.
    O interessante é que os partidários de legendas querem que um movimento autônomo sirva a seus propósitos.

    Mais uma questão: transporte sem corrupção não significa transporte fora da lógica mercantil e que garanta a mobilidade das pessoas.

    Dalton Godinho Pires

    Bomfa,

    Veja com cuidado o que você tem usado ….Afirmar que quem barrou “o golpe nas ruas foram os Black Bloes” deve ser considerado um ponto “fora da curva”. Golpe contra quem? Defendido por quem? a favor de quem? O Presidente é Dilma, do PT, e tem maioria na Câmara, no Senado e em tudo mais.

    Luís Carlos

    Nenhum movimento deve ser submisso a governo(s), seja ele qual for. Com isso concordo. Porém, movimentos também devem, a partir da leitura da realidade que fazem, definir aliados táticos e estratégicos. Ou pensam que não há aliados possíveis e necessários para alcançarems seus objetivos? Mesmo porque, a leitura não deve se dar apenas da realidade congelada, mas do processo histórico, e nesse processo, também é necessário avaliar correlação de forças, resultados a serem alcançados, entre outras variáveis.
    Sou militante de política pública universal, a única realmente universal nesse país, que é o SUS. Entendo que (talvez eu esteja equivocado) objetivo do MPL é para além de transporte mais barato, mesmo que inicialmente, mas mobilidade universal, transporte público universal, creio eu.
    Essa universalidade do SUS foi resultado de longo movimento de reforma sanitária brasileiro, desde meados dos anos 70 até desembocar na Assembléia Nacional Constituinte que escreveu a CF de 1988.
    Numa outra época desse país, foi escrita página importante de nossa história, que poderia ser enaltecida e resgatada, e não como vimos nas últimas manifestações de junho, achincalhada com cartazes de “enfie os R$0,20 no SUS” depondo muito contrariamente à credibilidade da mobilização por atacar política pública presente na vida de milhões de brasileiros/as.
    Tive oportunidade de assitir pronunciamento de diferentes candidatos na última eleição à presidencia, quando três estiveram em Congresso do CONASEMS – Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, em Gramado/RS. Dilma, Serra e Marina estiveram lá. Recordo de fala inicial de Dilma a referir que a saúde ser fundada em princípio da universalidade, e que esse princípio deveria fundamentar outras políticas públicas também.
    Essa universalidade é fundamental para um Estado mais presente e políticas públicas acessíveis e que impactem no quotidiano da população, e contribuam para maior sustentabilidade do desenvolvimento nacional.
    Os meios para isso? Podem passar sim por manifestações de rua, mas que se tenha controle de pauta e agenda, sem a “anencefalia” do movimento que vimos ano passado, que foi tragado pela grande mídia e admitido pelo próprio MPL que perdera o controle.
    Em política não existe “lugar vazio” e “não liderança”. Massas humanas perdem controle e rumo ao menor fraquejo da liderança. E se não há liderança, não há movimento social e político. Liderança não quer dizer “cabresto”, quer dizer rumo, sentido, direção, e diferencia coletivo de simples agrupamento. Um se significa por identidade e capacidade organizativa, outro por quantidade de pessoas em determinado lugar, sem liderança e identidade.
    Se movimentos não devem estar submetidos a governos, e com isso temos pleno acordo, também não devem ser subjugados pelas massas sem direção ou pelo comando sem rosto da mídia ou do Anonymous. Movimento tem que ter direção, caso contrário não é movimento social.

