Fátima Oliveira: Engolindo as lágrimas

Tempo de leitura: 3 min

Não silencio sobre direitos e cidadania para não ser cúmplice

Sobrevivesse ou não, deveria “entrar na Justiça”

FÁTIMA OLIVEIRA — Médica – [email protected]

Em O Tempo

O que dizer a um marido que dirige 120 quilômetros com a mulher em coma, 13 dias após o parto, e não encontrou socorro no caminho, embora tenha tentado num hospital em Pará de Minas?

Disse-lhe que desconhecer os riscos dá coragem para atos como o dele. Raramente algo me surpreende num pronto-socorro, depois de tantos anos pelejando. Mas às 6h30 da matina, após quase 24 horas de plantão, ver o enfermeiro levando uma mulher jovem, aparentemente em coma, para a sala de emergência, e saber que ela veio no carro da família, de um lugar a 120 km da capital, é estranho.

Pois Minas é o Estado que mais possui ambulâncias e tem enraizada, desde priscas eras, a ideia da ambulância como, em si, um serviço de saúde. Candidato dono de ambulância não perde eleições nas Gerais.

Doente atendida, ânimos serenados e saindo do plantão, fui à portaria. Lá, uma família desolada: o marido, o filho de uns 8 anos, a mãe e uma irmã da mulher com um bebê de 13 dias nos braços. Uma cena chocante. Procurei chão ao saber que todos vieram no mesmo carro! Sem saber o que dizer, mas, como sou prática, pedi a uma enfermeira que providenciasse um pediatra para examinar o bebê e orientar a família sobre a sua alimentação. O que foi feito. Meu mal-estar era profundo. De que adiantam as minhas lágrimas? De nada! Então, eu as engoli.

Disse ao marido que tudo o que a medicina sabia fazer seria feito, porém estávamos recebendo a mulher em estado gravíssimo; e, se ela sobrevivesse ou não, em nome da dignidade e da memória dela, ele deveria “entrar na Justiça” para que os responsáveis fossem punidos exemplarmente. É uma história que não pode receber o selo da impunidade. Urge que as “autoridades competentes” demonstrem competência, saindo do imobilismo e tomando alguma providência. Morbimortalidade materna tem responsáveis, sempre!

O casal, ela com 37 anos, reside em Conceição do Pará (MG). No dia 11 de maio, ela fez uma cesariana em Pitangui (MG). Obteve alta no dia seguinte. No dia 19, apresentou forte dor de cabeça. Foi ao médico. Mesmo medicada, na sexta-feira à noite, a dor se tornou insuportável. Pediu ao marido que a levasse a Pará de Minas, um lugar de “mais recursos”. Não foi atendida. A mãe declarou que pedia para que não deixassem a sua filha morrer e implorou por uma ambulância. E nada! Sem nenhum médico ter se dignado a vê-la, da porta do hospital, a família pegou a estrada para Beagá.

Era sábado, 22 de maio. Amanhecia. No mesmo dia foi para o CTI, num pós-operatório neurocirúrgico (hemorragia subaracnoidea). Era uma paciente que precisava vir para Beagá, pois em sua cidade e naquela onde não foi acolhida eram parcos os recursos para a doença dela. Todavia, faria uma enorme diferença para ela ter sido atendida antes e transportada adequadamente. São cenas chocantes de descasos assim que dão todo sentido ao 28 de maio – Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher, e no Brasil, desde 1994, Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

“Morte materna é a morte de uma mulher durante a gestação, ou dentro de um período de 42 dias após o parto, independentemente da duração ou localização da gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela”. O 28 de maio é uma vitrine da história do feminismo e de todos espaços de resistência da luta mundial das mulheres pelo direito à saúde, em especial o sagrado direito de não morrer antes do tempo por causas preveníveis e evitáveis, e nem cruel, como a morte materna.

www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=11761


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Comentários

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Carolina

Após a um pouco mais de 1 anos hj minha tia Marcia Martins Maia está se recuperando bem,ja estar falando bem lembra de muita coisa está fazendo fisioterapia para andar novamente..O filho dela Com 1 ano e 1 mes esta super saudavel trazendo alegria para a familia toda e a Marcia tinha esquecido que era mãe dele e ela lembrou dele hj em dia ela morre de ciumes de ver alguem pegando nele….

