Kotscho: Há lugar melhor no mundo que o Brasil para ser herdeiro de fortuna?

Tempo de leitura: 3 min

President Barack Obama gestures while speaking in San Jose, Calif. , Friday, June 7, 2013. The president defended his government's secret surveillance, saying Congress has repeatedly authorized the collection of America's phone records and U.S. internet use. (AP Photo/Evan Vucci)

Proposta de Obama prevê aumentar os impostos dos mais ricos e dos bancos e, ao mesmo tempo, desonerar a carga tributária da classe média

Bom mesmo é ser rico no Brasil e gastar nos EUA

 Ricardo Kotscho, em seu Balaio

Se já tinham alguma desconfiança, os ricos brasileiros e seus blogueiros de estimação agora é que vão ter certeza mesmo de que Barack Obama é comunista.

Na contramão das medidas econômicas recessivas que vêm sendo estudadas pelo governo Dilma 2, o presidente dos EUA vai anunciar nesta terça-feira, em seu discurso anual sobre o Estado da União, que enviará projeto ao Congresso com proposta que prevê aumentar os impostos dos mais ricos e dos bancos e, ao mesmo tempo, desonerar a carga tributária da classe média.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, novo “czar” da economia brasileira, poderia aproveitar sua viagem esta semana a Davos, na Suíça, onde representará nosso país no Fórum Econômico Mundial, para perguntar aos seus colegas americanos como é possível fazer um “ajuste fiscal”, tirando de quem tem mais e vive da especulação financeira, para beneficiar quem vive apenas do seu trabalho, ao contrário do que o ministro vem planejando por aqui.

O “Plano Robin Hood” de Obama prevê um aumento da arrecadação de US$ 320 bilhões nos próximos dez anos, com a maior taxação de grandes bancos, casais que ganham mais de US$ 500 mil por ano e cobrança de impostos sobre heranças _ algo simplesmente fora de cogitação dos ajustes de Dilma-Levy.

De outro lado, a proposta do governo americano prevê uma desoneração de US$ 175 bilhões dos impostos pagos pela classe média no mesmo período, segundo notícia publicada nesta segunda-feira no New York Times, venerável publicação que, perto dos jornalões brasileiros, deve parecer um perigoso porta voz do socialismo, a ameaçar a liberdade de expressão em todo o mundo.

O principal jornal americano já prevê que Obama “vai enfrentar forte resistência num Congresso agora controlado pelo Partido Republicano”, o equivalente, mal comparando, ao nosso PSDB.

O mais curioso e triste para nós é que Obama, que perdeu as últimas eleições parlamentares nos Estados Unidos, mostra coragem para enfrentar a oposição republicana, mesmo estando em minoria, enquanto Dilma Rousseff, que acabou de vencer as eleições gerais no Brasil, com ampla maioria no Congresso Nacional, faz exatamente o contrário, para agradar ao mercado.

Até agora, mesmo com a presidente se mantendo em ensurdecedor silêncio desde que tomou posse no segundo mandato, há 19 dias, seus ministros e assessores só vêm anunciando medidas que oneram a classe média, como o aumento dos impostos de profissionais liberais e prestadores de serviço que formaram pequenas empresas na forma de pessoas jurídicas, mais conhecidos por “PJ”, além de restringir o acesso a benefícios sociais e liberar o aumento de tarifas.

Chega agora a cheirar a ironia a ameaça feita por tucanos emplumados, às vésperas da eleição de outubro, de que deixariam o Brasil se Dilma se reelegesse. Para quê?

Bom mesmo é ficar rico no Brasil, ir às compras e investir em imóveis nos Estados Unidos, sem nenhuma ameaça de taxação das suas fortunas. Tem lugar melhor no mundo para ser banqueiro ou herdeiro que vive de rendas? Quando começa a faltar água e luz, é só pegar um avião, de preferência um jatinho particular, e ir para suas casas em Punta ou Miami. Seu rico dinheirinho estará garantido pelo nosso fisco camarada, e não tem nenhum Obama que o ameace.