    André

    Concordo como você até certo ponto.Realmente há indicios muito claros para quem acompanha atentamente a conjuntura internacional. MAs só concordo até o ponto “Quem barrou o golpe nas ruas foram os Black Blocs, que saíram pela noite espatifando tudo e apavorando os coxinhas que se recolheram a seu medo e se retiraram” Minha dúvida é se os Black Blocks não fazem parte do jogo. Veja bem: a esquerda organizada sentiu o cheiro – e os porretes – do facismo sem máscaras depois de junho e começou a denunciar o golpe. De repente, em 30 de junho na manifestação das centrais os Black Blocks começaram a ganhar protagonismo nas manifestações. Na greve dos professores os coxinhas obviamente não iam se misturar, mas o black block e a policia estavam la para transformar uma reivindicação sindical justa em espestáculo transmitido ao vivo na globo news. No Egito quando os Black Block apareceram nas manifestações contra o governo eleito, o resultado foi um golpe militar. Fica a dúvida: salvaram do golpe ou foi uma oportuna mudança de estratégia dos golpistas ?(acredito que muitos black blocks foram manipulados sem saber, mas não todos!)

    Leo V

    Luis Carlos,

    Nenhum movimento tem controle sobre as multidões. Se há esse controle total já não é um movimento, mas um aparato com dirigentes e dirigidos.
    Você diz que as manifestações, ou o MPL, foi dragado pela mídia. Sim, no tabuleiro de xadrez o adversário faz suas jogadas evidentemente, e as fará novamente. Oras, vc quer que só se comece a jogar xadrez quando não houve adversário mexendo peças?
    Uma leitura tão correta é dizer que a mídia foi dragada pelo movimento nas ruas, pois teve que começar a apoia-las, desvirtuando seu sentido evidentemente.

    Lembra da ação das mulheres da Via Campesina num laboratório da Aracruz anos atrás? Aquelas mulheres estavam fora do controle da direção do MST. Movimento social é assim, as pessoas decidem o que fazer, como fazer e quando fazer. Claro que pode haver avaliações erradas.

    Veja bem, o MPL sempre chamou manifestações contra aumento de tarifas, sempre, todos os anos. E digo mais, não só em São Paulo, mas há 10 anos em vários cidades do Brasil. Por que será que nunca ninguém que se diz de esquerda achavam erradas aquelas manifestações e só agora acham?
    Interessante pensar nisso. A conclusão que se chega que as pessoas acham erradas justamente porque tiveram uma adesão grande na principal cidade do Brasil, uma cidade até então considerada “imparável”: São Paulo. Ou seja, o MPL puxou e conseguiu realizar o “sonho” de todo movimento social, parar São Paulo. Ora, diante disso restou à burguesia tentar assimilar e direcionar a manifestação. Fazer eles terem essa nova reação foi sinal de sucesso, não de fracasso. O jogo de xadrez está em aberto, e sinceramente só quem v~e a política restrita a disputas eleitorais pode ter receio de manifestação popular nesse momento.
    O MPL sempre teve aliança com a esquerda de uma forma geral. Foi o PT que saiu das ruas, o PT virou gestor, e como gestor será cobrado. Agora, querer que movimento social se cale porque o PT é gestor é querer que movimento social não exista.
    Existe política além do voto.

Jerry

Os camisas pretas foram pra rua, e as elites dá Itália surfaram. Não é óbvio que estar marchando na rua é um ato progressista. A história grita mais alto que os coxinhas.

Mauro Bento

Perfeita análise.Existe um setor da classe média que se acha “progressista” porque vota no PT,porém considera apenas a via eleitoral como estratégia legítima.
Outro ponto é não confundir o PT que na origem tinha base operária e política centrista,mas nunca foi “esquerda”,com o que é hoje,um partido democrata-cristão, explico: na unificação das Alemanhas os democristianos também tiveram políticas públicas de emprego e segurança alimentar e cotas sociais nos EUA foram implementadas pelo Pres. Kennedy. Esquerda não patrocina a entrega de territórios indígenas para o agronegócio.
Mas calma, pior que o PT só a oposição política partidária(PSDB-DEM-PPS-PSB-PMDB).

Pedro

Mais mais um ou dois comentários para aparecer um petista cheio de medo da rua, criticando o texto…

Nilva Sader

Pangloss na veia

    Bacellar

    Pensei exatamente a mesma coisa.

Nilva Sader

E o mundo é cor-de-rosa !

Lukas

Eu tenho medo do Porca Preta. E só.

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