Fátima Oliveira: Nhá Chica é uma santa negra que nasceu escrava?

Tempo de leitura: 3 min

Até parece que a negritude é empecilho à santidade!

por Fátima Oliveira, no Jornal O Tempo

Médica – [email protected] @oliveirafatima_

Nhá Chica, a santinha de Baependi, eu sempre soube que era uma mulher negra. Foram uma surpresa os comentários sobre o embranquecimento de sua imagem, entronizada na igreja de Nossa Senhora da Conceição, no dia de sua beatificação (4 de maio de 2013).

Não há dúvida de que Nhá Chica era negra. Mas por que a imagem não a retrata como negra? Eu não vi a imagem, apenas fotos, mas quem viu diz que ela é fenotipicamente (aparência) branca. Fiquei indignada! Estou disposta a ir a Baependi conferir. Como se diz no Maranhão: “Ver de perto pra contar de certo”. Se a embranqueceram, foi uma prática racista!

Por que estou interessada na santa, já que nem religião tenho?

Acho fascinante a figura de Nhá Chica. Contam tantas histórias sobre ela, seu misticismo, a livre opção celibatária, o amor incomensurável aos pobres, a prática de um catolicismo popular respeitado e a construção da igrejinha para a santa de sua devoção, sem nenhuma ajuda do catolicismo oficial…

Ela é a primeira “quase” santa nascida no Brasil (para a Santa Sé), a primeira santa negra brasileira (para o povo), logo uma referência importante para a população negra, sobretudo para quem professa o catolicismo. São tão raras as imagens de santos(as) negros(as) que até parece que a negritude é empecilho à santidade! A supremacia numérica dos santos brancos é asfixiante para pessoas negras. Eu acho! Enfim, uma santa negra para mostrar às nossas crianças.

Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, nasceu em 1808, na fazenda Porteira dos Vilellas, na região de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, no município de São João del Rei (MG), e faleceu em 14 de junho de 1895, em Baependi (MG).

Pressupõe-se que tenha nascido escrava, já que era filha de uma: Izabel Maria, filha de Nhá Rosa, que veio de Benguela, em Angola, pois quando a Lei do Ventre Livre – que considerava livre a prole de mulher escrava nascida a partir da data da lei – foi promulgada, em 28 de setembro de 1871, Nhá Chica estava com mais de 61 anos! Ela morreu sete anos após a Lei Áurea (13 de maio de 1888).

Historiadores contam que Nhá Chica foi batizada em São João del Rei em 26 de abril de 1810 e que se mudou para Baependi aos 8 anos. Consta em seu site oficial que chegaram a Baependi a mãe de Nhá Chica, uma “ex-escrava” (comprou alforria ou foi alforriada?), o irmão Teotônio e, “com eles, poucos pertences e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição… Desde que se mudou para Baependi, Nhá Chica morou com a família numa casa humilde na antiga rua do Coqueiro – atual rua da Conceição, 165”. E que a mãe faleceu em 1818, quando Nhá Chica e o irmão estavam, respectivamente, com 10 e 12 anos de idade (www.nhachica.org.br).

Dizem que o pai do irmão de Nhá Chica era branco e que ela era filha de um índio aimoré de nome Seberê, um escultor de anjos, “originário da missão dos Aricobés, no Angical, Bahia”, expulso de suas terras. Em Minas, ele virou, mais uma vez, um fugitivo, por ser inconfidente.

Sobre a mãe de Nhá Chica ter chegado a Baependi como ex-escrava e de ter comprado uma casa, ainda que simples, revela que ela não chegou lá de mãos abanando. Há algo meio misterioso aí, assim como em sua alforria e de seus filhos. Alguns dizem que ela foi alforriada por Chica da Silva. Isabel Maria foi escrava de Chica da Silva? Provavelmente não! Júnia Ferreira Furtado, em “Chica da Silva e o Contratador de Diamantes: O Outro Lado do Mito” diz que Chica da Silva teve muitos escravos e não alforriou nenhum!

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Fátima Oliveira: Banheiros luxuosos não são para negros


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Comentários

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alexandre de melo

para o conhecimento desta jornalista, um santo é reconhecido pelos seus milagres,
náo é por votação.o fato de ter poucos santos negros é por que a africa do norte
é de maioria mulçumana e de onde vem a maioria dos escravos pois os maiores escravizadores eram mulçumanos, a parte da africa catolica é somente a parte francesa e portuguesa, a outra e maior parte da africa cristã é inglesa onde não poderia ter saido nenhum santo .
sua agressão gratuita a igreja é comum dos esquerdistas ignorantes,
dos idiotas que não sabem que o ocidente é obra da igeja.
vá viver no afeganistão.
reclame contra a escravidão aos islamistas, que são os criadores desta pratica
talvez lá voce sera ouvida.