E vamos que vamos.

Em tempo (atualizado às 11h30) _ Acabo de ler na manchete do UOL: “Riqueza de 1% deve ultrapassar a dos outros 99% no mundo até 2016, diz ONG”.

Estudo da organização britânica Oxfam informa que a “explosão da desigualdade” está dificultando a luta contra a pobreza global. “Apesar de o assunto ser tratado de forma cada vez mais frequente na agenda mundial, a lacuna entre os mais ricos e o resto da população continua crescendo a ritmo acelerado”, advertiu a diretora executiva da Oxfam Internacional, Winnie Byanyma.

A presidente Dilma e o ministro Levy bem que poderiam ler este estudo antes de apresentar as propostas brasileiras em Davos.

Barack Obama já está fazendo sua parte para evitar que este abismo entre ricos e pobres cresça ainda mais.

E nós?

Leia também:

Fabrício de Oliveira: O que é preciso para renovar as esperanças da população


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Comentários

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obama

Eu li Piketty horas bolas, o problema é que no Brasil ninguém lê.
Vivemos num Estado de Bem Estar Social nos Eua, protegemos nosso povo, produtores, empresas, falamos de não intervencionismo das portas para fora, para facilitar a vida de nossas multinacionais e petrolíferas. Aprendam com o Tio Sam rapeize!

Cláudio

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************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Brasil, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.

Lei de Mídias Já!!!! **** … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. **** … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

    Leo

    Senhores e senhoras, os donos da imprensa brasileira são “maria vai com as outras”. Mas cá pra nós: as redações de jornais e revistas disso que vocês chamam de PIG estão lotadas de comunistas e perseguidos políticos desde a ditadura! Não existe direita no Brasil, mas apenas uma ala mais à direita dentro da esquerda.

    Pensem… Não estamos nos transformando numa Cuba, mas quem sabe num socialismo de mercado como a China, país em que a regulação da mídia é brutal, as Forças Armadas estão crescendo abruptamente e o capital de direita sustenta o regime de esquerda.

yacov

Com uma RECEITA FEDERAL que só pega peixe miúdo, uma PF e um judiciário caolhos que só enxergam à esquerda, e só prendem os ditos PPPP = pretos, pobres, puztas e petista), o breZeew na verdade, é um grande PARAÍSO FISCAL. NO popular: É a casa da sogra das elites endinheiradas e bandidas.

“O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

Álvares de Souza

E nós, sofrendo que nem pau de arara quando ainda emigrava para São Paulo, com o fiofó por onde não passava nem uma agulha, e ainda assim elegemos a Dona Dilma. E era para passar tanto vexame?

Leo

Um país não pode ser pensado de forma pontual, conforme se demonstra no artigo de Kotscho. Para diminuir a desigualdade, é preciso também combater fortemente a corrupção, o que não é feito no Brasil. Não quero dizer que nos EUA não há corrupção, mas que lá ela é severamente combatida não é surpresa para ninguém. Portanto, não nos iludamos com a ideia de apenas colocar em prática a convenção robinhoodiana como meio único de distribuir melhor a renda, mas coloquemos em ação uma luta efetiva contra a corrupção que já se encontra impregnada no dia a dia do brasileiro.

    yacov

    ‘A corrupção é severamente combatida nos eua’ ?

    Com licença para morrer de rir: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK…

    Deve ser por isso que os Banqueiros canalhas que criaram a crise de 2008 e a família BUSH e seus falcões de estimação (Cheney, Rumsfeld, Wolfowitz, etc), que juntamente com a famiglia BIN LADEN, derrubaram as torres gêmeas matando mais de 300 americanos, estão livres, leves e soltos até hoje e assim permanecerão, não é mesmo ?!? Deixa de ser ingênuo, guri … Os ‘eua’ são uma república MAFIOSA e TERRORISTA, e como os TUCANOS daqui, INIMPUTÀVEIS.

