Esquenta o debate sobre o Muda Mais; faltou dinheiro ou coragem?

Tempo de leitura: 3 min

muda

Da Redação

O debate sobre o fechamento do site Muda Mais, que funcionou durante a campanha eleitoral de Dilma Rousseff, está esquentando. Há quem argumente que o PT não tem condições financeiras de manter uma estrutura parecida com a que funcionou 24 horas por dia no período da campanha; há quem enxergue outros motivos.

Ivo Pugnaloni, por exemplo, informa que o PT recebe mensalmente cerca de R$ 4,2 milhões do Fundo Partidário e poderia destinar parte disso à manutenção do Muda Mais.  Reproduzimos abaixo dois textos que estão circulando na rede:

Caros:

“Os tempos são outros”, sei dirão aqueles que são jovens há menos tempo, frente a esse post sobre a “Radio Rebelde” fundada pelo Che.

Os tempos são outros mesmo…

Antes, sob as mais adversas condições, de falta de liberdade, de condições financeiras, procurávamos construir nossos meios de comunicação de massa. Hoje, os que se propõe a isso, são combatidos sem argumento, como “visionários”, “sonhadores”, “rebeldes”, “xiitas”…

E meios próprios, independentes, mesmo que absolutamente limitados como o MUDA MAIS, são fechados.

Por quem? Por nós mesmos. Pelo nosso PT. Sem explicações. Sem alternativa. Sem discussões.

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E os que ousam pensar em construir algum, reprimidos, excluídos e sabotados.

Frente a essa brutalidade, frente a esse autoritarismo, essa censura à liberdade de expressão de todos e não apenas de uma cúpula dirigente, confesso que não entendo a abordagem, às vezes muito ego-centrada, de alguns de nós que em vez de oporem-se ao autoritarismo, teimam em discutir as questões técnicas, a endeusar os meios e não a discutir a mensagem.

Mensagem de autoritarismo. Mensagem de sectarismo. De força do poder e de poder pela força.

Distorções que no passado destruíram as mais belas aspirações humanas na República Francesa e nas jovens experiências socialistas.

Não consigo entender essa tendência em sobrevalorizar o relativo conhecimento técnico (acima da média) que muitos companheiros tem sobre os meios, infelizmente em detrimento da discussão da mensagem. E da pluralidade de meios que devemos prever e construir, necessária à ampla difusão dessa mensagem.

E que deveria ser ela, a mensagem, o objeto dos meios. E não o contrário. E não, o crescimento em si da influencia de um determinado meio, que use apenas como “gancho”, uma determinada mensagem. E qual é nossa mensagem?

— “Democratização da Mídia”, dirão alguns…

Mas, será que só isso resolve?

Para quê? Como? Quando? De que maneira? Por quem?

E o mais importante: Para quem?

Ivo Pugnaloni

***

Prezado Ivo,

Não é de hoje que a direção do PT usa esses métodos covardes, para atingir os mesmos objetivos políticos. Nos anos 90, dissolveram as estruturas de formação política e, em 1998, criaram a Fundação Perseu Abramo com a única finalidade de exterminar a Fundação Wilson Pinheiro, cuja seção no Rio vinha realizando um trabalho independente.

Responsáveis? José Dirceu e a Articulação. Seu propósito? Calar a crítica marxista dentro do Partido. Para quê?

Para exercer a política de aliança com o Centro e de conciliação de classes, com tudo o que isso significa.

Não tenho dúvidas que a não criação de uma mídia forte pelo PT e a não promoção à organização dos movimentos faz parte de uma “Carta aos Brasileiros”, só que secreta, não escrita.

Agora que ganharam as eleições, vão dar um pontapé na bunda de quem os ajudou quando estavam no sufoco. Não querem ser pressionados a ir para esquerda e não vão facilitar a vida de vocês.

Abs,

SP

PS do Viomundo: Em nossa opinião duas questões relevantes merecem ser levantadas neste debate. A primeira é a crença majoritária entre os petistas de alta hierarquia no poder da velha mídia. Estamos certos de que 90% deles vibrariam com a possibilidade de dar uma entrevista para as páginas amarelas da Veja. São pessoas que cresceram lendo jornais e ainda valorizam o impresso como se vivessemos no século passado. A segunda questão diz respeito ao tradicional comportamento do partido antes e depois das eleições. O PT certamente dará uma guinada à esquerda. Isso em 2018, alguns meses antes da eleição.

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