Fátima Oliveira: Voto livre é como canja de galinha

Tempo de leitura: 3 min

Voto livre é como canja de galinha: não faz mal a ninguém

E aquilo no Maranhão que acabou em greve de fome?

FÁTIMA OLIVEIRA
Médica – [email protected]

Quando penso que já vi ou li sobre toda a podridão imaginável dos porões e sótãos da política partidária, a realidade diz que não! O que foi aquilo lá no Maranhão que redundou em greve de fome pelo voto livre de três petistas gabaritados: o líder camponês Manoel da Conceição, o deputado federal Domingos Dutra e a ex-deputada federal Terezinha Fernandes? A Direção Nacional do PT anulou o Encontro Estadual que decidiu apoio a Flávio Dino para governador e impôs o apoio à candidatura Roseana Sarney!

Todo mundo sabe o que penso da suserana, de dom Bigodom et caterva. Quem diria que o purismo petista se afogaria na ilha de Curupu? Aconteceu. Falta de senso é pouco. É coisa de quem nasceu sem o “locus” da moralidade, em si um quadro psiquiátrico. Não canso minha beleza e nem escangalho minha saúde acolhendo gato que se passa por lebre. Só obedeço à minha consciência de livre-pensadora. Abomino a cordeirice – a postura de que, para se militar em um partido, é exigido que abdiquemos dos próprios neurônios.

Uma amiga diagnosticou a doença e receitou o remédio para o que a Direção Nacional do PT aprontou: “Só canja de galinha dá jeito nessa gente delirante! Vai ver que esse delírio é febre, que nem aquele ex-governador que anda a repetir: ‘oncotô proncovô’? Não vê dom Pedro II? Nos últimos anos de vida, só comia canja”. Disse-lhe que ele morreu de pneumonia (5.11.1891) e que caldo de galinha não substitui antibiótico.

Relembrando a conversa, desejei comer uma canja caliente, que adoro e é uma invenção gastronômica medicinal com sabor de infância. Em minha casa, criança com febre não bebia leite de vaca, que para vovó era forte demais, então era agraciada com “leite Ninho”; e carne, só canja de galinha, que fazia suar e “passava a febre”! A canja era “comida para doentes”. Quando estou gripada e febril, corro pra canja de galinha e pros chás, de gengibre, erva cidreira…

Há comprovação científica do poder curativo da canja. Na crônica “A favorita do Imperador”, Daniela Prandi relata que Stephen Rennard, da Universidade de Nebraska (EUA), reabilitou a canja de galinha ao posto de “remédio”. Seus estudos evidenciaram que a cisteína, um aminoácido que galináceos liberam durante o cozimento, é, no aspecto químico, similar à acetilcisteína – usada como mucolítico que protege as células pulmonares contra o dano dos radicais livres oxidantes; e que caldo de galinha e legumes, como cebola, cenoura e batata, retardam o movimento dos neutrófilos, um tipo de glóbulo branco do sangue que, embora ataquem os germes invasores, são responsáveis por grande parte dos sintomas do resfriado.

De origem asiática, a canja foi oficialmente prescrita por Garcia da Orta (1490-1570), médico da Corte Portuguesa, que, “depois de uma viagem à Índia, escreveu ‘Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia’ (1563), no qual mencionou um certo ‘caldo de arroz, ou canje’”. Há registros de que, no palácio da Ajuda, em Portugal, “A cozinha devia ter sempre canja fresca elaborada para a rainha dona Maria Pia, que a consumia todos os dias”, o que lança luzes sobre a veneração que dom Pedro II (1825-1891) nutria pelo prato, que rendeu até um livro, com histórias inusitadas, “A Canja do Imperador”, de J. A. Dias Lopes (Companhia Editora Nacional). Dizem que, quando ele ia ao teatro, saboreava “uma canja quente entre o segundo e o terceiro atos, que só começava, por isso mesmo, ao ser dado o aviso de que Sua Majestade terminara a ceiazinha”.