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

    Leo

    Meu caro, tudo na vida é relativo. Em nenhum momento disse que não há corrupção nos EUA, muito pelo contrário. Ao mesmo tempo, sequer expus que todos os corruptos daquele país são condenados por seus delitos. Conclusões como as suas são desenhadas nas mentes de radicais extremistas que não enxergam seus próprios defeitos. Posso afirmar com propriedade que o combate à corrupção no Brasil é nada quando comparado com as ações estadunidenses. Não sei em que país Vossa Senhoria idealizou ao pressionar ininterruptamente a letra “k” de seu teclado. Lembre-se do ditado: “o pior cego é aquele que não quer ver”.

    Nelson

    Tenho cá minhas dúvidas de que a corrupção seja “severamente combatida” nos EUA, meu caro Leo.

    Depois que li os seguintes livros, eu, que acreditava que nos EUA a corrupção era pouca, tive que mudar de opinião. Os livros e seus autores, todos nascidos nos Estados Unidos, são:

    Esta nação corrompida – Fred James Cook, jornalista e escritor

    O Estado Militarista – Fred James Cook

    A Guerra é um Latrocínio (War is a Racket) – Smedley Darlington Butler, segundo a Wikipedia, o marine mais condecorado da história dos EUA.

    A Melhor Democracia que o Dinheiro Pode Comprar – Greg Palast, jornalista investigativo.

Francisco

Há lugar melhor no mundo do que o Brasil para ser senhor ou herdeiro de senhor de escravos?

Praticamente toda a nossa elite, é elite desde o Brasil Colônia…

FrancoAtirador

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E os Representantes do 1%, cada vez mais Bilionários, reunidos em Davôs, na Suíça,

para resolver os Problemas da Desigualdade Sócio-Econômica em todo Planeta Terra.

Como são Bonzinhos e Generosos esses Ricaços das Corporações Transnacionais, né…
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    FrancoAtirador

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    “Fundamentalismo do Mercado”

    85 indivíduos enriquecem a uma velocidade
    de meio milhão de dólares por minuto

    29/10/2014 15h09
    Agência Brasil

    CRISE FINANCEIRA DOBROU O NÚMERO DE BILIONÁRIOS NO MUNDO, diz OXFAM

    Segundo o documento, as 85 pessoas mais ricas
    viram sua fortuna coletiva crescer
    US$ 668 milhões ao dia, entre 2013 e 2014.

    Isso corresponde a quase meio milhão de dólares por minuto.

    Ao mesmo tempo, aumentou também a desigualdade
    entre os mais ricos e os mais pobres

    Repórter Pedro Peduzzi, de Brasília | Edição: José Romildo

    Relatório divulgado hoje (29) pela Oxfam – organização não governamental que desenvolve campanhas e programas de combate à pobreza em todo o mundo – informa que, desde o início da crise financeira internacional, em outubro de 2008, dobrou o número de bilionários no mundo.

    Ao mesmo tempo, aumentou também a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.

    De acordo com o diretor da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst, entre as causas da desigualdade, que aumenta cada vez mais o fosso entre ricos e pobres, está o “Fundamentalismo do Mercado”, que promove um crescimento econômico que beneficia apenas uma elite pequena, deixando em situação ainda mais difícil os pobres.

    “Para começar, 70% da população mundial vivem em países onde a desigualdade e a concentração de riqueza aumentaram nos últimos anos. O número de bilionários do mundo simplesmente dobrou desde que a crise financeira teve início. Crises como essa afetam, em geral, o lado mais frágil da corda”, disse ele à Agência Brasil.

    E o aumento da desigualdade, acrescenta ele, pode levar a um retrocesso de décadas na luta contra a pobreza.

    Diretora executiva da Oxfam Internacional, Winnie Byanyima disse que o mundo possui recursos suficientes para melhorar a vida de todos.

    “É hora de equilibrar o jogo antes que a situação piore”, avalia Winnie.

