Felipe Coutinho: Propostas da Petrobrás à Comissão de Valores dos EUA não condizem com o interesse nacional

Tempo de leitura: 3 min

Propostas da direção da Petrobrás estão na contramão do interesse nacional

Alinhamento com pares sugere submissão da direção da Petrobrás aos interesses e prioridades das petrolíferas estrangeiras

Por Felipe Coutinho*, no AEPET

O Diretor Financeiro Sérgio Caetano Leite apresentou propostas para o novo Planejamento Estratégico da Petrobrás à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). 

Das propostas, podemos apreender não apenas o caminho que se pretende seguir, mas também aqueles que foram descartados.

De “Adequação e melhoria do atual parque de refino” é revelado que não se pretende ampliar o parque de refino ou recuperar as refinarias privatizadas RLAM (BA), REMAN (AM) e LUBNOR (CE).

O “foco em produtos de alta qualidade e de baixo carbono” e o “uso de matérias primas renováveis e desenvolvimento de produtos sustentáveis” no refino, está em contradição com “os ganhos de eficiência” e o objetivo de “estar entre os melhores refinadores do mundo”, já que os custos da produção do BioQAv e do Diesel Renovável, a partir de óleos vegetais e gorduras animais, são muito maiores que os custos da produção dos seus congêneres, QAv e Diesel, de origem fóssil.

Em “transição energética justa” e “vanguarda global na transição energética” se pretende “o alinhamento com os pares”.

E também em “os investimentos devem ser financiados pelo fluxo de caixa, ao nível dos pares, e preferencialmente por parcerias”.

Fica claro que não se pretende aumentar significativamente os investimentos, com políticas de conteúdo nacional.

O alinhamento com os pares sugere a submissão da direção da Petrobrás aos interesses e prioridades das petrolíferas estrangeiras.

Infelizmente, nada disso é surpreendente.

Em 11 de novembro de 2022, sob o título Jean Paul Prates Revelado escrevi:

“As opiniões e a atuação histórica do senador Jean Paul Prates (PT-RN) são contraditórias e incompatíveis com as políticas defendidas pela AEPET”.

Em 2 de janeiro de 2023, em Nota sobre a indicação de Prates para a presidência da Petrobrás, a AEPET reitera:

“O presidente eleito Luiz Inacio Lula da Silva indicou Jean Paul Prates para a presidência da Petrobrás. Antes da indicação, a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) revelou declarações e posturas políticas do ex-senador e empresário. Prates foi entusiasta da quebra do monopólio estatal do petróleo exercido pela Petrobrás, no governo FHC, em 1997. Defendeu a privatização da Petrobrás, participou da elaboração da Lei do Petróleo (Lei No 9478/97) e foi redator do Contrato de Concessão. Desde 1991, atuou como empresário e consultor das petrolíferas que pretendiam explorar o petróleo e o mercado brasileiros, através da Expetro Consultoria.

São declarações e posições políticas que não se justificam, ou se apagam, em qualquer tempo ou contexto.”

O foco da Petrobrás deveria ser:

Auditoria das privatizações dos seus ativos e a recuperação da BR Distribuidora, das malhas de gasodutos da NTS e da TAG, das refinarias RLAM (BA) e REMAN (AM), das distribuidoras de GLP (Liquigás) e de gás natural (Comgás).

Conclusão do 2º trem da RNEST (PE), do COMPERJ (RJ) e a ampliação do parque de refino.

Retomada e o aumento da produção de fertilizantes, biodiesel e etanol.

Integração vertical com maior participação e operação de unidades petroquímicas.

Alteração da política de preços com o fim dos Preços Paritários de Importação (PPI), adotando preços justos e competitivos, abastecendo o mercado brasileiro aos menores custos possíveis.

Elevação dos investimentos com a adoção de políticas de conteúdo nacional e substituição de importações.

Além do estabelecimento de um plano nacional de pesquisa e desenvolvimento em energias potencialmente renováveis, sob a liderança da Petrobrás.

*Felipe Coutinho é engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)

Leia também:

Ângela Carrato: Mídia insinua nova Lava Jato para forçar governo a manter a Petrobrás como “vaca leiteira” dos oligarcas do mundo

Jeferson Miola: Banco Central e Petrobrás, engrenagens do roubo legalizado da renda nacional por saqueadores


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Zé Maria

Quem proporcionou a Ascensão da Extrema-Direita,
com Instrumentação das Redes Sociais, no Brasil e a
Infiltração de Sequazes do Neoliberalismo na Petrobras,
no Banco Central e no [des]Governo Federal em geral.
.
.
https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2023/04/image-13.png

“Xadrez de Deltan e o Caso Patrícia Coelho” [*]

Por Luis Nassif, no GGN: https://t.co/G0vPmBpJVh

https://twitter.com/LuisNassif/status/1646117619727052801

Um dos episódios que precisam ser investigados: o caso da empresária
“Patrícia Tendrich Pires Coelho”, que prometeu uma doação de R$ 1 milhão
para o Instituto MUDE – criado por Dallagnol para levantar contribuições
empresariais – e foi poupada pela Lava Jato, apesar de sua participação
central em um golpe contra a Petrobras.