Publicado em: 22/06/2010


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Comentários

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jayron

Isto é uma lastima…até quando o povo suportará sem nada fazer que valha tirar do poder essa gente feito Sarney…
acorda Brasil
=]

Elias São Paulo SP

O feudo político de Sarney (dom Bigodom, rs) se estende muito além do Maranhão. Tanto que Sir Ney é senador pelo Amapá. Infelizmente, na política, a arte de engolir sapo ainda se faz presente, aliás, nos dois lados. O PSDB nasceu de uma dissidência paulista do PMDB. Franco Montoro, Mário Covas, FHC e Serra não engoliam Orestes Quércia. E Quércia hoje apóia Serra. Sapo engolindo sapo. Sem dúvida, um dia, canja de galinha será o prato predileto dessa gente.

PS: Recentemente, o Sapo-Folha foi recusado por Dilma. Ela não foi à ‘sabatina’ da Ditabranda. Ir à sede do jornal que publicou sua ficha falsa, na 1ª página, seria demasiado nauseante. Isso não quer dizer que está livre da saparia. Mas quem sabe?

Zilda

Tudo o que foi dito por todos que comentaram o assunto Maranhão tem sua verdade e sua coerência. Acontece que para se fazer governar e fazer as mudanças necessita-se do poder, como disse o filósofo alemão Ernst Bloch, "a novidade socialista acontece é com o poder e não com tagarelice, é com trabalho árduo de comprovação e não com lábia desleal". Muitas vezes precisamos nos misturar com o que há de pior – como é o caso.
Não vi nenhum comentário sobre a fala do Flávio Dino de buscar acordo com PSDB, PDT e PPS e oferecer palanque para José Serra no Maranhão. Por acaso isso é coerente, está de acordo com o que vem esbravejando aos quatro ventos. Está lá, no blog do Bob Fernandes, matéria do jornal Quarto Poder, do dia 18/06/2010, colocada como sendo declaração do candidato. Isso por acaso não é oportunismo? Quer dizer que ele muda de lado se não tiver o apoio que ele quer? Ao invés de punir quem o levou a essa situação ele entrega tudo ao inimigo do Brasil e do povo brasileiro? Dá pra confiar em alguém assim, que muda de lado na primeira oportunidade que tem?

    Janaíana Vaz

    Essa Zilda, essa Zilda, sei lá! Corajosa em defender o indefensável. Óleo de Peroba é caro. Será que é uma sobrevivente do afogamento na Ilha de Curupu?

    Jorge Andrade

    Ô Janaína, não tenha dúvida. Zilda é sobrevivente do afogameno na Ilha de Curupu, o local de lazer do patriarca Sarney, na qual há duas mansões, uma do pai e outra da filha. A Ilha de Curupu foi apelidada de “Fronha dos Lençóis Maranhenses”, pelos seus manguezais, praias desertas, como a de Carimã. É um paraíso. Fora Maluf, cuja ficha é
    limpinha, limpinha, provavelmente a maior folha corrida é a da família Sarney, além de mais suja do que pau de galinheiro. É isso que você defende, cara Zilda? E nem reme a cara?

mariazinha

Pois concordo, plenamente, FÁTIMA OLIVEIRA.
Como VC, tenho estômago fraco e só canja de galinha para curar nossa amargura, diante da política brasileira; entretanto, alguém necessita ser forte, ter estômago de avestruz, como NOSSO PRESIDENTE LULA, para levar o Brasil adiante. O PT precisa entender que seu ganho já é estupendo e, se trabalhar direitinho, pacientemente, sem afobação, poderá ganhar, adiante.
Alguns políticos petistas são primários.
Vale lembrar o PT do DF: com toda a vilania escrachada da oposição, falta pouco, escapar uma boa oportunidade de governar. E, no DF, é o único partido que não esta com ficha suja. PQ votam, em segredo, a cassação da deputada mais do que suja?

Seria impossível governar esse país, ainda imberbe em sua democracia, sem coragem e desenvoltura para comer comidas fortes, traiçoeiras, apimentadas, cortantes e ainda gozar boa saúde e sair-se bem.
Temo pelo desgaste físico que essa campanha possa provocar na saúde de meu PRESIDENTE.
Cuide-se, querido presidente LULA!
Cuide-se, D. DILMA, tb!… Estamos com VCs!