    A fim de pressionar as lideranças mundiais a “transformar a retórica
    em prática e garantir condições mais justas às pessoas mais pobres”,
    o relatório – intitulado Equilibre o Jogo: É Hora de Acabar com a Desigualdade Extrema – mostra que, enquanto centenas de milhões de pessoas vivem em abjeta pobreza sem acesso a serviços essenciais de saúde ou à educação básica, as pessoas ricas têm dinheiro que jamais poderão gastar durante toda a vida. “Se as três pessoas mais ricas do mundo gastassem US$ 1 milhão por dia, precisariam de 200 anos para exaurir suas fortunas”, informa o relatório.

    Segundo o documento, as 85 pessoas mais ricas viram sua fortuna coletiva crescer US$ 668 milhões ao dia entre 2013 e 2014.

    Isso corresponde a quase meio milhão de dólares por minuto.

    Atualmente, na África Subsaariana, há 16 bilionários convivendo com 358 milhões de pessoas na extrema pobreza. E, na África do Sul, a desigualdade está maior agora do que na época do fim do apartheid. Uma das sugestões da Oxfam para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres é o investimento em serviços públicos gratuitos, principalmente nas áreas de saúde e educação. A cada ano, diz o estudo, cem milhões de pessoas são levadas à pobreza porque são obrigadas a pagar por serviços de saúde.

    Na avaliação de Simon Ticehurst, a desigualdade é ruim para todo o mundo e causa impactos nas condições de emprego e na segurança, além de resultar também em instabilidade política. A América Latina, exemplifica o pesquisador, é a região mais desigual e insegura do planeta. E é a que registra mais violência. “Mas a desigualdade não está presente apenas nos países mais pobres”, ressalta ele. “No Reino Unido, dependendo de onde você nasce e de onde você mora, a diferença na expectativa de vida pode chegar a nove anos de diferença. Isso também está relacionado às diferenças sociais, porque quanto maior for a sua qualidade de vida, maior será a sua longevidade”, disse.

    Outro país citado pelo diretor da Oxfam são os Estados Unidos. “Lá, se você nasce dentro de família pobre, tem 50% a mais de chances de ser pobre na fase adulta. É um país que tem baixíssima mobilidade social. Isso desmente o que prega o American Dream [Sonho Americano]. Como bem disse Richard Wilkinson no resumo executivo da nossa publicação, se os americanos querem viver o sonho americano, devem se mudar para a Dinamarca”.

    Apesar dos históricos problemas de desigualdade social no Brasil, o país é citado como exceção, ao ser comparado à tendência que se verifica no mundo, de aumento da desigualdade social. “Podemos dizer que o Brasil está construindo um tipo de Brazilian Dream (sonho brasileiro). Há muito a avançar, mas os primeiros passos já foram dados. Enquanto outros países, inclusive europeus, estão andando para trás, o Brasil está melhor equilibrado, apesar da situação ainda desfavorável para boa parcela da população. Mas o Brasil precisa ter cuidado para não cair no discurso do fundamentalismo de mercado. Isso colocaria em risco todos os avanços conquistados”, alerta o diretor da entidade britânica.

    Na avaliação de Simon Ticehurst, situações de desigualdade identificadas em boa parte do mundo, apesar de serem historicamente problemáticas, podem ser corrigidas. Basta que se insista nas políticas que são acertadas. “Não é inevitável. Podem ser corrigidas com uma série de medidas relacionadas à importância de os governos responderem às necessidades de todo o povo, e não de uma elite econômica. O problema é quando, a exemplo do que acontece na política brasileira, há uma exagerada influência das elites no parlamento”, disse ele.

    Para a Oxfam, uma medida que pode ajudar a amenizar o problema é o combate efetivo à sonegação fiscal, principalmente das grandes corporações multinacionais e das pessoas mais ricas do mundo.

    “Uma alíquota de imposto de apenas 1,5% sobre a fortuna dos bilionários do mundo poderia arrecadar o suficiente para colocar todas as crianças na escola e fornecer assistência à saúde nos países mais pobres”, sugere o relatório.

