Brizola Neto: Reivindicações justíssimas, mas tomar quartel foi erro político
Tempo de leitura: 3 minOAB age bem e com equilíbrio no caso dos bombeiros
por Brizola Neto, no Tijolaço
Estou enfrentando uma chuva de comentários por causa do post de ontem (4 de junho) sobre os bombeiros (está abaixo). A favor ou contra, todos são legítimos. Algumas pessoas, porém, estão extrapolando, enviando um comentário após o outro e, uns poucos comentaristas, partindo para agressões pessoais descabidas.
Gostaria que todos lessem o que diz a OAB do Rio, em matéria publicada agora há pouco. Sinto-me tranquilo por ter assumido uma posição exatamente igual à que é expressa pelo presidente da Ordem, pessoa a quem prezo muito. A matéria diz:
“A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil seção Rio de Janeiro (OAB-RJ) vai acompanhar a situação dos 439 bombeiros presos por determinação do governador do Rio, Sérgio Cabral, após invadirem o quartel central da corporação na última sexta-feira (3). Os manifestantes foram levados ontem (4) para a Corregedoria da Polícia Militar em São Gonçalo e já começaram a ser transferidos para unidades do Corpo de Bombeiros.
O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, avaliou hoje (5), em entrevista à Agência Brasil, que as reivindicações salariais dos manifestantes são justas e legítimas. “Eles estão com os salários absolutamente aviltados, prestam um bom serviço e são admirados e benquistos pela população”.
Damous discordou, contudo, da forma como os bombeiros quiseram chamar a atenção das autoridades para suas reivindicações. “Isso não justifica a invasão do quartel. Nós achamos que, nesse aspecto, o movimento errou. Isso gera tensão, gera pânico na população. E não é assim que se faz reivindicação, no nosso ponto de vista”.
É de opinião, contudo, que a negativa do governo do estado em negociar com os bombeiros acaba gerando “um quadro de radicalização, que ninguém quer”. Wadih Damous disse ter recebido notícias de que os advogados dos presos tiveram dificuldades em falar com os seus clientes. Representantes da OAB entraram em contato com o comando da Polícia Militar para solucionar o problema.
Ele espera, entretanto, “que as partes desarmem os seus espíritos e sentem para negociar. Que o governo ouça as reivindicações salariais dessa categoria e, da parte dos grevistas, não haja radicalização e, sim, a vontade de negociar”.
Ele disse que a intenção da OAB-RJ não é tomar partido. “O que nós queremos é que as regras da democracia, da Constituição, sejam cumpridas, tanto da parte do governo do estado, como da parte dos bombeiros. Nós não queremos que haja abuso nem de uma parte, nem de outra”, concluiu.
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Não tenho uma palavra a retirar ou a acrescentar ao que é dito nela. Aos que, eventualmente, não tenham compreendido o que disse ontem, talvez sirva o que é dito hoje, por alguém que não tem qualquer interesse eleitoral no caso.
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Bombeiros têm razão. Mas não em tomar o quartel
por Brizola Neto, no Tijolaço
Os bombeiros têm toda a razão em exigir melhores salários. Têm todo o direito de se manifestarem. Pacificamente, todos o têm.
As suas reivindicações salariais são justíssimas.
Mas seus líderes erraram grosseiramente em invadir o Quartel Central da corporação. Nenhum deles pode deixar de saber que um ato assim teria consequências.
Até ali, tudo era em seu favor. Ao invadir, insuflados ou não, cruzaram uma linha perigosa.
O Corpo de Bombeiros, ainda que não o devesse ser, é uma instituição militar. Não pode haver “tomada” de quartel sem que se caracterize uma infração militar.
Muito menos cabe a nós, políticos, querer tirar “casquinha” em movimentos assim. O que temos de fazer é pedir que os ânimos serenem, que se evitem excessos e não se criem situações irreversíveis.
Pode ser que alguém, por paixão política, ache diferente. Mas não é bom que a gente misture apetite eleitoral com reivindicações – legítimas – de profissionais militares.
Uma pena que se tenha cometido este erro político, até porque o movimento dos bombeiros tinha total simpatia da população. E o meu próprio, que tenho pela corporação a lembrança da importância que ela teve no governo Brizola, quando teve sua autonomia elevada ao nível de Secretaria de Estado.
Vamos apelar e torcer para que a calma volte. O Rio de Janeiro precisa demais tanto de policiais quanto dos nossos valentes bombeiros para que eles fiquem brigando entre si.
É hora de ser “bombeiro”, não de “colocar lenha na fogueira”. Porque quem quiser se aproveitar desta situação lamentável não pode estar seriamente preocupado com a situação daqueles chefes de família. Que precisam de melhores salários, sim, e que pior ainda ficarão se o confronto – o desta madrugada e manhã e o verbal, que se segue – tornar inevitável sua exclusão da corporação.
E se aborreço alguém com essa posição, lamento. É que não sou valente com a vida dos outros.




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