De Paula

Li rapidamente outros artigo sobre o assunto e até a entrevista do Flávio Dino aqui no Azenha e refiz um pouco o meu olhar sobre o assunto. LULA É INTELIGENTE QUE ARDE. No Maranhão ele deu uma no cravo e outra na ferradura e colocou Dilma Roussef em dois palanques, nos que interessam e vão ter votos. Gostar, não gostei nem um pingo, mas que foi uma jogada de maquiavel, não resta uma só dúvida.

De Paula

Adorei a metáfora de que a Direção Nacional do PT se afogou na Ilha de Curupu que, pra quem não sabe é a ilha particular de José Sarnei no litoral maranhense, bem pertinho de São Luís, no município da Raposa, que fica na Ilha de São Luís. Foi ridículo o que Lula fez, tentar obrigar aos petistas maranhense, gente como o Manoel da Conceição que foi preso e perdeu a perna quando Sarney era governador do Maranhão, que decidiu deixar o lavrador apodrecer na cadeia. E foi esse himem um doa fundadores do PT.

william porto

Acho que vergonha na cara tal e qual canja de galinha nao faz mal a ninguem. Prelo contrario, se os socialistas de resultado e os inventores dos recursos nao contabiliados do PT nao tivessem deixado de tomar e comer a honesrta canja de galinha e nao fossem se empatuurrar de dinheiro sujo e ficar fascinados pelo poder, casos como esse de se enlamearem para apoiar a corrupçao em vez de ficarem com o honesto Flavio Dino nao aconteceriam. Esse apoio a Sarney e sua camarilha e uma vergonha. A, PT.

Jairo_Beraldo

Aqui em GO é usado fubá mimoso, no lugar do arroz.

    Leider_Lincoln

    E no sul de Goiás, canjiquinha, no ligar de fubá mimoso. Vergonha na cara, eventualmente. Por que não perdoei e jamais perdoarei o Pedro Wilson por ter sido leniente no caso do delegado torturador…

    Jairo_Beraldo

    Pedro Wilson já teve seu julgamento…e agora enterrará sua carreira definitivamente…mas voce pegou pesado no "vergonha na cara"…me explique melhor isso, Leider…fiquei sem entender. Ah, voce fala muito na UFU-Uberlandia…minha filha fez o curso de medicina lá, no bairro Umurama. Em tempo. Não sou petista, sou Lula e Dilma. Me decepcionei com os componentes do partido, em todo lugar!

    Leider_Lincoln

    Ah sim, o "vergonha na cara" é por que considero os "nossos" [eu também não sou filiado nem vinculado ao PT] petistas, eventualmente, até mais coerentes do que os "deles". Aí fiz questão de levantar o caso do Pedro Wilson, por que o que ele fez foi imperdoável. E em relação à UFU eu fiz mestrado em Uberlândia (Economia), mas estudava no Santa Mônica. Saudações catalanas!

blogdacoroa

José Serra – O eleitor é ignorante
http://blogdacoroa.wordpress.com/2010/06/22/jose-

Madá

CANJA DE GALINHA CAIPIRA DO INTERIOR DO MARANHÃO

Ingredientes
1/2 xícara (chá) de azeite
1 cebola picada
pedaços pequenos de galinha caipira
1 tomate picado
3 litros de água
1 xícara (chá) de arroz cru e lavado
cebolinha, contro e pimenta do reino à vontade

Modo de Preparo:
Em uma panela de pressão coloque o azeite, o alho, a cebola e deixe fritar até dourar; acrescente o frango caipira e deixe refogar por 10 minutos, mexendo de vez em quando; adicione o tomate, o salsão, a água e o caldo de galinha
Tampe a panela e deixe cozinhar por 20 minutos.
Retire do fogo, abra a panela, acrescente o arroz, misture bem e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando, por 10 minutos ou até o arroz estar cozido
Coloque 1/2 xícara (chá) de azeite e o coentro e a cebolinha
Sirva a seguir

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