Há um conjunto enorme de episódios mal explicados, e de informações
sonegadas que, a partir de agora [com o Depoimento de TaclaDuran],
virão à tona.

Especialmente depois que o ministro Ricardo Lewandowski manteve
no Supremo Tribunal Federal as investigações sobre o caso.

Com isso, cessa a blindagem que a Lava Jato recebia do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região [TRF4].

[*] https://vermelho.org.br/2019/09/02/dallagnol-captava-recursos-de-empresarios-para-instituto-mude/
https://apublica.org/2019/09/deltan-captava-recursos-de-empresarios-para-instituto-mude/

Íntegra:
https://jornalggn.com.br/xadrez-2/xadrez-de-deltan-e-o-caso-patricia-coelho-por-luis-nassif/

Antonio Azevedo

TACLA DURAN, O CASO HARDT, AS JOIAS E O CÍNICO 

Diógenes de Sínope, filósofo que fez da mendicância sua expressão de virtude, vivia perambulando com sua lamparina pelas ruas da antiga Atenas,  atual Grécia, no Continente Europeu – quando era indagado por qualquer transeunte, alegava que estava procurando um homem honesto. Detalhe: ele morava em um tonel e buscava como ideal cínico uma vida sem luxúria a despeito das benesses da civilização à época; era ainda, conhecido como Diógenes, o Cínico, que enfrentou Platão com uma galinha despenada, atraiu a admiração de Alexandre, O Grande, pela franqueza e, praticava como nenhum outro filósofo de sua época a “parrhesía” (do grego: fala franca, fala reta). Admirado por Foucault, outro filósofo que em seu livro “Coragem da Verdade” descreveu-o assim: “O cínico é o homem do cajado, é o homem da mochila, é o homem do manto curto, barba hirsuta, pés descalços e sujos, com a mochila, o cajado, e que está ali, nas esquinas, nas praças públicas, na porta dos templos, interpelando as pessoas para lhes dizer algumas verdades”. Segundo Foucault: “O cinismo é a forma de filosofia que não cessa de colocar a questão: qual pode ser a forma de vida que seja tal que pratique o dizer-a-verdade?” A “verdade cínica” é um grande desafio para a sociedade atual sob ponto de visto do badalado modismo pós modernista. Ela é o calcanhar de Aquiles; o ponto nevrálgico das relações humanas da vida em comum. É dificílimo aceitá-la, simplesmente porque a partir da “verdade cínica”, existem coisas que não são negociáveis, não são objetos do mercado, não são vendáveis, não são consumíveis e, nem muito menos comercializáveis. Entretanto, passados mais de um ano da guerra que sequestrou a verdade entre Rússia X Ucrânia e desnudou a sociedade pós moderna que de pós não tem nada, clamam justamente pelo contrário: por coisas negociáveis, vendáveis, consumíveis e comercializáveis, onde a corrupção e a mentira é destacadamente a regra e não a exceção vide o caso das joias apreendidas no Aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Aliás, o combate à corrupção e as falsidades políticas da guerra somados às manifestações das minorias tem sido uma das principais bandeiras advindas do clamor das ruas nos últimos tempos e encontra desafios gigantescos advindos dos próprios protestantes que para as ruas foram decorrentes em grande parte dos seus próprios vícios. Ou seja, ainda é raro, é raríssimo, encontrar alguém que nunca tenha cometido pequenos desvios de conduta no seu cotidiano, como por exemplo: furar a fila do ingresso do cinema ou do teatro ou comprar produtos falsificados na feirinha da “china”. Importante frisar que esses comportamentos não deslegitimam, de forma alguma,  o grito das minorias ou o clamor que vêm das ruas contra a corrupção, contra a guerra na Ucrânia ou as manifestações na França contra a reforma previdenciária de Macron, pelo contrário, apenas exemplificam que o problema da corrupção, destacadamente a que acontece no coração da Europa, estão para além da esfera midiática que busca apenas altos índices de audiência. Assim, ao lançar um olhar mais sutilmente crítico sobre à corrupção, a denúncia de Tacla Duran sobre o possível crime de extorsão do lavajatismo, o caso Petrosix-Hardt que envolveu a possível venda de tecnologia da Petrobras para empresas estrangeiras as joias apreendidas do ‘capitão’ pela Receita Federal, o que se encontra no horizonte é, estupefato e embasbacado, o arguto Diógenes de Sínope, o Cínico, perambulando com sua lamparina pelas ruas tentando encontrar um ser humano honesto.

Prates é parte do acordo para a eleição e, principalmente, para a posse e permanência do próprio governo. O ministério foi entregue a uma pessoa que não tem um voto sequer no Congresso; que, no seu próprio partido, não controla sequer um voto. Mas a ele foi dado o controle de toda a área de energia.

Zé Maria

Aprovado!

abelardo

Concordo que o passado, que suas posições atuais e o comportamento de fazer jogo contra a Petrobras e a nação brasileira, depõe totalmente contra o atual presidente da empresa.
Parece que colocaram um lobo, vestido em pele de cordeiro, para dirigir uma das maiores empresas do mundo e que se mostra gravemente incompatível com as suspeitas intenções desse empresário concorrente.

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