    “Não é que sejamos antimercado, mas é justamente o extremo do fundamentalismo de mercado o que tem criado essa explosão de desigualdade.
    Por esse motivo nossa campanha tem o nome Equilibre o Jogo.
    O desafio é encontrar um equilíbrio, onde todos possam ganhar.
    Não apenas os super-ricos”, disse Ticehurst.

    (http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-10/crise-financeira-dobrou-o-numero-de-bilionarios-no-mundo-diz-oxfam)
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Walter

Por alguns ditos blogs sujos , quem critica é chamado de paulista, tucano, e tals…
Acorda Eduardo,só elogia quem leva uma beirada….

alex

HEHEHE … O PT GOSTA MESMO É DO “PUDER”… Tem dúvida? Quem se sai bem no governo Dilma é o Setúbal que achincalhou a presidenta até não querer mais.

Lukas

As medidas que Dilma está tomando são aqueles que Aécio disse que tomaria e chamou de “MEDIDAS IMPOPULARES” e que Dilma afirmou em campanha que não tomaria.

FrancoAtirador

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E Nós

No Caos

Sem Cós.
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    FrancoAtirador

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    No mínimo, uma Bela Jogada de Marketing Governamental dos Stêits

    Popularidade de Obama cresce e atinge maior nível em dois anos.

    No discurso de 3ª-feira, ele enfatizou a luta contra a desigualdade:

    Entre outras iniciativas, inclui imposto de 28% sobre ganhos de capital,
    acima de US$ 500 mil, e taxação de heranças.

    O Ataque de Obama ao Patrimonialismo atinge os Ricos.

    Hora a Hora – Carta Maior

    (http://www.cartamaior.com.br)
    .
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    FrancoAtirador

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    Analogia

    No Centro do Capitalismo Global,
    são os Bancos Centrais que mandam,
    e os da Periferia só obedecem.

    11 Enero 2015 – 11:49 BRST
    El País

    Os Presidentes e a Economia

    Melhora da economia é, sem dúvida, um dos fatores pelos quais
    o índice de aprovação do presidente Obama está aumentando

    Por Paul Krugman*

    De repente, ou pelo menos é o que parece, a economia dos Estados Unidos tem um aspecto melhor.
    Há algum tempo as coisas já pareciam bem, mas, nesse momento, os sintomas da melhora –aumento do emprego, um PIB que cresce com rapidez, a recuperação da confiança da população — são inconfundíveis.

    A melhora da economia é, sem dúvida, um dos fatores pelos quais o índice de aprovação do presidente Barack Obama está aumentando.
    É palpável a sensação de pânico dos republicanos, apesar de sua vitória nas eleições parlamentares.
    Esperavam chegar à votação presidencial de 2016 em meio a um contexto de fracasso; o que vão fazer se a economia caminhar bem?

    Bem, isso é problema deles.

    O que eu quero levantar, no entanto, é se isso faz algum sentido.
    Qual influência exerce, em qualquer caso, o ocupante da Casa Branca na economia?

    A resposta que os economistas costumam dar, ao menos quando não estão a cargo dos políticos, é “não muita”.

    Mas desta vez é diferente?

    Para entender porque os economistas costumam tirar a importância da função dos presidentes, vamos relembrar um episódio bastante mitificado da história econômica dos EUA: a recessão e recuperação da década de 1980.

    A direita, é claro, relembra essa década como uma época de milagres propiciados pelo ‘santo Reagan’, que reduziu os impostos, conjurou a magia dos mercados e conduziu o país a uma criação de empregos jamais repetida, nem antes nem depois.

    Na realidade, os 16 milhões de postos de trabalho criados nos Estados Unidos durante o mandato de Reagan só estão um pouco acima dos 14 milhões criados durante os oito anos anteriores.

    E durante o mandato de um presidente posterior — Bill alguma coisa — foram criados 22 milhões de postos de trabalho.
    Mas quem está contando?

