“O veto à possibilidade de transferência de recursos do Tesouro aos bancos públicos é um problema sério”, afirma pesquisador; áudio

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

Em 18 de abril, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregaram ao Congresso Nacional a versão final do projeto de novo arcabouço fiscal.

O NAF, como já é conhecido, tem sido alvo de muitas críticas.

Regina Camargos analisou-o em sua coluna Economia sem mistérios, no Viomundo.

“Copo meio cheio ou meio vazio?”, indagou. “O novo regime fiscal cumprirá suas promessas?

Nesse artigo, Regina sugeriu aos leitores a entrevista do economista Marcelo Manzano ao podcast Em Em tempos de guerra, a esperança é vermelha, no Spotify, que foi ao ar em 22 de abril, no episódio 323.

Com há outras matérias no mesmo programa (a íntegra, pode ser ouvida aqui), para facilitar, editamos à parte a entrevista de Manzano, que é assessor da Fundação Perseu Abramo e pesquisador do Instituto de Economia da Unicamp.

Patrick Campos Araújo é locutor e entrevistador do podcast.

A sua primeira pergunta:

— Há quem diga que o novo arcabouço fiscal é, na verdade, um tipo de calabouço, uma espécie de novo teto de gastos. Marcelo, você concorda com essa ideia ou, na tua opinião, a proposta é melhor do que o antigo teto de gastos, aquela proposta implementada ainda lá no governo Temer?

Marcelo Manzano destaca uma novidade do novo arcabouço fiscal que até o dia 18 de abril não havia sido divulgada pelo governo: veto à possibilidade de transferências de recursos do Tesouro Nacional para bancos públicos, como BNDES, Caixa, Banco do Brasil, entre outras instituições financeiras estatais.

A respeito desse veto, resumidamente, Marcelo Manzano afirma.

— Isso é um problema sério, a meu ver.

— Por esse veto, o governo não consegue aportar recursos nas instituições financeiras, nos bancos públicos. E sem esses recursos, o governo não tem como garantir taxas subsidiadas, como fizemos nos governos anteriores.

— Então, estreitou-se aí o nosso o nosso grau de discricionariedade para fazer política de desenvolvimento nacional, para fazer com que determinados setores que são estratégicos, seja do ponto de vista de acúmulo de conhecimento e tecnologia, seja ponto de vista de geração de emprego, seja do ponto de vista de nos garantir autonomia energética ou tantas outras frentes importantes, como soberania nas comunicações, etc.

— Com esse veto, não teremos agora instrumentos efetivos para direcionar a estrutura produtiva nacional a esses setores estratégicos.

— Ficaremos na mão — e acho que é isso mesmo que o mercado esperava — das decisões dos bancos privados e os bancos privados não atenderão essas demandas, não se interessam por projetos que coincidem com interesse nacional.

— Os bancos privados se pautam pela possibilidade de rentabilidade rápida no curto prazo, com altas taxas. Não farão investimentos como esses que precisamos.

Ouçam a íntegra da entrevista no topo. Vale muito a pena.

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Comentários

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Zé Maria

Agora, para os Bancos Públicos conseguirem reduzir
as Taxas de Juros de Financiamentos da Produção,
terão de fazer uma Campanha para Quitação das
Dívidas, abatendo os Juros de Empréstimos já
Existentes privilegiando as Famílias de Menor
Poder Aquisitivo ou as Pessoas Desempregadas.
Assim, poderão subsidiar Novos Financiamentos.

Zé Maria

É isso!

O Governo “está jogando contra o Próprio Patrimônio”, literalmente.
.
.
Excertos

“Por esse veto, o governo não consegue aportar recursos
nas instituições financeiras, nos bancos públicos.
E sem esses recursos, o governo não tem como garantir
taxas subsidiadas, como fizemos nos governos anteriores.

Então, estreitou-se aí o nosso o nosso grau de discricionariedade
para fazer política de desenvolvimento nacional,
para fazer com que determinados setores que são estratégicos,
seja do ponto de vista de acúmulo de conhecimento e tecnologia,
seja ponto de vista de geração de emprego, seja do ponto de vista
de nos garantir autonomia energética ou tantas outras
frentes importantes, como soberania nas comunicações”…

“Com esse veto, não teremos agora instrumentos efetivos
para direcionar a estrutura produtiva nacional a esses
setores estratégicos.

Ficaremos na mão das decisões dos bancos privados
e os bancos privados não atenderão essas demandas,
não se interessam por projetos que coincidem com
interesse nacional.”
[…]
“E acho que é isso mesmo que o mercado esperava.”
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