Mary

Em Pará de Minas o descaso é grande com a VIDA HUMANA. Quase passamos por uma tragédia por causa da MATERNIDADE DE PARÁ DE MINAS.Se não fossem os excelentes MEDICOS do Hospital das Clínicas BH hj minha irmã e meu sobrinho seriam ESTATÍSTICAs . Cada dia mais as pessoas q têm recursos estão buscando atendimento fora da cidade.É FRUSTANTE! UMA cidade q elegeu 1 deputado FEDERAL e dois deputados ESTADUAIS está jogada as MARGENS DO DESCASO COM VIDAS…. VIDAS…. Só Deus pra nos amparar….

Carolina

Hoje dia 30 minha tia Márcia melhorou muito não estar mais respirando atravez de aparelhos, ja ta querendo abrir os olhos, quando conversamos com ela, ela se mexe sem parar….Eu e minha familia tem muito que agradecer a Deus e os medicos falaram que ainda essa semana ela pode sair do CTI e ir pro quarto….=D

Mariana Rodrigues

14/09/2005
Hospital é condenado por omissão de socorro

Em ação ajuizada na 1ª Vara Cível da Comarca de Uberaba, o autor Geraldo Ricardo Borges requer indenização por danos morais contra o Hospital Beneficência Portuguesa, que segundo os autos deixou de prestar socorro à esposa de Geraldo, Maria de Souza Borges.
O ocorrido teria acontecido no dia 29 de maio de 2000, quando Maria teria passado mal em um ônibus, nas proximidades do hospital. O motorista do ônibus parou no Beneficência, dirigiu-se à recepcionista, expondo-lhe o fato e solicitou o atendimento médico para a passageira. Contudo, a recepcionista insistiu que não havia nenhum médico no hospital, e que não tinha jeito de bipar ou ligar para nenhum médico.

O juiz julgou procedente o pedido do autor da ação, e condenou o hospital Beneficência Portuguesa a indenizar o autor com a quantia de R$ 5 mil. http://www.jornaldeuberaba.com.br/?MENU=CadernoA&SUB...

Mariana Rodrigues

Médico condenado por omissão de socorro no Rio Grande do Sul

Familiares de falecido devem ser indenizados por médico que negou socorro imediato a homem ferido por corte profundo no braço esquerdo. O ferimento provocou hemorragia e levou à morte do paciente. O clínico deverá pagar indenização por dano moral à viúva e aos quatro filhos da vítima, sendo R$ 15 mil a cada um. (…) Sustentaram que o médico de plantão, membro da Cooperativa Médica Conceição Ltda (COOMED), em vez de atendê-lo mandou que chamassem o SAMU para encaminhá-lo ao hospital mais próximo. Contaram que o SAMU alegou não dispor de ambulância no momento e o orientou, por telefone, a fazer um torniquete. Afirmaram que retornaram à clínica com novo pedido de socorro, o qual foi novamente negado. http://www.centraljuridica.com/materia/2710/direito_medi...

Fátima Oliveira

Agradeço a tod@s pelos comentários. Aproveito para dizer à Carolina, sobrinha da Márcia, que apenas cumpri a minha obrigação como coordenadora de plantão de um pronto-socorro. Mesmo com o pronto-socorro lotado, com mais de vinte pessoas acima de sua capacidade, é meu dever receber quem chega em risco de vida. Era o caso da Márcia. E fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para salvá-la. Qualquer um(a) dos coordenadores(as) de plantão do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais agiria da mesma maneira que agi. É um dever institucional primar pela missão do nosso serviço: atender urgência e emergência e o risco iminente de vida.

