Dissidentes acusam PV de oportunismo

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Reunidos em BH para criar novo partido, dissidentes atacam PV
22 de maio de 2010 • 15h54 • atualizado às 17h06

Juliana Prado, no Terra
Direto de Belo Horizonte

Os integrantes do futuro Partido Livre reunidos na tarde deste sábado (22), em Belo Horizonte, dispararam críticas contra o PV – partido em formação, que é dissidente do PV. Além de rebeldes descontentes com os rumos do PV, a futura sigla reúne intelectuais que não concordam com a postura “conservadora” da pré-candidata do partido à presidência, Marina Silva.

Reunidos na Câmara Municipal, os políticos disseram que o partido perdeu sua ideologia de origem e se transformou numa sigla “incoerente”. Fundador do PV, José Mynssen falou que a sigla se tornou “um reduto de oportunistas”. “O Partido Verde sequer conserva o viés de defesa do meio ambiente”, disse. Ele criticou o que chama de perpetuação da atual direção verde no comando nacional da legenda.

Já a escritora Dalva Lazaroni, eleita esta tarde a presidente da comissão provisória da sigla, também fundadora do PV, diz que a sigla não se entende mais. “O PV briga muito”, contou.

As alianças fechadas para a disputa eleitoral de outubro também são um incômodo para os organizadores do Partido Livre. As posições do senador Fernando Gabeira, pré-candidato ao Governo do Rio, por exemplo, são alvo de críticas. “Hoje ele está se aliando a pessoas que sempre combateu”, diz Dalva, em alusão, principalmente, à aliança com o DEM do ex-prefeito César Maia.

Marina no alvo

O apoio à pré-candidata Dilma Rousseff à Presidência da República, formalizado no encontro de Belo Horizonte, pontua ainda mais a posição contrária dos “livres” à senadora Marina Silva. “Como é que a Marina vai discutir a legalização do aborto? Ou a legalização das drogas?”, questionou José Mynssen.

Ele nega que o momento escolhido para lançar o Partido Livre tenha sido escolhido para prejudicar a candidatura da parlamentar. “Não é isso, mas lamentamos porque a Marina será usada pelo PV”. Um dos maiores embates entre os livres e a concorrente verde é justamente a postura dela com relação aos temas polêmicos. Em processo de formação, o Partido Livre defende temas como a descriminalização das drogas, a união civil de pessoas do mesmo sexo e um debate amplo sobre a legalização do aborto.

Para sair do papel, o partido precisará de 500 mil assinaturas. A expectativa dos coordenadores é de que até dezembro a sigla esteja legalizada no Tribunal Superior Eleitoral. Mesmo sem poder disputar as eleições, o Partido Livre terá lugar na coordenação da campanha de Dilma ao Palácio do Planalto. A ideia é sugerir propostas para o programa de governo da petista.

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Além das críticas à condução do PV, os organizadores do Partido Livre acusaram a sigla de mau uso do fundo partidário. “Além dos problemas com a candidatura da Marina Silva, discordamos da utilização do fundo, que teve gastos supérfluos e até mesmo emissão de notas fiscais falsas”, disparou José Mynssen. Dalva Lazaroni foi na mesma linha: “Não posso concordar com a aplicação do fundo partidário para uso pessoal. O TSE está investigando isso e vários outros problemas”.

Ronaldo Vasconcellos, presidente do PV em Minas e conselheiro da Executiva Nacional, minimiza os ataques. Ele admite que o partido teve problemas na prestação de contas, fato que chegou a ser investigado pelo TSE, mas que os problemas já foram sanados. “Hoje o PV recebe normalmente o fundo partidário, isso é público, acontece com a maioria dos partidos, está tudo sanado.”

Crítico da nova sigla, disse que o Brasil não precisa de mais agremiações. “Eu defendo o pluripartidarismo, a democracia, mas não o multipartidarismo. O Brasil já tem 27 partidos, não precisa de mais um”.

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