Fátima Oliveira: Santa Nhá Chica, mestiça descendente do estupro colonial – Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Fátima Oliveira: Nhá Chica é uma santa negra que nasceu escrava? […]

Eudes Paiva

Um depoimento de Paulo Coelho sobre Nhá Chica em 23/06/09
Tombamento de Nhá-Chica

Como devem saber aquelas pessoas que leram algumas de meus textos, sou extremamente devoto de Nhá-Chica de Baependi, que já mais de uma vez em minha vida foi capaz de me ajudar em circunstâncias extremas. Não faço mais do que a minha obrigação em ajudar, de vez em quando, a obra assistencial das irmãs franciscanas. Portanto, sinto-me na obrigação de colocar aqui no meu blog um comunicado enviado por elas. Espero que o prefeito seja capaz de reconsiderar sua decisão:

Prefeitura de Baependi decreta tombamento dos bens de Nhá-Chica

“Um decreto oficial foi assinado na terça-feira dia 16 de junho pelo prefeito de Baependi, Claudio Rollo, promovendo o tombamento do acervo de Nhá Chica, como patrimônio cultural do município. A medida foi tomada a revelia da Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor que zelam pelo legado de Nhá Chica há 55 anos. Nem mesmo o Pároco local foi comunicado. E o mais grave: os restos mortais da Serva de Deus, que tem seu processo de Beatificação em fase final junto ao Vaticano também fazem parte do tombamento.

Vale lembrar que todos os pertences de Nhá Chica estão sendo MUITO bem cuidados durante todos estes anos, estando em total conservação, através dos cuidados das Irmãs e do apoio de milhares de devotos e benfeitores que contribuem financeiramente para esta manutenção.

Sendo assim o Bispo da Diocese da Campanha Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho se posicionou contrário ao Tombamento, especialmente nesta oportunidade, afimando que tal decreto pode até mesmo atrapalhar o processo de Beatifciação.

Um movimento de fiéis e devotos de toda a região está colhendo assinatuas para entregar na Prefeitura. Uma caminhada orante acontecerá nesta terça feira dia 23 como forma de protesto. Dezenas de Párocos, Bispos e autoridades estão se manifestando favoráveis a posição da Congregação e da Diocese em se manter contra o tombamento. Todos têm ciência do que vem a ser tombamento, mas que o mesmo deveria ser feito após o proceso de Beatificação e com plena participação da Igreja.”

Eudes Paiva

Cara Fátima, entendo seus questionamentos muito bem. Nhá Chica é uma santa negra, sim!

Alberto

NHÁ CHICA… BRANCA OU NEGRA?
Jair Barros

Desde quando tomei conhecimento da existência de NHÁ CHICA, visitando a casa em que morava, o que ocorreu em 1970, conservei dela o retrato de uma senhora de cor negra. Por isso, estranhei que a imagem que saiu na procissão no dia da beatificação a tenha apresentado com a cor branca. Não era ela filha e neta de escravos? Talvez por alguma espécie de equívoco meu minha dúvida não procedesse. Acontece que na FOLHA de SÃO PAULO, do dia 09/05/13, o colunista Janio de Freitas, no artigo AFINAL DE CONTAS, (PODER A9), escreveu o seguinte” “A Igreja Católica beatificou nova “Mãe dos Pobres”, NHÁ CHICA, brasileira e filha de escravos. Negra. Mas sua IMAGEM, usada na beatificação em Baependi, Minas Gerais, ostenta a tez pálida de certo tipo branco”. Diante da estranheza, me parece, implícita no articulista, pergunto-me: teria passado na cabeça de algum coestaduano meu o temor de que, pintada de negra, o culto à nossa beata mineira sofreria alguma restrição devido à cor de sua pele? Não posso acreditar! E matutando, contemplo lá nos meus dois ou três anos de idade o sorriso brejeiro, a voz grossa, o andar trôpego de um corpo muito comprido, da saudosa Ana do Sapé, colaboradora de minha mãe em sua angélica negritude a pajear este filho. E aqelas três irmãs negras, Maria Domingas, Conceição e Mercedes (Meca para os 12 irmãos que éramos), que, uma após outra, foram também coadjuvantes de minha genitora! E o Colégio Trigueiro? Onde apreendi o beabá em 1938, onde até a bordar os meninos encontravam meio de aprender, colégio dirigido por 4 negras: Sá Mestra, Sá Maria, Sá Manoela e Sá Ana , sobrinhas do vigário Padre Antônio Trigueiro, o homem que mais benefícios prestou à minha cidade, Bonfim do Paraopeba! Creio que Minas foi o Estado brasileiro que mais escravos, e portanto negros, acolheu “in illo tempore”! Ou foi a Bahia? Que o bom Deus me conceda a graça de estar vivo, quando da canonização da nossa coestaduana NHÁ CHICA!