    Carolina

    Esse mundo precisa de profissioais como vc e toda a equipe do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais….Assim quando minha tia sair dessa vamos dar uma festinha aki pra comemorar sua solidariedade e a recuperação da minha tia e acima de tudo vamos comemorar a vitoria que Deus ta fazendo em nossas vidas. Não sei se vc ja ta sabendo mas minha vó semana que vem ja vai entrar com o processo contra aquela coisa em Pará de Minas que chama de hospital…

    Mary

    Q bom ver uma Médica exercer com AMOR o DOM q DEUS lhe deu! Q Deus continue te abençoando com muita saúde para q seu trabalho salve Mães, Filhos, Pais, Amigos: gente importante pra gente e q hoje particularmente em Pará de Minas e muitas cidades do Brasil são desprezadas… Abraços

Carolina

Obrigada pela força e a solidariedade de todos…Esse hospital de Pará de Minas em breve será processado não queremos processar por causa de dinheiro nem nada só vamos mostrar como eles fazem descaso da população que precisa de atendimento se não fosse a Drª Fatima minha tia tinha morrido….

Ontem dia 27 minha tia deu uma melhorada, só não acordou ainda agora ela necessita de doares de sangue…Quem For aqui de Beagá e puder doar pesso q entre em contato comigo 85030521 Que deus abençoe a todos nos

Carolina

Oi pessoal vim aqui novamente pra pedir ajuda…Minha tia estar precisando de 10 doares de sangue quem puder doar é só ir no Hemominas e falar que foi doar sangue para Marcia Martins Maia dos Santos que esta internada nas clinicas….Quem puder doar ou conheça alguem que é doador agradeço…Carolina

beattrice

Fátima,
excelente o seu depoimento, pois constitui no mínimo uma ironia imperdoável que o "sistema" de atendimento da saúde se preocupe tanto com a mortalidade infantil, índice no qual o Brasil aliás fez grandes avanços no governo LULA, mas "esqueça" a morbimortalidade materna.
Esta situação exige uma ação específica do MS.

Quanto à situação da saúde em MG, sem querer competir na tragédia, o que é de mau gosto e anti-ético, mas imagino seja semelhante à de SP, o PSDB não gosta de educação, saúde, segurança, enfim, tudo o que represente qualidade de vida para a população.

william porto

em vez de tanta preocupacao com copa do mundo, poder, coisas superfluas, deviamos nos preocupar com a saude das pessoas, a saude no brasil ainda e privilegio das elites, e uma vergonha. ah, brasil.

Mateus de Campos

Também sou do centro-oeste mineiro, cidade vizinha de Pitangui, conceição do Pará, Pará de Minas, todas DDD-037, OS governos de Minas, principalmente o Aécio, distribui muita ambulância, mas não investiu o que a legislação obriga, 12%, ficou com a segundo pior aplicador na saúde do país, ganhando apenas, primeiro colocado(dos piores), Rio Grande do Sul, coincidentemente governado pelos filiados do PSDB. Assim é a causa e o efeito.

Antônio L.P. Martins

Brava Carolina, fique certo que oraremos e pediremos s Deus por sua tia: Márcia Martins Maia. E que sua família tenha muita força na luta que está por vir. A todos vocês a minha solidariedade

Carolina

ola sou sobrinha dessa mulher.Queria agradecer muito a Fatima pois vc ta dando muita força a minha familia…Quero dizer que minha familia irá abrir um processo contra o hospital de Pará de Minas.Peço a todos que orem pela minha tia seu nome é Marcia Martins Maia.Minha familia esta sofrendo muito com isso o bebe hj com 17 dias ela tbm tem outro filho com 8 anos seu filho esta sofrendo muito com essa situação…Obrigado a todo
meu email é [email protected]

    beattrice

    Carolina,
    minha solidariedade neste momento dramático.

