Religiões de matriz africana se unem no Distrito Federal: Por reconhecimento, contra intolerância
Tempo de leitura: 3 minPor Adi Spezia, do Terreiro Sol do Oriente
Ao som de atabaques e às margens do Lago Paranoá, religiões de matriz africana realizaram nesse sábado, 23/09, na Praça dos Orixás, em Brasília (DF), o “Umbanda Unida”.
Com o objetivo de ir além dos segmentos da população que praticam as religiões de matriz africana, o evento reuniu cerca de onze terreiros de umbanda e candomblé do Distrito Federal, Luziânia (GO) e Águas Lindas (GO), apoiadores e simpatizantes.
Pela primeira vez ele aconteceu na capital federal,
Foi organizado pelas casas de axé lideradas por Pai Deivid de Ogum, Mãe Beth de Iansã, Pai Francisco, Pai Antônio, Mãe Michelle, Pai Emerson, Pai Caio de Xangô, Pai Sérgio, Pai Alex, Pai Marcelo, Pai Fábio de Xangô e Pai Antônio de Maré , com o apoio da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e entorno.
Devido ao aumento dos casos de intolerância religiosa contra os terreiros, o evento buscou também mostrar como são realizados os trabalhos nas casas de axé.
Segundo estudo realizado em 2018 pela Fundação Palmares, Ministério da Cultura e UnB, há no Distrito Federal e entorno cerca de 330 terreiros, dos quais 57% são de umbanda.
“O Umbanda Unida nasceu do diálogo entre os líderes religiosos, pais e mães de santo”, conta Pai Deivid de Ogum, da Tenda Pai João da Caridade, em Luziânia (GO).
“Estamos aqui com todo o amor, com todo o carinho, com toda a fé para celebrar os nossos orixás, que é tudo que a gente tem na nossa vida. Não fomos nós que os escolhemos, foram os orixás que nos escolheram”, destaca Mãe Beth de Iansã, do Terreiro Sol do Oriente, em Águas Lindas (GO).
“Por uma umbanda unida e contra a intolerância religiosa, nossos tambores não podem parar de tocar. Nunca! Por nada! A gente tem que reagir”, orienta a líder religiosa.
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“Este evento, Umbanda Unida, deve ser realizado mais vezes, a união da nossa religião é fundamental”, defende Rafael Moreira, presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também presente à cerimônia.
”A revitalização de espaços, como a praça dos Orixás, é fundamental para que não tenhamos de ver os orixás sendo agredidos pelo racismo religioso”, frisa a parlamentar.
”O que acontece com as religiões de matriz africana não é apenas intolerância, é o racismo religioso”, Kokay reforça.
”Eles não suportam o toque dos tambores nem a força da crença africana entre os povos tradicionais, que resistiram a toda tentativa de silenciamento”, observa.
“Aqui, no Umbanda Unida, a gente tem noção exata da força que a umbanda tem no nosso país. Essa força irá fazer com que nós tenhamos o respeito à umbanda, que é brasileira, mas que vem trazendo as matrizes africanas”, acrescenta Erika Kokay que há anos encampa essa luta no Congresso Nacional.
Praça dos Orixás
A Praça dos Orixás é Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, título instituído pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do DF.
Também chamada de prainha, fica às margens do Lago Paranoá, ao lado da Ponte Honestino Guimarães, na Asa Sul.
O local é mais conhecido pela festa de Iemanjá, realizada em fevereiro, e pelas festividades do réveillon.
Destinado às religiões de matriz africana, o espaço tem sido alvo de depredação e intolerância religiosa.
”É um reflexo do que os terreiros e casas espíritas enfrentam no DF e entorno”, avalia Mãe Beth de Iansã.
“Ocupar esse espaço é símbolo de resistência para nós umbandistas”, conclui a líder religiosa.
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Comentários
Zé Maria
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Os Movimentos Sociais, Sindicais e Humanistas de Vanguarda
terão de providenciar uma Grande Manifestação Unificada
para firmar Posição Radical Contra o Reacionarismo Vigente,
sob pena de a Sociedade Brasileira ser inteiramente Dominada
pelo NeoFascismo Neoliberal Bolsonarista Lavajatista que está
se articulando no Congresso Nacional e na Imprensa Venal.
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