http://jairbarros.blogspot.com.br/2013/05/nha-chica.html?showComment=1369614074614

Helenice Freitas

Cada dia a mais fico zonza como o racismo opera. Não duvido de prática racista de quem encomendou uma Nhá Chica Branca.

Azuir ferreira Tavares Filho

NHA CHICA SANTA DA NEGRITUDE, É BRASILEIRA E AFRICANA

Ela é por nossa remissão, pra por nossa gente zelar.
Para nos dar a sua benção, pro bem nos encaminhar.
De Santificada Virtude, Mulher verdadeira Humana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Humano é a Cópia do Divino, é a nossa forma ideal.
É toda Misericórdia e tino, é na gente o mais Divinal.
Ela é pra nós a plenitude, foi clemente e herculana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Simboliza ao próximo amor, e a toda boa vontade.
Nos dá a Luz do Nosso Senhor, nos desperta piedade.
Sente nossas vicissitudes, nos acolhe e não engana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Uma Santa da Esperança, a nossa chance de insurgir.
Pra jovem, velho e criança, nunca por nada desistir.
Mulher poderosa na atitude, com sua humildade bacana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Em São João Del Rei batizada, mudaram pra Beapéndi.
Deus a fez Santificada, a nos encaminhar pro redimir.
Sua bondade tem amplitude, é de praieira a cabana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Era Filha de Izabel Maria, que era filha de Nhá Rosa.
Do Nazareno e Eucaristia, de Angola Benguela formosa.
Discípula de Jesus, e senhora Conceição a lhe Guiar.
Uma Mulher de toda Luz, Irmã humana a nos guiar.

Era Indígena também, e foi ligada aos Inconfidentes.
Uma abrangência mais além, nas raízes da nossa gente.
Companheira na vicissitude, esta atenta e de campana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Em 1808 nascida, será em 1896 que ela vai falecer.
Nossa Santa Muito Querida, como Maria a interceder.
Deus lhe deu magnitude, da simplicidade interiorana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Deus lhe deu imensidão, é uma proteção do Brasileiro.
Conosco em cada aflição, nosso amor tão verdadeiro.
Ela encanta a Juventude, Mestra amiga não se engana.
Nha Chica Santa da Negritude, é Brasileira e Africana

Azuir e Turmas: de Amigos do Social da Unicamp, Campinas, SP, Amigos de Rocha Miranda,Rio de Janeiro, RJ e de Amigos de Mosqueiro, Belém , PA.