    Carolina

    Obrigada Beattrice pela solidariedade

Vanessa Leite

Segundo a pesquisadora Alaerte Leandro Martins, que fez doutorado sobre o assunto, temos no Brasil UM caso de morte materna para VINTE E TRÊS de near miss, mulheres, como disse o Jonas Almeida, em geral mortas-vivas, que jamais entrarão para as estatísticas de morte, mas estão efetivamente mortas do ponto de vista da vida de relação, da vida social.
A tese da Dra. Alaerte Leandro Martins chama-se "Near miss e mulheres negras em três municípios da região metropolitana de Curitiba", da qual há um resumo no link:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-080...
Espero que esse artigo da Dra. Fátima Oliveira possa chamar a atenção do Blog de Saúde do VIOMUNDO para esse tema esquecido, que é o Near Miss.

Vanessa Leite

Se morrer é morte materna. Se a paciente não morrer é um caso típico de "NEAR MISS", aquela mulher que correu risco de morte no pós-parto. Em nosso país é alta a incidência de morbidades graves no parto e no pós-parto.

Jonas Almeida

Caso essa senhora sobreviva, terá provavelmente muitas sequelas. Não entrará nas estatísticas morte materna, mas será uma "morta-viva", lamentavelmente. Grande parte do resultado danoso será devido ao grande tempo em que o cérebro dela ficou sem oxigênio . Há responsáveis

Antônio L.P. Martins

Um artigo como esse deveria ter causado comoção nos debates. Há uma explicação, é que a morte materna não comove quase ninguém. Temos uma cultura de que as mães morrem porque Deus quer e então a morte materna é uma morte santificada. Cadê os grandes debatedores daqui? Consideram que não é um assunto político? Grande engano. Estamos debatendo as eleições presidenciais. A morte materna não é um assunto importante?

Antônio L.P. Martins

Com certeza é uma história que acontece diariamente em qualquer canto do país. Nem comove mais, a um ponto que os grandes polemizadores deste blogue, sequer pitacaram por aqui. Fui atrás dos fatos. Conceição do Pará-MG não tem seis mil habitantes, daí porque nem maternidade tem, a paciente foi ter bebê em Pitangui-MG, que tem uns 25 mil habitantes. O marido da mulher tentou atendimento em Pará de minas, uma cidade maior, que deveria ter mais recursos, pois possui cerca de 120 mil habitantes. Estamos vendo municípios demais com estruturas de menos para atender ao povo. Tudo "bem pertim" de Belo Horizonte, onde essa gente toda desagua atrás de maiores recursos. Começa por aí. O que gente de bem espera é que o Novo Código de Ética Médica, seja aplicado com rigor. Precisa começar a dar exemplo. Nossa gente recebe um tratamento que nãos e aceita mais nem para animais.

Maria de fátima

Desde muito através do site do amigo Azenha ,do PHA venho denunciando a "ambulancioterapia" que existe aqui em MInas Gerais.O aecio foi o governador que mais implementou esse sistema no estado.Na porta do HC aqui de Uberlândia e Unidades de Atendimento Intensivo ficam filas de ambulâncias ,micro ônibus,vans vindas de outras cidades com pacientes .É muito triste ver.

    Melissa Costa

    Maria de Fátima, acontece que as ambulâncias que o Aécio deu pra tudo quanto é prefeito, dos oitocentos e tantos municípios mineiros, na hora de transportar uma doente que realmente precisava, não apareceram. Acontece que elas, em sua maioria, são apenas o que se chama por aqui de transporte sanitário, apenas um carro comum com cara de ambulãncia. A maioria nem bala de oxigênio tem. Carregam gente para consultas em Belo Horizonte e outros centros, como Uberlândia. É tudo um faz de conta.

    Jairo_Beraldo

    Maria de Fátima, aqui em GO também temos essa "ambulancioterapia". Mas eu não culpo o geverno estadual por isso não. Culpo os prefeitos, que somem com o dinheiro destinado para promover a saúde nos municípios. Isso é que tem que ser observado. Não contratam médicos, enfermeiros. O máximo que a maioria dos municípios fazem, é montar um postinho e colocar lá 2 ou 3 técnicos de enfermagem.

    beattrice

    Melissa,
    esse "problema" das ambulâncias merece sem dúvida uma normativa do MS e da ANVISA.
    Não saberia apontar as porcentagens, isso seria possível Conceição?