    De toda forma, no entanto, as análises sérias do ciclo empresarial da época de Reagan dão muito pouca importância a Reagan e destacam, em vez disso, o papel do Federal Reserve [FED = Banco Central dos United States of America], que determina a política monetária e, em grande parte, é independente do processo político.

    No começo da década de 1980, o FED, dirigido por Paul Volcker, estava decidido a reduzir a inflação, ainda que pagando um preço alto por isso.

    Aplicou medidas mais rígidas e fez com que as taxas de juros disparassem, o que elevou os juros hipotecários para mais de 18%.

    O que houve a seguir foi uma grave recessão que trouxe consigo números de desemprego de dois dígitos, mas também acabou com a espiral de preços e salários.

    Depois, o FED decidiu que os Estados Unidos já tinham sofrido bastante.

    Afrouxou um pouco as rédeas, o que provocou uma queda abrupta das taxas de juros e um aumento da construção de moradias.
    E a economia se recuperou.

    Reagan levou o mérito político pelo “despertar dos Estados Unidos”, mas Volcker foi o verdadeiro responsável tanto pela crise como pelo auge econômico.

    A questão é que, normalmente, o Federal Reserve, e não a Casa Branca, controla a economia.
    Mas devemos aplicar esta mesma regra ao mandato de Obama?
    Não totalmente.

    Por um lado, o FED tem tido dificuldade para conseguir impulso após a crise financeira de 2008, uma vez que a enorme bolha imobiliária e hipotecária teve como consequência a resposta relativamente pequena do gasto privado às variações de taxas de juros.

    Neste caso, a política monetária tinha muita necessidade de se apoiar em um aumento temporário do gasto público, o que significa que o presidente poderia fazer uma grande diferença.

    E foi assim, durante um tempo.

    Pode ser que, do ponto de vista político, o estímulo econômico de Obama tenha sido um fracasso, mas a imensa maioria dos economistas acredita que serviu para suavizar a recessão.

    Porém, desde então, a devastadora oposição republicana tem compensado com sobras o esforço inicial.

    De fato, o gasto federal ajustado pela inflação e o crescimento demográfico é mais baixo agora do que era quando Obama assumiu o cargo.
    No mesmo momento do mandato de Reagan, havia aumentado mais de 20%.
    Para que depois digam da política fiscal.

    No entanto, há outro aspecto em que poderíamos afirmar que Obama fez uma grande diferença.

    O Federal Reserve tem tido muita dificuldade para dar força, mas ao menos conseguiu impulsionar a economia;
    e fez isso apesar dos ataques ferozes dos conservadores, que acusaram o FED várias vezes de “enfraquecer o dólar” e de estabelecer as bases para uma inflação descontrolada.

    Se Obama não tivesse protegido sua independência, é muito provável que o FED tivesse sucumbido às intimidações e subido as taxas de juros, o que teria sido desastroso.

    De forma que, indiretamente, o presidente ajudou a economia ao defendê-la das hordas da restrição de crédito.

    E, por último, mas não menos importante, ainda que possamos pensar que Obama tenha tido pouco ou nenhum mérito pelas boas novas sobre a economia, o fato é que seus adversários estão há anos afirmando que sua atitude ruim — sabe-se que ele deixou escapar, algumas vezes, que alguns banqueiros tinham se comportado mal — é, de alguma forma, responsável pela má situação econômica.

    Agora que seu mandato está conhecendo um inesperado auge econômico, não podem voltar atrás e simplesmente tirar dele toda a responsabilidade.

    Então, o presidente é responsável pela aceleração da recuperação? Não.

    Podemos, no entanto, afirmar que estamos indo melhor do que iríamos se a Casa Branca estivesse nas mãos do outro partido?

    Sim. Aqueles que culpavam Obama por todos os nossos males econômicos agora parecem idiotas?
    Sim, parecem. Porque, na verdade, eles são.

    *Paul Krugman é professor de Economia da Universidade de Princeton e ganhador do prêmio Nobel de Economia de 2008.

    (http://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/09/economia/1420811799_157143.html)
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