Ester Nolasco

Paulo Coelho devoto de Nhá Chica
……………………………….
A beata de Baependi
Paulo Coelho

Em 2010 se comemoram 200 anos de batismo de Nhá Chica de Baependi e quero recontar uma história. Muito tempo atrás, durante meu período hippie, minha irmã me convidou para ser padrinho de sua primeira filha. O primeiro ano se passou, e o batizado não acontecia nunca. Achei que minha irmã tinha mudado de idéia, fui perguntar o que havia acontecido, ela respondeu: \”Você continua padrinho.
Acontece que eu fiz uma promessa para Nhá Chica, e quero batizá-la em Baependi, porque ela me concedeu uma graça\”.
Não sabia onde era Baependi, e jamais tinha escutado falar de Nhá Chica. O período hippie passou, finalmente em 1978 a decisão foi tomada, e as duas famílias – dela e de seu ex-marido – foram até lá. Descobri que Nhá Chica, que não tinha dinheiro nem para seu próprio sustento, passara 30 anos construindo uma igreja e ajudando os pobres.
Eu vinha de um período muito turbulento em minha vida, e já não acreditava mais em Deus. Tinha abandonado meus sonhos loucos da juventude -entre os quais, ser escritor – e não pretendia voltar a ter ilusões. Estava ali naquela igreja para apenas cumprir um dever social; enquanto esperava a hora do batizado, comecei a passear pelos arredores, e terminei entrando na humilde casa de Nhá Chica, ao lado da igreja. Dois cômodos, e um pequeno altar, com algumas imagens de santos, e um vaso com duas rosas vermelhas e uma branca.
Num impulso, diferente de tudo o que eu pensava na época, fiz um pedido: se, algum dia, eu conseguir ser o escritor que queria ser e já não quero mais, voltarei aqui quando tiver 50 anos, e trarei duas rosas vermelhas e uma branca.
Apenas para me lembrar do batizado, comprei um retrato de Nhá Chica. Na volta para o Rio, o desastre: um ônibus pára subitamente na minha frente, eu desvio o carro numa fração de segundo, o meu cunhado também consegue desviar, o carro que vem atrás se choca, há uma explosão, vários mortos. Estacionamos na beira da estrada, sem saber o que fazer. Eu procuro no bolso um cigarro, e vem o retrato de Nhá Chica. Silencioso em sua mensagem de proteção.
Ali começava minha jornada de volta aos sonhos, à busca espiritual, à literatura. Nunca me esqueci das três rosas. Finalmente, os cinqüenta anos – que naquela época pareciam tão distantes – terminaram chegando.
Fui a Baependi pagar minha promessa. Alguém me viu chegando a Caxambu (onde pernoitei), e um jornalista veio me entrevistar. Quando eu contei o que estava fazendo ali, ele pediu:
– Fale sobre Nhá Chica. O corpo dela foi exumado esta semana, e o processo de beatificação está no Vaticano. As pessoas precisam dar seu testemunho.
– Não – disse eu. – É uma história muito íntima. Só falaria se recebesse um sinal.
E pensei comigo mesmo: \”O que seria um sinal? Só mesmo se alguém falasse em nome dela!\”
No dia seguinte, peguei o carro, as flores, e fui a Baependi. Parei um pouco distante da igreja, lembrando o executivo de gravadora que estivera ali tanto tempo antes, e as muitas coisas que tinham me conduzido de volta. Quando ia entrando na casa, uma mulher jovem saiu de uma loja de roupas:
– Vi que seu livro Maktub é dedicado a Nhá Chica – disse ela. – Garanto que ela ficou contente.
E não me pediu nada. Mas aquele era o sinal que eu estava esperando. E este é o depoimento público que eu precisava dar.

http://www.radioserranafm.com.br/radio/radio/?p=noticia_ver&id=20

Marta D.

Sobre Nhá Chica: “Apesar de viver em reclusão, no dia da abolição da escravatura ela se juntou ao povo da cidade para comemorar a conquista”.
Nhá Chica: conheça a história da primeira beata do Sul de Minas
http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2013/04/nha-chica-conheca-historia-da-primeira-beata-do-sul-de-minas.html

JULIO*Dilma2014/Contagem(MG)

Ainda não foi santificada, foi sim beatificada, portanto é uma beata da
igreja católica.

    Marta D.

    Não importa essa bobajada toda da Santa Sé para o povo. O povo a chama de santa desde tempos imemoriais. Em Minas ela é a Santa Nhá Chica. Mas a Igreja Católica, que se apoderou de TUDO de Nhá Chica desde 1954, quer ser dona da grana que o turismo religioso e as romarias aportam em Baependi, então inventou essa da beatificação. Entendeu Sr. Júlio?
    ……
    A Capela de Nossa Senhora da Conceição

    Theotônio, irmão de Nhá Chica, se casou, mas não deixou herdeiros. Quando ele morreu, em 1861, deixou sua fortuna para Nhá Chica. O irmão dela foi tenente da Guarda Nacional, vereador na cidade e juiz de vintena em um povoado próximo a Baependi, portanto é provável que deixou para a religiosa uma boa quantia de ouro, além de bens como a casa onde ela vivia e todo o terreno em volta.

    Em 1865, Nhá Chica usou o dinheiro para construir uma capela no terreno herdado ao lado de sua casa para Nossa Senhora da Conceição, santa da qual era devota fervorosa. O restante, doou para os pobres. “Contam que, em determinado momento, um pedreiro chegou para ela dizendo que o adobe (espécie de tijolo de barro) não ia dar, que não tinha a quantidade suficiente. Nhá Chica rezou para a santa e, no final, não faltou nem sobrou um adobe”, conta Maria do Carmo. A obra seria concluída cerca de 30 anos depois.

    É neste período que também se relata que aconteceu o milagre do órgão. Nossa Senhora da Conceição teria pedido à Nhá Chica que comprasse o instrumento para a igreja. Após perguntar para o padre o que era um órgão, a religiosa chegou para o maestro Francisco Raposo, amigo dela que sempre tocava para o imperador no Rio de Janeiro, e pediu que comprasse o instrumento para ela. A ele, Nhá Chica entregou um papel com o endereço na capital de onde ele deveria comprá-lo, na Rua São José, 73.