    Na enorme maioria das vezes, em diferentes serviços, públicos, e mesmo particulares, o que se constata são "ambulâncias de transporte" sem NENHUM recurso paramédico que permita um pronto atendimento de fato ao paciente. Pessoal qualificado acompanhando nem se fale.

    clemes

    Beatrice, uma boa ideia. Consultarei. beijo

Christian Schulz

Pois é, o Bret Michaels teve exatamente esse mesmo problema.
http://whiplash.net/materias/news_863/107307-pois

A diferença é que ele foi socorrido a tempo, medicado, operado, diagnosticado com um problema cardíaco gravíssimo e raro, embora inerte, e liberado.

Recebeu recomendações e já está de volta ao trabalho de estrela do rock.

A despeito do já não tão rapazinho (47 anos) ter disponíveis muitos recursos, o que o salvou foi o pronto-socorro. Ou seja, algo que nenhum dinheiro no mundo substitui. Mas cuja falta é determinante na vida das pessoas.

Ricardo Medeiros

Caramba, e eu tão perto das cidades citadas.
Parabéns pela divulgaçao Azenha !
Abraço diretamente de Bom Despacho – MG

Vera Silva

Fátima, é preciso engolir as lágrimas e agir, como você fez. Quando se é vocacionad@ para trabalhar em saúde, esta é a ação correta.
Os problemas de saúde também abarcam o problema humano. Ver no outro a si mesmo é importantíssimo para que a medicina, a psicologia, a fisioterapia, a enfermagem e todas as outras profissões de saúde deixemos de contribuir para casos como este que nos fazem chorar.
Um grande abraço.

LUIZ CLAUDIO

Que engraçado! Num Estado como Minas Gerais, recém-governado por Aécio Neves e governado atualmente por Anastasia, o gênio da gestão! É de pasmar! Um Estado que é modelo para os demais… Na verdade, não há porque ficar pasmo. Os médicos que temos são reflexo da sociedade que somos, todos nós. Não são apenas eles que são diferentes, ou melhor, que são indiferentes às pessoas, ao sofrimento alheio, às necessidades, ao modelo de Estado e de sociedade que temos. Creio que todos nós estamos mergulhados, em maior ou menor grau, na apatia generalizada. Aí, de repente, fatos como esse nos incomodam, nos espetam, nos despertam. E ficamos indignados com os outros, com os médicos, com os políticos. Mas nos esquecemos de nós mesmos. Parabéns à Fátima pela denúncia. Obrigado por nos obrigar a olhar no espelho.

ruizaltino

Minas, suas histórias, boas e más e seus médicos que escrevem belamente sobre elas.

Elisa Nunes

O QUE É HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA?

A hemorragia subaracnóidea ocorre em conseqüência de um processo que se origina devido ao rompimento de um ou mais vasos sangüíneos que se localizam anatomicamente no espaço subaracnóideo da meninge cerebral.
A hemorragia subaracnóidea maciça se deve em geral a algumas das alterações: ruptura de um aneurisma intracraniano — ou um angioma cerebral sangrante — ou uma hemorragia intracerebral extensa que tenha penetrado no espaço subaracnóide diretamente ou através do sistema ventricular.
______
Paulo Roberto Silveira, MD – Medico “A” da Subsecretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
Centro de Vigilância Epidemiológica – Doenças Não Transmissíveis
Perito Legista Neurologista Forense do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto/RJ

Larissa Martins

A denúncia é grave e procede. Pelo novo Códigod e ética médica esse hospital de Pará de Minas e o médico que estava de plantão vão ter de responder pela omissão de socorro. Gostari de saber se essa mulher morrer a morte delapode ser considerada uma morte materna.

Nanda

Para que serve o juramento que fazem e onde está o coração dessas pessoas.
As autoridades têm sua enorme parcela de responsabilidade, mas também as pessoas que dizem ter o don da medicina, deveriam lembrar que seus pais, filhos, amigos e conhecidos, um dia também podem cair nas mãos de irresponsáveis. Precisamos ser mais cidadãos.Ambiente Sócio-Cultural

Nanda

É triste demais pensar que estamos vivendo um momento mundial e aqui no Brasil parece um pouco mais, em que as pessoas, em sua maioria, andam olhando só para o próprio umbigo. Tenho uma irmã que está terminando a graduação em fisioterapia e na sua residência presenciou casos absurdos de médicos beliscando pacientes em estado de coma para aparecer para seus alunos, enfermeiras sendo grosseiras com seus pacientes e com os colegas de trabalho, procedimentos sendo realizados sem a menor higiene ou cuidado, descaso e até ouvir de uma colega que estava desamparada pelo que presenciou, ela ouviu que: Entre um grupo de residentes do hospital, um soltou que se o colega quisesse salvar vidas, deveria ser bombeiro.
Onde estão os médicos da família, que mesmo com menos conhecimento, proporcionado pelos avanços de hoje, buscavam salvar vidas e foi por isso que muitos se tornaram políticos. Porque o povo acreditava nos médicos.

    rafael

    Nanda,

    Se tivessem de responder por tais atitudes certamente não as fariam.

Leila Jalul

É revoltante. Não se deve silenciar.
Em algumas capitais, o Ministério Público chega a entrar nos hospitais públicos, não para verificar os direitos dos pacientes. Antes,quer saber sobre médicos e cumprimentos de horários. Quando nos postos, fiscaliza se houve execução do atendimento do número de consultas estabelecidas para cada profissional. Tive conhecimento de um neuro cirurgião ter sido denunciado por não estar presente em um episódio grave. O médico havia sofrido um AVC e estava dentro de um avião em busca de sua sobrevivência. O MP não perdoou.
Tenho pelo Ministério Público uma enorme admiração, mas, além deste tipo de caça às bruxas aos médicos, deveria ver toda a estrutura da saúde pública e ingressar com ações contra o Estado, tantas quantas vezes fossem possíveis, para evitar descalabros como o agora relatado pela Dra. Fátima Almeida.
Há que reconhecer, finalmente, que o próprio Ministério Público sofre com suas mazdelas administrativas.

voxetopinio

"Não silencio sobre direitos e cidadania para não ser cúmplice."

Não silenciamos, nem silenciaremos.

Conheço pessoas que trabalham no SUS, habitei o espaço público de saúde por algum tempo vendo tudo com olhos de pouca idade (desde os meus 8 anos até hoje – 19). Conheço bem as coisas boas, que não são enxergadas devido ao preconceito que temos com nossos sistema de saúde e também as coisas ruins que só fazem obnubilar o que há de bom. Se a estrutura é ruim, péssimo. Mas parece que existe uma carência de preparação humana no sistema de saúde. Claro… os profissinais de saúde saem de suas escolas como autômatos, de "corpo fechado" para o outro ser humano. Formados como técnicos só que ao invés de lidarem com números e tubos de ensaio, lidam com vidas. Some a isso outras questões…

O resultado está aí.

Gerson Carneiro

Esses horrores acontecem diariamente. São mais comum do que conseguimos imaginar.

No dia 19/04/2010, em Salvador, após uma viagem de 146 quilômetros, uma senhora de 70 anos faleceu no banco traseiro de um fiat uno, no estacionamento de um hospital, depois de fazer uma peregrinação pela cidade sem conseguir atendimento médico.

E me lembro de um caso em São Paulo de um idoso que morreu em um banco do lado de fora do hospial após uma longa espera de um atendimento que não teve. O idoso deitava no banco, contorcendo de dor, e o guarda mandava ele sentar pois "era proibido ficar deitado no banco".

gedson

HÁ TEMPOS QUE A DIGNIDADE HUMANA SE ESPREITA ÀS MARGENS DE RUDES POLÍTICOS E PROFISSIONAIS SEM COMPROMISSOS. CONCORDO COM O COLEGA, É NECESSÁRIO PUNIR OS RESPONSÁVEIS. O NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA É PRA SER LIDO!

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