    Raposo levou o órgão de trem até Barra do Piraí (RJ), mas de lá, teve que seguir viagem de carro de boi. “Quando o órgão chegou em Baependi, não funcionava. Nhá Chica começou a rezar e disse que Nossa Senhora da Conceição havia dito que o instrumento só funcionaria no dia seguinte, sexta-feira, às 15h. E neste exato momento, o órgão foi tocado pelo maestro para toda a população, que se aglomerou em volta para ver”, relata Maria do Carmo.

    http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2013/04/nha-chica-conheca-historia-da-primeira-beata-do-sul-de-minas.html

claudia

Partindo do texto, me pareceu que estão enfraquecendo a tinta para embranquecer” a beata e colorindo a biografia para dar uns ares de classe média ou, pelo menos, “remediada”. Afinal, uma santa negra e pobre é demais!

Uélintom

kkkk… bem, se esse é o milagre dela, ou seja, ficar branca, vai abrir mercado para um São Michael Jackson!
Olha só, a foto que vi na internet, que é a que deu base para as esculturas e pinturas dela, não deixa claro seu fenótipo. Se dissessem que aquela era uma mulher italiana, árabe ou indígena norteamericana, eu acreditaria.
Quanto a ter sido escrava, bem, muitos filhos e filhas da casa-grande com a senzala permaneciam escravos até o fim da vida (e, claro, sem direito à herança).
Aliás, pensa bem, será que o fato dela não ter tido pele com coloração muito negra não teria contribuído para ela virar santa? Ou seja, ao invés dela ter sido negra e estar sendo branqueada depois de virar santa, ela não estaria sendo cultuada justamente por não ter tido a cor da pele negra?
Foto no site da CNBB:

Marta D.

Parece que Faltou tinta quando o santeiro Osni Paiva estava esculpindo Nhá Chica. Ou então foi o Vaticano que mandou passar uma tinta fraca. Caso não fosse teria devolvido a escultura, mas como recebeu quer dizer que… encomendou mesmo com tinta fraca. Mas como um artista-santeiro como Osni paiva se submete a colaborar com o racismo?

jaime

Nasceu escrava? Nasceu como qualquer ser humano e foi escravizada.

    Alberto

    Parece que muita gente precisa estudar a história do Brasl. Sim, Nhá Chica nasceu escrava, pois filhos de escrava já nascia escravo. O senhor de escravos era dono da prole de qualquer escrava!

    Lei do Ventre Livre

    A Lei do Ventre Livre, também conhecida como “Lei Rio Branco” foi uma lei abolicionista, promulgada em 28 de setembro de 1871 (assinada pela Princesa Isabel). Esta lei considerava livre todos os filhos de mulher escravas nascidos a partir da data da lei.

    Como seus pais continuariam escravos (a abolição total da escravidão só ocorreu em 1888 com a Lei Áurea), a lei estabelecia duas possibilidades para as crianças que nasciam livres. Poderiam ficar aos cuidados dos senhores até os 21 anos de idade ou entregues ao governo. O primeiro caso foi o mais comum e beneficiaria os senhores que poderiam usar a mão-de-obra destes “livres” até os 21 anos de idade.

    A Lei do Ventre Livre tinha por objetivo principal possibilitar a transição, lenta e gradual, no Brasil do sistema de escravidão para o de mão-de-obra livre. Vale lembrar que o Brasil, desde meados do século XIX, vinha sofrendo fortes pressões da Inglaterra para abolir a escravidão.
    Junto com a Lei dos Sexagenários, A Lei do Ventre Livre (1887), a Lei do ventre Livre serviu também para dar uma resposta, embora fraca, aos anseios do movimento abolicionista.

    jaime

    Parece que muita gente, por mais que leia e por mais que estude, não consegue entender de fato.
    Meu caro Alberto, nenhum ser humano nasce escravo, seja preto, amarelo, azul, verde, ou a cor que você quiser.
    Os seres humanos nascem pelados, livres e iguais, não importa sua cor, nem a época, nem a legislação que esteja vigorando.
    Dizer que Nhá Chica nasceu escrava é eximir o branco que a escravizou de sua responsabilidade e culpa. Ela não nasceu escrava – ELA FOI ESCRAVIZADA POR ALGUM BRANCO!
    É preciso um pouco mais de abstração para entender isso, parece pouco, mas é tudo! Fundamental para não vestir estereótipos.
    Grande abraço.

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